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Etnográfica
versão impressa ISSN 0873-6561
Etnográfica v.15 n.1 Lisboa fev. 2011
Polícia e violência urbana em uma cidade brasileira
Luiz Antonio Machado da Silva *
* Professor titular do IUPERJ / UCAM e professor associado do IFCS / UFRJ, Brasil; machadodasilvaluizantonio@gmail.com.
RESUMO
O trabalho discute questões relacionadas à expansão da violência criminal no Rio de Janeiro. Parte-se da hipótese de que a noção prática de violência urbana é o centro de uma província de significado embutida na linguagem de senso comum, que capta e confere sentido a uma forma de vida autônoma, a sociabilidade violenta. A violência urbana tematiza as ameaças à continuidade das rotinas cotidianas, alterando a compreensão do significado do controle social e delegando na polícia a preservação das rotinas a qualquer custo. Dessa maneira, favorece a manutenção da polícia como uma instituição pré-moderna, talvez a única com esta característica no Brasil de hoje, e torna inócuas as inúmeras propostas de intervenção técnico-administrativa e moral que visam refundá-la.
Palavras-chave: Rio de Janeiro, violência urbana, tráfico de drogas, ordem pública, sociabilidade, segregação social.
Reconstruct police or society? Violence, democracy and public order in contemporary Rio de Janeiro
ABSTRACT
The article starts from the hypothesis that urban violence is at the center of a grammar that deals with certain diffuse forms of autonomous social organization of violence perceived as endangering personal and patrimonial integrity. Influenced by such a language, public debate on social regulation and control shrinks to the question of maintaining the public order through avoiding interclass contacts and structural political conflicts. The article suggests that this demand for group and personal isolation imply, as a consequence, delegating police institutions to decide on how, when and who menace the pacific prosecution of everyday activities. Therefore, the generalized public demand for police reconstruction from the beginning will not be met if societal approach does not change from the language of urban violence back to the democratic language of rights, so that police practices can be object of attention and control. Above all, it is society an historical modality of social relations which needs to be reconstructed.
Keywords: Rio de Janeiro, urban violence, drug dealing, public order, sociability, social segregation.
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