SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.22 número1Vinculação aos pais, divórcio e conflito interparental em adolescentes índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Psicologia

versão impressa ISSN 0874-2049

Psicologia v.22 n.1 Lisboa  2008

 

Representações sociais e identidade em grupos de mulheres ciganas e rurais1

Mariana Bonomo2

Zeidi Araújo Trindade3

Lídio de Souza4

Sabrine Mantuan dos Santos Coutinho5

 

 

Resumo:

A partir das teorias da Identidade Social e das Representações Sociais tivemos como objetivo analisar as relações intergrupais estabelecidas entre comunidades rural e cigana, procurando conhecer os significados e as práticas construí-das na dinâmica entre endogrupo e exogrupo. Participaram do estudo 17 mulheres de duas comunidades tradicionais, com idades entre 14 e 67 anos. Realizamos entrevistas individuais a partir de roteiros semiestruturados. Procedemos à análise dos dados através do software ALCESTE e da Análise de Conteúdo. Os resultados indicaram presença de práticas que sugerem a existência de elementos de representação ambíguos orientando as relações intergrupais. Discute-se o conflito produzido pela diferenciação identitária ancorada nos elementos das culturas “cigana” e “rural”, reforçado por representações dos ciganos como povo amaldiçoado, e os laços de solidariedade gerados pela identidade feminina comum, que agrega o sentimento de mulheres sofredoras e exploradas pelos homens que detêm o poder em ambos os grupos.

Palavras-chave: Identidade social, representação social, relação intergrupal, gênero.

 

 

Social representations and identity of gypsy and rural women groups

Abstract:

From the Social Identity and Social Representations theories, our objective was to analyze the intergroup relations established between rural and gypsy communities, attempting to understand the significations and practices constructed at the in-group and out-group dynamics. Seventeen women from two traditional communities, with ages varying between 14 and 67 years, participated in this study. We performed individual interviews after semi-structured scripts. We analyzed the data through the ALCESTE software and Content Analysis. The results indicated presence of practices that suggest the existence of ambiguous elements of representation guiding the intergroup relations. The conflict produced by the identitary differentiation anchored at the elements of the “Gypsy” and “Rural” cultures, reinforced by representations of gypsies as a cursed people, and the solidarity ties generated by the common feminine identity, that aggregates the feeling of “suffering and exploited women” by men who have the power at both groups.

Keywords: Social identity, social representation, intergroup relation, gender.

 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

 

Referências

Andrade, M. A. A. (1998). A identidade como representação e a representação da identidade. In A. S. P. Moreira & D. C. Oliveira (Orgs.), Estudos interdisciplinares de representação social (pp. 141-149). Goiânia: AB editora.         [ Links ]

Bardin, L. (2002). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70. (Trabalho original publicado em 1977).

Bauer, M. W. (2002). Análise de conteúdo clássica: uma revisão. In M. W. Bauer & G. Gaskell (Orgs.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático (pp. 189-217). Petrópolis: Vozes.

Bonin, L. F. R. (2000). Indivíduo, cultura e sociedade. In M. G. C. Jacques, M. N. Strey, N. M. G. Bernardes, P. A. Guareschi, S. A. Carlos & T. M. G. Fonseca (Orgs.), Psicologia social contemporânea. Petrópolis: Vozes.

Breakwell, G.M. (1993). Social Representations and Social Identity. Papers on Social Representations, 2 (3), pp. 198-217.

Brumer, A. (1996). Mulher e desenvolvimento rural. In C. Presvelou; F. R. Almeida & J. A. Almeida (Orgs.), Mulher, família e desenvolvimento rural. Santa Maria: Edições da UFSM.

Calil, M. I. (2003). De menino de rua a adolescente: análise sócio-histórica de um processo de ressignificação do sujeito. In S. Ozella (Org.), Adolescências construídas – a visão da psicologia sócio-histórica (pp. 136-166). São Paulo: Cortez.

Casas, F. (2005). Desafios atuais da Psicologia na intervenção social. Psicologia & Sociedade, 17 (2), 42-49.

Cuvello, S. T. V. (2004). Representação social de adolescente sobre o “viciado” in drogas. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.

DaMatta, R. (1987). A casa & a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Guanabara.

Del Priore, M. & Venâncio, R. (2006). Uma história da vida rural no Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro.

Doise, W., Deschamps, J., & Mugny, G. (1980). Psicologia social experimental. Lisboa: Moraes Editores.

Flick, U. (2004). Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman.

Geertz, C. (1989). A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC Editora.

Guareschi, P. (1998). Alteridade e relação – uma perspectiva crítica. In D. Jodelet, S. Jovchelovitch, G. Duveen, H. Joffe, N. Morant, D. Rose & P. Guareschi (Orgs.), Representando a alteridade (pp. 149-161). Rio de Janeiro: Vozes.

Greenland, K., & Brown, R. (2000). In D. Capozza & R. Brown (Orgs.), Social identity processes (pp. 167-183). London: Sage Publications.

Hogg, M. A. e outros. (2004). The social identity perspective: intergroup relations, self-conception, and small groups. Small Group Research, 35 (03), 246-276.

Jodelet, D. (1998). A alteridade como produto e processo psicossocial. In A. Arruda (Org.), Representando a alteridade (pp. 47-67). Rio de Janeiro: Vozes.

Jodelet, D. (2001). Representações sociais: um domínio in expansão. In D. Jodelet (Org.), As representações sociais (pp. 17-44). Rio de Janeiro: EdUERJ.

Jodelet, D. (2005). Loucuras e representações sociais. Rio de Janeiro: Vozes.

Joffe, H. (1995). Eu não, o meu grupo não – representações sociais transculturais da aids. In P. Guareschi & S. Jovchelovitch (Orgs.), Textos em representações sociais (pp. 297-322). Rio de Janeiro: Vozes.

Lamphere, L. (1979). Estratégias, cooperação e conflito entre as mulheres em grupos domésticos. In M. Z. Ronaldo & L. Lamphere (Orgs.), A mulher, a cultura e a sociedade (pp. 121-140). Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Martins, P. O. (2002). As expectativas do ter e o fracasso do ser: representações sociais de adolescência e suicídio entre adolescentes. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.

Menandro, M. C. S. (2004). Gente jovem reunida: um estudo de representações sociais da adolescência/juventude a partir de textos jornalísticos (1968/1974 e 1996/2002). Tese de Doutorado em Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.

Mendes, M. M. (2000). Um olhar sobre a identidade e a alteridade: Nós, os Ciganos e os Outros, os Não Ciganos. Anais do IV Congresso Português de Sociologia. Coimbra: Associação Portuguesa de Sociologia.

Moscovici, S. (1978). A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar. (Trabalho originalmente publicado in 1961).

Nascimento, A. R. A. (2004). Memória dos verdes anos: saudade da infância na música popular brasileira – uma investigação e uma proposta de análise de dados. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.

Nicolaci-da-Costa, A. M. (1989) Questões metodológicas sobre a análise de discurso. Psicologia Reflexão e Crítica, 4 (1/2), 103-118.

Perrot, M. (1998). Mulheres públicas. São Paulo: Editora UNESP.

Reinert, M. (1990). Alceste, une méthodologie d’analyse des données textuelles et une aplicattion. Aurelia de Gerard de Nerval. Bulletin de methodologie sociologique, 24-54.

Ribeiro, M. A. S. (2005). Os homossexuais em busca de visibilidade social. Tese de Doutorado em Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília.

Silva, L. F., Sousa, F., Oliveira, L., & Magano, O. (2000). A Comunidade Cigana e o Etnocentrismo da Instituição Médica de Saúde Comunitária. Anais do IV Congresso Português de Sociologia. Coimbra: Associação Portuguesa de Sociologia.

Silva, M. C., & Silva, S. (2000). Práticas e representações sociais face aos ciganos – O caso de Oleiros, Vila Verde. Anais do IV Congresso Português de Sociologia. Coimbra: Associação Portuguesa de Sociologia.

Souza, L. (2004). Processos de categorização e identidade: solidariedade, exclusão e violência. In L. Souza & Z. A. Trindade (Orgs.), Violência e exclusão: convivendo com paradoxos (pp. 57-74). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Tajfel, H. (1982). Grupos humanos e categorias sociais I. Lisboa: Livros Horizonte.

Tajfel, H. (1983). Grupos humanos e categorias sociais II. Lisboa: Livros Horizonte.

Teixeira, R. C. (2000). História dos ciganos no Brasil. Recife: Núcleo de Estudos Ciganos.

Trindade, Z. A. (1996). Representação social: “modo de conhecer” no cenário da saúde. In Z. A. Trindade & C. Camino (Orgs.), Cognição social e juízo moral (pp. 45-59). Vitória: ANPEPP.

Viana, T. C. (1999). A comédia humana, cultura e feminilidade. Brasília: UnB.

 

 

1 Apoio Financeiro: CNPq/CAPES. Endereço de correspondência para o Editor: Mariana Bonomo – marianadalbo@gmail.com. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Centro de Ciências Humanas e Naturais, Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, n.º 514 – Campus Universitário Goiabeiras – Vitória, Espírito Santo, Brasil. Cep: 29075-910. Tel: (0xx27) 4009 – 2501

2 Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo. Endereço electrónico: marianadalbo@gmail.com.

3 Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo. Endereço electrónico: zeidi@uol.com.br

4 Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo. Endereço electrónico: lidio.souza@uol.com.br

5 Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo. Endereço electrónico: sabrinemsc@hotmail.com