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Sociologia, Problemas e Práticas
versão impressa ISSN 0873-6529
Sociologia, Problemas e Práticas n.42 Oeiras maio 2003
CONHECIMENTOS TRADICIONAIS E PROPRIEDADE INTELECTUAL
Miguel Correia Pinto 1 e Manuel Mira Godinho 2
Resumo Com os avanços nos domínios da biotecnologia registados nas décadas mais recentes, os conhecimentos tradicionais tornaram-se importantes inputs bioinformacionais para a inovação. Neste contexto, a relação entre aqueles conhecimentos tradicionais e a propriedade intelectual adquiriu o estatuto de tema quente. A sexta conferência das partes da convenção sobre a biodiversidade biológica, que decorreu em Haia, em Abril de 2002, equacionou a hipótese de estabelecimento de um quadro normativo sobre este assunto. O presente artigo considera o interesse e possíveis contornos de um tal quadro normativo. Na impossibilidade de aplicação dos mecanismos existentes, há que encontrar uma regulamentação internacional apropriada que simultaneamente garanta a protecção desses conhecimentos e a sua difusão impedindo a apropriação abusiva por parte de grandes companhias de base biotecnológica e facilitando o acesso em condições justas aos referidos conhecimentos.
Palavras-chave Direitos de propriedade intelectual, conhecimentos tradicionais, biopirataria, sustentabilidade.
Abstract With the advances recorded in recent decades in the field of bio-technology, traditional knowledge, in its various manifestations, has become an important bio-information input for innovation. In this context, the relationship between traditional knowledge and intellectual property has also developed into a burning issue. The Sixth Conference of the Parties to the Convention on Biological Diversity, which took place at the Hague in April 2002, considered the possibility of establishing a standard framework for this question. The present article considers the interest and the possible form of such a standard framework. Given the impossibility of applying the existing mechanisms, it is important to agree on appropriate international regulations guaranteeing that this knowledge is both disseminated and protected, thus preventing misappropriation by the big biotechnology companies and facilitating access to such knowledge on fair terms.
Keywords Intellectual property rights, traditional knowledge, biopiracy, sustainability.
Résumé Les progrès réalisés au cours des dernières décennies dans les domaines de la biotechnologie ont transformé les connaissances traditionnelles en dimportants inputs bio-informationnels pour linnovation. Dans ce contexte, la relation entre ces connaissances traditionnelles et la propriété intellectuelle a acquis le statut de thème chaud. La sixième conférence des parties signataires de la convention sur la biodiversité biologique, qui sest tenue à La Haye en avril 2002, a examiné la possibilité détablir un cadre normatif à ce sujet. Cet article analyse lintérêt et les contours possibles dun tel cadre normatif. Étant donné limpossibilité dappliquer les mécanismes existants, il faut trouver une réglementation internationale appropriée qui garantisse en même temps la protection de ces connaissances et leur diffusion afin dempêcher leur appropriation abusive par les grandes compagnies du secteur biotechnologique et détablir des conditions daccès justes à ces connaissances.
Mots-clés Propriété intellectuelle, connaissances traditionnelles, biopiratage, durabilité.
Resúmene Con los avances registrados en los dominios de la biotecnología en las décadas más recientes, los conocimientos tradicionales se convirtieron en importantes inputs bioinformativos para la innovación. En este contexto, la relación entre aquellos conocimientos tradicionales y la propiedad intelectual adquirió el estatuto de tema caliente. La sexta conferencia de las partes de la convención sobre la biodiversidad biológica, que tuvo lugar en la Haya, en Abril del 2002, ecuacionó la hipótesis del establecimiento de un cuadro normativo sobre este asunto. El artículo presente considera el interés y posibles contornos de un tal cuadro normativo. En la imposibilidad de la aplicación de los mecanismos ya existentes, hay que encontrar una regulación internacional apropiada que garantize al mismo tiempo la protección de esos conocimientos y su difusión impidiendo la apropiación abusiva por parte de grandes compañías de base biotecnológica y facilitando el acceso en condiciones justas a los referidos conocimientos.
Palabras-clave Derechos de la propiedad intelectual, conocimientos tradicionales, bio-piratería, sustentabilidad.
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1Miguel Correia Pinto. Mestrando em economia e gestão de ciência e tecnologia, ISEG/UTL, e bolseiro do CISEP, Centro de Investigação sobre a Economia Portuguesa. E-mail: mcpinto@iseg.utl.pt
2Manuel Mira Godinho. Professor do ISEG/UTL, membro do CISEP, Centro de Investigação sobre a Economia Portuguesa. E-mail: mgodinho@iseg.utl.pt