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Millenium - Journal of Education, Technologies, and Health

versão impressa ISSN 0873-3015versão On-line ISSN 1647-662X

Mill  no.esp7 Viseu dez. 2020  Epub 31-Dez-2020

https://doi.org/10.29352/mill0207e.08.00364 

Educação e desenvolvimento social

Representações mediáticas da doença mental: um protocolo de revisão scoping

Media representations on mental illness: a scoping review protocol

Representaciones de los media de la enfermedad mental: un protocolo de revisión scoping

Beatriz Lacerda1 

Eduardo Santos2 

1 Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, Portugal.

2 Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra - Serviço de Reumatologia, Coimbra, Portugal | Health Sciences Research Unit: Nursing (UICISA: E), Nursing School of Coimbra (ESEnfC), Coimbra, Portugal


Resumo

Introdução:

As representações mediáticas da doença mental têm sido sempre maioritariamente negativas, infundadas e com efeitos estigmatizantes nas pessoas com doença mental, em especial se se considerar o papel protagonista que os media assumem nas nossas vidas.

Objetivo:

Identificar que representações da doença mental são reportadas nos media. Mapear as plataformas de media associadas; e, por fim, identificar as doenças mentais reportadas.

Métodos:

Será realizada uma revisão scoping através do método proposto pela Joanna Briggs Institute. A seleção dos estudos, a extração e síntese dos dados será realizada por dois revisores independentes.

Resultados:

Prevemos a inclusão de estudos que demonstrem as representações mediáticas incorretas e estigmatizantes sobre a doença mental. É expectável que haja melhorias nestas representações, mas com diferenças para cada doença mental, sendo a bipolaridade, a esquizofrenia e os distúrbios de personalidade aquelas com pior representação, com frequentes associações ao crime e à violência.

Conclusão:

É expectável que esta revisão revele como a doença mental persiste em ser um tema pobremente representado nos vários espaços mediáticos, desde a imprensa escrita e digital, aos meios artísticos como o cinema e os videojogos. Esta revisão também pode apontar os efeitos sociais que advêm destes retratos estigmatizantes, especialmente sobre as pessoas que sofrem de alguma doença mental.

Palavras-chave: saúde mental; meios de comunicação; estigma social

Abstract

Introduction:

Media representations of mental illness have always been mostly negative, unfounded and have stigmatising effects on people with mental illness, especially considering the leading role that the media take in our lives.

Objective:

To identify what representations of mental illness are reported in the media. To map the associated media platforms; and finally, to identify reported mental illness.

Methods:

A scoping review will be conducted using the method proposed by the Joanna Briggs Institute. The selection of studies, extraction and synthesis of data will be carried out by two independent reviewers.

Results:

We foresee the inclusion of studies demonstrating incorrect and stigmatising media representations about mental illness. Improvements in these representations are expected, but with differences for each mental illness, with bipolarity, schizophrenia, and personality disorders being those with the worst representation, with frequent associations to crime and violence.

Conclusion:

It is expected that this review will reveal how mental illness persists in being a poorly represented theme in the various media spaces, from the written and digital press to artistic means such as cinema and video games. This review can also point to the social effects that come from these stigmatizing portraits, especially on people suffering from some mental illness.

Keywords: mental health; communications media; social stigma

Resumen

Introducción:

Las representaciones de las enfermedades mentales por parte de los medios de comunicación siempre han sido en su mayoría negativas, infundadas y tienen efectos estigmatizantes en las personas con enfermedades mentales, especialmente si se considera el papel protagonista que los medios de comunicación toman en nuestras vidas.

Objetivo:

Identificar qué representaciones de la enfermedad mental se reportan en los medios de comunicación. Para trazar un mapa de las plataformas mediáticas asociadas; y finalmente, para identificar las enfermedades mentales reportadas.

Métodos:

Se llevará a cabo una revisión scoping con el método propuesto por el Instituto Joanna Briggs. La selección de los estudios, la extracción y la síntesis de los datos serán realizadas por dos revisores independientes.

Resultados:

Anticipamos la inclusión de estudios que demuestren representaciones incorrectas y estigmatizantes de los medios de comunicación sobre la enfermedad mental. Se esperan mejoras en estas representaciones, pero con diferencias para cada enfermedad mental, siendo la bipolaridad, la esquizofrenia y los trastornos de la personalidad los que tienen peor representación, con frecuentes asociaciones con el crimen y la violencia.

Conclusión:

Se espera que esta revisión revele cómo la enfermedad mental persiste en ser un tema poco representado en los diversos espacios mediáticos, desde la prensa escrita y digital, hasta los medios artísticos como el cine y los videojuegos. Esta revisión también puede señalar los efectos sociales que se derivan de estos retratos estigmatizantes, especialmente en las personas que sufren alguna enfermedad mental.

Palabras Clave: salud mental; medios de comunicación; estigma social

Introdução

A doença mental é muito mais do que uma ausência de saúde e pode estar associada a várias condições, a dificuldades na gestão de emoções, atitudes, pensamentos e dinâmicas sociais, o que torna difícil uma definição concreta e única (Ferro, 2013). A sua diversidade concetual também contribui para a sua prevalência na população, estimando-se que afete um quarto da população mundial (World Health Organization, 2020).

Uma das questões mais preocupantes relacionadas com a doença mental é a natureza do seu retrato no imaginário coletivo das sociedades, tantas vezes mediado pelos media, por se partir do pressuposto que será também daqui que se formam as atitudes, muitas vezes discriminatórias perante as pessoas que sofrem desta condição (Bowen & Lovell, 2019; Venkatesan & Saji, 2019).

Esta preocupação segue uma ideia generalista de media, que inclui ‘velhas’ e ‘novas’ plataformas, como jornais e televisão, redes sociais e jogos, diferentes fontes, coberturas jornalísticas ou retratos artísticos e pressupõe que o seu papel mediador entre a divulgação científica e a opinião pública é sólido e protagonista (Nairn, 2007).

O trajeto científico sobre as representações das pessoas com doença mental tem se intensificado e debruçado essencialmente em duas vertentes principais, a ilustração dessas representações e os seus efeitos (Ferro, 2013).

Nos estudos de media, entre as várias perspetivas, há duas grandes correntes que muitas vezes protagonizam estas pesquisas, e que se distanciam pela forma como retratam o espectador. Por um lado, as abordagens herdeiras de uma visão estruturalista, onde mais frequentemente se neutraliza a capacidade de agência do recetor, de modo a compreender a forma como este é afetado pelos media. Por outro, estão as visões mais construtivistas (Hall, 2001) que descrevem uma relação coparticipada entre media e espectador, sendo este último mais ativo do que um mero recetor, podendo mesmo transformar as mensagens mediáticas (Santi & Santi, 2009).

Ainda que heterogéneas, a maioria destas pesquisas acolhe a última perspetiva teórica, onde a representação linguística (e consequentemente mediática) é a tradução dos diferentes significados que atribuímos às nossas experiências, aos contextos que conhecemos e aos outros. Estas representações, construídas e negociadas em sociedade, onde os media participam, vão se consolidando (ainda que com flexibilidade) em representações sociais, como os conjuntos de pensamentos, imagens e valores que concretizam depois a forma como nos relacionamos e interpretamos. “Representar é, neste sentido produzir significados através da linguagem. Trata-se de utilizar a linguagem para conferir sentido ao mundo, sentidos esses que são partilhados por membros de uma mesma cultura” (Ferro, 2013). Precisamente porque é a partir destas representações que conhecemos e explicamos o mundo social, que tantos esforços são feitos para desconstruir as imagens estigmatizantes de violência, perigo, imprevisibilidade e inferioridade (Bowen, 2019; Venkatesan & Saji, 2019) associadas a diferentes doenças mentais.

Nesse sentido os objetivos desta revisão scoping são: a) identificar que representações da doença mental são reportadas nos media; b) mapear as plataformas de media associadas; c) identificar as doenças mentais reportadas. Para isso definimos como questões de investigação: Que representações da doença mental são reportadas nos media?

1. Métodos

Este protocolo foi redigido tendo por base o Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses for systematic review Protocols (PRISMA-P) (Moher et al., 2015) e estrutura a realização de uma revisão scoping através do método proposto pela Joanna Briggs Institute (Tricco et al., 2018).

A pesquisa será realizada nas bases de dados PubMed, Scopus e Web of Science, e serão incluídos estudos em língua inglesa, portuguesa e espanhola, com data de publicação de 1 de janeiro 2009 a 31 de dezembro de 2019. A escolha que motivou este intervalo de tempo da pesquisa foi a constatação de melhorias na representação mediática sobre a doença mental, consequente de uma crescente produção sobre este tema, na última década.

As estratégias de pesquisa encontram-se apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 Resultados da estratégia de pesquisa aplicada no dia 12 de novembro de 2019. 

Base de dados Fórmula de pesquisa Resultados
PubMed (("mental disorders"[MeSH Terms] OR ("mental"[All Fields] AND "disorders"[All Fields]) OR "mental disorders"[All Fields] OR ("mental"[All Fields] AND "illness"[All Fields]) OR "mental illness"[All Fields]) AND media;[All Fields] AND ("Representation (McDougall Trust)"[Journal] OR "representation"[All Fields])) AND ((Classical Article[ptyp] OR Clinical Study[ptyp] OR Comparative Study[ptyp] OR Case Reports[ptyp]) AND "2009/11/23"[PDat] : "2019/11/20"[PDat]) 4
Scopus TOPIC: (mentalillness) AND TOPIC: (media) AND TOPIC: (representations) Refined by: DOCUMENT TYPES: ( ARTICLE ) Timespan: 2009-2019. Indexes: SCI-EXPANDED, SSCI, A&HCI, CPCI-S, CPCI-SSH, ESCI, CCR-EXPANDED, IC 81
Web of Science ( TITLE-ABS-KEY ( mental AND illness ) AND TITLE-ABS-KEY ( media ) AND TITLE-ABS-KEY ( representations ) ) AND ( LIMIT-TO ( PUBYEAR , 2019 ) OR LIMIT-TO ( PUBYEAR , 2018 ) OR LIMIT-TO ( PUBYEAR , 2017 ) OR LIMIT-TO ( PUBYEAR , 2016 ) OR LIMIT-TO ( PUBYEAR , 2015 ) OR LIMIT-TO ( PUBYEAR , 2014 ) OR LIMIT-TO ( PUBYEAR , 2013 ) OR LIMIT-TO ( PUBYEAR , 2012 ) OR LIMIT-TO ( PUBYEAR , 2011 ) OR LIMIT-TO ( PUBYEAR , 2010 ) OR LIMIT-TO ( PUBYEAR , 2009 ) ) AND ( LIMIT-TO ( DOCTYPE , "ar" ) ) 74

Após a pesquisa, todas as citações identificadas serão transferidas para o Endnote V7.7.1 (Clarivate Analytics, PA, EUA) e os duplicados removidos. A fim de avaliar a sua elegibilidade, os títulos e resumos serão analisados por dois revisores independentes (BL e ES). Na ausência de consenso será incluído um terceiro revisor como critério de desempate. Os artigos completos serão analisados com base nos seguintes critérios de inclusão:

PARTICIPANTES: Serão considerados todos os media/ plataformas mediáticas que se refiram à doença mental (como por exemplo, jornais, videojogos ou filmes).

CONCEITO: A representação mediática corresponde ao conjunto de imagens, atributos, valores e configurações que as plataformas mediáticas evocam para retratar um fenómeno social. Estas são formas de representações sociais que se traduzem pelo conjunto de opiniões e conhecimento que orienta a forma como as pessoas se interpretam umas às outras e aos acontecimentos em seu redor. Como são construídas e negociadas em interação social, estas representações são sempre afetas a um determinado grupo de indivíduos, num momento espácio-temporal específico. Para esta revisão scoping, o conceito central será o de representação mediática de doença mental.

CONTEXTO: Não existem limitações, todos os contextos são aplicáveis.

TIPO DE ESTUDOS: Todos os tipos de estudos, nomeadamente revisões sistemáticas, estudos quantitativos, qualitativos e de métodos mistos.

Os dados serão extraídos por dois revisores independentes (BL e ES). Na presença de desacordo entre os revisores será incluído um terceiro revisor. Por fim, os resultados serão agrupados numa tabela e acompanhados por uma síntese narrativa.

2. Resultados

Com a realização desta revisão scoping esperamos um mapeamento amplo que revele uma tendência negativa sobre a forma como as pessoas com doença mental são representadas nos media.

Uma pesquisa inicial e preliminar revela que no total foram contabilizadas oito plataformas mediáticas, sendo o jornal o mais comum, seguido de filmes, televisão, livros, revistas, guiões, videojogos e redes sociais. Sobre a doença mental em destaque, distinguem-se doze patologias, ainda que a categoria genérica ‘doença mental’ seja a mais comum.

Cerca de 90% dos artigos têm uma expectativa negativa sobre a representação mediática da doença mental, assumindo que o seu retrato é frequentemente associado a traços de personalidade indesejados, e/ou fonte de perigo e violência, e/ou incompreendida na totalidade, e/ou explicada a partir de estereótipos degradantes, e/ou um problema que põe em causa a harmonia e segurança das sociedades (Bowen, 2019; Venkatesan & Saji, 2019).

Como referido, o conceito ‘doença mental’ acolhe várias condições, cada uma com representações diferenciadas. A depressão é a doença mais ‘desculpabilizada’ e aquela que tem sido sempre retratada mais humana e positivamente (Atanasova, Koteyko, Brown, & Crawford, 2017), seguida do autismo, que aparece quase sempre em associação à infância e que tem tido mais protagonismo em personagens fictícias do cinema e televisão (Beirne, 2019; Brayton, 2018).

A bipolaridade, os distúrbios de personalidade e a esquizofrenia, por outro lado, têm surgido sempre como os exemplos para as doenças mentais com piores retratos mediáticos, frequentemente associadas ao crime e à violência (Kenez, O'Halloran, & Liamputtong, 2015; Rohr, 2015).

Um dos temas mais recorrentes nas pesquisas sobre as representações mediáticas é acerca do risco do estigma e a discriminação contra pessoas com doença mental (Bowen, 2016). Alguns exemplos trabalhados são a comercialização do medo associado ao asilo (Bowman & West, 2019), a simbologia da doença mental nos filmes de terror (Goodwin, 2014), as personagens maléficas nos videojogos que sofrem de alguma doença mental (Fawcett & Kohm, 2019) e outras caricaturas estigmatizantes em jornais de informação (Bowen, 2016; Chen, Hsu, Shu, & Fetzer, 2012; Coverdale, Coverdale, & Nairn, 2013; MacLean et al., 2015; Potter, 2014).

Nas pesquisas que sobrepõem a análise das representações aos efeitos que estas provocam, os resultados são semelhantes na sua negatividade, demonstrando que as imagens estigmatizantes têm impactos duradouros e preocupantes na forma como as pessoas com doença mental são interpretadas e tratadas no seu quotidiano (Dale, Richards, Bradburn, Tadros, & Salama, 2014).

Excecionalmente, há ainda exemplos onde se demonstram efeitos positivos nas campanhas mediáticas com representações otimistas e informadas acerca da doença mental (Zimbres, Bell, & Taylor, 2020).

Esta pesquisa inicial permite-nos prever a constatação de melhorias gerais na representação da doença mental, através das análises longitudinais, acompanhadas por cada vez mais campanhas anti estigma e maior atenção dada a este tema, embora o mesmo não se aplique para todas as doenças mentais (Smith-Frigerio, 2018).

3. Discussão

Mesmo que preliminarmente, é possível destacar três ideias agregadoras. Primeiramente, é possível constatar o que tem sido o ponto de partida para quase todos os autores revistos, e que diz respeito ao longo trabalho ainda a fazer sobre representações informadas, coerentes, positivas e dignificantes da doença mental. Através de retratos caricaturais e degradantes nos espaços de ficção, como o cinema e a literatura, ou de imagens estereotipadas e frequentemente associadas ao perigo e ao crime, nas coberturas jornalísticas impressas e televisivas, pouco protagonismo tem sido dado apenas à educação e informação acerca da doença mental, como uma questão social comum (em oposição à individualização responsabilizadora dos doentes).

De seguida, evidenciar os efeitos nefastos que advém destas representações, naquilo que é uma negociação continuada e bidirecional entre os produtores de conteúdo - os media, e os seus consumidores - as audiências. Ainda que se revelem alguns resultados positivos de campanhas especializadas em inverter o cariz negativo da maioria das representações sobre a doença mental, esta não deixa de ser campo atribulado, com consequências diretas nas pessoas que com ela sofrem.

Por último, destacar as melhorias longitudinais no retrato da doença mental, ainda que com diferenças relativas a cada doença, e a crescente produção científica sobre este tema, que teve o seu pico em 2019, e que revela um esforço adequado para a construção de uma sociedade mais informada e inclusiva.

Conclusões

Este protocolo de revisão scoping prevê sintetizar os resultados dos estudos realizados sobre as representações mediáticas da doença mental, a partir de um mapeamento de várias plataformas mediáticas, como jornais, videojogos, redes sociais entre outras, bem como da variedade de doenças mentais referidas.

Mesmo com oscilações entre as diferentes doenças mentais, é bastante comum registarem-se representações mediáticas negativas, com associações a imagens de violência, perigo, imprevisibilidade e inferioridade face às pessoas sem doença mental.

Embora preliminarmente se verifiquem melhorias na forma como se retrata a doença mental, estas são ainda escassas e insuficientes para desconstruir os estereótipos estigmatizantes que marcam as pessoas com doença mental, em especial as que sofrem de bipolaridade, esquizofrenia e distúrbios de personalidade, comumente associados à violência e ao crime.

Financiamento e agradecimentos

Trabalho financiado por Fundos Nacionais através da FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia e DGES no âmbito da iniciativa Escola de Verão, Apoio Especial Verão com Ciência “INVEST” - INiciação à inVESTigação e publicação científica: potencialidades da revisão sistemática da literatura e meta-análise, aprovado pela FCT em 7/7/2020 com início em 27/7/2020 e términus a 27/10/2020.

Agradece-se ao Politécnico de Viseu, aos Supervisores/Formadores e Dra. Fátima Jorge do Centro de Documentação e Informação da ESSV - PV, pelo apoio disponibilizado à Escola de Verão “INVEST”.

Os autores agradecem o apoio da Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), acolhida pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) e financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e do Capítulo Phi Xi da Sigma Theta Tau International.

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Recebido: 11 de Outubro de 2020; Aceito: 26 de Outubro de 2020

Autor Correspondente Eduardo Santos Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Serviço de Reumatologia 3000-075 Coimbra - Portugal ejf.santos87@gmail.com

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