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Economia Global e Gestão
versão impressa ISSN 0873-7444
Economia Global e Gestão v.13 n.2 Lisboa 2008
Que fazer do «Consenso de Washington»?
A expressão «Consenso de Washington» surgiu em 1990, em conjuntura de euforia liberal, quando Fukuyama anunciava o «fim da História» e se generalizavam processos de «transição para a economia de mercado», em tempo de colapso da União Soviética e do chamado «Segundo Mundo». No essencial, significava um modelo de política económica defensor da privatização, da abertura ao investimento estrangeiro, da liberalização do comércio internacional e duma política monetária e orçamental orientada para a estabilidade de preços e o equilíbrio das finanças públicas. Com o decurso dos anos e as vicissitudes da globalização, o modelo tornou-se mais flexível, incorporando até medidas para correcção das excessivas disparidades na repartição dos rendimentos.
Na prática, porém, não foi o «Consenso» que predominou mas antes a globalização financeira no amplo e turbulento contexto do mercado global. Falou-se muito, durante algum tempo, da emergência triunfante duma knowledge based economy, ou seja, duma generalizada transição para a economia do conhecimento, talvez a caminho da sociedade do conhecimento. Mas, vendo melhor o que se passa, assistiu-se antes ao predomínio da globalização financeira sobre a globalização do conhecimento, isto é, ao triunfo (digamos) do conhecimento apoiado na economia, e não o contrário.
A presente crise mundial, de desfecho imprevisível, questiona mais profundamente o que restava do «Consenso de Washington». Mas, se não confundimos desejos com realidades, reconhecemos que não parece desenhar-se ainda no horizonte, com clareza, o «novo Consenso». Que, aliás, possivelmente já não será nascido em Washington, mas noutro qualquer ponto do mercado mundial...
Mário Murteira
Director