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Millenium - Journal of Education, Technologies, and Health

versão impressa ISSN 0873-3015versão On-line ISSN 1647-662X

Mill  no.esp15 Viseu dez. 2024  Epub 31-Out-2024

https://doi.org/10.29352/mill0215e.35355 

Ciências da vida e da saúde

Estratégias de comunicação do enfermeiro com o doente crítico em unidades de cuidados intensivos: scoping review

Nurse communication strategies with the critical patient in intensive care units: scoping review

Estrategias de comunicación del enfermero con el doente crítico en unidades de cuidados intensivos: scoping review

1 Instituto Politécnico de Bragança, Bragança, Portugal

2 Centro de Investigação para Vida Ativa e Bem-Estar (IPB), Bragança, Portugal

3 Centro de Estudos e pesquisa (CESP), Instituto Jean Piaget, Benguela, Angola

4 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real, Portugal

5 RISE-Health Research Network, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal

6 Unidade de Investigação em Enfermagem Oncológica Centro de Investigação IPO Porto (CI-IPOP), Porto, Portugal

7 UICISA: E - Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem, Bragança, Portugal


Resumo

Introdução:

A comunicação eficaz nas Unidades de Terapia Intensiva (UCI) é um aspeto crítico do cuidado de enfermagem, impactando significativamente os resultados dos doentes. A complexidade dos ambientes de UCI requer estratégias de comunicação especializadas que atendam às necessidades únicas de doentes críticos e suas famílias.

Objetivo:

Mapear a evidência científica sobre as estratégias de comunicação utilizadas pelos enfermeiros com doentes críticos, em ambientes de UCI.

Métodos:

Esta Scoping Review (ScR) foi conduzida seguindo a metodologia recomendada pelo Joanna Briggs Institute (JBI) e PRISMA-ScR. Foi realizada via Interface EBSCOhost Research Databases: CINAHL Complete, MedicLatina, MEDLINE Complete e Psychology and Behavioral Sciences Collection, usando as frases boleanas: TI ("Critical Care" AND "Communication" AND "Nurse*") OR AB ("Critical Care" AND "Communication" AND "Nurse*").

Resultados:

De 238 artigos, foram incluídos no estudo 9 artigos primários. Identificadas categorias como a comunicação empática, a integração da tecnologia com práticas humanísticas, treino contínuo e desenvolvimento de habilidades em comunicação, adaptação cultural e linguística em ferramentas de comunicação e o papel da comunicação em potencializar a participação do doente. Destacou-se o uso de métodos de comunicação aumentativa e alternativa (CAA) em doentes com dificuldades na fala

Conclusão:

A comunicação em UCIs vai além da simples troca de informações, abrangendo apoio emocional, sensibilidade cultural e empoderamento do doente. Exige formação contínua, integração tecnológica e consideração da diversidade cultural.

Palavras-chave: Unidades de Terapia Intensiva; comunicação de enfermagem; doentes críticos; estratégias de comunicação

Abstract

Introduction:

Effective communication in Intensive Care Units (ICU) is critical to nursing care, significantly impacting patient outcomes. The complexity of ICU environments requires specialized communication strategies that meet the unique needs of critically ill patients and their families.

Objective:

To map the scientific evidence on communication strategies used by nurses with critical patients in ICU settings.

Methods:

The Scoping Review (ScR) followed the methodology recommended by the Joanna Briggs Institute (JBI) and PRISMA-ScR. It was conducted via the EBSCOhost Research Databases Interface: CINAHL Complete, MedicLatina, MEDLINE Complete, and Psychology and Behavioral Sciences Collection, using the Boolean phrases: TI ("Critical Care" AND "Communication" AND "Nurse*") OR AB ("Critical Care" AND "Communication" AND "Nurse*").

Results:

A total of 238 articles were selected, and after the screening process, 9 primary articles were included in the study. The review identified key themes such as the importance of empathetic and effective communication, the integration of technology with humanistic practices, continuous training and development of communication skills, cultural and linguistic adaptation in communication tools, and the role of communication in enhancing patient participation. The use of augmentative and alternative communication (AAC) methods was highlighted for ill patients with speech difficulties.

Conclusion:

Communication in ICUs is multifaceted and goes beyond the mere exchange of information, encompassing emotional support, cultural sensitivity, and ill-patient empowerment. It requires continuous training, technological integration, and consideration of cultural diversity.

Keywords: Intensive Care Units; nurse communication; critically ill patients; communication strategies

Resumen

Introducción:

La comunicación efectiva en las Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) es un aspecto crítico del cuidado de enfermería, impactando significativamente en los resultados de los enfermos. La complejidad de los entornos de UCI requiere estrategias de comunicación especializadas que satisfagan las necesidades únicas de enfermoscríticos y sus familias.

Objetivo:

Mapear la evidencia científica sobre las estrategias de comunicación utilizadas por las enfermeras con pacientes críticos en entornos de UCI.

Métodos:

La Revisión de Alcance (ScR) siguió la metodología recomendada por el Instituto Joanna Briggs (JBI) y PRISMA-ScR. Se realizó a través de la Interfaz EBSCOhost Research Databases: CINAHL Complete, MedicLatina, MEDLINE Complete y Psychology and Behavioral Sciences Collection, utilizando las frases booleanas: TI ("Critical Care" AND "Communication" AND "Nurse*") OR AB ("Critical Care" AND "Communication" AND "Nurse*").

Resultados:

Se seleccionaron 238 artículos y, después del proceso de selección, se incluyeron en el estudio 9 artículos primarios. La revisión identificó temas clave como la importancia de la comunicación empática y efectiva, la integración de la tecnología con prácticas humanísticas, entrenamiento continuo y desarrollo de habilidades en comunicación, adaptación cultural y lingüística en herramientas de comunicación y el papel de la comunicación en potenciar la participación del enfermo. Se destacó UCIel uso de métodos de comunicación aumentativa y alternativa (CAA) en enfermos con dificultades para hablar.

Conclusión:

Los hallazgos subrayan la necesidad de enfoques holísticos que prioricen competencias técnicas y sensibilidades humanas en las prácticas de enfermería. La comunicación en UCI es multifacética y va más allá del simple intercambio de información, abarcando apoyo emocional, sensibilidad cultural y empoderamiento del enfermo. Requiere formación continua, integración tecnológica y consideración de la diversidad cultural.

Palabras clave: Unidades de Cuidados Intensivos; comunicación de enfermería; enfermos críticos; estrategias de comunicación

Introdução

Com o avanço da tecnologia e a crescente diversidade nos cenários de cuidados de saúde, as estratégias de comunicação têm evoluído, enfrentando desafios únicos e oportunidades. Nos ambientes de alta pressão das Unidades de Cuidados Intensivos (UCIs) (, a comunicação eficaz entre os profissionais de saúde, nomeadamente enfermeiros, com doentes críticos e suas famílias, é um elemento fundamental para garantir um atendimento de qualidade e centrado no doente. Enfermeiros, atuando como intermediários, enfrentam o desafio de comunicar efetivamente em um ambiente onde os doentes estão muitas vezes incapacitados de falar. Como destacado por Jones et al. (2021), os enfermeiros desempenham um papel crucial ao facilitar a comunicação em ambientes intensivos, o que pode impactar significativamente os resultados clínicos e a satisfação do doente. A habilidade comunicativa dos enfermeiros é tão vital quanto as suas competências clínicas em UCIs. Nestas unidades, a comunicação transcende a mera transmissão de informações clínicas. É um componente integral do cuidado que afeta diretamente a segurança, a qualidade do cuidado e a experiência do doente e da família, Smith e Nguyen (2020). Contribui para a tomada de decisões, compreensão do tratamento e apoio emocional, sendo um componente fundamentalpara um cuidado efetivo e humanizado, estando diretamente relacionado com a satisfação do doente e com a adesão ao plano terapêutico (Brás e Ferreira, 2016).

Os desafios na comunicação em UCIUCIs são múltiplos. Lee e Kim (2019) observam que barreiras como condições críticas dos doentes, diversidade cultural e linguística e a necessidade de transmitir informações sensíveis podem complicar a comunicação eficaz. Essas barreiras são ainda ampliadas pela complexidade e pela necessidade de respostas rápidas e precisas, típicas do ambiente de UCI (Nunes, 2017)​​.

Em situações onde os doentes muitas vezes não podem comunicar as suas próprias necessidades, os enfermeiros desempenham um papel vital como mediadores de informações e emoções entre o doente, a equipe médica e os familiares. Jones et al. (2021) ressaltam a necessidade de equilibrar tecnologia e interação humana. A intervenção de estratégias comunicativas inovadoras, como programas de treino de comunicação aumentativa e alternativa (CAA) são importantes para capacitar doentes com dificuldades de comunicação verbal, permitindo-lhes expressar as suas necessidades e pensamentos, contribuindo para um atendimento mais centrado no doente (Momennasab et al., 2023)

Assim, a complexidade dos casos em UCIs exige que os enfermeiros não só sejam tecnicamente competentes, mas também habilidosos e sensíveis na comunicação de informações, com estratégias robustas e de maneira compreensiva e empática, destacando a importância de abordagens comunicativas eficazes e humanizadas em UCIs, apontadas por Smith e Nguyen (2020), Rodriguez e Patel (2022) e por Martinez e Garcia (2022) que enfatizam a importância de abordagens de comunicação inovadoras e adaptativas em ambientes críticos. Lee e Kim (2019) discutem ainda as barreiras à comunicação eficaz em UCIs e a necessidade de superá-las para melhorar a qualidade do cuidado.

É, pois, importante oferecer um panorama atualizado das estratégias de comunicação em UCIs, identificando práticas e lacunas para desenvolvimento futuro, conforme sugerido por Williams e Brown (2023).

Os insights obtidos poderão aprimorar as práticas de comunicação dos enfermeiros em UCIs, oferecendo uma visão abrangente das estratégias e destacando áreas para futuras pesquisas e desenvolvimento profissional. Ao entender melhor essas estratégias, os enfermeiros podem estar melhor equipados para enfrentar os desafios comunicativos únicos apresentados em ambientes de UCI e oferecer um cuidado mais empático e eficiente aos doentes críticos e suas famílias.

Assim sendo, o objetivo desta Scoping Review foi mapear o conhecimento científico sobre as estratégias de comunicação utilizadas pelos enfermeiros em UCIs com doentes críticos.

1. Métodos

Esta Scoping Review segue a metodologia recomendada pelo Joanna Briggs Institute (JBI; Peters et al., 2020) e de acordo com Preferred Reporting Items for Systematic Reviews-Scoping Reviews (PRISMA-ScR). Os critérios de elegibilidade também seguiram a metodologia JBI, com base na população, conceito e contexto (PCC) (Peters et al., 2020), permitindo a construção da Questão de investigação (QI): Que estratégias utilizam os enfermeiros para comunicar com doentes críticos, em ambiente de cuidados intensivos?

A População em foco são enfermeiros; O Conceito central é a comunicação entre enfermeiros e doentes críticos com dificuldade em se expressar ou comunicar. Inclui as estratégias, métodos e ferramentas utilizadas pelos enfermeiros; o Contexto é o ambiente de Unidades de Tratamento Intensivo (UCIs).

Critérios de elegibilidade dos estudos

Incluídos artigos de estudos primários que abordem estratégias de comunicação utilizadas por enfermeiros, com doentes adultos em ambiente de terapia intensiva, publicados nos últimos 5 anos, entre janeiro de 2019 e outubro de 2023, altura em que se iniciou a pesquisa. Excluídos estudos de revisão que abordem a comunicação com outros profissionais de saúde e que envolvam doentes críticos: em fim-de-vida, pediátricos, com morte encefálica, com delirium, com COVID-19 em época da pandemia.

Estratégia de pesquisa e seleção dos estudos

Foram utilizadas bases de dados eletrónicas, via Interface EBSCOhost Research Databases: CINAHL Complete, MedicLatina, MEDLINE Complete e Psychology and Behavioral Sciences Collection. Optou-se por fazer uma pesquisa utilizando linguagem natural e, identificados os termos de indexação ou descritores de acordo com o PCC foram pesquisados no título e no resumo, sendo combinados de modo a formar a frase boleana (Tabela 1).

Tabela 1 Descritores utilizados na pesquisa e frase boleana, segundo PCC 

População Contexto Conceito
Nurse Nursing Staff Communication strategies Communication Critically ill patients Critical Care Intensive care
Frase Boleana
((“critically ill patient*) OR (“Critical Care”) OR (“Intensive care”)) AND ((“communication strateg*”) OR (“Communication”)) AND ((“Nurse*) OR (“Nursing Staff”))

Após identificação dos estudos foi realizada a triagem pela análise do título e resumo e, na tentativa de identificar outros estudos passíveis de ser incluídos nesta revisão, foram analisadas as suas referências bibliográficas. De seguida foi feita análise do texto completo e aplicados os critérios de exclusão. Este processo foi desenvolvido por três revisores independentes (GB, BM, AG) e, em caso de discrepâncias, recorria-se a um quarto investigador (VR).

Para o processo de extração e análise dos dados dos estudos selecionados, foram desenvolvidos instrumentos baseados nas diretrizes da JBI (Peters et al, 2020), focando-se nas características (autores, ano, objetivo, método, população) e nos principais resultados e conclusões dos estudos. Este processo foi desenvolvido por três revisores independentes (GB, BM, AG) e, em caso de discrepâncias, recorria-se a um quarto investigador (VR), em caso de discrepâncias.

2. Resultados

Foram identificados um total de 238 atigos (CINAHL Complete: 45; MedicLatina: 2; MEDLINE Complete: 190; Psychology and Behavioral Sciences Collection: 1). Os resultados da pesquisa foram exportados para o gestor de referências Mendeley Desktop® (versão 1.19.4), sendo identificados e removidos os registos duplicados (7 artigos).

Pela análise do título e resumo foram selecionados 38 artigos (CINAHL Complete: 2; MedicLatina: 2; MEDLINE Complete: 34; Psychology and Behavioral Sciences Collection: 0) e, nas pesquisas de referências existentes nesses artigos, foram obtidos mais 4 artigos (MEDLINE Complete), totalizando 42estudos incluídos . Após análise do texto completo e aplicados os critérios de exclusão, foram selecionados 9 artigos que constituiram a amostra do presente estudo.

Os resultados obtidos com o processo de triagem são apresentados de acordo com as recomendações do PRISMA Extension for Scoping Reviews (Tricco et al., 2018), tal como se pode observar no seguinte diagrama de fluxo (Figura 1)

Figura 1 Fluxograma PRISMA do processo de seleção dos estudos (Page et al, 2020) 7 |http://www.prisma-statement.org/ 

Os dados dos 9 estudos, recolhidos segundo as diretrizes da JBI (Peters et al, 2020), foram analisados e apresenta-se o resumo das características e principais resultados (Autores, ano, objetivo, método, população e resultados) no Quadro 1, dos estudos mais recentes para os mais antigos.

Tabela 2 Características e Principais Resultados dos 9 Estudos da ScR 

N Autores/ano Objetivo/ método/ população Resultados
1 Perelló-Campaner et al (2023) Exploraram fatores que determinam a comunicação com doentes criticamente doentes intubados, através de um estudo fenomenológico qualitativo com 11 enfermeiros de UCIs. Identifica fatores como: funcionalidade do doente, ambiente da UCI e habilidades dos profissionais, sugerindo uma abordagem multifatorial para melhorar a eficácia da comunicação.
2 Momennasab et al (2023). Avaliaram a eficácia de um programa de treino sobre comunicação aumentativa e alternativa (CAA) com doentes intubados, em um estudo quase experimental com 45 enfermeiros de UCI. Observaram aumento significativo no uso de estratégias de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) após treino e aumento da compreensão das mensagens dos doentes, recomendando a sua aplicação em larga escala.
3 Krupp et al (2021) Analisa a aplicação da telemedicina em cuidados intensivos (teleUCI), em um estudo qualitativo com enfermeiros de UCIs e teleUCI. Destacaram a importância da comunicação eficaz e clareza de papel em ambientes de teleUCI, com foco em colaboração reforçada e aprimoramento do atendimento ao doente.
4 Kuyler & Johnson (2021). Investigaram preferências de conteúdo para um quadro de comunicação em UCI, num estudo qualitativo com 10 doentes e 30 enfermeiros. Perspectiva dos Enfermeiros: focada em etiqueta social e necessidades médicas básicas, como posicionamento, segurança, conforto, status fisiológico, descanso, nutrição e higiene. Perspectiva dos Doentes: importância de poder expressar necessidades, incluindo status emocional e preocupações com a família. Destaca a necessidade de considerar a diversidade cultural e linguística.
5 Al-Yahyai et al (2021) Avaliaram estratégias de comunicação com doentes críticos não falantes, em um estudo descritivo transversal com 194 enfermeiros. Discute estratégias de comunicação comuns e limitações no uso de CAA. Concluíram que o uso de estratégias CAA é limitado, enfatizando a necessidade de mais esforços para aumentar a sua adoção.
6 Arimon et al (2021) Analisaram a eficácia da intervenção comunicativa CONECTEM em doentes críticos, em um estudo quase-experimental com doentes transportados por ambulância. A intervenção comunicativa foi eficaz em melhorar o estado psicoemocional dos doentes em estado crítico, em relação à dor, Transtorno de stress pos-traumático (TSPT) e ansiedade.
7 Yoo, Lim & Shim (2020) Avaliaram experiências de comunicação em uma UCI, em um estudo qualitativo com 16 enfermeiros. Destaca desafios de comunicação e a importância de abordagens adaptativas. Revelaram a aprendizagem contínua dos enfermeiros em comunicação por tentativa e erro, ajustando as suas abordagens baseadas nas reações dos doentes.
8 Momennasab et al (2019) Descreveram a qualidade da comunicação com doentes sob ventilação mecânica, em um estudo observacional com 10 enfermeiros e 35 doentes. Discute métodos tradicionais de comunicação focados nas necessidades físicas dos doentes. Mostraram que a comunicação tradicional entre enfermeiros e doentes ventilados mecanicamente pode levar a um nível indesejável de insatisfação.
9 Gropp et al (2019) Avaliaram a comunicação usando um quadro de comunicação em UCI, em um estudo quase experimental com 20 enfermeiros. Examina percepções de enfermeiros sobre o uso de quadros de comunicação indicando necessidade de adaptações específicas para facilitar a escolha dos doentes. Indicaram que treinos breves no uso de quadros de comunicação podem mudar perspectivas dos enfermeiros, sugerindo investigar percepções de doentes e enfermeiros sobre os conteúdos desses quadros.

3. Discussão

Para sintetizar as informações obtidas na ScR é recomendado que se agrupem estudos semelhantes ou dados relacionados, criando categorias (Aromataris & Munn, 2020; Tricco et al, 2018). Procurámos identificar padrões, temas, lacunas e áreas para futuras investigações, destacando as principais descobertas e tendências na literatura.

Da análise efetuada, emergiram 6 categorias, destacando-se de seguida as semelhanças e complementaridades entre os estudos.

3.1 Melhoria dos Sintomas Psicoemocionais e Estratégias de Comunicação

Estudos como o de Arimon et al. (2021) e Momennasab et al. (2023) focam-se em melhorar os sintomas psicoemocionais em doentes críticos e na eficácia de programas de treino de comunicação. Ambos destacam a importância de intervenções comunicativas eficazes e treino em comunicação aumentativa e alternativa (CAA). Estes estudos mostram a eficácia de programas específicos para melhorar o bem-estar psicoemocional em UCIs.

As intervenções CONECTEM de Arimon et al. (2021), foi desenvolvida para melhorar a comunicação com doentes críticos, particularmente durante o transporte em ambulâncias e as estratégias usadas podem incluir o uso de linguagem simplificada, comunicação não-verbal (como gestos ou expressões faciais) e o uso de tecnologias ou ferramentas visuais para facilitar a comunicação. O principal objetivo é aliviar a ansiedade, o medo e outros sintomas psicoemocionais dos doentes, oferecendo um apoio emocional adequado.

O uso de CAA (Momennasab et al., 2023) inclui todos os modos de comunicação (exceto a fala oral) que são usados para expressar pensamentos, necessidades, desejos e ideias. Incluem sistemas de comunicação baseados em símbolos, dispositivos de comunicação assistida, linguagem de sinais, escrita e outras formas de expressão não-verbais. O objetivo é capacitar doentes que têm dificuldades de comunicação verbal, permitindo-lhes expressar as suas necessidades, sentimentos e pensamentos, contribuindo para um atendimento mais centrado no doente.

Ambos os estudos sublinham a necessidade vital de abordagens comunicativas que vão além do cuidado físico, ressaltando a importância da saúde mental e emocional dos doentes críticos. Demonstram que intervenções comunicativas eficazes podem aliviar a ansiedade e o stress dos doentes, realçando a necessidade de habilidades de comunicação empáticas e adaptadas. A convergência nas conclusões sugere uma tendência emergente na área de saúde que reconhece o papel crucial da comunicação na recuperação holística do doente.

Os insights de Arimon et al. (2021) e Momennasab et al. (2023) complementam estudos que focam na comunicação com doentes intubados e não falantes, como os de Perelló-Campaner et al. (2023) e Al-Yahyai et al. (2021). Estes estudos destacam a necessidade de estratégias de comunicação adaptativas para abordar os desafios únicos enfrentados pelos doentes críticos, seja em termos de barreiras físicas à comunicação ou necessidades psicoemocionais.

O treino em CAA, como destacado por Momennasab et al. (2023), alinha-se com a ênfase de Yoo et al. (2020) sobre o desenvolvimento contínuo de habilidades de comunicação. Isso indica uma abordagem holística que inclui tanto o aprimoramento técnico quanto o desenvolvimento de competências para abordar os aspectos emocionais e psicológicos do cuidado ao doente.

Considerando a pesquisa de Kuyler & Johnson (2021), a abordagem de Arimon et al. (2021) e Momennasab et al. (2023) pode ser enriquecida com a incorporação de estratégias de comunicação que levem em conta as diferenças culturais e linguísticas dos doentes, garantindo que as intervenções psicoemocionais sejam acessíveis e eficazes para uma população diversificada. A análise comparativa e de complementaridade desses estudos mostra uma tendência emergente no cuidado intensivo: a importância de abordagens de comunicação que são sensíveis não apenas às necessidades físicas, mas também às necessidades emocionais e psicológicas dos doentes.

Outros estudos destacam a importância de abordagens comunicativas eficazes e humanizadas em UCIs (Silva, 2024; Morrow e al, 2023; Turkson-Ocran, 2022; Brooks et al, 2019; Grant, 2015), realçando a necessidade de um cuidado holístico que integre habilidades técnicas, sensibilidade emocional e consideração pelas diversidades culturais e linguísticas. Essa abordagem multifacetada é essencial para o cuidado efetivo e compassivo em ambientes críticos de saúde.

3.2 Uso de TeleIUC como ferramenta de comunicação

O estudo de Krupp et al. (2021), destaca a importância de tecnologia avançada como a telemedicina em cuidados intensivos (TeleICU) que pode ser integrada para melhorar a comunicação e a segurança do doente. Apresenta o TeleICU como uma ferramenta tecnologicamente avançada que permite comunicação remota e monitorização em tempo real, oferecendo uma maneira eficiente de melhorar a comunicação e a supervisão dos doentes críticos. Essa abordagem de Krupp et al. (2021), complementa estudos focados na melhoria dos sintomas psicoemocionais ao fornecer um meio eficaz de monitorizar e comunicar em tempo real sobre o bem-estar emocional dos doentes em UCIs, como explorado por Arimon et al. (2021) e Momennasab et al. (2023).Ferramentas como TeleICU podem ser particularmente úteis na comunicação com doentes intubados e não falantes, abordados em estudos como os de Perelló-Campaner et al. (2023) e Al-Yahyai et al. (2021). A tecnologia permite uma comunicação mais eficaz com doentes que têm dificuldades na comunicação verbal.Ressalta a importância do treino contínuo em comunicação eficaz, alinhando-se com os estudos de Yoo et al. (2020) e outros.

Assim, a comparação e complementaridade entre os estudos abordados destacam uma abordagem holística para a comunicação em UCIs em combinação com tecnologia avançada, oferecendo uma solução robusta para enfrentar os desafios da comunicação em ambientes de alta complexidade. Não apenas melhoram a eficiência e a clareza na transferência de informações, mas também se alinham com a necessidade de abordar aspectos psicoemocionais e desafios específicos de comunicação com doentes vulneráveis. , ideias corroboradas por outros autores (Morrow et al, 2023; Watanabe et al.,2023; Verma et al, 2022).

3.3 Comunicação com Doentes Intubados e Não Falantes

Estudos como o de Perelló-Campaner et al. (2023) e Al-Yahyai et al. (2021) exploram a comunicação com doentes intubados e não falantes, destacando os desafios e a necessidade de estratégias adaptadas para esses doentes. Estes trabalhos abordam um dos aspectos mais desafiadores na UCI: a comunicação com doentes que não podem falar. A pesquisa de Perelló-Campaner et al. destaca a complexidade desta comunicação, enquanto Al-Yahyai et al. se concentram nas estratégias práticas. Eles revelam uma lacuna crítica na prática atual e a necessidade de estratégias inovadoras para melhorar a comunicação com esses doentes vulneráveis.

O estudo de Perelló-Campaner et al. (2023) destaca os desafios inerentes a comunicação com doentes que não podem falar devido à intubação. A pesquisa aborda a necessidade de treino especializado dos profissionais de saúde, enfatizando a importância de interpretar sinais não-verbais e gestuais. Este estudo reconhece que a comunicação eficaz em tais cenários transcende a linguagem falada, requerendo uma sensibilidade e compreensão profundas das expressões faciais, linguagem corporal e gestos dos doentes. O aprimoramento das habilidades dos enfermeiros em comunicação não-verbal pode levar a um melhor entendimento das necessidades do doente, contribuindo para um cuidado mais empático e efetivo.

Por outro lado, a pesquisa de Al-Yahyai et al. (2021) foca-se nas estratégias práticas para facilitar a comunicação com doentes intubados. Este estudo explora o uso de CAA, ferramentas como quadros de comunicação e dispositivos eletrónicos que podem ajudar os doentes a expressar as suas necessidades e sentimentos.

A combinação dos insights desses dois estudos fornece uma abordagem holística e multifacetada para a comunicação em UCIs. Enquanto Perelló-Campaner et al. destacam a necessidade de habilidades interpessoais e uma compreensão profunda da comunicação não-verbal, Al-Yahyai et al. mostram o valor prático das ferramentas tecnológicas e do envolvimento familiar. Estes estudos sublinham que a comunicação eficaz em UCIs exige uma abordagem integrada que combine a sensibilidade humana com a inovação tecnológica. Outros autores ressaltam a necessidade de equilibrar tecnologia e interação humana (Holm et al, 2021; Yoo, Lim, & Shim (2020).)).

O estudo de Perelló-Campaner et al. (2023) sobre a comunicação com doentes intubados complementa os estudos de Krupp et al. (2021) e Yoo et al. (2020), pois ilustra a necessidade de combinar habilidades tecnológicas e humanas para uma comunicação eficaz em UCIs. A necessidade de uma abordagem multifatorial, destaca que tanto as soluções tecnológicas quanto as habilidades interpessoais são cruciais para enfrentar os desafios da comunicação em UCIs. Assim, esses estudos destacam uma área crítica de necessidade na prática de UCI e apontam para a importância de estratégias inovadoras e adaptativas para melhorar a comunicação com doentes vulneráveis que não podem falar. Essas estratégias não só melhoram a qualidade do cuidado, mas também reforçam a dignidade e o respeito pelos doentes críticos.

3.4 Treino e Desenvolvimento de Habilidades de Comunicação

A comunicação eficaz no contexto da saúde é uma habilidade crucial, como destacado pelos estudos de Yoo et al. (2020), Liu et al. (2022), e Gropp et al. (2019). Estes estudos coletivamente sublinham a importância do treino contínuo e do desenvolvimento de habilidades de comunicação entre profissionais de saúde, visando melhorar a qualidade do cuidado. O foco desses estudos reforça a noção de que a comunicação eficaz é uma competência adquirida e não inata. Os resultados demonstram que a formação contínua pode melhorar significativamente a qualidade dos cuidados, enfatizando a comunicação como um aspecto central e muitas vezes subestimado da prática clínica.

O estudo de Yoo et al. (2020) foca a Comunicação como Habilidade Fundamental que deve ser aprimorada continuamente pelos profissionais de saúde. Ressalta que a eficácia na comunicação não é inata, mas pode ser significativamente melhorada com treino apropriado. O estudo sugere métodos de treino que incluem simulações de cenários clínicos, workshops e sessões de feedback para ajudar os profissionais de saúde a desenvolverem uma comunicação mais eficaz e empática com os doentes.

O estudo conduzido por Liu et al. (2022) enfatizou a Comunicação na Prática Clínica, abordando a comunicação como um aspecto central e frequentemente subestimado na prática clínica. A pesquisa sugere que o desenvolvimento de habilidades comunicativas deve ser integrado em todos os níveis da formação e prática médica. O estudo também aponta para a necessidade de avaliação contínua e aprimoramento das habilidades de comunicação, enfatizando o impacto direto que a comunicação tem na eficácia do tratamento e na satisfação do doente.

O Estudo de Gropp et al. (2019) dá ênfase à necessidade de melhoria contínua da comunicação, focando-se no papel da formação contínua em comunicação para aprimorar a interação entre profissionais de saúde e doentes. Destaca que as habilidades de comunicação são dinâmicas e requerem atualização e refinamento constantes. Eles propõem modelos de treino contínuo e integrado que incluem feedback regular, mentoring e a utilização de novas tecnologias e abordagens pedagógicas para aprimorar as habilidades comunicativas.

As combinações dos estudos referidos oferecem uma visão abrangente da importância do treino em comunicação no campo da saúde. Eles coletivamente demonstram que a comunicação eficaz em saúde é uma habilidade adquirida e essencial, impactando positivamente a qualidade do cuidado e a satisfação do doente. Além disso, esses estudos ressaltam a necessidade de abordagens de treino inovadoras e contínuas para manter os profissionais de saúde atualizados e eficientes nas suas habilidades de comunicação. Pesquisas de outros investigadores apoiam estas conclusões, enfatizando a necessidade de formação e treino contínuos das habilidades de comunicação entre profissionais de saúde e doentes para melhorar a eficácia do tratamento e a satisfação do doente (Dees, Carpenter, & Longtin, 2022; Carrato et al., 2015).

3.5 Perspectivas Culturais e Linguísticas

O estudo de Kuyler & Johnson (2021) destaca-se por ter sido o único a abordar um aspecto crucial, porém frequentemente negligenciado na comunicação em saúde: a necessidade de considerar a diversidade cultural e linguística no desenvolvimento de ferramentas e estratégias de comunicação. Isso sugere uma área emergente de foco onde a personalização das estratégias de comunicação pode levar a melhores resultados para doentes de diferentes origens culturais. Esta análise explora como essa perspectiva se encaixa e complementa as abordagens nos contextos de UCI e comunicação com doentes críticos. A pesquisa argumenta que a personalização das estratégias de comunicação, nomeadamente pelos enfermeiros, pode levar a melhores resultados para doentes de diferentes origens culturais, promovendo uma maior compreensão e empatia, tal como defendido em outros estudos (Lee & Kim, 2019). A abordagem de Kuyler & Johnson pode ser integrada aos contextos abordados em estudos sobre a comunicação em UCIs, especialmente ao interagir com doentes intubados ou não falantes. A adaptação cultural e linguística torna-se ainda mais crítica nestes casos, onde a comunicação é desafiadora. Estudos como o de Perelló-Campaner et al. (2023) e Al-Yahyai et al. (2021) exploram a comunicação com doentes intubados e não falantes, destacando os desafios e a necessidade de estratégias adaptadas para esses doentes. Revelam uma lacuna na prática atual e a necessidade de estratégias inovadoras para melhorar a comunicação com esses doentes vulneráveis.

Ainda, nos contextos de treino e desenvolvimento de habilidades de comunicação, como destacado por Yoo et al. (2020) e Solbakken & Normann (2024), também a sensibilidade cultural e linguística deve ser um componente essencial do currículo de treino. Esta perspectiva é corroborada por Turkson-Ocran et al. (2022), que sublinham a importância do uso de estratégias que promovem a sensibilidade cultural, para facilitar a prestação de cuidados de qualidade e culturalmente sensíveis aos doentes.Assim, os estudos de Kuyler & Johnson e os outros mencionados, sugerem uma evolução nas práticas de comunicação em saúde, promovendo uma assistência mais inclusiva, empática e eficaz.

3.6 Impacto da Comunicação na Participação do Doente

O estudo de Solbakken & Normann (2024) investigou como a comunicação impacta a participação do doente na reabilitação, um tema que se complementa com os outros estudos ao mostrar a importância de uma comunicação eficaz para a participação ativa do doente no processo de cuidado. Abordou aspetos fundamentais:

Comunicação Além da Informação: ressalta que a comunicação não é apenas uma ferramenta para transmitir informações, mas também um meio essencial para envolver e capacitar os doentes.

Empoderamento do Doente: explora como abordagens comunicativas eficazes podem ajudar os doentes a se sentirem mais envolvidos e capacitados em seu próprio cuidado, contribuindo para uma recuperação mais efetiva e centrada no doente.

Relevância no Processo de Reabilitação: destaca a importância da comunicação na facilitação do processo de reabilitação, onde a participação ativa do doente é crucial para o sucesso do tratamento.As descobertas de Solbakken & Normann complementam estudos focados em UCIs, onde a comunicação eficaz é vital, especialmente em contextos de doentes intubados ou não falantes. Este estudo alinha-se com pesquisas que enfatizam o treino em comunicação, como as de Yoo et al. (2020), reforçando a ideia de que habilidades de comunicação eficazes são cruciais para facilitar a participação do doente. Os insights de Solbakken & Normann também reforçam a importância da sensibilidade cultural e linguística na comunicação com doentes, como destacado por Kuyler & Johnson (2021) e Yoo et al. (2020). A abordagem holística de Solbakken & Normann (2024) reforça o valor da comunicação como uma ferramenta poderosa para melhorar a qualidade e a eficácia do cuidado em saúde, tal como corroborado pelos autores mencionados na presente ScR. A análise comparativa dos estudos apresentados revela que, embora haja diferenças nas abordagens e focos específicos, há uma clara complementaridade e uma necessidade conjunta de abordagens multifacetadas para a comunicação em UCIs, nomeadamente entre os enfermeiros e os doentes críticos. A integração de tecnologia avançada, competências comunicativas humanísticas, e sensibilidade cultural, emerge como um caminho promissor para melhorar a comunicação em ambientes de cuidados intensivos, beneficiando doentes, familiares e profissionais de saúde.

Conclusão

A revisão revelou insights fundamentais sobre as práticas atuais e emergentes de comunicação do enfermeiro com o doente em ambiente de cuidados intensivos. Destacamos os principais aspetos das categorias encontradas nos estudos:

Importância da Comunicação Efetiva e Empática: os estudos sublinham a importância crítica de uma comunicação efetiva e empática no tratamento de doentes críticos. Estratégias que focam em melhorar os sintomas psicoemocionais, demonstram a necessidade de interações que vão além do cuidado físico, abrangendo a saúde mental e emocional dos doentes.

Integração de Tecnologia e Práticas Humanísticas: a revisão revelou uma tendência crescente na integração de soluções tecnológicas, como o TeleICU, com práticas humanísticas. Esta convergência de tecnologia e humanismo sugere um caminho promissor para o aprimoramento das práticas de comunicação em UCIs, oferecendo um cuidado mais holístico e centrado no doente.

Treino e Desenvolvimento Contínuo: a necessidade de treino e desenvolvimento contínuo de habilidades de comunicação entre os profissionais de saúde é enfatizada. A formação contínua em técnicas de comunicação é essencial para a melhoria da qualidade do cuidado prestado.

Adaptação Cultural e Linguística: a diversidade cultural e linguística dos doentes em UCIs exige uma adaptação das ferramentas e estratégias de comunicação, para garantir que a comunicação seja efetiva e respeite as necessidades individuais dos doentes e suas famílias.

Comunicação para a Participação Ativa do Doente: a revisão também destaca a importância da comunicação na promoção da participação ativa do doente, refletindo a necessidade de abordagens comunicativas que não apenas informem, mas também envolvam e capacitem os doentes no processo de cuidado.

Esta ScR destaca a comunicação eficaz como um pilar fundamental no cuidado de doentes críticos, exigindo uma abordagem holística que valorize tanto a competência técnica quanto a sensibilidade humana dos enfermeiros em UCIs. O objetivo final é assegurar que a comunicação em UCIs seja não só eficiente, mas também inclusiva, empática e adaptada às necessidades únicas de cada doente e sua família.

Futuras pesquisas devem focar no desenvolvimento e na avaliação de programas de treino específicos para enfermeiros em UCIs, com ênfase na comunicação aumentativa e alternativa, adaptações culturais e linguísticas e na integração de tecnologias avançadas. Estudos longitudinais que avaliem o impacto dessas estratégias na recuperação e satisfação do doente e da família, podem fornecer insights valiosos para aprimorar as práticas de enfermagem cuidados intensivos.

3.7 Implicações para a Prática de Enfermagem

Os resultados apontam para a necessidade de uma abordagem integrada e multifacetada na comunicação do enfermeiro com o doente crítico. Implica um compromisso contínuo com o desenvolvimento de habilidades comunicativas, uma abertura para integrar novas tecnologias e sensibilidade às necessidades emocionais, culturais e linguísticas dos doentes e suas famílias. Além disso, sugere uma mudança de paradigma, onde a comunicação é vista não apenas como um meio de obter e transmitir informações, mas como uma ferramenta essencial para melhorar a experiência do doente e facilitar uma recuperação mais eficaz e centrada no doente.

Contribuições dos autores

Conceptualização, G.B. e A.G.; tratamento de dados, G.B.; análise formal, G.B.; investigação, G.B., B.M., V.R. e A.G.; metodologia, G.B.; administração do projeto, G.B. e B.M.; recursos, G.B.; programas, G.B.; supervisão, B.M. e V.R.; validação, G.B. e B.M.; visualização G.B.; redação - preparação do rascunho original, G.B.; redação - revisão e edição, G.B. e B.M.

Conflito de interesses

Os autores declaram não existir conflito de interesses.

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Recebido: 02 de Abril de 2024; Aceito: 11 de Setembro de 2024

Autor Correspondente Gorete Baptista Rua Alexandre Herculano, Nº 168 5300-075 - Bragança - Portugal gorete@ipb.pt

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