SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.23 número2Motivação dos estudantes e dos professores: um processo recíproco e relacionalFactores de risco: a multiplicidade das variáveis contextuais no desenvolvimento das crianças índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Psicologia

versão impressa ISSN 0874-2049

Psicologia vol.23 no.2 Lisboa jul. 2009

https://doi.org/10.17575/rpsicol.v23i2.334 

A emergência dos comportamentos de obediência e de desobediência: relação com as estratégias de controlo materno

Development of child compliance and non-compliance behaviours, and maternal control strategies

 

Orlanda Cruz1; Ana Paula Pereira2; Emília Moreira3

1Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade do Porto, orlanda@fpce.up.pt

2-3Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade do Porto

 


RESUMO

A aprendizagem da auto-regulação inicia-se precocemente no contexto das interacções sociais que a criança mantém com os adultos que lhe são mais próximos. Este artigo apresenta um estudo sobre a emergência dos comportamentos de obediência e de desobediência da criança, observados numa situação de arrumação de brinquedos, e sua relação com os comportamentos de controlo maternos. Participaram nesta investigação 120 mães e respectivos filhos com idades compreendidas entre 14 e 49 meses, homogeneamente distribuídos por género e seleccionados aleatoriamente a partir de 30 salas de creche. Os resultados revelam a influência diferencial da idade das crianças, bem como dos comportamentos de controlo utilizados pelas mães, na determinação da qualidade dos comportamentos de obediência e de desobediência das crianças. À medida que a idade aumenta, as crianças apresentam menos comportamentos de desobediência passiva, e mais comportamentos de recusa simples e de negociação. A obediência situacional é explicada pelo uso de ordens específicas e de estratégias directivas por parte da mãe, em que os quatro comportamentos de desobediência das crianças aparecem associados a diferentes estratégias de controlo materno.

Palavras-chave: comportamentos de obediência versus desobediência, estratégias de controlo maternos, estudo descritivo mediante observação


ABSTRACT

Children develop behavioural self-regulation skills early in their lives within the context of social interactions with significant adults. This study analyses the relationship between child compliance and non-compliance behaviours, as well as maternal control strategies, observed during a toys pick-up procedure. A total of 120 mother-child dyads participated in this study. Children were randomly selected from 30 day-care classrooms and evenly distributed by gender and age (ranged between 14 and 49 months). Results showed the influence of child age and maternal control strategies in child compliance and non-compliance behaviours. Elder children presented less passive non-compliance as well as simpler refusal and negotiation behaviours. Situational compliance is explained by maternal use of specific demands and directive strategies; while different child non-compliance behaviours are explained by different maternal strategies.

Keywords: compliance /non-compliance behaviours, maternal control strategies, observational descriptive study

 


Introdução

A aquisição da capacidade de orientar e controlar voluntariamente a sua própria acção em função das expectativas e exigências colocadas pela comunidade é um aspecto fundamental do processo de socialização da criança. Esta competência, habitualmente designada por auto-controlo ou auto-regulação, tem a sua génese ao longo do segundo ano de vida, desenvolvendo-se ao longo do período pré-escolar (Kopp, 1982; 1987).

No contexto das interacções com o adulto, a auto-regulação traduz-se em comportamentos de conformidade (obediência) ou não conformidade (desobediência) com as directrizes que aquele coloca à criança. Há já alguma evidência empírica consistente que indica que os comportamentos de resistência às directrizes parentais na idade pré-escolar estão associados a níveis mais baixos de competência social (Kochanska, 2002) e a problemas de externalização (Briggs-Gowan, Carter, Bosson-Heenan, Guyer, Horwitz., 2006; Mathiesen & Sanson, 2000; van Zeijl, Mesman, Stolk, Alink, van Ijzendoorn, Bakermans-Kranenburg, Juffer, & Koot, 2006). Por outro lado, é durante esta fase que a criança desenvolve o seu sentido de Eu enquanto pessoa autónoma, com vontade própria e capaz de afirmar os seus interesses e vontades. Daí que, do ponto de vista desenvolvimental, não seja linear a relação entre obediência e adaptação, por um lado, e desobediência e perturbação, por outro.

De facto, a investigação que tem sido realizada neste domínio mostra que estes comportamentos nem sempre assumem a conotação positiva/negativa que habitualmente lhes é atribuída, ou seja, existem diversos tipos de comportamentos de obediência e de desobediência que se distinguem pelo grau de asserção e de maturidade.

Parece haver um acordo entre os investigadores quanto ao facto de nem todos os comportamentos de obediência da criança serem indicativos da sua capacidade de auto-regulação (Dix, Stewart, Gershoff & Day, 2007; Kochanska, 2002; Kochanska & Aksan, 1995; Koenig, Cicchetti & Rogosch, 2000; Maccoby & Martin, 1983). Haverá assim a distinguir, por um lado, a obediência situacional ou imediata e, por outro, a obediência auto-regulada ou comprometida. No primeiro caso, obediência situacional, existe uma proximidade temporal notória entre a directriz apresentada pelo adulto e o comportamento de obediência da criança, o que leva os autores a considerar que a criança só obedece porque o adulto exerce um controlo imediato sobre a sua acção. Pelo contrário, quando há obediência auto-regulada, a criança apresenta comportamentos conformes às directrizes do adulto independentemente do controlo que este possa exercer, o que leva a pensar que a criança terá internalizado essas directrizes, assumindo-as como suas, e apresentando-se portanto intrinsecamente motivada para se comportar em conformidade. Assim, só este último tipo de obediência funcionará como um indicador de auto-regulação (Kochanska, 2002; Kochanska, Tjebkes & Forman, 1998). A investigação tem revelado que a obediência situacional predomina nas crianças mais novas e tende a diminuir com a idade, enquanto a obediência auto-regulada, pelo contrário, tende a aumentar (Kochanska & Askan, 1995; Power, McGrath, Hughes & Manire, 1994).

Relativamente à desobediência, foi identificado um conjunto de comportamentos que podem ser classificados de acordo com o nível de assertividade e com o nível de maturidade implícitos (Kuczynski & Kochanska, 1990; Power et al., 1994). Assim, a investigação tem revelado diferenças entre os comportamentos de desobediência passiva, de recusa simples, de desafio directo e de negociação. A desobediência passiva é considerada uma forma não assertiva e imatura de desobediência, diminuindo com a idade; a criança ignora a exigência colocada pelo adulto, ou porque não a entendeu, ou porque não é capaz de lhe dar uma resposta, ou ainda ignora-a de uma forma aparentemente mais deliberada (Dix et al., 2007; Kuczynski & Kochanska, 1990; Kuczynski, Kochanska, Radke-Yarrow & Girnius-Brown, 1987). A recusa simples é considerada um comportamento de desobediência directo mas não aversivo, tendendo, ao contrário da desobediência passiva, a aumentar com a idade (Dix et al., 2007; Kuczynski & Kochanska, 1990). Quando apresenta uma resposta de desafio directo, a criança resiste activamente à directriz do adulto, sendo não só assertiva, mas também agressiva e provocatória, colocando em causa a autoridade do adulto; é considerada uma resposta imatura que tende a diminuir ao longo da idade (Dix et al., 2007; Kuczynski & Kochanska, 1990). Finalmente os comportamentos de negociação consistem em tentativas de persuasão assertivas utilizadas pela criança, podendo incluir tentativas de estabelecimento de compromissos e pedidos de explicação colocados ao adulto no sentido de tentar influenciar, de forma mais ou menos subtil, uma mudança nas directrizes inicialmente apresentadas por este. Trata-se de um comportamento mais exigente do ponto de vista cognitivo e, como tal, tende a aumentar ao longo da idade (Kuczynski & Kochanska, 1990; Power et al., 1994).

Apesar dos comportamentos de desobediência da criança porem em causa a autoridade do adulto, estes podem ser considerados normativos entre os 18 e os 36 meses, dadas as características desenvolvimentais deste grupo etário, marcado por uma forte necessidade de afirmação do Eu e de desenvolvimento da autonomia pessoal (Erikson, 1963; Kopp, 1982). Uma análise mais aprofundada dos tipos de desobediência mostra que, ao longo da idade pré-escolar, o desafio directo e a desobediência passiva são as formas mais frequentes numa fase inicial e a recusa simples e a negociação as formas mais frequentes numa fase final (Kuczynski & Kochanska, 1990).

Relativamente ao género, a investigação revela genericamente que as raparigas obedecem mais frequentemente (Kuczynsky et al., 1987) e desobedecem menos frequentemente do que os rapazes (Kalb & Loeber, 2003); apresentam valores mais elevados de obediência auto-regulada (Kochanska, 2002; Kochanska & Aksan, 1995), valores mais baixos de desobediência passiva (Kochanska, 1995, Kochanska & Aksan, 1995), bem como formas mais assertivas de desobediência (Power et al., 1994). Alguns estudos realizados com crianças mais novas (entre um e dois anos) constituem excepções a esta tendência (Londerville & Main, 1981; Power & Chapieski, 1986).

A investigação tem mostrado ainda a existência de uma relação entre os comportamentos de obediência e de desobediência da criança, por um lado, e os comportamentos de controlo parental, por outro. Os pais mais responsivos aos interesses da criança constroem um ambiente afectivo mais positivo que potencia a motivação da criança para cooperar com os pais e, consequentemente, os seus comportamentos de obediência auto-regulada (Kochanska & Aksan, 1995; Wahler & Meginnis, 1997). Em relação à directividade materna, os resultados mostram que as mães que usam mais directrizes e exigências têm maior probabilidade de obter comportamentos de desobediência por parte dos seus filhos. A directividade traduz-se muitas vezes num acompanhamento mais directo e mais próximo da acção da criança (e até em atitudes coercivas) que prejudica o desenvolvimento da sua autonomia e capacidade de auto-regulação (Kuczynski et al., 1987). A idade da criança é porém uma variável importante na determinação dos comportamentos de controlo utilizados pelos pais; por exemplo, com as crianças mais novas as directrizes são formuladas de uma forma mais directa, o que estará provavelmente relacionado com o nível de compreensão mais baixo destas crianças. Por outro lado, nas crianças mais novas, a maior directividade e especificidade das directrizes pode estar associada a níveis superiores de obediência e, em particular, de obediência situacional (Kalb & Loeber, 2003).

O estudo que aqui apresentamos pretende analisar a relação entre diversos tipos de comportamentos de obediência e de desobediência e os comportamentos de controlo utilizados pelas mães, em crianças de um a quatro anos de idade. Da revisão da literatura efectuada verificamos que os comportamentos da criança variam em função do género e da idade e, como tal, o controlo destas variáveis deve ser considerado nas análises a realizar. Relativamente à directividade materna, esperamos encontrar uma relação positiva com os comportamentos de obediência situacional e uma relação negativa com os comportamentos de obediência auto-regulada. A obediência situacional deverá ser mais frequente do que a obediência auto-regulada, dada a faixa etária das crianças do estudo. Em relação aos comportamentos de desobediência, esperamos que a desobediência passiva e o desafio directo diminuam com a idade da criança e se relacionem positivamente com a directividade materna, enquanto os comportamentos de recusa simples e de negociação deverão aumentar com a idade e relacionar-se negativamente com a directividade materna.

Método

Participantes

Participaram neste estudo 120 díades mãe-criança, sendo 60 meninas e 60 meninos. As crianças foram escolhidas de forma aleatória a partir de 15 instituições privadas com valência de creche situadas na Área Metropolitana do Porto. Em cada instituição foram contempladas duas salas de creche - a sala que albergava crianças de um a dois anos e a sala que albergava crianças de dois a três anos - num total de 30 salas, tendo sido seleccionados aleatoriamente em cada sala duas meninas e dois meninos.

As crianças tinham entre 14 e 49 meses de idade (M = 26,19; DP = 7,07) (situando-se o primeiro quartil aos 20 meses, o segundo aos 25 meses e o terceiro aos 31 meses) e um quociente de desenvolvimento avaliado através das Escalas de Desenvolvimento Mental de Ruth Griffiths (1996), dentro dos parâmetros considerados normais (M = 103,56; DP = 9,87). Não foram incluídas crianças identificadas como possuindo necessidades educativas especiais. As mães apresentavam em média 30,9 anos de idade (DP = 5,3) e 10,83 anos de escolaridade (DP = 4,47).

Procedimento

Selecção da amostra

As 15 instituições, a partir das quais as crianças foram escolhidas, foram seleccionadas aleatoriamente com base numa listagem fornecida pelo Departamento de Acção Social do Serviço Sub-Regional do Porto do Instituto de Solidariedade e Segurança Social.

Em cada uma das 30 salas de creche, organizou-se uma lista ordenada aleatoriamente com os nomes de todas as crianças, tendo sido seleccionados as primeiras duas meninas e os primeiros dois meninos. As famílias destas crianças foram contactadas num primeiro momento pelas educadoras de infância ou auxiliares de acção educativa responsáveis pela sala respectiva, no sentido de obter a sua adesão à participação no estudo. No caso de recusa em participar, foi contactada a menina ou o menino que se seguiam na lista ordenada. A taxa de participação das famílias contactadas foi de 71%.

Recolha de dados

As díades mãe-criança foram observadas em interacção no decurso de três sessões de jogo livre, cada uma com 15 minutos de duração. Em cada sessão foi dada à mãe uma instrução no sentido de brincar com o/a seu/sua filho/a “como se estivesse em sua casa”, utilizando todos os brinquedos de uma caixa transparente fornecida pelo observador para este efeito; ao fim de 10 minutos, o observador instruía a mãe, através de um sinal, no sentido de pedir à criança para guardar os brinquedos. Eram atribuídos cinco minutos adicionais para esta tarefa de arrumação que constitui o alvo de análise exclusivo deste estudo. Porém, nalguns casos as sessões de observação apresentaram uma duração inferior a cinco minutos, uma vez que a tarefa de arrumação dos brinquedos era concluída antes do término deste período.

As sessões decorreram numa sala disponibilizada pela creche para este efeito, em três dias diferentes. Todas as sessões foram gravadas em vídeo para posterior observação e análise.

Codificação dos comportamentos das crianças e das mães

Foram construídos dois sistemas de categorias com base na literatura previamente revista - um relativo aos comportamentos de obediência da criança e outro relativo aos comportamentos de controlo maternos (Kuczynski & Kochanska, 1990; Power et al., 1994).

Os comportamentos da criança foram organizados em comportamentos de obediência e em comportamentos de desobediência. Os comportamentos de obediência podiam ser auto-regulados ou situacionais. Os comportamentos de desobediência incluíam a desobediência passiva, a recusa simples, o desafio directo e a negociação (Quadro 1).

Os comportamentos de controlo materno aqui considerados são predominantemente de carácter verbal e foram codificados a três níveis: especificação, directividade sintáctica e directividade semântica (Quadro 2). A especificação refere-se ao carácter genérico ou específico da directriz verbalizada pela mãe, em que uma directriz mais específica (“arruma o carro”) é mais directa e clara do que uma directriz genérica (“arruma os brinquedos”). A directividade sintáctica diz respeito ao tipo de sintaxe utilizado: fazer uma pergunta, enunciar uma asserção ou dar uma ordem são três categorias organizadas segundo uma ordem crescente de directividade. A directividade semântica corresponde ao tipo e natureza dos atenuantes e agravantes incluídos nas verbalizações de controlo. Por atenuantes entende-se os comportamentos que incluem um nível baixo de afirmação do poder e apelam à motivação da criança para dar uma resposta positiva ao que lhe é pedido. Os agravantes referem-se aos comportamentos em que a mãe apela à sua posição superior de poder sobre a acção da criança, focalizando-se directamente no resultado da acção desta. Tanto os atenuantes como os agravantes podem posicionar-se num crescendo de directividade. Assim, negociar e explicar (indução) são atenuantes menos directivos do que demonstrar, e repetir uma ordem (insistência) é um agravante menos directivo (implicando menos afirmação do poder) do que ameaçar e repreender (coerção verbal).

Finalmente, revelou-se obrigatória a inclusão de uma última categoria, dada a frequência com que surgiu: a mãe arruma, impossibilitando assim a criança de o fazer. Este comportamento, a que alguns autores chamaram “obediência não possibilitada”, considerando-o um comportamento da criança (Power et al. 1994), foi integrado, neste estudo, dentro da lista de comportamentos maternos, uma vez que traduz uma acção realizada pela própria mãe.

A codificação dos comportamentos das crianças e das mães foi feita segundo um procedimento de amostragem no tempo, sendo realizada no final de cada segmento de 15 segundos. Assim, em cada uma das sessões de observação (300 segundos), foram considerados 20 segmentos temporais, perfazendo no total das três sessões, 60 segmentos temporais de 15 segundos cada; este número poderá ser inferior no caso de sessões de observação mais curtas do que os cinco minutos inicialmente previstos.

Ao longo das três sessões de observação, as frequências de cada categoria comportamental foram somadas e divididas pelo número total de segmentos temporais de cada díade.

As cotações foram realizadas por duas observadoras, sendo 25% das sessões de observação (correspondentes a 30 díades num total de 90 episódios de controlo) cotadas independentemente por ambas, tendo em vista a verificação do acordo inter-observador.

A percentagem de acordo variou entre 94% e 99% (com uma média de 97%) para os comportamentos da criança, e entre 91% e 99% (com uma média de 97%) para os comportamentos de controlo maternos; o coeficiente weighted kappa situou-se entre 0,67 e 0,93 (com uma média de 0,79) para os comportamentos da criança, e entre 0,39 e 0,88 (com uma média de 0,78) para os comportamentos maternos.

Resultados

O número de díades mãe-filho considerado na análise de resultados é apenas de 119, já que, numa das díades, não se observou qualquer tentativa de controlo por parte da mãe. Uma vez que as sessões de observação podiam demorar menos de 5 minutos, foi calculado o número de segmentos temporais para cada díade, tendo-se verificado uma variação entre um mínimo de 11 e o máximo previsto de 60 segmentos (M = 36,87; DP = 13,12). As frequências absolutas das categorias foram divididas pelo número total de segmentos temporais (das três sessões) de cada díade. As análises subsequentes foram realizadas a partir destas frequências relativas.

Para as análises de comparação de grupos e multivarida, procedeu-se à verificação da normalidade da distribuição de todas as variáveis, utilizando a análise gráfica com o histograma e o teste Kolmogorov-Smirnov. As variáveis cuja distribuição diferia significativamente da distribuição normal foram transformadas através da aplicação do logaritmo de base 10 (declarativa, reforço positivo, demonstração, declaração de obrigatoriedade, insistência, obediência auto-regulada, recusa simples, desafio directo, negociação). Após a transformação, verificou-se que apenas a distribuição da obediência auto-regulada continuava a apresentar uma distribuição assimétrica, tendo-se optado porém pela sua análise com testes paramétricos, dada a resistência destes face a pequenos afastamentos das distribuições relativamente à curva normal.

Análises descritivas

O Quadro 3 apresenta as frequências relativas dos comportamentos de obediência e de desobediência da criança, a sua comparação entre os grupos de género, assim como a sua relação com a idade cronológica das crianças.

Globalmente, o comportamento de obediência mais frequente é a obediência situacional (M = 0,35; DP = 0,21), enquanto o comportamento de desobediência mais usado é a desobediência passiva (M = 0,32; DP = 0,19). Tanto a obediência auto-regulada, como os restantes comportamentos de desobediência apresentaram uma frequência relativa média inferior a 10%. Os resultados do teste t de Student, utilizado para comparar a frequência dos comportamentos de obediência e desobediência entre os dois grupos de género, não revelou diferenças estatisticamente significativas, indicando que as estratégias de obediência e desobediência eram utilizadas de modo equivalente por crianças de sexo masculino e feminino.

A análise das correlações (Pearson) entre os comportamentos de obediência/desobediência e a idade cronológica da criança mostra que ambas as estratégias de obediência apresentam uma correlação positiva com a idade, apesar de não muito forte (obediência situacional: r = 0,23; obediência auto-regulada: r = 0,26). Relativamente às estratégias de desobediência, a recusa simples e a negociação aumentam à medida que a idade cronológica aumenta, enquanto a desobediência passiva diminui; a negociação e a desobediência passiva destacam-se por apresentarem correlações mais fortes (negociação: r = 0,41; desobediência passiva: r = -0,56).

O Quadro 4 apresenta as estatísticas descritivas relativas aos comportamentos de controlo materno de acordo com o nível de especificação, directividade sintáctica e directividade semântica (atenuantes e agravantes), a sua comparação entre os grupos de género, assim como sua relação com a idade cronológica das crianças.

No que respeita ao nível de especificação, verifica-se que as mães utilizam mais as ordens específicas do que as genéricas. Em relação à directividade sintáctica, a forma de controlo à qual as mães mais recorrem é a imperativa. No que respeita à directividade semântica, o atenuante mais usado é a orientação conjunta, enquanto o agravante mais frequente é a insistência.

A comparação da frequência dos comportamentos de controlo na Interacção com crianças de sexo masculino e feminino (utilizando o teste t de Student) mostra que apenas a orientação conjunta aparece como uma estratégia significativamente mais utilizada com meninas.

Relativamente à relação entre os comportamentos de controlo materno e a idade das crianças, os valores de correlação baixos a moderados permitem afirmar que: (1) o nível de especificação vai diminuindo de forma significativa ao longo da idade da criança, ou seja, quanto maior é a idade da criança, mais as mães recorrem a ordens genéricas e menos a ordens específicas; (2) a directividade sintáctica encontra-se igualmente relacionada de forma negativa com a idade da criança, no sentido em que as mães tendem a usar menos formas imperativas à medida que a criança vai crescendo; (3) no que diz respeito aos atenuantes semânticos, a indução e a orientação conjunta correlacionam-se positivamente com a idade da criança, na medida em que as mães explicam mais e fazem mais apelo a uma orientação conjunta na realização da tarefa, à medida que a idade da criança aumenta, e tendem a usar menos estratégias mais directivas como a demonstração; (4) o recurso a estratégias semânticas agravantes, como a insistência, diminui com o aumento da idade, ao contrário do apelo assertivo a regras, feito através da declaração de obrigatoriedade, que aumenta com a idade da criança. Finalmente, verifica-se que as mães das crianças mais velhas tendem a apresentar com menor frequência o comportamento de arrumar (em vez da criança).

Relação entre os comportamentos de controlo materno e os comportamentos da criança

Com o objectivo de explicar a variância dos comportamentos de obediência e desobediência da criança, atendendo à sua relação com os comportamentos de controlo maternos e à idade cronológica da criança, foram construídos modelos de regressão múltipla (Quadro 5), para todas as estratégias de obediência e desobediência da criança. A selecção das variáveis independentes a integrar nos modelos de regressão múltipla (comportamentos de controlo maternos e idade cronológica), foi realizada com base na dimensão e significância das suas correlações com as variáveis dependentes (Quadro 5).

Com excepção da obediência auto-regulada, foi possível construir modelos explicativos de uma percentagem considerável da variância de todos os comportamentos das crianças.

O primeiro modelo procura explicar a obediência situacional, introduzida como variável dependente. Foram incluídas como variáveis independentes as categorias maternas relativas a ordens específicas, declarativas e reforços positivos, e a categoria mãe arruma. O modelo revela-se estatisticamente significativo (R2 = 0,42, F (4,114) = 20,99, p < 0,001). A análise mostra que a maioria da variância da obediência situacional é explicada pelas categorias maternas declarativa, específica e mãe arruma; controlando o efeito de todas as variáveis presentes no modelo, as duas primeiras variáveis apresentam uma associação positiva com a obediência situacional, enquanto ‘a mãe arruma’ apresenta uma associação negativa.

O modelo para a desobediência passiva integra as categorias maternas ordem específica, orientação conjunta, demonstração, insistência e a mãe arruma e ainda a idade cronológica da criança. O modelo é estatisticamente significativo: R = 0,54, F (6,112) = 21,83, p < 0,001). Os resultados revelam que as variáveis insistência, orientação conjunta e mãe arruma apresentam uma contribuição positiva, enquanto a idade cronológica contribui negativamente para a desobediência passiva.

O modelo explicativo da recusa simples integra a idade cronológica da criança e as variáveis maternas ordem específica, interrogativa, imperativa e reforço positivo R = 0,22, F (5,113) = 6,49, p < 0,001). A variância é explicada de forma positiva pela idade cronológica da criança, e pelas directrizes formuladas de forma específica na interrogativa e na imperativa e, ainda, de forma negativa pelos reforços utilizados.

O modelo explicativo do desafio directo inclui as variáveis genérica, interrogativa, orientação conjunta e coerção verbal. Este modelo é estatisticamente significativo, R = 0,11, F (4,114) = 3,56, p < 0,01). Controlando o efeito das restantes variáveis, apenas a coerção verbal apresenta uma contribuição parcial estatisticamente significativa, estando associada a uma maior frequência do desafio directo.

Para a construção do modelo de regressão da negociação, foram incluídas as categorias maternas específica, imperativa, indução e insistência, e a idade cronológica da criança, que, no seu conjunto explicam uma percentagem considerável da variável (R2 = 0,56, F (5,113) = 28,57, p < 0,001). No entanto, controlando o efeito de todas, apenas a indução apresenta uma contribuição parcial estatisticamente significativa.

Discussão

Este estudo pretendeu analisar a relação entre os comportamentos de obediência e de desobediência e os comportamentos de controlo materno, em crianças de idades compreendidas entre um e quatro anos de idade. O facto de incluirmos crianças de um ano permitiu observar os comportamentos de conformidade (ou não) às directrizes do adulto no seu formato mais precoce, já que é precisamente nesta altura que eles emergem. A idade cronológica das crianças parece ser aliás um dos principais factores a explicar a relação entre os comportamentos das crianças e os comportamentos maternos, como veremos mais à frente.

Os resultados obtidos permitiram apoiar apenas parcialmente os dados disponíveis na literatura no que toca à evolução dos comportamentos de obediência ao longo da idade. Assim, de facto, a obediência situacional é bastante mais frequente do que a obediência auto-regulada nas crianças que participaram neste estudo; porém, ambas apresentam correlações positivas com a idade cronológica o que contraria resultados de estudos anteriores que apontam para uma diminuição da obediência situacional (cf. Kochanska & Askan, 1995; Power, McGrath, Hughes & Manire, 1994). Parece-nos, no entanto, de salientar que o que ressalta dos nossos resultados é o facto de os comportamentos de obediência, no seu todo, aumentarem ao longo da idade. Na discussão destes resultados devemos tomar em consideração pelo menos dois aspectos. Por um lado, o facto de a amostra ser constituída por crianças muito jovens e, portanto, de estarmos face a uma situação de emergência dos comportamentos de obediência face a um adulto. Por outro lado, foi utilizada uma situação de interacção diádica de carácter laboratorial que, ao contrário da situação naturalista, implica uma maior proximidade física da mãe face à acção da criança, e que tenderá a promover uma maior frequência de obediência situacional do que de obediência auto-regulada.

Em relação aos comportamentos de desobediência, os mais frequentes são nitidamente os comportamentos de desobediência passiva, o que está de acordo com a literatura. Estes comportamentos apresentam uma correlação negativa significativa com a idade das crianças, mais uma vez de acordo com a literatura revista (cf. Kuczynski & Kochanska, 1990). Todos os outros comportamentos de desobediência são menos frequentes. Tal como seria de esperar, a recusa simples e a negociação tendem a aumentar com a idade (Kuczynski et al., 1987; Power et al., 1994).

Relativamente aos comportamentos de controlo maternos, as correlações observadas com a idade cronológica das crianças permitem verificar que as mães de crianças mais velhas fazem uso de directrizes menos específicas, e com um nível inferior de directividade sintáctica; do ponto de vista semântico, recorrem mais a atenuantes mais exigentes cognitivamente (como a indução) e menos a agravantes com pouca afirmação do poder (como a insistência). De facto, as crianças mais velhas precisam menos de pistas claras específicas para orientar a sua acção (tarefa de arrumar os brinquedos), bastando-lhe indicações de carácter genérico para perceber o que têm a fazer. Da mesma forma, as mães usam menos frases no imperativo, mostrando-se assim menos directivas. No que respeita aos atenuantes semânticos, o uso de menor directividade é notório na utilização estatisticamente significativa de mais explicações e orientações conjuntas e no menor uso de demonstrações (também pouco frequente). Relativamente aos agravantes semânticos, as verbalizações com menos afirmação do poder (insistência) diminuem à medida que a idade das crianças aumenta e as verbalizações com mais afirmação do poder aumentam (declaração de obrigatoriedade), o que pode indicar uma atitude de maior exigência por parte das mães; as verbalizações mais coercivas são, porém, pouco utilizadas neste contexto. A título de síntese, podemos afirmar que, à medida que a idade das crianças aumenta, assiste-se a uma tendência para as mães a) utilizarem directrizes menos específicas e mais genéricas, b) do ponto de vista sintáctico, serem menos directivas, c) do ponto de vista semântico, utilizarem directrizes mais elaboradas que fazem apelo à colaboração e menos directrizes simplistas e, ainda, afirmarem claramente o que pretendem usando menos a repetição. A tendência para a menor directividade sintáctica e para a maior elaboração e exigência observada ao longo da idade estará possivelmente relacionada com a compreensão mais complexa que a criança tem do que lhe é pedido já que, por um lado, como vimos atrás, as crianças obedecem mais e, por outro lado, as mães realizam menos a tarefa em vez destas.

Uma vez explicitada a tendência desenvolvimental que caracteriza, quer os comportamentos das crianças, quer os comportamentos das mães, interessa-nos perceber se, para além da idade cronológica da criança, os comportamentos de controlo maternos também influenciam os comportamentos de obediência e de desobediência da criança. Foram assim desenvolvidos modelos de regressão para cada um dos comportamentos da criança, à excepção da obediência auto-regulada. Estes modelos permitem perceber o jogo de influências dos comportamentos de controlo maternos e da idade cronológica da criança.

A obediência situacional é explicada em grande parte pelos comportamentos de controlo materno mais específicos e usados na forma declarativa. Estes dados estão de acordo com as conclusões de Kalb e Loeber (2003) de que, nas crianças mais novas, as directrizes mais específicas estão associadas a níveis superiores de obediência. O facto de os resultados não permitirem avançar para um modelo de regressão explicativo da variância da obediência auto-regulada não nos permite estabelecer uma visão comparativa. Parece porém claro que este comportamento de obediência da criança decorre de instruções precisas dadas pela mãe e do facto desta não arrumar em vez da criança, permitindo-lhe o cumprimento da tarefa.

A desobediência passiva é, de entre os comportamentos de desobediência, o mais frequente. Apresenta uma associação negativa com a idade cronológica, o que apoia a conotação de imaturidade atribuída a este comportamento (Kuczynski & Kochanska, 1990). Os comportamentos de insistência (agravante de baixa intensidade) e de orientação conjunta (atenuante) revelam-se como estratégias que contribuem para que a criança ignore as directrizes da mãe. É provável que estas estratégias pouco directivas provoquem na criança alguma inércia face às directrizes maternas. Finalmente, o facto de a mãe realizar a tarefa em vez da criança parece tanto um consequente como um antecedente, ou seja, se a criança não arruma, a mãe fá-lo-á, o que por sua vez reforça a desobediência passiva.

A recusa simples tende a aumentar com a idade cronológica da criança (o que está de acordo com Kuczynski e Kochanska, 1990), e a ser mais frequente quando as mães se posicionam como parceiras na realização da tarefa, não usando reforços positivos nem insistências. É um comportamento considerado “intermédio”, no que respeita à competência da criança, pois sendo directo, não é aversivo (Kuczynski & Kochanska, 1995). De acordo com os resultados deste estudo, para além da idade cronológica, a sua existência é em parte explicada pela inexistência de reforços positivos. Estes resultados salientam a importância das contingências externas na determinação do comportamento adequado da criança na faixa etária estudada.

O desafio directo, como foi referido atrás, é um comportamento aversivo apresentado pela criança; neste estudo, não aparece relacionado com a idade cronológica mas sim, em exclusivo, com as verbalizações coercivas utilizadas pelas mães. A literatura tem mostrado que pais responsivos aos interesses da criança promovem nesta comportamentos de obediência às suas directrizes, ou seja, comportamentos considerados responsivos (Kochanska & Aksan, 1995; Wahler & Meginnis, 1997). Nesta mesma linha, os resultados por nós encontrados mostram que o comportamento não responsivo (aversivo) das crianças é explicado pelo comportamento não responsivo (aversivo) das suas mães.

Finalmente, a negociação é uma forma de desobediência mais elaborada por parte da criança e é explicada positivamente pelos comportamentos indutivos utilizados pelas mães. Estes dados estão de acordo com os estudos que apontam para o efeito modelador dos comportamentos argumentativos e explicativos dos pais em relação aos seus filhos. Estas crianças aprendem desde cedo a argumentar e percebem que existe espaço na sua relação com as mães para negociar formas de acção mais adequadas aos seus interesses.

Ao tentarmos identificar os comportamentos de controlo maternos que melhor explicam o comportamento da criança, reforçamos a ideia de que os comportamentos de desobediência por parte da criança não devem ser considerados de forma homogénea. De facto, alguns destes comportamentos -desobediência passiva e recusa simples - são explicados em grande parte pela idade cronológica, enquanto o desafio directo e a negociação estão associados apenas a comportamentos maternos.

Nos modelos de regressão criados assumimos a existência de relações de causalidade entre o comportamento da mãe e o comportamento da criança. Estamos, porém, cientes que o estudo mais aprofundado destas relações passa pela consideração de dois aspectos: (1) a influência das características da criança no seu próprio comportamento e (2) a bidireccionalidade das influências na díade mãe-filho. Relativamente ao primeiro aspecto, para além da idade cronológica, haverá a considerar outras variáveis da criança, nomeadamente o temperamento e o nível de desenvolvimento. Relativamente ao segundo aspecto, estando o estudo aqui apresentado inscrito num projecto de investigação mais amplo que contempla a recolha de dados em vários momentos, segundo um planeamento longitudinal, esperamos poder construir modelos mais complexos que permitam contemplar a riqueza de influências presente nas relações entre mães e filhos.

 

Referências

Briggs-Gowan M. J., Carter A. S., Bosson-Heenan J., Guyer A. E., & Horwitz, S. M. (2006). Are infant-toddler social-emotional and behavioral problems transient?. Journal of the American Academy of Child Adolescence and Psychiatry, 45, 849-858.         [ Links ]

Dix, T., Stewart, A., Gershoff, E., & Day, W. (2007). Autonomy and children’s reactions to being controlled: Evidence that both compliance and defiance may be positive markers in early development. Child Development, 78, 1204-1221.         [ Links ]

Erikson, E. (1963). Childhood and society. New York: Norton.         [ Links ]

Griffiths, R. (1996). The Griffith’s Mental Development Scales, from birth to 2 years: Manual. S. L.: The Test Agency.         [ Links ]

Kalb, L. M., & Loeber, R. (2003). Child disobedience and noncompliance: A review. Pediatrics, 111, 641-652.         [ Links ]

Kochanska, G. (1995). Children’s temperament, mothers’ discipline, and security of attachment: Multiple pathways to emerging internalization. Child Development, 66, 597-615.         [ Links ]

Kochanska, G. (2002). Committed compliance, moral self, and internalization: A mediational model. Developmental Psychology, 38, 339-351.         [ Links ]

Kochanska, G., & Aksan, N. (1995). Mother-child mutually positive affect, the quality of child compliance to requests and prohibitions, and maternal control as correlates of early internalization. Child Development, 66, 236-254.         [ Links ]

Kochanska, G., Tjebkes, T. L., & Forman, D. R. (1998). Children’s emerging regulation of conduct: Restraint, compliance, and internalization from infancy to the second year. Child Development, 69, 1378-1389.         [ Links ]

Koenig, A. M., Cicchetti, D., & Rogosch, F. (2000). Child compliance/ noncompliance and maternal contributors to internalization in maltreating and nonmaltreating dyads. Child Development, 71, 1018-1032.         [ Links ]

Kopp, C. B. (1982). Antecedents of self-regulation: A developmental perspective. Developmental Psychology, 18, 199-214.         [ Links ]

Kopp, C. B. (1987). The growth of self-regulation: Caregivers and children. In N. Eisenberg (Ed.), Contemporary topics in developmental psychology (pp. 34-52). New York: John Wiley & Sons.         [ Links ]

Kuczynski, L., & Kochanska, G. (1990). Development of children’s noncompliance strategies from toddlerhood to age 5. Developmental Psychology, 26, 398-405.         [ Links ]

Kuczynski, L., & Kochanska, G. (1995). Function and content of maternal demands: Developmental significance of early demands for competent action. Child Development, 66, 616-628.         [ Links ]

Kuczynski, L., Kochanska, G., Radke-Yarrow, M., & Girnius-Brown, O. (1987). A developmental interpretation of young children’s noncompliance. Developmental Psychology, 23, 799-806.         [ Links ]

Londerville, S., & Main, M. (1981). Security of attachment, compliance, and maternal training methods in the second year of life. Developmental Psychology, 17, 289-299.         [ Links ]

Maccoby, E. E., & Martin, J. A. (1983). Socialization in the context of the family: Parent-child interaction. In P. H. Mussen (Series Ed.) & E. M. Hetherington (Vol. Ed.), Handbook of Child Psychology: Vol. 4. Socialization, personality, and social development (4th ed., pp. 1-101). New York: Wiley.         [ Links ]

Mathiesen, K. S., & Sanson, A. (2000). Dimensions of early childhood behaviour problems: Stability predictors of change from 18 to 30 months. Journal of Abnormal Child Psychology, 28, 15-31.         [ Links ]

Power, T. G., & Chapieski, M. L. (1986). Childrearing and impulse control in toddlers: A naturalistic investigation. Developmental Psychology, 22, 271-275.         [ Links ]

Power, T. G., McGrath, M. P., Hughes, S. O., & Manire, S. H. (1994). Compliance and self-assertion: Young children’s responses to mothers versus fathers. Developmental Psychology, 30, 980-989.         [ Links ]

van Zeijl, J., Mesman, J., Stolk, M. N., Alink, L. R., van Ijzendoom, M. H., Bakermans-Kranenburg, M. J., Juffer, F., & Koot, H. M. (2006). Terrible ones? Assessment of externalizing behaviours in infancy with the child behaviour checklist. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 4, 801-810.         [ Links ]

Wahler, R. G., & Meginnis, K. L. (1997). Strengthening child compliance through positive parenting practices: What works?. Journal of Clinical Child Psychology, 26, 433-440.         [ Links ]

 

Financiado por

Esta investigação foi financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (Referência: POCTI/PSI/35207/2000). O presente artigo desenvolve e aprofunda uma comunicação, integrada num painel temático sobre “Interacções entre pais e filhos”, apresentada no contexto do VI Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia, Évora, Portugal, 28 a 30 de Novembro de 2006 e uma comunicação apresentada na 13th European Conference on Developmental Psychology, Jena, Alemanha, 2007.