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Revista de Enfermagem Referência
versão impressa ISSN 0874-0283
Rev. Enf. Ref. vol.serIV no.14 Coimbra set. 2017
https://doi.org/10.12707/RIV17050
ARTIGO DE REVISÃO
REVIEW PAPER
O uso do simulador de velhice em estudantes de enfermagem: uma scoping review
The use of the aged simulation suit in nursing students: a scoping review
El uso del simulador de vejez en estudiantes de enfermería: una scoping review
Adriana Coelho*; Vítor Parola**; Daniela Cardoso***; Susana Duarte****; Maria Almeida*****; João Apóstolo******
* MsC., Doutoranda em Ciências de Enfermagem, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Assistente Convidada, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem 3046-851, Coimbra, Portugal [adriananevescoelho@esenfc.pt]. Contribuição no artigo: planeamento da metodologia; construção da estratégia de pesquisa; pesquisa nas bases de dados; identificação dos estudos; extração de dados; apresentação e interpretação dos resultados; conclusões; escrita do artigo.
Morada para correspondência: Avenida Bissaya Barreto, Apartado 7001, 3046-851, Coimbra, Portugal.
** MsC., Doutorando em Ciências de Enfermagem, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Assistente convidado, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem 3046-851, Coimbra, Portugal [vitorparola@esenfc.pt]. Contribuição no artigo: construção da estratégia de pesquisa; pesquisa nas bases de dados; identificação dos estudos; extração de dados; apresentação e interpretação dos resultados; conclusões; escrita do artigo.
*** Lic., Doutoranda em Ciências da Saúde. Bolseira de Investigação, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Unidade de Investigação em Ciências da Saúde:
Enfermagem, Portugal Centre for Evidence-Based Practice: A JBI Centre of Excellence, 3046-851, Coimbra, Portugal [dcardoso@esenfc.pt]. Contribuição no artigo: construção da estratégia de pesquisa; pesquisa nas bases de dados; identificação dos estudos; escrita do artigo.
**** Ph.D., Professora Adjunta, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, 3046-851, Coimbra, Portugal [susanaduarte@esenfc.pt]. Contribuição no artigo: Apresentação e interpretação dos resultados; conclusões; escrita do artigo.
***** Ph.D., Professora Coordenadora, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, 3046-851, Coimbra, Portugal [mlurdes@esenfc.pt]. Contribuição no artigo: planeamento da metodologia; apresentação e interpretação dos resultados; conclusões; escrita do artigo.
****** Ph.D., Professor Coordenador, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Health Sciences Research Unit: Nursing, Portugal Centre for Evidence-Based Practice: A JBI Centre of Excellence, 3046-851, Coimbra, Portugal [apostolo@esenfc.pt]. Contribuição no artigo: planeamento da metodologia; construção da estratégia de pesquisa; apresentação e interpretação dos resultados; conclusões; escrita do artigo.
RESUMO
Contexto: O recurso à simulação, na formação de enfermeiros, tem aumentado nas últimas décadas e proporcionado a aquisição e desenvolvimento de várias competências. Contudo, os dados relativos à utilização específica do simulador de velhice encontram-se dispersos na literatura.
Objetivo: Mapear intervenções com o simulador de velhice, implementadas em estudantes de enfermagem.
Método de revisão: Scoping review com base nos princípios preconizados pelo Joanna Briggs Institute. Dois revisores independentes realizaram a análise de relevância dos artigos, a extração e síntese dos dados.
Apresentação e interpretação dos resultados: Dois estudos foram incluídos na revisão. A intervenção oscilou entre 1 e 3 horas de duração, entre a utilização do fato de simulação completo e apenas alguns constritores. Foram implementados instrumentos de avaliação de empatia e de eficácia na aprendizagem. Ambos os estudos foram implementados em estudantes do 2º ano da licenciatura.
Conclusão: As características da intervenção, duração e os instrumentos de avaliação diferem entre estudos. Mais estudos devem ser realizados para determinar o efeito/vivências da implementação do simulador de velhice na aquisição e desenvolvimento de competências.
Palavras-chave: revisão; envelhecimento; enfermagem; simulação
ABSTRACT
Background: The use of simulation in nurses' training has increased over the past decades and provided the acquisition and development of several skills. However, data on the specific use of the aged simulation suit are scattered in the literature.
Objective: To map interventions implemented in nursing students using the aged simulation suit.
Review Method: Scoping review following the Joanna Briggs Institute methodology. Two independent reviewers analyzed the relevance of the studies and extracted and synthesized data.
Presentation and interpretation of results: Two studies were included in the review. Each intervention consisted of using the complete simulation suit and only some restrictors and lasted 1 to 3 hours. Instruments were used to measure empathy and learning efficacy. Both studies were implemented in 2nd-year students of the bachelor of science in nursing.
Conclusion: The characteristics and the duration of each intervention, as well as the assessment instruments differed between studies. Further studies should be carried out to determine the effect/experiences of using the aged simulation suit in the acquisition and development of skills.
Keywords: review; aging; nursing; simulation
RESUMEN
Contexto: El uso de la simulación en la formación de enfermeros ha aumentado en las últimas décadas y ha proporcionado la adquisición y el desarrollo de varias competencias. Sin embargo, los datos relativos al uso específico del simulador de vejez se encuentran dispersos en la literatura.
Objetivo: Mapear intervenciones con el simulador de vejez implementadas en estudiantes de enfermería.
Método de revisión: Evaluación del impacto (scoping review) basada en los principios establecidos por el Joanna Briggs Institute. Dos revisores independientes realizaron el análisis de relevancia de los artículos, así como la extracción y síntesis de los datos.
Presentación e interpretación de los resultados: Se incluyeron dos estudios en la revisión. La duración de la intervención osciló entre 1 y 3 horas, entre la utilización de la simulación completa y solo algunos constrictores. Se implementaron instrumentos de evaluación de la empatía y la eficacia en el aprendizaje. Ambos estudios se implementaron en los estudiantes del segundo año de la licenciatura.
Conclusión: Las características de la intervención, la duración y los instrumentos de evaluación difieren entre los estudios. Se deben realizar más estudios para determinar el efecto/las experiencias de la implementación del simulador de vejez en la adquisición y el desarrollo de competencias.
Palabras clave: revisión; envejecimiento; enfermería; simulación
Introdução
O envelhecimento da população mundial é uma realidade que impõe novos desafios e novas exigências para os sistemas de saúde (Organização Mundial da Saúde [OMS], 2015).
Os enfermeiros precisam de adquirir habilidades específicas que permitam atender às necessidades da crescente população de idosos, nomeadamente atitudes como empatia, disponibilidade, compreensão, interesse e competência (Chen, Kiersma, Yehle, & Plake, 2015b; Tremayne, Burdett, & Utecht, 2011). Estes atributos são o pilar do sucesso dos cuidados de enfermagem e dos ganhos em saúde no idoso.
No entanto, os estudantes de enfermagem podem apresentar dificuldades em compreender e adotar algumas destas atitudes para com os idosos, já que nunca experimentaram os desafios relacionados com o envelhecimento (Chen et al., 2015b).
Vanlaere, Coucke, e Gastmans (2010) reforçam que a atitude de empatia por parte dos alunos de ciências da saúde, deve ser ensinada, adquirida e cultivada, sob risco de que o cuidado seja reduzido a nada mais que a execução de ações e intervenções técnicas.
Neste sentido, têm sido desenvolvidas e implementadas várias estratégias destinadas a preparar e incentivar os estudantes desta área, para melhor atender às necessidades da crescente população de idosos (Robinson & Rosher, 2001; Samra, Griffiths, Cox, Conroy, & Knight, 2013; Williams & Stickley, 2010).
Uma destas estratégias é a simulação. Ao longo das últimas décadas, o recurso à simulação na formação de profissionais de saúde, e em particular de enfermeiros, tem constituído uma mais-valia ao proporcionar a aquisição e desenvolvimento de competências num contexto pré-clínico. O seu potencial educativo, a segurança do doente, e os resultados obtidos a nível do desenvolvimento de competências e habilidades têm vindo a ser revelados na literatura (Gonçalves, Coutinho, & Lobão, 2014). A simulação representa uma modalidade de ensino/aprendizagem complementar, que, muito embora não exclua a necessidade da prática direta com seres humanos, gera uma rede complexa de respostas conscientes e inconscientes, que inclui, nomeadamente, habilidades interpessoais como empatia e comunicação efetiva (Ventura, 2014).
A utilização específica do simulador de velhice, simulador de baixa fidelidade que consiste na utilização, por parte do estudante, de uma série de constritores motores e/ou sensoriais, visa permitir ou mesmo experienciar as áreas de comprometimento motor e/ou sensorial que ocorrem no processo de envelhecimento, bem como as principais dificuldades na realização de atividades diárias (Almeida, 2013; Tremayne et al., 2011).
O simulador de velhice pode contribuir para, além da promoção da aquisição de conhecimentos no âmbito da enfermagem de saúde do idoso e geriatria (Pacala, Boult, Bland, & O'Brien, 1995; Tremayne et al., 2011), a compreensão das dificuldades dos idosos e, por conseguinte, para a melhoria dos cuidados prestados (Chen, Kiersma, Yehle, & Plake, 2015a; Chen et al., 2015b; Williams & Stickley, 2010). Contudo, os dados relativos à sua implementação encontram-se dispersos na literatura, o que dificulta a formulação de questões precisas sobre a eficácia do mesmo e, consequentemente, o desenvolvimento de revisões sistemáticas.
Uma pesquisa preliminar realizada na JBI Database of Systematic Reviews and Implementation Reports, Cochrane Library, MEDLINE e CINAHL, revelou que não existe nenhuma Scoping Review (publicada ou a ser realizada), sobre a utilização de simuladores de velhice em estudantes de enfermagem. Consequentemente, decidiu-se realizar uma Scoping Review, orientada pela metodologia proposta pelo Joanna Briggs Institute for Scoping Reviews (Peters, Godfrey, Khalil et al., 2015; Peters, Godfrey, McInerney et al., 2015), com o objetivo de analisar e mapear intervenções com o simulador de velhice, implementadas e avaliadas em estudantes de enfermagem.
Mais especificamente, esta revisão pretende dar resposta às seguintes questões:
Quais as características da intervenção com o simulador de velhice (duração, constritores e cenários utilizados)?
Quais as características da população em que é implementado e avaliado o simulador de velhice?
Como são avaliados os resultados da intervenção com o simulador de velhice?
Método de revisão sistemática
A síntese de evidências sob a forma da revisão sistemática está no centro da prática baseada em evidência (Pearson, Wiechula, Court, & Lockwood, 2005). Diferentes objetivos e questões de revisão, exigem o desenvolvimento de novas abordagens que são projetadas para sintetizar, de forma mais efetiva e rigorosa, a evidência, sendo as Scoping Reviews um destes tipos de abordagem (Peters, Godfrey, McInerney et al., 2015).
A opção específica pela realização de uma scoping review fundamenta-se por este ser um tipo de revisão que assume como principais objetivos: mapear as evidências existentes subjacentes a uma área de pesquisa, identificar lacunas na evidência existente, constituir um exercício preliminar que justifique e informe a realização de uma revisão sistemática da literatura (Peters, Godfrey, McInerney et al., 2015).
Uma das particularidades desta metodologia é que a mesma não visa analisar a qualidade metodológica dos estudos incluídos, dado que o seu objetivo, no seguimento do mencionado, não é encontrar a melhor evidência científica, mas sim, mapear a evidência científica existente (Peters, Godfrey, Khalil et al., 2015; Peters, Godfrey, McInerney et al., 2015).
Utilizando a estratégia participants, concept e context (PCC), foram incluídos na scoping review estudos que: a) quanto ao tipo de participantes, abordem estudantes de enfermagem; b) quanto ao conceito, abordem a utilização de um simulador de velhice, através da utilização de constritores motores e/ou sensoriais; c) quanto ao contexto, abordem estudantes do ensino superior (1º, 2º e 3º ciclos); d) quanto ao tipo de estudos, abordem estudos primários qualitativos e quantitativos.
Estratégia de pesquisa
A estratégia de pesquisa incluiu estudos publicados e não publicados, e foi constituída por três passos: 1) Pesquisa inicial limitada nas bases de dados MEDLINE (via PubMed) e CINAHL via EBSCO, seguindo-se uma análise de palavras de texto nos títulos e resumos e dos termos de índice usados para descrever o artigo; 2) Segunda pesquisa usando todas as palavras-chave e termos de índice identificados, em todas as bases de dados incluídas (Tabela 1); 3) As referências bibliográficas de todos os artigos e relatórios identificados foram analisadas para identificar estudos adicionais.
Foram considerados para inclusão nesta revisão estudos escritos em inglês, espanhol e português, independentemente do ano de publicação.
A relevância dos artigos para a revisão foi analisada por dois revisores independentes, com base nas informações fornecidas no título e resumo.
O artigo completo foi recuperado para todos os estudos que cumpriam os critérios de inclusão da revisão. Sempre que os revisores tiveram dúvidas sobre a relevância de um estudo a partir do resumo, o artigo completo foi recuperado.
Dois revisores examinaram, de forma independente, o texto completo dos artigos para verificar se cumpriam os critérios de inclusão. Desacordos surgidos entre os revisores foram resolvidos através de discussão, ou com um terceiro revisor.
Estudos identificados a partir de listas de referência foram avaliados quanto à relevância com base no seu título e resumo.
Extração de dados
Os dados foram extraídos por dois revisores independentes, usando um instrumento desenvolvido pelos investigadores, alinhado com o objetivo e questões de revisão.
Desacordos entre os revisores foram resolvidos através de discussão, ou com um terceiro revisor. Quando necessário, os autores dos estudos primários foram contactados, com vista à obtenção de mais informação e/ou esclarecimentos sobre os dados.
Apresentação dos resultados
Tal como apresentado na Figura 1, a pesquisa identificou 223 estudos potencialmente relevantes. Destes, 24 foram excluídos por serem duplicados; dos restantes 194 estudos, 182 foram excluídos após avaliação do título e resumo; 15 dos restantes 17 artigos foram excluídos por não cumprirem os critérios de inclusão após leitura integral do texto. Finalmente, foram incluídos nesta revisão dois estudos, que incluíam 148 estudantes de enfermagem.
Um dos estudos foi realizado na Região Centro-Oeste dos Estados Unidos, publicado em 2015, e utilizou um desenho quantitativo (Chen et al., 2015b). O outro estudo foi realizado em Leicester no Reino Unido, publicado em 2011 e utilizou uma metodologia mista (Tremayne et al., 2011).
A Tabela 2 apresenta as respostas às questões de revisão apresentadas por estudo.
Interpretação dos resultados
O objetivo desta scoping review foi analisar e mapear estudos que implementassem e avaliassem a utilização do simulador de velhice em estudantes de enfermagem.
Para dar resposta a este objetivo, dois estudos primários foram incluídos na revisão.
Apenas um destes estudos menciona o desenho do estudo (Chen et al., 2015b). No outro estudo (Tremayne et al., 2011), o desenho do estudo foi identificado pelos autores da revisão. As metodologias utilizadas evidenciam a necessidade de realizar estudos qualitativos, nomeadamente de cariz fenomenológico com o objetivo de compreender as vivências dos estudantes sujeitos à simulação.
Apesar de terem sido considerados para inclusão, nesta revisão, estudos independentemente do seu ano de publicação, os estudos incluídos foram publicados a partir de 2011, o que pode ser justificado pela forma como os enfermeiros eram formados no século XX não atender às necessidades de saúde do século XXI (Institute of Medicine, 2011). Os utentes e os ambientes assistenciais tornaram-se mais complexos e os enfermeiros precisam atingir um maior e melhor nível de habilidades, competências e atitudes para atender estas necessidades com eficiência, qualidade e segurança (Institute of Medicine, 2011). Com efeito, o aumento da preocupação com a segurança, qualidade, responsabilidade e ética na prestação de cuidados de saúde, tem vindo a impulsionar o desenvolvimento de ferramentas educacionais inovadoras na prática de ensino, que visam dar resposta às necessidades atuais, como é o caso da simulação (Godoy & Marchi-Alves, 2014; Institute of Medicine, 2011).
Não obstante ambos estudos recorrerem ao simulador de velhice como intervenção/metodologia de ensino/aprendizagem, as intervenções apresentam características distintas: no estudo de Chen et al. (2015b), a intervenção teve uma duração de 3 horas. No estudo de Tremayne et al. (2011) a simulação foi implementada numa sessão de apenas 1 hora.
Ainda que as razões da inclusão da simulação na formação de futuros profissionais de saúde sejam evidentes (Martins, Mazzo, Mendes, & Rodrigues, 2014). Dunkin, Adrales, Apelgren, e Mellinger (2007) despertam-nos para o facto de que a logística da sua implementação pode ser assustadora. Segundo o mesmo autor, um programa de simulação bem-sucedido requer um planeamento significativo, nomeadamente a nível dos compromissos de tempo dos intervenientes, pelo que mais estudos são necessários para determinar a eficácia da utilização do simulador de velhice tendo em conta o fator duração.
Outra característica que diferencia os estudos incluídos é o facto de que apenas no estudo de Tremayne et al. (2011) todos os estudantes tiveram a oportunidade de experienciar um leque alargado de constritores motores e sensoriais, através do uso do fato de simulação, tornando a simulação mais rica bem como, possivelmente, os resultados. Seria pertinente, portanto, a realização de estudos que comparassem o efeito/vivências resultante(s) da utilização de apenas um ou dois constritores motores e/ou sensoriais com a utilização do fato completo de simulação de velhice.
Ambos os estudos foram implementados em estudantes do 2º ano de licenciatura em enfermagem, previamente à aprendizagem em contextos reais de prestação de cuidados, já que a aprendizagem por simulação proporciona um aumento das oportunidades dos estudantes para se familiarizarem com as competências clínicas antes de as consolidarem na prática clínica real (Martins et al., 2014).
Não obstante, seria pertinente produzir evidência científica sobre o efeito/vivências da utilização do simulador de velhice em estudantes do 2º e 3º ciclos.
O efeito da utilização do simulador de velhice foi avaliado com recurso a instrumentos distintos: instrumentos de avaliação de empatia (Chen et al., 2015b) e da eficácia do simulador na aprendizagem (Tremayne et al., 2011). Seria oportuno que futuros estudos indagassem sobre as vivências dos estudantes que experimentam o simulador de velhice com vista à compreensão das mesmas. A investigação empírico-compreensiva das vivências dos estudantes seria igualmente oportuna para orientar o ensino de enfermagem reforçando, ou não, a necessidade de implementação da simulação de velhice como estratégia/metodologia de ensino/aprendizagem.
Por outro lado, também seria oportuno avaliar o efeito da utilização do simulador de velhice, a um nível mais abrangente de competências.
Limitações dos estudos
Embora a qualidade metodológica dos estudos incluídos não tenha sido realizada, uma vez que não é relevante para uma scoping review, algumas limitações devem ser mencionadas, de modo a fornecer informações para estudos futuros, primários ou revisões sistemáticas. Estas limitações estão relacionadas com o pequeno tamanho da amostra (Chen et al., 2015b), falta de avaliação do impacto da utilização do simulador de velhice a longo prazo (Chen et al., 2015b; Tremayne et al., 2011), bem como a ausência de uma secção de limitações no artigo publicado (Tremayne et al., 2011).
Também teria sido importante que a avaliação do efeito do simulador tivesse tido por base a utilização de instrumentos previamente validados o que teria reforçado a evidência, algo que apenas aconteceu no estudo de Chen et al. (2015b).
Essas limitações dificultam a avaliação rigorosa do impacto do simulador de velhice no desenvolvimento de competências dos estudantes de enfermagem e devem ser contempladas em futuros estudos, já que a evidência científica orienta a prática.
Limitações da scoping review
Nesta revisão, incluímos apenas artigos publicados em inglês, português e espanhol. Assim, artigos publicados noutros idiomas também poderiam ter sido importantes para esta revisão.
Por outro lado, dado que não é objetivo de uma scoping review avaliar a qualidade metodológica dos estudos incluídos, não são apresentadas recomendações para a prática.
Conclusão
O objetivo desta scoping review foi analisar e mapear intervenções com o simulador de velhice, implementadas e avaliadas em estudantes de enfermagem, e identificar as suas características, a população e como foram avaliados os resultados da intervenção.
Foram assim identificados dois estudos que diferiram entre si na forma de implementação (um cujos participantes experimentaram um fato simulador de velhice e outro em que os participantes apenas utilizaram alguns constritores) e duração de implementação, que variou entre 1 e 3 horas. Ambos os estudos foram implementados e avaliados em estudantes do 2º ano da licenciatura, com recurso a instrumentos de avaliação de empatia e da eficácia na aprendizagem. Estes dados levantam lacunas que devem ser contempladas em futuros estudos primários, bem como a necessidade de realização de uma revisão sistemática da literatura, a fim de verificar qual dos estudos apresenta melhor evidência científica.
Implicações para a investigação
Dada a importância amplamente descrita sobre os benefícios da simulação, mais estudos, de cariz quantitativo e qualitativo, acerca do recurso ao simulador de velhice como estratégia de ensino/aprendizagem precisam de ser realizados.
Futuros estudos deverão identificar de forma clara a metodologia do estudo, bem como as limitações do mesmo e investir igualmente na implementação da simulação a estudantes de outros ciclos.
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Agradecimentos
Os autores agradecem o apoio da Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), e da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Recebido para publicação em: 09.06.17
Aceite para publicação em: 13.07.17