Serviços Personalizados
Journal
Artigo
Indicadores
- Citado por SciELO
- Acessos
Links relacionados
- Similares em SciELO
Compartilhar
Revista de Enfermagem Referência
versão impressa ISSN 0874-0283
Rev. Enf. Ref. vol.serIV no.10 Coimbra set. 2016
https://doi.org/10.12707/RIV16018
ARTIGO DE INVESTIGAÇÃO
Intercâmbio académico internacional: uma oportunidade para a formação do futuro enfermeiro
International academic mobility: an education opportunity for future nurses
Intercambio académico internacional: una oportunidad de formación para los futuros enfermeiros
Jordana Lopes Carvalho*; Dirce Stein Backes**; Maria de Lurdes Lopes de Freitas Lomba***; Juliana Silveira Colomé****
* Ph.D., Enfermeira, Centro Universitário Franciscano, 97010-430, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil [dana.lopes@hotmail.com]. Contribuição no artigo: realização de todo o trabalho de campo e escrita do artigo, autora principal. Morada para correspondência: Santa Maria, 97010-491, Rio Grande Do Sul, Brasil.
** Ph.D., Professora Adjunta, Centro Universitário Franciscano, 97010-430, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil [backesdirce@ig.com.br]. Contribuição no artigo: avaliação deste trabalho final de graduação contribuindo com orientações a respeito do mesmo.
*** Ph.D., Professor Adjunto, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, 3046-851, Coimbra, Portugal [mlomba@esenfc.pt]. Contribuição no artigo: pesquisa bibliográfica, elaboração e tradução das questões da entrevista, orientação na seleção da amostra e elaboração e revisão do artigo para publicação.
**** Ph.D., Professora Adjunta, Centro Universitário Franciscano, 97010-430, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil [julianacolome@yahoo.com.br]. Contribuição no artigo: Orientação na escolha da temática do trabalho, pesquisa bibliográfica, acompanhou todas as etapas realizadas no estudo como forma de contribuição à pesquisa e à escrita.
RESUMO
Enquadramento: O intercâmbio académico internacional possibilita novos conhecimentos científicos e culturais, incluindo tecnologias em saúde, partilha de saberes e experiências, e ampliação das oportunidades profissionais.
Objetivos: Identificar os benefícios do intercâmbio para a formação do enfermeiro, na perspetiva dos estudantes.
Metodologia: Pesquisa exploratório-descritiva de cariz qualitativo. Participaram no estudo 17 estudantes que realizaram programas de mobilidade internacional no Centro Universitário Franciscano – Santa Maria/RS/Brasil e na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra/Portugal. Os dados foram colhidos através de entrevistas semiestruturadas e submetidos à análise temática de conteúdo.
Resultados: A análise dos dados resultou em 3 categorias: A saúde no país de origem vs. país de intercâmbio – contextualizando saberes e vivências profissionais, Intercâmbio académico – possibilidade de desenvolvimento da autonomia dos estudantes e, Ampliando horizontes – contribuições culturais no processo do intercâmbio académico.
Conclusão: Os processos de intercâmbio permitem a aproximação dos estudantes a novas realidades práticas e de investigação, o que contribui para a formação do estudante e um melhor desempenho profissional como enfermeiro, no futuro.
Palavras-chave: educação profissionalizante; intercâmbio educacional internacional; enfermagem
ABSTRACT
Background: International academic mobility allows for the exchange of scientific and cultural knowledge, namely on health technologies, the sharing of information and experiences, and the increase of professional opportunities.
Objectives: To identify the benefits of international academic mobility for nursing education from the students' perspective.
Methodology: We conducted an exploratory-descriptive study, with a qualitative approach, with a sample of 17 students who had participated in international mobility programs in the Franciscan University Center – Santa Maria/RS/Brazil and in the Nursing School of Coimbra/Portugal. Data were collected through semi-structured interviews and then submitted to content analysis.
Results: Data analysis resulted in 3 categories: Health in the home country vs. health in the host country – contextualizing professional knowledge and experiences; Academic mobility – possibility for the development of students' autonomy; and Opening horizons – cultural contributions in the process of academic mobility.
Conclusion: Academic mobility processes enable the contact with new clinical and research practices, which improves students' education and professional performance as future nurses.
Keywords: professional education; international educational exchange; nursing
RESUMEN
Contexto: El intercambio académico internacional posibilita nuevos conocimientos científicos y culturales, incluidas las tecnologías en la salud, el intercambio de saberes y experiencias y la ampliación de las oportunidades profesionales.
Objetivos: Identificar los beneficios del intercambio para la formación del enfermero desde la perspectiva de los estudiantes.
Metodología: Investigación exploratoria y descriptiva de naturaleza cualitativa. En el estudio participaron 17 estudiantes que realizaron programas de movilidad internacional en la Universidad Franciscana – Santa Maria/R/Brasil y la Escuela Superior de Enfermería de Coímbra/Portugal. Los datos se recogieron a través de entrevistas semiestructuradas y se sometieron a análisis del contenido temático.
Resultados: El análisis de los datos dio como resultado 3 categorías: La salud en el país de origen frente al país de intercambio – contextualizando conocimientos y experiencias profesionales; el intercambio académico como una posibilidad para el desarrollo de la autonomía de los estudiantes, y la ampliación de horizontes – contribuciones culturales en el proceso de intercambio académico.
Conclusión: Los procesos de intercambio permiten que los estudiantes se acerquen a nuevas realidades prácticas y de investigación, lo que contribuye a la formación del estudiante y a un mejor desempeño profesional como enfermero en el futuro.
Palabras clave: educación profesional; intercambio educacional internacional; enfermería
Introdução
As mudanças socioeconómicas, culturais e tecnológicas que ocorreram nas últimas décadas a nível mundial criaram novas necessidades de formação para os cidadãos que necessitam cada vez mais de elevados níveis de educação para se integrarem num mundo globalizado, sem fronteiras e centrado no conhecimento. Como consequência deste reconhecimento, a internacionalização, que se inicia em 1945, na Europa, decorrente da necessidade da reconstrução dos países destruídos pela Segunda Guerra Mundial, passou a ser incluída como tema prioritário das agendas governamentais, com diretrizes globais para o ensino superior que indicam que a internacionalização deve estar presente nos planos de estudo e nos processos de ensino e aprendizagem (Castro & Cabral Neto, 2012). Decorrente desta permissa, em 2014, o programa Erasmus, estimou que 650.000 universitários europeus estiveram fora do seu País de origem a realizar este processo de mobilidade e cooperação no âmbito da educação (European Parliament and of the Council. Official Journal of the European Union nº 347, 2016).
De facto, a internacionalização amplia a oportunidade de um futuro promissor, tanto no meio académico, quanto no mercado de trabalho e isso acaba por motivar os estudantes, cada vez mais, a participarem nestes processos. Os estudantes procuram por meio de intercâmbios o aperfeiçoamento linguístico, a autonomia e também demonstram expectativas quanto à formação profissional. Além disso, este tipo de vivência promove grande valorização pessoal, pois proporciona aos estudantes uma visão ampliada de futuro.
Os intercâmbios voltados para a área da saúde proporcionam um conhecimento da realidade epidemiológica e social de outros países, bem como novas formas de cuidado, o que possibilita aos profissionais da saúde, especialmente aos enfermeiros, um contacto com uma realidade distinta, capaz de instigar as mudanças e as inovações. Desse modo, as vivências, observações e atividades realizadas no âmbito da saúde, durante o processo de intercâmbio, podem proporcionar novas vivências, assim como o conhecimento de novas tecnologias e processos de cuidados (Oliveira & Pagliuca, 2012).
Neste contexto, a realização deste estudo justifica-se pelo crescente número de estudantes de enfermagem que têm vivenciado a oportunidade de intercâmbios académicos internacionais, tornando-se pertinente e necessário refletir acerca das possibilidades que se abrem para os estudantes desenvolverem competências e habilidades formativas durante a realização do seu programa de intercâmbio internacional. Assim, este estudo tem como objetivo identificar os benefícios dos intercâmbios académicos internacionais para a formação do enfermeiro, na perspetiva dos estudantes que fazem programas de mobilidade internacionais.
Enquadramento
A internacionalização da educação superior potencializa a inclusão e o desenvolvimento dos países. Observam-se processos de expansão dos intercâmbios nos quais as instituições de educação superior se integram a fim de preparar os académicos a atuarem num mundo globalizado, com exigências complexas que se modificam de modo permanente.
Nessa visão, no Brasil, os órgãos de fomento do Ministério da Educação (MEC) e as Instituições de Ensino Superior têm incentivado a realização dos intercâmbios internacionais por meio de convénios académicos e de bolsas de estudos, nas quais o universitário matriculado numa universidade permanece por alguns meses, ou anos, numa instituição parceira, tendo todo o aproveitamento dos créditos cursados na sua instituição de origem (Dalmoni, Pereira, Silva, Gouveial, & Sardinheiro, 2013). Neste âmbito, destacam-se algumas oportunidades como, por exemplo, o Programa Ciências sem Fronteiras (CsF). O CsF tem como objetivos investir na formação pessoal das competências e habilidades necessárias para o avanço do conhecimento, assim como aumentar a presença de pesquisadores e estudantes em instituições de excelência no exterior. Ainda, propõe atrair jovens talentos da ciência e investigadores altamente qualificados para trabalhar no Brasil. Este programa contempla 18 áreas de cursos de graduação e oferece mensalidade de bolsa, auxilio-instalação, auxílio material-didáticos, passagens aéreas e seguro saúde, o qual tem duração de até 12 meses (Decreto nº 7.642 de 13 de Dezembro, 2011).
A Europa também conta com um programa de intercâmbio denominado ERASMUS, o qual dá a oportunidade aos estudantes de viverem por um tempo noutro país, aprender línguas estrangeiras e desenvolver as suas capacidades de adaptação. Este programa é considerado um dos grandes êxitos da União Europeia. No ano de 2011, 250 000 estudantes tiveram a oportunidade de estudar ou de fazer um estágio noutro país¸ por meio deste programa, cuja participação está igualmente aberta a professores; o que contribui para a qualidade do ensino superior na Europa. O Programa Erasmus promove a valorização do potencial do talento e do capital humano e social da Europa, com base nos princípios da aprendizagem ao longo da vida (Regulation (EU) No. 1288/2013 of 11 December, 2013).
Entre as motivações dos estudantes para a procura de intercâmbios internacionais, destaca-se a busca por melhorar os seus conhecimentos com novas experiências, assim como oportunidades para trabalhos futuros. As experiências educacionais internacionais proporcionam conhecimentos significativos na vida académica e profissional futura; e a vivência em instituições estrangeiras apresenta-se como uma realidade possível que traz facilidades aos estudantes que almejam um diferencial na profissão, especialmente a internacionalização (Fassarella, Silva, & Figueiredo, 2013).
Questões de investigação
Considerando que o processo de expansão dos intercâmbios, especialmente na Enfermagem, necessita ser valorizado e avaliado, questiona-se: quais os benefícios dos intercâmbios académicos internacionais para a formação do futuro enfermeiro, na perspetiva do estudante de enfermagem?
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva de cariz qualitativo. O estudo foi realizado com estudantes a frequentar o Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano, em Santa Maria, estado do Rio Grande do Sul, Brasil e com estudantes a frequentar o Curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), em Coimbra, Portugal. Fizeram parte deste estudo os estudantes do 3.º e 4.º ano do referido curso, sendo adotados como critérios de inclusão: estar a realizar ou já ter realizado intercâmbio académico internacional nos últimos 6 meses, aceitar participar voluntariamente do estudo, e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O período de realização da pesquisa decorreu entre janeiro e outubro de 2015.
Na ESEnfC, a população era constituída por 52 estudantes outgoin (estudantes da ESEnfC) que realizaram o intercâmbio de 12 semanas na Bélgica, Bulgária, Espanha, Finlândia, Hungria, Inglaterra, Itália, Turquia, Roménia, Brasil e Macau e 35 estudantes incoming provenientes da Espanha, Estónia, Brasil e Finlândia. Assim, foi selecionada por sorteio uma amostra intencional de 10 participantes, de modo a incluir na amostra, de entre os estudantes acessiveis, individuos quer outgoing quer incoming por um lado e, por outro, de modo a diversificar o mais possível as experiências de mobilidade pelos diferentes países. Assim, nesta amostra, os estudantes outgoin realizaram o intercâmbio na Bélgica, Espanha, Hungria, Itália e Macau (China) e os incoming eram provenientes da Espanha, Estónia e Brasil.
A população do Centro Universitário Franciscano foi constituída por quatro estudantes incoming por um período de 6 meses provenientes da Alemanha e por três estudantes outgoin, que realizaram um intercâmbio de 12 meses em Portugal, mas que tinham o Centro Universitário Franciscano como instituição de origem. Desse modo, no Brasil a amostra do estudo perfez um total de sete estudantes, correspondendo este número à totalidade de estudantes disponíveis que cumpriam os critérios de inclusão, no período de realização deste estudo. Considerando os dois cenários, participaram neste estudo 17 estudantes. A colheita de dados foi realizada através da entrevista semiestruturada (Fraser & Gondim, 2004), a qual foi gravada para posterior transcrição na íntegra. As entrevistas foram realizadas nos idiomas inglês, espanhol e português de Portugal e posteriormente traduzidas e transcritas para o português brasileiro.
Os dados foram analisados segundo a Análise de Conteúdo Temática, realizada em três etapas: 1) pré-análise - considerada a fase de organização, onde se retomaram as questões e objetivos iniciais da pesquisa com o objetivo de operacionalizar e sistematizar as ideias. 2) exploração do material - tem como objetivo analisar as categorias organizadas na pré-análise. 3) tratamento dos resultados e interpretação (Minayo, 2010).
Não se verificou a saturação dos dados quanto ao conteúdo das entrevistas devendo-se tal facto à limitação, em ambos os países, do número de estudantes disponíveis para participar no estudo, no momento da sua realização, e que simultaneamente cumprissem os critérios de inclusão definidos. No entanto, pareceu-nos que 17 estudantes seriam um número suficientemente expressivo para responder aos objetivos da investigação.
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram tidos em consideração os aspetos éticos, conforme Resolução nº. 466 de 12 de dezembro, do Conselho Nacional de Saúde, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (2012). O estudo foi realizado após ser aprovado pelo Comité de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Franciscano, segundo parecer número 988.812. A fim de garantir o anonimato dos participantes, foram adotados códigos para mencioná-los no estudo, utilizando-se a letra P de participante, seguida de algarismos de 1 a 17 e as três letras iniciais do país de origem do estudante.
Resultados
A análise dos dados resultou em três categorias temáticas intituladas: A saúde no país de origem vs. país de intercâmbio - contextualizando saberes e vivências profissionais, Intercâmbio académico como possibilidade para o desenvolvimento da autonomia dos estudantes e ampliando horizontes, contribuições culturais no processo de intercâmbio.
A saúde no país de origem vs. País de intercâmbio: contextualizando saberes e vivências profissionais
A vivência do intercâmbio, inicialmente, levou os estudantes a realizarem uma comparação entre a realidade do sistema de saúde do país de origem e a do país de realização do intercâmbio. Essa constatação permitiu o reconhecimento das potencialidades e fragilidades das realidades em análise, possibilitando uma postura crítica dos estudantes. A questão da saúde, pautada na universalidade, teve destaque quando comparada a sistemas de saúde que não proporcionam cobertura integral nos diferentes tipos de cuidado em saúde:
Lá na Espanha temos um sistema de saúde universal no qual pagamos entre todos, então lá sempre que se paga és atendido e aqui em Portugal também é atendido, mas em serviços de urgências tem que pagar uma taxa adicional. (P7-ESP; 30-01-2015)
Na Alemanha temos que pagar um seguro de saúde, cada pessoa deve ser assegurada por um plano de saúde e, assim, é decidida qual o melhor lugar para ser tratado. Nós não temos nenhum sistema de saúde primário, como têm no Brasil. (P14-ALE; 14-05-2015)
Questões relacionadas com a autonomia dos enfermeiros nas questões técnicas e administrativas também foram destacadas pelos estudantes, os quais fizeram a comparação do papel do enfermeiro nos diferentes países diferentes.
“O modo como o sistema de educação em enfermagem funciona no Brasil é melhor que na Alemanha. Na Alemanha os médicos dizem o que deve ser feito, já no Brasil os enfermeiros sabem o que devem fazer”. (P17-ALE; 14-05-2015)
Lá em Barcelona o enfermeiro é mais autónomo do que em Portugal, o enfermeiro prescreve análises assim como alguns exames de rotina enquanto em Barcelona não, lá existe um contato maior entre o enfermeiro e o médico que trabalham mais em equipe. (P4-ESP; 21-02-2015)
Por outro lado, a questão tecnológica relacionada com equipamentos, infra-estrutura e cuidados dos outros países foi comparada com a realidade do país de origem.
“Deu pra ver que lá em Portugal eles têm condições tecnológicas muito superiores do que no Brasil. Os portugueses possuem muito mais qualidade em saúde e, infelizmente, no Brasil não tem”. (P11-BRA; 08-08-2015)
Há coisas positivas na Itália que eu traria para Portugal e há coisas em Portugal que eu levaria para lá. Daqui levaria o tratamento de feridas e de lá para cá traria o sistema informático que eles têm relativamente à medicação, que é muito melhor, está tudo informatizado. (P1-PORT; 17-02-2015)
Intercâmbio académico internacional como possibilidade para o desenvolvimento da autonomia dos estudantes
A experiência do intercâmbio ofereceu, na perspetiva dos estudantes, novas possibilidades para o desenvolvimento da autonomia dos estudantes, o que pode contribuir para o crescimento académico, pessoal e profissional.
Mudou muito a minha vida, uma coisa que eu fui para o intercâmbio e tenho certeza que voltei mais madura nos meus pensamentos. Então foi uma experiência que serviu muito para a minha vida e também para obter a independência. (P11-BRA; 13-08-2015)
Esta foi a perfeita chance para viver minha própria vida, independente dos meus pais. Eu vim para Portugal sozinha da Estônia, sem amigos, sem conhecer ninguém, e aqui as pessoas não falam inglês e isto foi um pouco complicado para mim, mas são nestas oportunidades que eu pude aprender uma nova língua. (P9-EST; 25-02-2015)
Tão importante quanto conquistar a independência, também é a conquista da capacidade de reorganizar a própria vida. Num país diferente, com pessoas e culturas diferentes da que já estão habituados, estes estudantes tiveram contacto com outras realidades e modos de vida, conforme foi destacado pelos mesmos:
“Aqui eu pude viver sozinha, tendo que fazer as coisas para mim mesma, me tornei mais confiante e segura” (P16-ALE; 14-05-2015).
“Foi, sobretudo, ganhar segurança sobre mim mesma, porque além de estar praticando outro idioma a não ser o de origem, obtive mais segurança, pelo fato de estar noutro país” (P8-ESP; 21-02-2015).
Foram também destacadas pelos estudantes questões relacionadas com a maior seriedade nas escolhas, aprender a ter mais reponsabilidade e criatividade, pois, muitas vezes, o ambiente de trabalho em que se está a atuar não oferece todo o material necessário.
“O intercâmbio me ajudou a crescer, tanto na minha visão de ser enfermeiro, quanto pessoal e também a ter mais seriedade na escolha que eu fiz, assim como buscar estudar mais” (P12-BRA; 08-08-2015).
“No hospital faltava muito material, então aprendi que temos que fazer as coisas da melhor maneira possível com outro material, então cresci muito e também consegui não depender de um material e ter mais imaginação” (P10-ESP; 30-01-2015).
Ampliando horizontes: contribuições culturais no processo do intercâmbio académico
Os novos conhecimentos e experiências culturais que o processo do intercâmbio proporcionou aos estudantes também tiveram destaque no estudo. Segundo eles, a procura de novos caminhos académicos proporcionou um delinear de objetivos de forma diferente da realidade vivida diariamente.
“É uma experiência única que possibilita o crescimento como pessoa e é uma maravilha. Isto todas as pessoas deveriam viver, conhecer novos lugares, novas pessoas, novos idiomas”. (P8-ESP; 21-02-2015)
“Conheci muita gente e diferentes culturas noutro país, aprendi a funcionar de distintas maneiras, não funcionar sempre da mesma forma, o que facilitou o crescimento”. (P10-ESP; 21-02-2015)
Para os estudantes, a possibilidade de ter sido intercambista auxiliou no fortalecimento de sua trajetória pré-profissional, representando, portanto, um diferencial quando atuarem profissionalmente, abrindo novos horizontes:
“Além das vantagens a nível pessoal, foram as vantagens a nível da carreira. Podemos entrar em contacto com outras realidades e aprender novas coisas, assim como também ver as principais diferenças” (P4-PORT; 24-02-2015).
Além de trazer os conhecimentos ao nível da área da saúde e da Enfermagem, proporcionou conhecer outras cidades, conseguir viajar, conhecer novos sítios que realmente valem a pena visitar e fazer novas amizades com pessoas de outros países. Isto ajuda na profissão. (P1-PORT; 13-02-2015)
Assim como o intercâmbio gera muitas perspetivas e expectativas, também emergem, desse processo, desafios e obstáculos que devem ser enfrentados ao longo dessa vivência. Segundo os dados destacaram, a dificuldade concentrada no idioma foi praticamente unânime entre os participantes, muitas vezes ocasionada pelo despreparo do país em receber estudantes de outros países:
“Acredito que o idioma, agora me sinto capaz de entender, mas no início era muito difícil, as pessoas em Portugal falam muito rápido e também encontrávamos muitos espanhóis e daí não aprendíamos muito o idioma” (P8-ESP; 21-02-2015).
“Eu acho que a maior dificuldade foi relacionada com o idioma, quando cheguei percebi que as pessoas não falavam inglês. Eu falava alguma coisa e elas não me entendiam” (P9-EST; 25-02-2015).
“A dificuldade se concentra no idioma, é realmente difícil para se comunicar” (P17-ALE; 14-05-2015).
Alguns estudantes também destacaram outras dificuldades além do idioma, como, por exemplo, problemas relacionados com a aprendizagem da enfermagem noutro país, em função da forma como é organizado o curso e as informações em diferentes instituições. As terminologias, formas de cuidado e rotinas dos cenários das práticas foram destacados como desafios a serem enfrentados:
As principais dificuldades são os termos burocráticos, nos primeiros dias nós queríamos mesmo ir embora, pois eles não percebem que não somos iguais aos outros alunos e querem que nós sejamos iguais, utilizam uma nomenclatura que lá não utilizamos e aqui eles queriam que a gente utilizasse. (P6-ESP; 21-02-2015)
“A higiene do paciente lá não se faz e pronto, e é uma coisa importante, pois pode-se avaliar melhor o paciente, porque os assistentes operacionais não tem formação para avaliar”. (P7-ESP; 30-01-2015)
Discussão
As Instituições de Ensino Superior procuram ganhar novos espaços através da internacionalização, e pela qual tentam expandir conhecimentos técnicos e científicos, para assim formarem profissionais mais qualificados e empreendedores. Neste sentido, o mundo globalizado vem auxiliar esta transposição de fronteiras, integrando realidades distintas e promovendo o intercâmbio entre diversos saberes e culturas (Schaurich, Cabral, & Almeida, 2007).
A mobilidade académica, de iniciativa internacional, tem como objetivos promover o desenvolvimento de conhecimentos e competências dos estudantes a um nível internacional, bem como a promoção da cooperação académica e dos vínculos institucionais (International Academic Mobility, 2002). Assim, a procura desta experiência tem aumentado, sendo que os estudantes precisam de acompanhar as políticas da internacionalização, para que o processo de mobilidade se torne claro e de fácil acesso (Fahey & Kenway, 2010).
Os dados do estudo demonstraram que a vivência internacional aumentou as possibilidades de novas experiências pessoais e profissionais entre os estudantes. De facto, e tal como referem Oliveira e Pagliuca (2012), os participantes evidenciaram que é preciso estar preparado para essa vivência, pois esta requer elevada capacidade de lidar com imprevistos e com mudanças de hábitos e de valores. Durante o intercâmbio, os estudantes sentiram-se responsáveis pelos seus próprios atos e atitudes noutro país o que pareceu estimular o amadurecimento de atitudes e posturas, repercutindo-se em independência e autonomia.
Percebe-se que a vivência como estudante de enfermagem noutro país instigou a análise de realidades distintas, permitindo novas formas de olhar e de contextualizar os saberes aprendidos e agregou novas perspetivas para o repensar do cuidado em enfermagem, bem como do sistema de saúde do país de origem e de acolhimento.
A oportunidade de conhecer o contexto da saúde fora do país de origem dos estudantes fez com que os estudantes sentissem necessidade de ter uma postura proativa e inovadora para conseguir mudar detalhes no ambiente de trabalho, que fazem posteriormente a diferença nos cuidados. Especialmente em relação à enfermagem, pode-se destacar a importância de conhecer as novas tecnologias e o modo como são prestados os cuidados de enfermagem.
Segundo Oliveira e Pagliuca (2012), o processo de estagiar em campos de práticas diferentes da realidade vivida diariamente instiga a capacidade de observação dos estudantes e proporciona-lhes a possibilidade de comparação de realidades distintas. Esta experiência possui potencial para torná-los mais preparados para trabalhar com as adversidades quotidianas, pois expandem a sua visão, de uma perspetiva local para uma outra internacional, a partir de um processo de construção multidimensional que culmina numa maior autonomia para a vida. O estudo mostrou que as diferenças entre as realidades nos campos da saúde estimulam os estudantes a querer conhecê-las e compreendê-las da melhor maneira, o que oferece novas possibilidades para a ampliação de ideias e oportunidades para mudanças, contribuindo para os tornar, no futuro, profissionais mais empreendedores.
De facto, o ambiente onde o profissional enfermeiro está inserido necessita ser dinâmico e interativo, que contemple conhecimentos, habilidades e atitudes para que possam ser relacionados com a liderança e autonomia do profissional, tornando-o assim mais proativo e inovador (Balsanelli & Cunha, 2015).
Segundo o relato de estudantes que realizaram o processo de intercâmbio, ficou evidente que este processo contribuiu para o seu crescimento pessoal e profissional, pois exigiu maturidade para lidar com as situações distintas das que já estão habituados.
O desenvolvimento da autonomia também foi evidenciado pelos participantes da pesquisa como resultado do processo de intercâmbio. Contudo, exige maturidade nas escolhas e nas atitudes, o que qualifica tanto a nível pessoal quanto a nível académico profissional, pois os estudantes precisam de melhorar competências para lidar com dificuldades, possibilitando a conquista de uma maior independência em diferentes aspetos da vida. As vantagens e o aproveitamento que este processo oferece vão além da aprendizagem académica, envolvem o desenvolvimento pessoal, psicológico e a capacidade de independência, o que promove o crescimento global. Sendo, no entanto, necessário o acompanhamento e o apoio da família para que haja suporte, mesmo à distância (Oliveira & Pagliuca, 2012). Curiosamente, esta necessidade de apoio familiar não foi referida pelos participantes deste estudo.
Os dados do estudo sinalizam que a participação dos estudantes no processo de intercâmbio oferece oportunidades e gera impactos sociais e culturais, pois os saberes construídos a partir dessa vivência permitem a possibilidades para a transformação da realidade, pois os mesmos passam a conviver com realidades distintas das que já estão acostumados. Os estudantes inseridos nesses processos têm a oportunidade de diversas vivências com maior articulação entre a academia e a realidade, bem como possibilidades para acompanhamento de projetos de pesquisa que levem ao aprofundamento e à procura por conhecimentos diversos (Krahl et al., 2009).
O processo de aprendizagem também é destacado pelos estudantes por se relacionar com as diferenças culturais e com os desafios e obstáculos que enfrentam neste percurso, os quais necessitam ser encarados de forma madura e objetiva. A experiência de viver noutro país abre novas oportunidades ao futuro, assim como auxilia na superação das dificuldades, pois os estudantes têm de se adaptar e enfrentar os desafios que surgem ao longo deste processo fortalecendo-se assim emocionalmente (Santos, Leite, & Valente, 2014; Souza, 2008). Em síntese, e tal como referem Babadué, Carnevale, Paula, Padoin, e Neves (2013) a interculturalidade é praticada durante a experiência no exterior por meio das relações estabelecidas com outros profissionais e outras culturas.
Segundo o relato dos estudantes, o idioma aparece como sendo um dos maiores desafios por eles enfrentados, o que dificulta, muitas vezes, a formação do vínculo, tanto no contexto social quanto nos cenários de práticas. Durante a formação, também é importante enfrentar alguns obstáculos, pois os mesmos possibilitaram novas interpretações pelos estudantes, o que promove o olhar integral no contexto da saúde (Silva, Garanhani, & Peres, 2015).
Apesar do processo metodológico se encontrar exposto de maneira clara, esta investigação apresenta algumas limitações. O facto de se tratar de um estudo transversal que decorreu em dois países distintos, num período reduzido de tempo, limitou o número de estudantes simultaneamente disponíveis e elegíveis. No entanto, a abordagem qualitativa foca-se basicamente nos significados que os participantes atribuem às situações vivenciadas, pelo que não permite a compreensão de todos os intervenientes que vivenciam este processo. Por outro lado, o facto de as entrevistas terem sido realizadas maioritariamente numa língua diferente da língua nativa, quer do investigador, quer dos inquiridos, pode ter condicionado a interpretação das questões e respostas obtidas. Mesmo assim, considera-se que este estudo contribui para um melhor conhecimento dos desafios que estes estudantes vivenciam e dos contributos que o intercâmbio académico internacional traz para a sua formação específica em enfermagem, nomeadamente ao relatar como essa experiência os tornou mais sensíveis às diferenças entre países e às diferentes possibilidades do cuidar, numa perspetiva transcultural.
Conclusão
O processo de desenvolvimento global está a expandir-se nas últimas décadas e, desse modo, as instituições de ensino superior procuram acompanhar esse processo a fim de ampliar horizontes e novas fronteiras. Para tanto, potencializaram programas de intercâmbio académico internacional. Estes processos são cada vez mais frequentes o que se repercute no aumento de convénios entre instituições de ensino superior e no proporcionar aos estudantes oportunidades de conhecer diferentes realidades e realizar novas experiências de modo a promover o seu desenvolvimento profissional e pessoal.
Este estudo abordou o intercâmbio académico internacional como uma oportunidade para a formação do estudante de enfermagem, o qual permitiu conhecer a opinião de estudantes sobre a saúde e atuação do enfermeiro fora e dentro do seu país de origem, comparando realidades, mostrando o desenvolvimento pessoal e profissional que advém dessa experiência, assim como as dificuldades enfrentadas neste processo.
A possibilidade de realizar um período de mobilidade internacional proporcionou ainda aos estudantes o fortalecimento da sua trajetória pré-profissional, o que contribuiu para torná-los mais preparados para enfrentar as adversidades futuras da vida quotidiana, com mais autonomia e segurança. O contacto com um mundo diferente do qual se está habituado, possibilita revigorar e ampliar conceitos no campo da saúde e do cuidado, transformando o próprio pensar e fazer em enfermagem, a partir de uma visão multidimensional no âmbito da saúde.
Dessa forma, a participação de estudantes nestes processos apresenta inúmeras vantagens em diversos aspetos, uma vez que além de proporcionar o conhecimento de novos idiomas, culturas e tradições, cria a oportunidade de ampliar redes de relações profissionais para além do país de origem, atendendo a que os profissionais precisam de estar cada vez mais qualificados para que sejam inseridos em diferentes ambientes de trabalho e diferentes formas de cuidar em enfermagem, num mundo cada vez mais global.
Assim, os processos de intercâmbio destacam-se por serem aliados na aproximação dos estudantes a novas realidades práticas e de pesquisa, o que tende a qualificar o futuro profissional de enfermagem, numa perspetiva transcultural.
Face à atual realidade de grande mobilidade de pessoas pelas diferentes regiões do mundo, sugerem-se outras investigações que permitam compreender e avaliar de que modo a experiencia de intercâmbio internacional realizada por estudantes de enfermagem influenciará as suas práticas assistenciais futuras, como profissionais, numa perspetiva de atendimento no cuidar em contexto cultural, rituais e modos de vida de indivíduos de diferentes origens e culturas.
Referências bibliográficas
Babadué, R. M., Carnevale, F., Paula, C. C., Padoin, S. M., & Neves, E. T. (2013). Participação em programa de intercâmbio internacional: Contribuições da experiência de graduação-sanduíche em enfermagem. Revista de Enfermagem da UFSM, 3(3), 555-562. doi: 10.5902/2179769291577922 [ Links ]
Balsanelli, A. P., & Cunha, I.C. (2015). Liderança do enfermeiro em unidade de terapia intensiva e sua relação com ambiente de trabalho. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 23(1), 106-113. doi: 10.1590/0104-1169.0150.2531 [ Links ]
Castro, A. A., & Cabral Neto, A. (2012). O ensino superior: A mobilidade estudantil como estratégia de internacionalização na América Latina. Revista Lusófona de Educação, 21(21), 69-96. Recuperado de http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/article/view/3082 [ Links ]
Conselho Nacional de Saúde, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. (2012). Normas para pesquisas envolvendo seres humanos: Manual resolução CNS n° 466/12 e outras. Brasília, Brasil: Autor. [ Links ]
Dalmoni, I. S., Pereira, E. R., Silva, R. M., Gouveial, M. J., & Sardinheiro, J. J. (2013). Intercâmbio acadêmico cultural internacional: Uma experiência de crescimento pessoal e científico. Revista Brasileira de Enfermagem, 3(66), 442-447. doi: 10.1590/S0034-71672013000300021 [ Links ]
Decreto nº 7.642/2011 de 13 de Dezembro de 2011. Presidência da República. Brasilia, Brasil. Recuperado de https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7642.htm
European Comission. (2016). Education and training: Supporting education and training in Europe and beyond. Recuperado de http://ec.europa.eu/education/tools/statistics_en.htm [ Links ]
Fahey, J., & Kenway, J. (2010). International academic mobility: Problematic and possible paradigms. Discourse: Studies in the Cultural Politics of Education, 31(5), 563-575. doi: 10.1080/01596306.2010.516937 [ Links ]
Fassarella, C. S., Silva, L. D., & Figueiredo, M. C. (2013). Doutorado em enfermagem em regime de cotutela internacional: Uma possibilidade a ser experimentada. Revista enfermagem da UERJ, 21(5), 682-686. Recuperado de http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/10055/7838 [ Links ]
Fraser, M. T., & Gondim, S. M. (2004). Da fala do outro ao texto negociado: Discussões sobre a entrevista na pesquisa qualitativa. Paidéia, 14(28), 139-152. doi: 10.1590/S0103-863X2004000200004 [ Links ]
International Academic Mobility. (2002). Formative evaluation of the International Academic Mobility initiative: Final report. Recuperado de http://files.eric.ed.gov/fulltext/ED519582.pdf [ Links ]
Krahl, M., Slobeslak, F., Poletto, D. S., Casarin, R. G., Knof, L. A., Carvalho, J., & Motta, L. A. (2009). Experiência dos acadêmicos de enfermagem em um grupo de pesquisa. Revista Brasileira de Enfermagem, 62(1), 146-150. doi: 10.1590/S0034-71672009000100023 [ Links ]
Minayo, M. C. (Org.). (2010). Pesquisa social: Teoria, método e criatividade (14ª ed.). Petrópolis, Brasil: Vozes. [ Links ]
Oliveira, M. G., & Pagliuca, L. M. (2012). Programa de mobilidade acadêmica internacional em enfermagem: Relato de experiência. Revista Gaúcha de Enfermagem, 33(1), 195-198. doi: 10.1590/S1983-14472012000100026 [ Links ]
Regulation (eu) no 1288/2013 of 11 December. Official Journal of the European Union L 347/50 of 2013. The European Parliament and the Council of the European Union. Brussels, Belgium
Santos, W. A., Leite, B. S., & Valente, G. S. (2014). O intercâmbio acadêmico internacional como estratégia educativa cultural: Relato de experiência. Revista Enfermagem Profissional, 1(2), 304-314. Recuperado de http://www.seer.unirio.br/index.php/enfermagemprofissional/article/view/3693/pdf_1407 [ Links ]
Schaurich, D., Cabral, F. B., & Almeida, M. A. (2007). Metodologia da problematização no ensino em Enfermagem: Uma reflexão do vivido no PROFAE / RS. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, 11(2), 318–324. doi: 10.1590/S1414-81452007000200021 [ Links ]
Silva, J. P., Garanhani, M. L., & Peres, A. M. (2015). Sistematização da assistência de enfermagem na graduação: Um olhar sob o pensamento complexo. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 23(1), 59-66. doi: 10.1590/0104-1169.0096.2525 [ Links ]
Souza, K. V. (2008). Intercâmbio educacional internacional na modalidade doutorado sanduíche em enfermagem: Relato de experiência. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, 12(2), 358-363. doi: 10.1590/S1414-81452008000200025 [ Links ]
Recebido para publicação em: 16.03.16
Aceite para publicação em: 18.07.16