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Revista de Enfermagem Referência
versão impressa ISSN 0874-0283
Rev. Enf. Ref. serIII n.2 Coimbra dez. 2010
Parto domiciliar planejado: resultados maternos e neonatais
Priscila Maria Colacioppo*; Márcia Duarte Koiffman**; Maria Luiza Gonzalez Riesco***; Camilla Alexsandra Schneck**** e Ruth Hitomi Osava*****
* Enfermeira Obstétrica. Doutora em Ciências. Diretora do Primaluz Parteiras Contemporâneas. [priscola@gmail.com]
** Enfermeira Obstétrica. Mestre em Enfermagem. Diretora do Primaluz Parteiras Contemporâneas. [koiffman@ajato.com.br]
*** Enfermeira Obstétrica. Livre-docente. Professora Associada do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. [riesco@usp.br]
**** Enfermeira Obstétrica. Doutora em Ciências. Docente da Universidade Nove de Julho. [camilla_midwife@yahoo.com.br]
***** Enfermeira Obstétrica. Professora Doutora do Curso de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. [rosava@usp.br]
Resumo
A hospitalização de todas as parturientes, em nome da segurança e bem-estar da mãe e bebê, introduziu uma assistência mecânica, impessoal e intervencionista no parto, fazendo ressurgir o parto em domicílio. A bibliografia a respeito é escassa, justificando-se a produção de dados sobre partos domiciliares. O objetivo foi descrever o processo e os resultados maternos e neonatais em partos domiciliares planejados. Foram coletados dados de 70 partos assistidos por enfermeiras obstétricas, em São Paulo, Brasil. Os resultados indicaram que 61,4% das mulheres tinham 30 anos ou mais; 71,4% possuíam ensino superior; 97,1% viviam com companheiro; 64,3% exerciam atividade remunerada; 54,3% eram nulíparas; a taxa de remoção materna para o hospital foi de 5,7% por indicação obstétrica e 14,3% a pedido; 92,9% foram partos normais; 63,6% escolheram posições verticais e 57,5% tiveram períneo íntegro ou laceração de primeiro grau; todos os recém-nascidos apresentaram Apgar =7 no 5º minuto e um bebê foi removido para o hospital com seis horas de vida, devido a arritmia cardíaca.
O uso criterioso de intervenções obstétricas e neonatais no parto domiciliar e a produção de evidências científicas sobre sua segurança podem contribuir para a transformação do atual modelo de assistência ao parto no Brasil.
Palavras-chave: parto domiciliar; parto humanizado; enfermagem obstétrica; apoio social.
Planned homebirth: maternal and neonatal outcomes
Abstract
The hospitalization of all women in labour, in the interests of the safety and well-being of mother and baby introduced mechanical, impersonal and interventionist childbirth care, leading to seeing homebirth as an alternative for women seeking a natural approach during birth. The literature on the subject is scarce, justifying the production of data on homebirths. The aim was to describe the process and maternal and neonatal outcomes in planned homebirths. Data were collected from 70 births attended by midwives, in Sao Paulo, Brazil. The results indicated that 61.4% of women were 30 years old or more, 71.4% had higher education, 97.1% lived with a partner, 64.3% performed paid work, 54.3% were nulliparous, and the rate of maternal transfer to hospital was 5.7% due to complications in labour and 14.3% on request; 92.9% were normal deliveries, 63.6% chose vertical positions and 57.5% had an intact perineum or first-degree laceration, all newborns had Apgar scores = 7 at 5 minutes and one baby was transferred to the hospital due to cardiac arrhythmia. Judicious use of obstetrical and neonatal interventions in homebirths and scientific evidence about their safety can contribute to transformation of the current model of childbirth in Brazil.
Keywords: home childbirth; humanizing delivery; obstetrical nursing; social support.
Parto domiciliario planificado: resultados maternos y neonatales
Resumen
La hospitalización de todas las parturientas, en el nombre de la seguridad y el bienestar de madre y bebé, introdujo una asistencia mecánica, impersonal e intervencionista en el parto, haciendo resurgir el parto domiciliario. La literatura sobre este tema es escasa, justificando la producción de datos sobre los nacimientos en el hogar. El objetivo fue describir el proceso y los resultados maternos y neonatales en partos domiciliarios planificados. Se recogieron datos de 70 partos atendidos por enfermeras obstétricas. Los resultados indicaron: 61,4% de las mujeres tenían edad = 30 años; 71,4% tenían educación superior; 97,1% vivían con la pareja; 64,3% eran empleadas; 54,3% eran primíparas; tasa de transferencia materna al hospital de 5,7% por indicación obstétrica y de 14,3% por demanda de la mujer; 92,9% fueron partos normales; 63,6% optaron por posiciones verticales; 57,5% tuvieron perineo intacto o desgarro perineal de primer grado; todos los recién nacidos tuvieron Apgar = 7 a los 5 minutos y un bebé fue trasladado al hospital, por arritmia cardiaca. El uso juicioso de intervenciones obstétricas y neonatales en los partos domiciliarios y la producción de evidencias científicas sobre su seguridad pueden contribuir a la transformación del modelo actual de atención del parto en Brasil.
Palabras clave: parto domiciliario; parto humanizado; enfermería obstétrica; apoyo social.
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Agradecimentos
Agradecemos às mulheres que participaram desse estudo e que confiaram no nosso trabalho.
Recebido para publicação em: 30.09.09
Aceite para publicação em: 16.09.10