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Psicologia, Saúde & Doenças

versão impressa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.15 no.2 Lisboa jun. 2014

 

Padrão de consumo e expectativas em relação ao cigarro entre universitários

Pattern of consumption and expectations in relation to smoking among college students

 

Fernanda Lopes , Sílvia Mendes da Cunha, Murilo Zibetti, & Lisiane Bizarro

Programa de Pós Graduação em Psicologia, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto alegre, Brasil

 

Endereço para Correspondência

 

RESUMO

Fatores como baixa escolaridade e baixa renda são tradicionalmente associados ao tabagismo. Entretanto, estudantes universitários fumam mais do que a população geral. Este estudo teve como objetivo conhecer o padrão de uso de cigarro entre universitários fumantes e quais aspectos psicológicos e comportamentais estão associados a este consumo. Dados sobre o comportamento de fumar de 95 universitários fumantes de Porto Alegre mostraram que 83% dos participantes apresentaram índice sugestivo de abuso e 15% de dependência no ASSIST. No FTND, 81% mostraram nível de dependência leve, 4% moderado e 14% elevado. Expectativas de alívio da tensão (87%), de aumento da sociabilidade (63%) e do estado de alerta (41%) foram identificadas como crenças positivas relacionadas ao cigarro, apesar de preocupados com os riscos de doenças tabaco-relacionadas. Tais expectativas demonstram uma lacuna com relação a informações relevantes na adoção de comportamentos saudáveis em longo prazo, assim como de estratégias específicas nos programas de cessação do tabagismo para essa população.

Palavras-chave - tabagismo, saúde, universitários, comportamento, expectativas

 

ABSTRACT

Factors such as low education level and low income are traditionally associated with smoking. However, college students smoke more than general population. This study aimed to understand the pattern of cigarette smoking among college students, as well as psychological and behavioral aspects related to consumption. Data from 95 college smokers from Porto Alegre showed that 83% of participants showed a tendency to abuse level and 15% a tendency to dependence level in ASSIST questionnaire. In FTND, 81% showed mild, 4% moderate and 14% high level of nicotine dependence. Expectations as stress relief (87%), sociability increase (63%) and alertness (41%) were identified as positive beliefs related to smoking, although they were concerned about tobacco-related diseases risks. Such expectations show a gap related to an important information about healthy behaviors in long term, as well as specific strategies in smoking cessation programs for college students.

Key- words - smoking, health, college students, behavior, expectations.

 

Estudos sobre hábitos de consumo e fatores de risco associados ao comportamento de fumar em adolescentes e adultos jovens realizados entre 2003 e 2006 mostraram uma tendência mundial de aumento da prevalência de uso de cigarro entre esta população, principalmente entre os estudantes universitários (Almeida & Mussi, 2006; Andrade et al., 2006; Fraga, Ramos, & Barros, 2006; Zanini, Moraes, Trindade, Riboldi, & Medeiros, 2006). De acordo com o I Levantamento Nacional Sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras, realizado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), o consumo de álcool, tabaco e outras drogas entre os universitários é mais freqüente do que na população em geral, o que sugere a necessidade de maior conhecimento sobre a questão com o intuito de serem estabelecidas ações de prevenção e de políticas específicas dirigidas para esse segmento (Andrade, Duarte, & Oliveira, 2010).

Porto Alegre é a cidade que lidera o ranking de fumantes no Brasil em 2011 com um índice de 22,6%, seguida por Curitiba (20,2%) e São Paulo (19,3%). Conforme dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (INCA, 2013), um quarto dos homens (24,6%) e um quinto das mulheres (20,9%) dessa cidade têm o hábito de fumar. Por outro lado, o número de fumantes brasileiros vem diminuindo, pois o índice passou de 16,2% em 2006 para 14,8% em 2011. Entretanto, esta redução na prevalência do fumo na população brasileira deveu-se à diminuição significativa entre os homens (diminuíram a uma taxa média de 0,6% ao ano), pois entre mulheres e jovens de 18 a 24 anos o índice tem se mantido estável nos últimos cinco anos (INCA, 2013). Estes dados mostram que as políticas públicas como proibição de propagandas do tabaco e adoção de ambientes livres da fumaça do cigarro têm se mostrado eficazes principalmente entre o público masculino. Contudo, ações do governo voltadas ao público jovem, como a recente proibição da ANVISA dos aditivos de sabor e odor, precisam ser mais pesquisadas e melhor desenvolvidas.

Pesquisas revelam que o hábito de fumar tem se instalado cada vez mais precocemente, com idade de início próxima aos 16, 17 anos (Andrade et al., 2006; Halty et al., 2002; Malcon, Menezes, Maia, Chatkin, & Victora 2003). Considerando a neurobiologia do uso de substâncias, é compreensível que a adolescência seja o período de experimentação, visto que o córtex pré-frontal, responsável pelo controle de impulsos e planejamento das ações, ainda não está completamente maduro (Diehl, Cordeiro, & Laranjeira, 2011). À medida que não se consegue avaliar as consequências negativas em longo prazo, o prazer imediato proporcionado pela nicotina e, principalmente, o sentimento de pertencer ao grupo de iguais (colegas que fumam) são importantes reforçadores para que o uso “recreacional” ou ocasional se torne cada vez mais frequente e se generalize para diversos contextos. Já foi demonstrado entre universitários fumantes que maior impulsividade está associada a maiores expectativas de recompensas positivas e a reforços negativos (como aliviar desconforto) referentes ao comportamento de fumar. Assim, jovens impulsivos que ainda não são fumantes regulares e que tem expectativas positivas em relação ao cigarro, são mais propensos a se tornarem dependentes e menos propensos a pararem de fumar (Doran, McChargue, & Cohen, 2007; VanderVeen, Cohen, Trotter, & Collins, 2008).

Estudo realizado com estudantes universitários sobre expectativas em relação a cigarros com sabor (mentolado) revelou que este tipo de cigarro aumentava as expectativas positivas (como maior aceitabilidade social e divertimento devido ao melhor sabor e odor) e diminuía as negativas (riscos a saúde) tanto em fumantes como em não fumantes (Ashare et al., 2007). Uma vez que expectativas positivas predizem maiores intenções para fumar (Ashare et al., 2007; Doran, McChargue, & Cohen, 2007; Schleicher et al., 2008), a proibição de cigarros com sabor torna-se uma importante estratégia para a inibição da iniciação e do escalonamento do comportamento de fumar entre jovens. No ambiente da universidade acontece grande exposição ao álcool, tabaco e outras drogas, além de normas sociais que favorecem o consumo (Rigotti, Moran, & Wechsler, 2005). O ingresso no ensino superior, além de inaugurar um período de maior autonomia, é também um momento de maior vulnerabilidade a comportamentos de risco, tornando os jovens mais suscetíveis ao uso de drogas e suas conseqüências, uma vez que as expectativas positivas em relação aos efeitos do cigarro e do álcool sobrepõem-se às negativas (Andrade et al., 2010; Peuker, Fogaça, & Bizarro, 2006).

Expectativas são processos psicológicos que usam experiências e crenças sobre determinado comportamento, pensamento ou emoção para guiar futuros comportamentos. Em relação ao cigarro, podem ser positivas (crença de que vai melhorar o humor, a sociabilidade ou controlar o peso) ou negativas (riscos para a saúde); e podem estar relacionadas aos efeitos físicos (alterações nas sensações e efeitos fisiológicos da droga, como relaxamento), psicológicos (cognições e estados emocionais alterados, como alívio do estresse), e comportamentais (mudanças nos atos e comportamento manifesto, como melhora da sociabilidade) do fumar. Tais expectativas sofrem influências da família, da cultura e dos parceiros com quem a pessoa se relaciona, pois embora haja a predisposição dos fatores individuais, a influência dos agentes sociais é bastante poderosa (Pedroso et al.,2006). Estímulos ambientais como festas, bares e shows, onde o fumar está associado ao aumento do prazer (reforço positivo), influenciam diretamente na motivação para a experimentação (Gilpin, White, & Pierce, 2005; Levinson et al., 2007). Os ditos fumantes sociais ou fumantes fantasmas (Choi, Choi, & Rifon, 2010), na maioria das vezes, não se identificam como fumantes, o que faz com que as consequências negativas do consumo do cigarro não sejam consideradas por eles e com que não apresentem motivação para parar de fumar (Berg et al., 2009). As estratégias de tratamento e as políticas de enfrentamento ao uso de cigarro devem ser estruturadas tendo em vista as peculiaridades dessa classe de consumidores.

Nessa população específica o comportamento de consumo de cigarro é considerado oportunista. Ou seja, depende da oportunidade e da disponibilidade de cigarros. A decisão de fumar diminui quando os universitários estão em locais onde o cigarro não é permitido, como em ambientes livres de tabaco. De outro modo, em ambientes muito permissivos e altamente relacionados ao uso como festas e encontros sociais o consumo de cigarros tende a aumentar. Pesquisa utilizou um diário eletrônico onde os universitários deveriam indicar onde estavam e responder algumas perguntas minutos antes de fumar, os maiores preditores de comportamento de consumo foram: estar em locais abertos, a presença de outros fumando e estar em ambientes onde fumar era permitido (Cronk & Piasecki, 2010).

Algumas expectativas servem de reforço positivo como as de facilitação social (“eu me sinto parte de um grupo quando estou entre outros fumantes”), controle de peso (“fumar ajuda a manter o meu peso baixo”), efeito estimulante (“quando eu fumo, me sinto com mais energia”), efeito sensorial (“eu gosto do sabor do cigarro”) (McChargue, Spring, Cook, & Neumann, 2004; Schleicher, Harris, Catley, Harrar, & Goldbeck, 2008). Outras servem como reforço negativo como a redução de afetos negativos (“fumar me acalma quando estou nervosa”), a melhora da depressão (“fumar me ajuda a melhorar o humor) e adiminuição do tédio (“quando estou sozinha, fumar me ajuda a passar o tempo”) (McChargue et al., 2004; Morrell, Cohen, & McChargue, 2010). E apenas poucas se referem a expectativas negativas em relação ao cigarro, como riscos para a saúde (“fumar prejudica minha saúde”), sensações físicas negativas (“minha garganta dói após fumar”) e impressões sociais negativas (“pareço menos atraente quando estou fumando”) (Schleicher et al., 2008). Contudo, expectativas de conseqüências positivas em relação ao cigarro exercem maior influência na manutenção do comportamento de fumar do que exercem as expectativas negativas na decisão de fumar menos ou parar de fumar (McChargue et al., 2004; Schleicher et al., 2008). Em outras palavras, fumantes são mais motivados a pensarem sobre os benefícios do seu comportamento de fumar com objetivo de amenizar o conhecimento de que estão se engajando conscientemente em um comportamento de risco.

Neste cenário, diversas medidas para reduzir o tabagismo vêm sendo lideradas pelo Ministério da Saúde, no Brasil. Dentre elas, destacam-se a proibição de publicidade do tabaco, a adesão à Convenção-Quadro do Controle do Tabaco de 2005, a adoção de ambientes livres da fumaça do cigarro, o aumento das alíquotas dos impostos para 85%, a proibição de fumódromos e a ampliação do espaço reservado às advertências sobre os efeitos danosos do fumo nos maços (INCA, 2013). Tais políticas públicas têm se mostrado eficazes, visto que o percentual de fumantes na população geral atualmente é menos da metade do índice de 1989, quando a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou 34,8% de fumantes na população.

Sendo o tabagismo um problema de saúde pública, e a ele relacionados altos índices de morbidade e mortalidade (Araújo et al., 2007; Gigliotti, et al., 2001; Pasqualotti et al., 2008), é importante que estudos possam explorar os aspectos relacionados ao início e a transição do uso ocasional para a dependência. Expectativas de reforço negativo (como alívio de sentimentos desagradáveis) podem influenciar a iniciação do comportamento de fumar, mas expectativas de reforço positivo (como aumentar o prazer em festas) são mediadores muito mais poderosos para que ocorra esta iniciação. Assim, são objetivos do presente estudo investigar o padrão de consumo de cigarros entre jovens universitários, bem como entender os diferentes contextos que incitam mais vontade de fumar e as expectativas psicológicas que tangenciam este comportamento. Busca-se, com isso, contribuir para embasar estratégias de prevenção e tratamento junto à população jovem.

 

MÉTODO

Participantes

Para este estudo transversal foram analisados os dados de 95 universitários fumantes de duas instituições de ensino superior da cidade de Porto Alegre, sendo uma pública e uma privada. A amostra nesses estudos foi não probabilística, selecionada por conveniência utilizando a técnica snowball sampling, também conhecida por cadeia de informantes ou método bola-de-neve, na qual o conjunto de informantes é indicado por um ou dois informantes iniciais (Pádua, 2000).

Os critérios de inclusão foram que fumassem pelo menos um cigarro por dia, que estivessem realizando curso de graduação e que tivessem idade entre 18 e 30 anos. Como critério de exclusão foi considerado uso de medicamentos que atuam no sistema nervoso central e diagnóstico de doenças psiquiátricas ou neurológicas.

Os universitários fumantes (n=95) que participaram deste estudo tinham média de 23 anos de idade (DP=2,79) e eram, na maioria, solteiros (91,2%, n=83) e mulheres (n=60). Como não foram apresentadas diferenças significativas entre homens e mulheres em todas as variáveis investigadas, os resultados não serão separados por sexo. Os participantes estavam entre o primeiro e o décimo semestre da faculdade (M=4,62; DP=2,91).

Material

Para o objetivo deste estudo foram analisados quatro instrumentos respondidos pelos universitários fumantes: uma ficha com dados biosociodemográficos; um questionário sobre o comportamento de fumar; o teste de dependência de nicotina de Fagerström; e o Teste de Triagem do Envolvimento com Álcool, Tabaco e outras Substâncias.

A ficha de dados sócio-demográficos foi utilizada para caracterizar a amostra em relação à idade, estado civil, renda mensal e aspectos gerais de saúde. O questionário sobre o comportamento de fumar foi criado para obter informações sobre o histórico do consumo do cigarro e os diferentes padrões de uso; como o tempo e a freqüência do uso e os diferentes contextos que incitam mais vontade de fumar (como situações de estresse, final de refeições, encontros sociais). Este questionário (pode ser acessado em Cunha, 2010; Lopes, 2009) foi baseado na Escala de Motivos para Fumar (The Modified Reasons for Smoking Scale) desenvolvida e validada na versão francesa e inglesa por Berlin, Singleton e Pedarriosse (2003) e recentemente validado no Brasil como Escala Razões para Fumar Modificada (Souza, Crippa, Pasian, & Martinez, 2009); e nas questões do Questionário de Conseqüências do Fumar (Smoking Consequences Questionnaire) criado e validado na Espanha por Cepeda-Benito & Reig-Ferrer (2004).

O Teste de Dependência de Nicotina de Fagerström (Fagerström Test for Nicotine Dependence - FTND) foi utilizado para avaliar a severidade da dependência da nicotina. Foi desenvolvido por Heatherton, Kozlowski, Frecker e Fagerström (1991) como uma revisão do original Fagerström Tolerance Questionnaire (FTQ; Fagerström,1978 e adaptado para a população brasileira em 2002 (Carmo & Pueyo, 2002). Contém seis itens, sendo que quatro variam o escore de zero a um, e dois variam escore de zero a três, podendo somar uma pontuação máxima de dez pontos. Escores totais entre três e quatro indicam baixo nível de dependência, escore igual a cinco indica nível moderado e escores maiores do que seis indicam alta dependência de nicotina. Neste estudo, escores até quatro foram considerados baixa dependência e escores maiores ou iguais a cinco, dependência alta.

O Teste de Triagem do Envolvimento com Álcool, Tabaco e outras Substâncias foi utilizado para investigar padrão de consumo de outras drogas além do tabaco. Foi traduzido do original Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test (ASSIST) e validado no Brasil por Henrique, De Micheli, Lacerda, Lacerda e Formigoni (2004). O questionário contém oito questões sobre o uso de nove classes de substâncias psicoativas (tabaco, álcool, maconha, cocaína, estimulantes, sedativos, inalantes, alucinógenos e opiácios). Cada resposta corresponde a um escore, que varia de 0 a 4, sendo que a soma pode variar de 0 a 20. A faixa de escore global de 0 a 3 é indicativa de uso ocasional, de 4 a 15 é indicativa de abuso e maior ou igual a 16, de dependência.

Procedimento

Os dados foram compilados a partir de bancos de dados de dois outros estudos sobre viés de atenção para pistas associadas ao cigarro entre universitários fumantes e não fumantes (Cunha, 2010; Lopes, 2009), aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (registros de nº 25000.089325/2006-58, protocolo nº 46/2008; e registros de nº25000.089325/2006-58, protocolo nº2009/019). Os dados dos não fumantes e do viés de atenção não foram considerados aqui porque o objetivo é entender qual o padrão de uso de cigarro entre universitários fumantes e quais aspectos psicológicos e comportamentais estão associados a este consumo.

Os participantes de ambos estudos foram recrutados no campus saúde da UFRGS através de convites em sala de aula ou no pátio do prédio e os demais através da indicação dos primeiros pela técnica da bola de neve. Os alunos que concordaram em participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e responderam os questionários individualmente, sob supervisão da pesquisadora responsável, no Laboratório de Psicologia Experimental, Neurociências e Comportamento (LPNeC) da UFRGS. A ordem de apresentação dos instrumentos foi randomizada para cada um dos participantes.

Para o presente estudo foram selecionados dos bancos de dados somente os fumantes e foram analisados apenas os instrumentos descritos acima.

 

RESULTADOS

Em relação à quantidade de cigarros consumidos por dia, a maioria destes universitários (52,6%; n=50) fumava menos de dez cigarros por dia. Os demais (44,2%; n=42) fumavam entre 10 e 20 cigarros por dia, sendo que nenhum participante relatou consumo maior do que um maço diário (20 cigarros). Três participantes não responderam essa pergunta.

A média de idade de início do uso de tabaco foi aos 16 anos (DP=4,24). Quanto ao tempo de consumo, aproximadamente 70% (n=66) fumava há mais de dois e menos de dez anos, sendo que nesse grupo há uma distribuição semelhante entre aqueles que fumam entre dois e cinco anos (35%; n=31) e os que fumam entre cinco e dez anos (35%; n=35). Apenas 10% (n=10) haviam começado a fumar há menos de dois anos e 20% (n=19) há mais de dez anos.

No que se refere ao padrão de consumo de cigarro, em torno de 83% (n=79) dos participantes apresentaram índice sugestivo de abuso indicado pelo ASSIST. Já 14,7% (n=14) apresentaram índice sugestivo de dependência, e 1,1% (n=1) índice sugestivo de uso ocasional. Já os resultados de dependência segundo o FTND mostraram que 81,1% (n=77) apresentavam níveis de dependência entre muito leve e leve, 4,2% (n=4) apresentam nível médio, e 13,7% (n=13) apresentam escores de dependência elevada e muito elevada. Tanto no ASSIST quanto no FTND, os dados de um participante não puderam ser utilizados na análise por preenchimento incompleto

Em relação ao uso de outras drogas, 89% (n=84) dos universitários fumantes entrevistados apresentaram escore indicativo de abuso de álcool e 4% (n=4) sugestivo de dependência. Sobre a maconha, 24% (n=23) apresentou índice sugestivo de abuso e 4% (n=4) de dependência; enquanto que na avaliação do uso de cocaína 3% (n=3) apresentou índice sugestivo de abuso e ninguém pontuou escore sugestivo de dependência.

Na investigação do contexto relacionado ao tabagismo, os dados sobre o hábito de fumar dessa amostra sugerem que alguns comportamentos em especial eliciam o consumo de tabaco em grande parte dos fumantes universitários. Na figura 1 é possível observar a freqüência de respostas positivas a sentir vontade de fumar nos diversos contextos perguntados. O uso do álcool foi citado por 95,8% dos participantes como provocador de vontade de fumar, seguido de encontros sociais (94,7%) e situações de estresse (94,7%). Destaca-se que o simples fato de estar no ambiente da faculdade foi citado por quase 70% dos universitários como provocador da vontade de fumar.

Quanto às expectativas físicas relacionadas ao tabaco, de maneira geral, esses fumantes indicaram gostar de sentir a fumaça entrando na boca (82,1%; n=78), e de segurar o cigarro 66,3% (n=63). Já minoria respondeu que gosta do cheiro do cigarro (20%; n=19). Quanto às expectativas psicológicas e comportamentais relacionadas ao consumo de tabaco, a maioria (87,4%; n=83) dos participantes referiu que o uso do cigarro o acalma em situações de estresse e tensão. Além disso, 69,5% (n=66) indicaram que quando estão chateados ou tristes o cigarro ajuda a melhorar. O cigarro foi visto como uma forma de ajudar passar o tempo e uma forma de companhia, respectivamente por 80% (n=76) e por 73,7% (n=70) da amostra. Já 63,2% dos participantes (n=60) consideraram sentir-se mais sociável e descontraído quando está fumando. Não houve diferença significativa entre a proporção de fumantes universitários sentem-se e os que não se sentem mais bem humorado após fumar (56,8%; n=54) e, também nos que sentem que o cigarro ajuda a ficar alerta (41,1%, n=39) e os que não percebem este efeito (57,9%, n=55). Poucos participantes referem ter mais energia após fumar um cigarro (27,7%; n=26), o mesmo percentual que se sente desconfortável quando não fuma (27,7%; n=26), utilizam o cigarro para manter o peso baixo (17,9%; n=17).

Na figura 2, estão elencadas as freqüências relativas à preocupação com hábito de fumar e a percepção subjetiva de risco dos participantes da amostra em relação ao seu padrão de consumo de tabaco.

Em relação à figura 2, observa-se que a maioria dos participantes está preocupada com os riscos do tabagismo e fuma com maior frequência do que gostaria. Contudo, uma minoria pensa que consumir tabaco afeta sua vida diária ou considera que consome muito tempo nas rotinas relacionados aos comportamentos de fumar. É provável que a relação dessas variáveis explique por que, mesmo preocupados com as consequências do uso do cigarro, pouco mais da metade dos usuários tenham tentado, efetivamente, parar de fumar.

Após a verificação do perfil de consumo e expectativas relacionados ao fumar da amostra em geral, foram verificadas algumas diferenças no perfil entre o grupo de jovens que relatou fumar até 10 cigarros por dia (n=51) e o grupo de jovens que relatou fumar mais de dez cigarros por dia (n=44), que estão apresentadas no Quadro 1. Não houve diferenças significativas entre os grupos em relação à idade de início do uso de cigarro (p=0,13), a distribuição por sexo por grupo (c2=1,8; gl=1; p=0,18), no nível de dependência medido pelo FTND (c2=4,8; gl=4; p=0,37) ou pelo nível medido pelo ASSIST (c2=1,8; gl=2; p=0,40).

 

 

Em conjunto, estes resultados podem significar que esta amostra, apesar de preocupada com os riscos de doenças tabaco-relacionadas, se deixa influenciar mais pelas expectativas positivas dos efeitos do cigarro. Provavelmente por ser um público jovem, valoriza mais o prazer imediato do que a manutenção da saúde a médio e longo prazo, mantendo o comportamento de uso.

 

DISCUSSÃO

Este estudo teve como objetivo conhecer o padrão de uso de cigarro entre universitários fumantes e entender quais aspectos psicológicos (expectativas) e comportamentais estão associados a este consumo. Em relação ao padrão de uso, a maioria dos participantes (81,1%; n=77) apresentou níveis de dependência entre muito leve e leve, relatou consumo igual ou inferior a 10 cigarros por dia e iniciou o hábito de fumar no período próximo ao ingresso na universidade (17 anos); características também reveladas em outros estudos com jovens fumantes (Andrade et al.,2006; Lopes, 2009; Nichter, Nichter, & Carkoglu, 2007).

Na investigação dos contextos relacionados ao tabagismo, situações onde o álcool está presente, encontros sociais e situações de estresse foram citados por quase todos os fumantes deste estudo (95,8%, 94,7% e 94,7%, respectivamente) como provocadores da vontade de fumar. Alerta-se, ainda, para o alto índice de padrão prejudicial de consumo de álcool entre estes universitários fumantes, uma vez que 89% apresentaram escores indicativos de abuso e 4% de dependência de álcool. Estudo sobre influências psicológicas e sociais nas diferentes fases do fumar entre adolescentes (Lloyd-Richardson, Papandonatos, Kazura, Stanton, & Niaura, 2002) revelou que o uso de álcool se mostrou um forte preditor para o comportamento de fumar entre jovens. Porém, pareceu ter um maior impacto na transição dos nunca fumantes para a experimentação e para se tornarem fumantes infrequentes, e menos impacto para o estabelecimento de fumantes regulares. Em contrapartida, o fumo por pares (namorados e amigos) se mostrou o maior preditor da progressão do fumar. Embora tenha mostrado menos influência do que o álcool como fator preditor de experimentação, o fumo por pares mostrou que estudantes que tinham pelo menos dois amigos fumantes eram mais de seis vezes propensos a passarem de fumantes experimentais para intermitentes e quase dez vezes mais propensos a se tornarem fumantes regulares.

O presente estudo contribuiu com um conjunto de evidências da associação entre consumo de álcool e comportamento de fumar, o que sugere que ações de prevenção e tratamento para este público devem abordar as duas drogas em conjunto, à medida que a exposição a uma delas servirá de “gatilho” para o uso da outra (Cunha & Bizarro, 2011). Em um estudo realizado com universitários os pesquisadores revelaram a associação entre o comportamento de fumar e o consumo de cigarros (Cronk & Piasecki, 2010). A associação desses dois comportamentos de consumo se deve ao condicionamento, mas também à crença de que é esperado ou é aceito entre os pares o fumar junto ao consumo de álcool, principalmente em ambientes permissivos como festas.

Em relação às expectativas psicológicas associadas ao fumar, praticamente 95% dos universitários do presente estudo referiram vontade de fumar em situações de estresse, sendo que 87% responderam que o uso do cigarro os acalma em tais situações. Estudo prévio demonstrou que o comportamento de fumar entre os universitários ocorre geralmente quando há elevação do afeto negativo, o consumo de cigarros seria uma estratégia de enfrentamento de situações estressoras. Existem, então, entre os universitários, expectativas de que o cigarro poderá acalmar, aliviar o estresse e combater o afeto negativo (Cronk & Piasecki, 2010). Ademais, o afeto tem a capacidade de eliciar cognições e antecipar expectativas acerca do uso do cigarro. Em resposta à indução de afeto negativo, universitários apresentarão expectativas no sentido de reforço negativo, ou seja, consumo como alívio do estado de humor negativo (McKee, Hinton,Wall, & Bissonette, 2003). Sintomas de ansiedade também podem estar relacionados ao comportamento de consumo de cigarros, estudo revelou que fumantes têm expectativa de que fumar poderá reduzir níveis de preocupação excessiva e a crença de que o cigarro alivia a tensão (Miklus, McLesh, Schimidt, & Zvolensky, 2012).

Estudo sobre a utilidade social do cigarro em contextos associados ao estresse entre universitários fumantes com baixo nível de dependência de nicotina (Nichter et al., 2007) encontrou que a função do cigarro era aliviar o estresse, ajudar a manter o foco da atenção e concentração nos estudos, servir de recompensa para celebrar o término de uma prova ou sessão de estudos e auxiliar na socialização. Por outro lado, estudo sobre expectativas de reforço negativo entre universitários demonstrou que nas mulheres a relação entre a vulnerabilidade à depressão e a condição de ser fumante foi mediada pelas expectativas de que o cigarro reduziria afetos negativos (Morrell, Cohen, & McChargue, 2010). Tais resultados sugerem que programas de prevenção e controle do tabagismo devem incluir estratégias de tratamento para transtornos de ansiedade e de humor.

Considerando estes dados e os resultados do presente estudo, no qual 70% dos fumantes entrevistados relataram que frequentar a faculdade provoca vontade de fumar, o ambiente universitário pode ser considerado um fator de risco tanto para o tabagismo como para o abuso de álcool. Modelos como de pais e pares fumantes, locais com alta disponibilidade de cigarro e vulnerabilidade pessoal e social têm um importante papel na iniciação do comportamento de fumar, em especial ao longo dos 2 primeiros anos de faculdade. Embora alguns estudantes já tenham experimentado cigarro quando entram na faculdade, muitos outros têm o primeiro contato somente após o ingresso no nível superior, por ser um ambiente de maior exigência académica e também de maior exposição a drogas lícitas e ilícitas (Costa, Jessor, & Turbin, 2007).

Estratégias de prevenção e enfrentamento ao uso de cigarros no ambiente da universidade que ofereçam apoio para lidar com as exigências académicas e com as dificuldades do ingresso, bem como as que reduzam a exposição a modelos de pares fumantes, podem ter um impacto importante na diminuição da exposição de jovens ao tabagismo. Em função dos prejuízos à saúde em consequência tanto do fumo ativo como passivo, um número crescente de instituições tem implantado políticas de “Ambiente livre do Fumo”, pois ambientes 100% livres da fumaça do tabaco são a única maneira comprovada de proteger adequadamente a saúde (INCA, 1996). Esta estratégia, implantada e fiscalizada nas universidades, agiria não só como prevenção a doenças tabaco-relacionadas, mas também para desvincular o comportamento de fumar deste ambiente, que, para a maioria dos fumantes universitários, está associado. Outra estratégia recomendada pela OMS que vigora atualmente é a proibição de propagandas em veículos de comunicação abertos. O fumante universitário de hoje foi exposto à propaganda de cigarro na infância; e considerando a vulnerabilidade deste público à exposição de pistas associadas ao fumar, é importante que esta proibição se mantenha e se generalize para os locais de venda.

Os dados do presente estudo, em conformidade com outros da literatura referidos indicam que os universitários tabagistas são fumantes infreqüentes, com baixo grau de severidade de dependência física e pouco tempo de consumo. Portanto, estes poderiam se beneficiar de estratégias de intervenção precoce para evitar a instalação de graus elevados de dependência nicotínica. Sugere-se que a ênfase seja em estratégias cognitivas e comportamentais, estratégias que tenham impacto congruente com os valores do público jovem. Estas estratégias estimulariam o envolvimento em atividades sociais positivas, como academia e grupos musicais e religiosos, e poderiam ser usadas como alternativa de alívio do estresse em substituição ao cigarro. Além disso, promoveriam a associação (ou emparelhamento) do ato de fumar com mau hálito, com mau cheiro, com hábito fora de moda, com dificuldades de conseguir parceiros e com perda da liberdade (visto que cada vez mais se tornam restritos os locais onde se é permitido fumar). Tais estratégias devem focar uma ressignificação do comportamento de fumar cigarro, resultando em modificação de cognições (expectativas) de reforço positivo ou negativo pelo consumo do cigarro. O objetivo de intervenções voltadas a essa questão é que as consequências negativas do uso a curto, médio e longo prazo sobressaiam-se às expectativas de efeito positivo.

 

REFERÊNCIAS

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Recebido em 14 de Março de 2013/ Aceite em 9 de Junho de 2014