SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.17 número2Participação dos gastos públicos no grau de liberdade econômica: análise dos países em âmbito mundial índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Economia Global e Gestão

versão impressa ISSN 0873-7444

Economia Global e Gestão vol.17 no.2 Lisboa set. 2012

 

Incerteza

Uncertainty

Paulo Bento

DIRETOR

director.gemr.ibs@iscte.pt

Cinco anos volvidos sobre aquilo que a maioria considera, erradamente, os primeiros sinais da crise, a única certeza em relação ao futuro próximo é a incerteza que o caracterizará.

A incerteza é proveniente de várias fontes, difíceis de abordar ao mesmo tempo e na sua plenitude. Ela deriva de os colossos financeiros e as agências de notação continuarem ativos na «economia de casino» – o jogo continua-lhes licenciado, nos mesmos moldes. Mas a incerteza resulta ainda, por exemplo, da crescente interdependência das economias, dos desafios ao papel do Estado, da velocidade a que a (des)informação se propaga, da forma como o conhecimento é adquirido e construído.

O incremento da interdependência resulta do aprofundamento dentro de vários blocos económicos (ASEAN, NAFTA, Mercosul, UE, etc.) e entre países em geral, mas também da crescente mobilidade de pessoas (empresas e organizações poderosas, a par de alguns governos, encontram-se em guerra pela atração e retenção de talentos), da forte opção pelo outsourcing e pela deslocalização (apesar dos alertas para os limites dos respetivos benefícios), da evolução das plataformas logísticas internacionais, etc.

Os desafios e as discussões em torno do papel do Estado, como é hoje conhecido, têm pelo menos cinco séculos. A discussão, por vezes morna, confronta duas visões, tidas amiúde como inconciliáveis: mais Estado ou melhor Estado? A crise das dívidas soberanas e o abrandamento, apatia ou colapso de várias economias aqueceram a discussão, em torno da eficiência, do nível de endividamento e da eficácia para estimular a atividade económica e promover o desenvolvimento humano.

O ritmo a que hoje se produz e difunde informação está na origem de uma espécie de neurose coletiva, percetível na contínua frustração associada à constante falta de tempo para processar e assimilar a informação tida como necessária ao sucesso profissional, mas também pessoal – o que quer que eles signifiquem. O excesso de informação, para além dos efeitos em termos de processo de aprendizagem e de construção do conhecimento, é assim também uma fonte de ansiedade, incerteza e instabilidade.