SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.11 número1Usos da ruralidade: apresentaçãoO comunismo mágico-científico de Alves Redol índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Etnográfica

versão impressa ISSN 0873-6561

Etnográfica v.11 n.1 Lisboa maio 2007

 

"A poesia dos simples": arte popular e nação no Estado Novo

Vera Marques Alves*

Nos anos 30 e 40 do século XX, o Secretariado da Propaganda Nacional – órgão máximo da propaganda do regime de Salazar – desenvolveu um largo conjunto de iniciativas folcloristas que marcaram a memória crítica do Estado Novo. Este artigo sonda os limites de uma interpretação que reduz tal política a um instrumento de domesticação do povo, mostrando que é nos mecanismos de afirmação da nação, dentro e fora das fronteiras portuguesas, que podemos encontrar a explicação mais pertinente para a campanha etnográfica então empreendida. E é em função de tal proposta que abordaremos ainda os processos de manipulação e selecção dos materiais da cultura popular aí implicados, mostrando como, através dos mesmos, o SPN;/;SNI veiculou um retrato do país baseado na imagem do povo português enquanto camponês-esteta.

Palavras-chave: Estado Novo, SPN/SNI, António Ferro, arte popular, nação, camponês-esteta.

 

 

"The poetry of the simple": popular art and nation in the Estado Novo

In the 1930’ and 1940’ the Secretariado da Propaganda Nacional – the propaganda head office of Salazar’s dictatorship – promoted several folkloristic events, which became a core element of the Estado Novo current memory. This paper shows how the Secretariado‘s ethnographic campaign relates mostly with the politics of national identity building developed inside the Portuguese borders and in the international arena. In this context, I examine the selective approach to the folk culture materials evolved in those pratics. I also try to illuminate the ways by witch such materials were used to create a representation of the Portuguese folk as a people of artist-peasants, and of Portugal as a pacific and lovable country.

Keywords: Estado Novo, SPN/SNI, António Ferro, folk art, nation, artist-peasant.

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

Bibliografia

ALVES, Vera Marques, 1997, "Os etnógrafos locais e o Secretariado da Propaganda Nacional: um estudo de caso", Etnográfica, 1 (2), 237-257.        [ Links ]

—,2003, “O SNI e os ranchos folclóricos”, em J.F. Branco, e S. Castelo-Branco (orgs.), Vozes do Povo: a Folclorização em Portugal. Oeiras, Celta, 191-205.

Anónimo, 1936, "A propósito da Exposição de Arte Popular do Secretariado da Propaganda Nacional", Cartaz, Junho;/;Julho, 7-8.

Anónimo, 1942,"Uma casa de campo modelar", Panorama. Revista Portuguesa de Arte e Turismo, n.º 10, Ano II, 12-13.

Anónimo, 1946,"Como decorar casas de campo", Panorama. Revista Portuguesa de Arte e Turismo, n.º 27, Ano IV, s.p.

BENDIX, Regina, 1997, In Search of Authenticity: the Formation of Folklore Studies. Madison, The University of Wisconsin Press.

BESNARD, Pierre, 1979, ”La culture populaire, discours et théories”, em G. Poujoul, e R. Labourie, Les Cultures Populaires. Toulouse, Privat, 53-63.

BILLING, Michael, 1995, Banal Nationalism. Londres;/;Thousand Oaks;/;Nova Deli, Sage Publi­cations.

BOYES, Georgina, 1993, The Imagined Village. Culture, Ideology and the English Folk Revival. Manchester e Nova Iorque, Manchester University Press.

BRANCO, Jorge Freitas, 1995, “Lugares para o povo: uma periodização da cultura popular em Portugal”, J.F. Branco, e J. Leal (eds.), “Retratos do país. Actas do colóquio”, Revista Lusitana, n.os 13;/;14, 145-177.

BRITO, Joaquim Pais de, 1982, “O Estado Novo e a Aldeia Mais Portuguesa de Portugal”, O Fascismo em Portugal: Actas do Colóquio Realizado na Faculdade de Letras de Lisboa. Lisboa, A Regra do Jogo, 511-532.

BURKE, Peter, 1981, “The ‘discovery’ of popular culture”, em Raphael Samuel (ed.), People’s History and Socialist History. Londres, Routledge and Kegan Paul, 216-226.

CARVALHO, Mário Vieira de, 1996, “Música erudita”, em F. Rosas, e J.M. Brandão de Brito (dirs.), Dicionário de História do Estado Novo, vol. II. Lisboa, Círculo de Leitores, 647-654.

Catálogo da Exposição de Arte Popular Portuguesa. Lisboa, Edições SPN, 1936.

CLARKE, Alison J., 2001, “The aesthetics of social aspiration”, em Daniel Miller, Home Posses­sions. Oxford e Nova Iorque, Berg, 23-45.

DAMIANAKOS, Stathis, 1985, “Representations de la paysannerie dans l’éthtnographie grecque (Un cas exemplaire: la fiction clephtique)”, AA.VV. Paysans et Nations d’Europe Centrale et Balkanique. Paris, Maisonneuve et Larose, 71-86.

FÉLIX, Pedro, 2003 “O concurso ‘A Aldeia Mais Portuguesa de Portugal’ (1938)”, em J.F. Branco, e S. Castelo-Branco (orgs.), Vozes do Povo: a Folclorização em Portugal. Oeiras, Celta, 207-232.

FERRO, António, 1940, sem título, Vida e Arte do Povo Português. Lisboa, SPN, s.p.

—,s.d., Dez Anos de Política do Espírito. 1933-1943. Lisboa, Edições SPN.

—,1947, sem título, Monsanto. Lisboa, Edições SNI.

—,1948a, Apontamentos para uma Exposição, Lisboa, Edições SNI.

—,1948b, Museu de Arte Popular. Lisboa, Edições SNI.

—,1949, Turismo. Fonte de Riqueza e de Poesia. Lisboa, edições SNI.

FERRO, António, 1982 [1933], Salazar. O Homem e a Sua Obra. Lisboa, Edições Fernando Pereira.

FRYKMAN, J., e Orvar Löfgren, 1987, The Culture Builders: a Historical Anthropology of Middle-Class Life. Nova Brunswick: Rutgers University Press.

GELLNER, Ernest, 1993 [1983], Nações e Nacionalismo. Lisboa, Gradiva.

HELLSPONG, Mats, e Barbro Klein, 1994, “Folk art and folklife studies in Sweden”, em ­Barbro Klein, e Mats Widbom (eds.), Swedish Folk Art. All Tradition is Change. Nova ­Iorque, Harry N. Abrams: 17-39.

HENRIQUES, Raquel Pereira, 1990, António Ferro. Estudo e Antologia. Lisboa, Publicações Alfa.

KIRSHEMBLATT-GIMBLETT, Barbara, 1991, “Objects of ethography”, em I. Karp, e S.D. Levine (orgs.), Exhibiting Cultures: The Poetics and Politics of Museum Display. Washington, Smithsonian Institution Pres, 387-443.

LEAL, João, 2000, Etnografias Portuguesas (1870-1970): Cultura Popular e Identidade Nacional. Lisboa, Publicações Dom Quixote.

—,2006, Antropologia em Portugal. Mestres, Percursos, Transições. Lisboa, Livros Horizonte.

LÉVI-STRAUSS, Claude, 1962, La Pensée Sauvage. Paris, Librairie Plon.

LÖFGREN, Orvar,1989, “The nationalization of culture”, Ethnologia Europaea, XIX, 5-24.

—, 1993, “Materializing the nation in Sweden and America”, Ethnos, 58 (III-IV), 161-196.

MATOS, Manuel Cadafaz, 1984,"A fomentação por parte do Estado no desenvolvimento da ciência etnomusicológica", Colóquio sobre Música Popular Portuguesa. Comunicações e Conclusões. Lisboa, Inatel, 119-143.

N’DIAYE, Catherine, 1989 [1987], Coquetterie ou a Paixão do Pormenor. Lisboa, Edições 70.

RAMOS, Rui, 1994,"A segunda fundação (1890-1926)", em J. Mattoso (dir.), História de Portugal, vol. VI. Lis
boa, Editorial Estampa.

ROQUE, Joaquim, 1940, Alentejo Cem por Cento. Subsídios para o Estudo dos Costumes, Tradições, Etnografia e Folclore Regionais. [Beja].

ROSAS, Fernando (coord.), 1994, "O Estado Novo (1926-1974)", J. Mattoso (dir.), História de Portugal, vol. VII. Lisboa, Editorial Estampa.

SAMUEL, Raphael, 1989, "Introduction: exciting to be english", em R. Samuel (ed.), Patriotism: The Making and Unmaking of British National Identity, vol. I – History and Politics. Londres e Nova Iorque, Routledge, XVIII-lXVII.S

SANTOS, Rui Afonso, 1995, “O design e a decoração em Portugal, 1900-1994”, em P. Pereira (dir.), História da Arte Portuguesa. vol. III – Do Barroco à Contemporaneidade. Lisboa, Temas e Debates, 437-505.

SERRÃO, Joel, 1978, “Da República portuguesa e de Fernando Pessoa nela”, em Fernando  Pessoa, Da República (1910-1935). Lisboa, Ática, 5-98.

SILVA, Augusto Santos, 1994, Tempos Cruzados. Um Estudo Interpretativo da Cultura Popular. Porto, Edições Afrontamento.

SILVA, Vítor Aguiar e, 1997, “Portugal, país de poetas”, O Independente, “Vidas”, n.º 486, 5 de Setembro, 30-38.

VIANA, Eurico Sales, 1939, “Concurso da Aldeia Mais Portuguesa. Relatório do júri provincial da Beira Baixa. V – Da indústria, da habitação e do traje”, Ocidente, V (12), 106-111.

 

*Doutoranda em Antropologia no ISCTE

veraalves@clix.pt

 

 

 

 

 

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons