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Psicologia, Saúde & Doenças
versão impressa ISSN 1645-0086
Psic., Saúde & Doenças vol.17 no.3 Lisboa dez. 2016
https://doi.org/10.15309/16psd170314
Eficácia da intervenção multidisciplinar em sobreviventes de cancro de mama
Effectiveness of a multidisciplinary intervention in breast cancer survivors
Tânia Correia1,2, Sara Monteiro1,3,4,5, Ana Torres1,3,6,7, Anabela Pereira1,3,8,Teresa Caetano1,9,10, , & Rita Silva 10,11
1Universidade de Aveiro, Departamento de Educação e Psicologia, Campus Universitário de Santiago, 3810-193 Aveiro, Portugal;
2e-mail: tania.asc@ua.pt;
3CINTESIS - Center for Health Technology and Services Research, Universidade do Porto, Faculdade de Medicina, 4200 - 450 Porto, Portugal;
4Escola Superior de Educação de Coimbra, 3030-329 Coimbra, Portugal.
5e-mail: smonteiro@ua.pt;
6Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis, 3720-126 Oliveira de Azeméis, Portugal.
7e-mail: anatorres@ua.pt;
8e-mail: anabelapereira@ua.pt;
9 Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Vouga II, 3810 Aveiro, Portugal.
10e-mail: tecaetano74@gmail.com;
11e-mail: ftritasilva@gmail.com
Endereço para Correspondência
RESUMO
O número de sobreviventes de cancro de mama tem vindo a aumentar devido aos avanços alcançados na deteção precoce e no tratamento do cancro da mama. A intervenção multidisciplinar tem demonstrado ser eficaz em sobreviventes de cancro da mama. O presente estudo pretende implementar e avaliar um programa de intervenção multidisciplinar em mulheres sobreviventes de cancro da mama. A amostra foi constituída por 19 sobreviventes de cancro da mama distribuídas por dois grupos: 9 com intervenção multidisciplinar e 10 sem qualquer intervenção. Ambos os grupos de sobreviventes foram sujeitos a dois momentos de avaliação: antes e após a intervenção. Os instrumentos utilizados foram o Questionário de Qualidade de Vida da Organização Europeia de Investigação e Tratamento do Cancro com o módulo suplementar de cancro da mama (EORTC QLQ-C3O e BR-23), a Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar (EADH), o Cancer Coping Questionnaire (CCQ), o Inventário Clínico de Autoconceito (ICAC) e o Questionário de Medo de Progressão (QMP). No grupo experimental verificou-se um aumento significativo da subescala função física do domínio da qualidade de vida. No grupo de controlo verificou-se uma diminuição significativa na subescala interpessoal e um aumento significativo no autoconceito total. Conclui-se que o programa multidisciplinar implementado revelou ser eficaz no aumento da qualidade de vida de mulheres portuguesas sobreviventes de cancro da mama.
Palavras-chave: Sobreviventes, cancro da mama, intervenção multidisciplinar
ABSTRACT
The number of survivors of breast cancer has been increasing due to advances in early detection and treatment of breast cancer. The multidisciplinary intervention has been shown to be effective in breast cancer survivors. This study aims to implement and evaluate a multidisciplinary intervention program in women survivors of breast cancer. A sample of 19 breast cancer survivors divided into two groups: 9 were proposed intervention and 10 without intervention. Both groups were monitored within two different moments: before and after intervention. The assessments instruments used were Organization for Research and Treatment of Cancer Quality of Life Questionnaire of the European with the Supplementary Questionnaire Breast Cancer Module (EORTC QLQ-C3O and BR-23), Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS), Cancer Coping Questionnaire (CCQ), Self-Concept Clinical Inventory (ICAC) and Fear of Progression Questionnaire (FoP-Q). Experimental group showed significant increase of physical scale of quality of life domain. In control group showed significant decrease of interpersonal scale and significant increase of total self-concept. Multidisciplinary program implemented reveal effective on quality of life increase of Portuguese women’s breast cancer survivors.
Keywords: Survivors, breast cancer, multidisciplinary intervention.
O cancro é uma das principais causas de mortalidade em todo o mundo sendo previsível a nível mundial que nas próximas duas décadas o número de novos casos de cancro aumente cerca de 70% (WHO, 2015). Os tratamentos e a deteção precoce do cancro da mama têm progredido, refletindo-se num aumento do número de sobreviventes (Akechi et al., 2014). O conceito de sobrevivente de cancro não é um conceito consensual tendo diversas definições. No entanto, os profissionais de saúde definem o sobrevivente de cancro como o indivíduo que não tem evidência de doença (Leigh & Stovall, 2003) sendo esta a definição adotada para o presente estudo.
O cancro confere uma ameaça à integridade física e psíquica confrontando a pessoa com a sua própria vulnerabilidade (Solana, 2005). O diagnóstico de cancro é um momento caracterizado por elevados níveis de stress e de angústia para os indivíduos, podendo influenciar diversas áreas da vida (psicológica, física e social) e determinar várias consequências, nomeadamente elevado sofrimento emocional (Pitceathly & Maguire, 2003), que podem persistir após o fim dos tratamentos (Maia & Correia, 2008). Estas consequências nas diversas áreas, principalmente ao nível psicológico, não se verificam apenas no momento de diagnóstico encontrando-se também presentes nos sobreviventes de cancro (Baker, Denniston, Smith, & West, 2005; Hodgkinson et al., 2007). Uma das preocupações mais comuns nos sobreviventes é o medo de recorrência do cancro (Armes et al., 2009). Além desta preocupação, os sobreviventes deparam-se também com problemas como a descoberta de um significado do cancro na própria vida e o lidar com os efeitos dos tratamentos a curto, médio e longo prazo (Oliveira & Monteiro, 2004). Outra das dificuldades dos sobreviventes de cancro está relacionada com a existência de sintomatologia psicopatológica concomitante com o medo de recorrência (Akechi et al., 2011).
O principal trabalho do psicólogo no apoio aos doentes oncológicos é ajudá-los a lidar com as mudanças associadas ao cancro e aos seus tratamentos, sendo de salientar que este trabalho perdura para além do fim dos tratamentos devido às sequelas emocionais que se têm verificado persistir anos após o tratamento (APA Help Center, 2004). As intervenções psicossociais têm tido um contributo positivo no ajustamento emocional e funcional das pacientes com cancro da mama (Antoni et al., 2001). Vários estudos têm demonstrado a eficácia da terapia cognitivo-comportamental (e.g., Goedendorp, Knoop, Gielissen, Verhagen, & Bleijenberg, 2014) e da psicoeducação nomeadamente: na redução de sintomas depressivos (Barsevick, Sweeney, Haney, & Chung, 2002); no aumento do conhecimento sobre a doença e tratamentos (Okamura, Fukui, Nagasaka, Koike, & Uchitome, 2003); na minimização do distress e ansiedade (Trask, Paterson, Griffith, Riba, & Schwartz, 2003); no aumento da perceção de autoeficácia (Pereira, Lima, Monteiro, Torres, & Caetano, 2014); na limitação das possibilidades de reincidência (Mishel et al., 2005); na utilização de estratégias de coping adaptativas (Souza & Araújo, 2010); e na melhoria da qualidade de vida (QdV) (Trask, Paterson, Griffith, Riba, & Schwartz, 2003). A intervenção psicológica realizada no formato de grupo tem sido a mais utilizada nos indivíduos com cancro sendo a sua eficácia comprovada na literatura (Venâncio, 2004). Estudos demonstram que as intervenções em grupo conduzem a um aumento da QDV (Gottleib & Wachala, 2007), à promoção de estratégias de coping mais adaptativas e à redução do distress (Souza & Araújo, 2010), existindo uma melhoria significativa na saúde mental e funcionamento psicossocial (Gottlieb & Wachala, 2007). No que respeita especificamente à intervenção psicoeducativa em grupo em sobreviventes de cancro, os resultados encontrados indicam uma melhoria do vigor, espírito de luta (Fukui et al., 2000), humor e QdV (Fukui et al., 2000; Simpson, Carlson, & Trew, 2001), sugerindo que esta intervenção é eficaz também nesta população. Em Portugal, a pesquisa relativamente à eficácia da aplicação destas intervenções embora seja escassa tem vindo a aumentar (e.g., Torres, Pereira, Monteiro, & Araújo, 2011; Pereira et al., 2014).
A reabilitação nos pacientes com cancro é baseada na relação entre os aspetos psicológicos, físicos e sociais. Os estudos nesta área são escassos e existe a necessidade de investigações que integrem a reabilitação psicossocial e física em sobreviventes de cancro (Ronson & Body, 2002). Estudos realizados documentam os benefícios que a intervenção multidisciplinar pode acarretar nesta população. Por exemplo, o estudo de Hauken, Holsen, Fismen, & Larsen, em 2015 indicou que a intervenção foi eficaz ao nível da melhoria da QdV e diminuição da fadiga Num outro estudo sobre a eficácia da intervenção multidisciplinar foram também encontrados resultados benéficos a curto-prazo na QdV, variáveis fisiológicas e distress psicológico (Van Weert et al., 2004). Ao nível nacional, destaca-se o estudo de Caetano (2014) que consistiu na aplicação de um programa multidisciplinar em sobreviventes de cancro da mama, tendo-se verificado a sua eficácia no aumento da QdV e do autoconceito, validando a sua exequibilidade. Nas intervenções multidisciplinares, muitas vezes está presente a componente da fisioterapia. A fisioterapia é incluída nestas intervenções por ser considerada a forma mais eficaz de lidar com os problemas músculo-esqueléticos, frequentemente encontrados como uma consequência decorrente do cancro da mama (Beurskens, Van Uden, Strobbe, Oostendorp, & Wobbes, 2007). A utilização de fisioterapia na reabilitação de mulheres em fase de sobrevivência tem evidenciado melhorias, nomeadamente no estado de saúde geral, nos sintomas relacionados com os membros superiores e zona afetada, função física, social e emocional (Duarte, 2010) tendo um impacto positivo na QdV (Beurskens et al., 2007).
O presente estudo tem como objetivo avaliar a eficácia da implementação de um programa de intervenção multidisciplinar, que integra a psicoeducação com a fisioterapia em mulheres sobreviventes de cancro da mama, através dos seguintes indicadores: psicopatologia, estratégias de coping, autoconceito, QdV e medo de recorrência. De acordo com a revisão de literatura efetuada, espera-se que após a aplicação do programa de intervenção multidisciplinar, as sobreviventes de cancro da mama apresentem níveis mais reduzidos de psicopatologia e de medo de recorrência; níveis mais elevados de autoconceito e de QdV; e que melhorem as estratégias de coping utilizadas.
MÉTODO
Participantes
Participaram no presente estudo 19 mulheres sobreviventes de cancro da mama das Unidades de Saúde Familiares (USF) do Centro de Saúde de Aveiro. As participantes foram selecionadas através do encaminhamento dos médicos de família e de acordo com os seguintes critérios de inclusão: idade superior a 18 anos, presença de diagnóstico de cancro da mama e finalização dos tratamentos. Os critérios de exclusão estabelecidos foram a incapacidade de estabelecimento de contacto interpessoal, inaptidão para tarefas de grupo, presença de perturbações psiquiátricas graves e/ou perturbações orgânicas e dependência ou abuso de drogas ou álcool. Foram excluídas duas participantes do estudo, uma por desistência e outra por reincidência do cancro da mama. Da amostra 9 mulheres integraram o grupo experimental (GE) e 10 integraram o grupo de controlo (GC).
O GE e o GC são equivalentes ao nível das variáveis sociodemográficas e clínicas avaliadas (quadro 1 e 2).
Instrumentos
O questionário sociodemográfico e clínico permitiu recolher dados das participantes referentes à idade, estado civil, habilitações literárias, situação profissional, data de diagnóstico do cancro, meio de deteção e tratamentos que foram realizados e/ou que ainda se encontram a ser realizados.
O Cancer Coping Questionnaire (CCQ) (Moorey, Frampton, & Greer, 2003; versão portuguesa de Torres, Pereira, & Monteiro, 2014) é um questionário de auto-resposta de administração fácil e rápida que permite avaliar estratégias de coping. É constituído por 21 itens divididos em duas subescalas (subescala individual e subescala interpessoal) (Moorey et al., 2003). Os itens são respondidos numa escala de 1 (“Nunca”) a 4 (“Muito Frequentemente”) sendo as pontuações mais elevadas correspondentes a um maior número de estratégias de coping utilizadas (Torres et al., 2014). No estudo original o instrumento apresenta uma consistência interna adequada tendo-se obtido um alfa de Chronbach de 0,87 para a subescala individual e 0,82 para a subescala interpessoal. Na validade teste-reteste obteve-se um resultado de 0,90 (n=25, p<0,001) para a subescala individual e de 0,84 (n=19, p<0,001) para a subescala interpessoal (Moorey et al., 2003). No estudo de validação para a população portuguesa o instrumento demonstrou ter uma boa consistência interna (alfa de Chronbach de 0,80 na escala completa) e fidelidade teste-reteste (correlações de Spearman de 0,59 com p<0,001 na subescala individual e de 0,65 com p<0,001 na subescala interpessoal) (Torres et al., 2014).
O Quality of Life Questionnaire (QLQ-C30) (Aaronson et al., 1993; versão portuguesa de Pais-Ribeiro, Pinto, & Santos, 2008), utilizado para avaliar a QdV relacionada com a saúde de indivíduos com doença oncológica, é um questionário de auto-resposta constituído por 30 itens com escalas com multi-itens e itens únicos. O QLQ-C30 é constituído por 5 escalas funcionais (funcionamento físico, emocional, cognitivo, social e de papel), 3 escalas de sintomas (fadiga, dor, náuseas e vómitos) e uma escala de avaliação global (saúde e qualidade de vida). Os itens únicos avaliam sintomas adicionais usualmente relatados numa situação de doença oncológica (dispneia, perda de apetite, perturbações do sono, obstipação e diarreia) e o impacto financeiro percebido na doença e tratamento (Aaronson et al., 1993). Os itens são avaliados numa escala de 1 (“Não”) a 4 (“Muito”) pontos à exceção da escala de avaliação global (saúde e qualidade de vida) que é avaliada numa escala de 1 (“Péssima”) a 7 (“Ótima”). Uma pontuação elevada na escala de avaliação global representa um melhor funcionamento e QdV, enquanto uma pontuação elevada na escala de sintomas representa um elevado nível de sintomatologia. A escala de QdV global apresenta uma confiabilidade interna e validade preditiva adequada. No estudo de validação portuguesa o questionário apresenta boas características psicométricas, com um alfa de Cronbach para a escala de avaliação global de 0,88 e valores que variam de 0,57 e 0,87 para as restantes escalas. A escala de funcionamento cognitivo e de funcionamento emocional apresentaram os valores extremos (Pais-Ribeiro et al., 2008).
A Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar (EADH) (Zigmond & Snaith, 1983; versão portuguesa de Pais-Ribeiro, Silva, Ferreira, Martins, Meneses, & Baltar, 2007) é constituída por 2 subescalas, uma para avaliar a ansiedade e outra para avaliar a depressão (com 7 itens cada). Cada item é respondido numa escala tipo likert de 0 a 3 sendo que quanto maior a pontuação total obtida maior a presença de sintomatologia. No estudo original (Zigmond & Snaith, 1983) o questionário apresenta características psicométricas satisfatórias encontrando correlações elevadas com outras medidas de ansiedade (rs= 0,74) e depressão (rs= 0,70). No estudo de validação portuguesa verificaram-se boas características psicométricas obtendo um alfa de Cronbach de 0,76 para a subescala de ansiedade e de 0,81 para a subescala de depressão (Pais-Ribeiro et al., 2007).
O Inventário Clínico do Auto-Conceito (ICAC) (Vaz-Serra, 1986) tem como objetivo avaliar o autoconceito e é composto por 20 itens avaliados numa escala tipo likert de resposta de 1 (“Não concordo”) a 5 (“Concordo muitíssimo”). As questões negativas são pontuadas de forma inversa (itens 3, 12 e 18). O instrumento avalia os seguintes 4 fatores: aceitação/rejeição social, auto-eficácia, maturidade psicológica e impulsividade-atividade. A pontuação total obtém-se pela soma de todos os itens sendo que quanto maior a pontuação melhor é o autoconceito. No estudo original verifica-se uma boa consistência interna (0,80) e uma boa estabilidade temporal (0,84) (Vaz-Serra, 1986).
O Questionário de Medo de Progressão (QMP) (Herschbach et al., 2005; versão de investigação de Torres, Guimarães, Silva, Monteiro, & Pereira, 2015) é um questionário de auto-resposta constituído por 43 itens cujas respostas são dadas numa escala tipo likert de 1 (“Nunca”) a 5 (“Muito frequentemente”). O questionário avalia as seguintes 5 subescalas: reações afetivas, companheiro/família, ocupação, perda de autonomia e lidar com a ansiedade. A pontuação total é calculada pela soma da média das subescalas, excluindo a subescala “lidar com a ansiedade” sendo que quanto mais elevada a pontuação total maior é o medo de recorrência da doença. No estudo original de validação obteve-se uma elevada consistência interna (0,95) (Herschbach et al., 2005).
Procedimento
O presente estudo de investigação foi realizado no ACeS Baixo Vouga. A divulgação da realização do estudo foi realizada pelas USF através de um folheto informativo que continha os objetivos da investigação, critérios de inclusão das participantes e resultados alcançados com um estudo anterior (Caetano, 2014). Este folheto foi enviado para os médicos de família das USF que encaminharam as participantes para o estudo. As participantes encaminhadas foram posteriormente convocadas, por contacto telefónico, para uma entrevista individual. Nesta entrevista foram explicados os objetivos e os procedimentos do estudo solicitando o consentimento informado no caso de interesse de participação voluntária. De seguida foi recolhida a informação sociodemográfica e clínica através de um questionário para o efeito, bem como o interesse e grau de motivação em participar no grupo. Após a recolha da informação sociodemográfica e clínica foi solicitado o auto-preenchimento dos instrumentos de avaliação referentes ao primeiro momento (pré-teste). Após a entrevista as participantes que tinham interesse em participar e cumpriam os critérios de inclusão foram contactadas para iniciar o programa de intervenção constituindo assim o grupo experimental.
O programa de intervenção implementado foi o InMAMAGroup – Programa de Intervenção de Grupo para Mulheres com Cancro da Mama desenvolvido por Torres, Araújo, Pereira e Monteiro (2015) e complementado com estratégias de intervenção de fisioterapia por Caetano (2014). O objetivo geral do programa de intervenção é familiarizar as participantes com variáveis importantes na fase de sobrevivência e dar informação e treino em técnicas e estratégias para lidar com os efeitos físicos e psicológicos da doença e dos tratamentos. O programa de intervenção é constituído por 8 sessões semanais com uma duração de cerca de 90 minutos tendo sido orientado por uma psicóloga e uma fisioterapeuta com a presença de uma observadora. Em cada sessão foi fornecido material auxiliar e material com a síntese da informação abordada na sessão. Foram realizadas algumas alterações no programa de intervenção aplicado, nomeadamente foi retirada uma atividade prática na sessão da temática da comunicação e a ordem da sessão 6 e 7 foi trocada devido à indisponibilidade de uma das terapeutas.
A primeira sessão consistiu na apresentação das terapeutas, das regras de funcionamento do grupo e das participantes e pretende que exista partilha de dificuldades encontradas no percurso da doença pelas sobreviventes. A segunda sessão tratou do tema “As causas e significado do cancro” e pretende discutir e refletir sobre as possíveis causas para o aparecimento da doença e fatores de risco fomentando o carácter multifatorial do cancro. Posteriormente foram abordados os estilos de vida contra o cancro incidindo no aumento do conhecimento sobre os benefícios da atividade e exercício físicos para a saúde, nomeadamente nas sobreviventes de cancro. Na terceira sessão é abordado o tema das alterações corporais relacionadas com os tratamentos e o seu impacto na autoestima sendo sugeridas e discutidas estratégias para lidar com as alterações físicas e para aumentar a autoestima. No que diz respeito à fisioterapia abordou-se o tema dos músculos do pavimento pélvico e da prevenção do linfedema. A quarta sessão consiste na temática da gestão das emoções e tem como objetivo abordar as estratégias de gestão do stress e as estratégias de coping. Em relação à fisioterapia falou-se acerca da incontinência urinária na menopausa indicando estratégias para a sua prevenção. A sessão cinco dá continuidade à sessão quatro abordando mais métodos de gestão de emoções (método de resolução de problemas, relaxamento, meditação e espiritualidade) e na componente da fisioterapia abordou-se novamente os músculos do pavimento pélvico relacionando-os com a sexualidade. A sexta sessão abordou a temática “A comunicação nas relações interpessoais” consistindo na informação e discussão sobre a comunicação e relações interpessoais com familiares, amigos, profissionais de saúde, entre outros. Ao nível da fisioterapia foi treinado novamente com as participantes exercícios dos músculos do pavimento pélvico. Na sétima sessão falou-se sobre o tema “Lidar com a incerteza e com o medo de recorrência da doença” e na componente da fisioterapia foram realizadas recomendações de atividade física específicas para sobreviventes de cancro da mama. A oitava e última sessão consistiu na conclusão do grupo e fomentação dos objetivos para o futuro sendo também realizada a avaliação do grupo e o preenchimento dos instrumentos de avaliação referentes ao segundo momento (pós-teste).
O tratamento estatístico dos dados foi realizado através do Statistical Package for Social Sciences, versão 21.0 (SPSS Inc., Chicago, IL). Os dados foram sujeitos a análises descritivas e inferenciais. As análises realizadas utilizaram preferencialmente estatísticas não paramétricas, tendo em conta as características da amostra e hipóteses a serem testadas. Utilizaram-se os testes de Qui-Quadrado (χ2) para a avaliação das diferenças entre as variáveis categoriais dos dois grupos estudados e o de Mann-Whitney (U) para as características contínuas e variáveis psicossociais, com vista a avaliar a equivalência dos grupos no início do estudo. No pós-teste foi novamente utilizado o teste de Mann-Whitney para avaliar se os grupos diferiam significativamente nas variáveis psicossociais. O teste de Wilcoxon foi utilizado para amostras emparelhadas, para comparar os resultados obtidos do pré-teste para o pós-teste nos dois grupos, com o objetivo de avaliar os efeitos da intervenção nas variáveis psicossociais em estudo. O grau de significância estatístico tido em consideração foi de p< 0,05.
Nesta investigação foi tida em consideração a Declaração de Helsínquia (World Medical Association, 2000), as indicações da American Psychological Association (APA, 2010) e do código deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses (Regulamento n.º 258/2011 de 20 de Abril de 2011) para o tratamento ético das participantes.
RESULTADOS
Diferenças entre o grupo experimental e o grupo de controlo no pré-teste
Nas variáveis psicossociais das subamostras não se observaram diferenças estatisticamente significativas para a sintomatologia psicopatológica, autoconceito, QdV e medo de recorrência. Apenas na subescala individual do coping se verifica uma diferença estatisticamente significativa com níveis superiores no GC (Mdn=36,00) em comparação com o GE (Mdn=29,00), U=19,00, z=-2,13, p=0,035. Os resultados obtidos encontram-se descritos no quadro 3 e 4.
Diferenças entre o grupo experimental e o grupo de controlo no pós-teste
As variáveis psicossociais das subamostras foram analisadas também para o pós-teste verificando-se que, na subescala do autoconceito total, o GC (Mdn=87,50) apresentou valores mais elevados do que o GE (Mdn=75,00), U=17, z=-2,30, p=0,022. Os resultados obtidos encontram-se descritos no quadro 5 e 6.
Avaliação da eficácia da intervenção no pré e no pós-teste
Comparámos a avaliação efetuada no pré-teste e no pós-teste no GE e no GC. Os resultados obtidos encontram-se descritos no quadro 7, 8, 9 e 10.
No GC, verificou-se uma diminuição significativa da subescala interpessoal do coping do pré-teste (Mdn=13,00) para o pós-teste (7,00), z= -2,196, p=0,023, r=-0,46. Neste grupo verificou-se ainda um aumento significativo no autoconceito total do pré-teste (Mdn=82,00) para o pós-teste (Mdn=87,50), z= -1,958, p=0,051, r=-0,42.
No GE, no domínio da QdV (Função Física), verificou-se um aumento estatisticamente significativo na função física do pré-teste (Mdn=80,00) para o pós-teste (Mdn=86,67), z=-2,719, p=0,004, r=-0,54.
DISCUSSÃO
O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia de um programa de intervenção multidisciplinar, que conjuga a psicoeducação com a fisioterapia, em mulheres sobreviventes de cancro da mama. De acordo com a revisão de literatura efetuada, esperava-se que após a aplicação do programa de intervenção multidisciplinar, as sobreviventes de cancro da mama apresentassem níveis mais reduzidos de psicopatologia e de medo de recorrência; níveis mais elevados de autoconceito e de QdV; e que melhorassem as estratégias de coping utilizadas.
A investigação tem comprovado a eficácia de programas multidisciplinares nesta população nos últimos anos. No entanto, em Portugal, estas investigações ainda são escassas sendo este o primeiro estudo que implementa a avaliação do medo de recorrência do cancro nestes programas. A análise dos resultados encontrados permitiu verificar que após a implementação da intervenção multidisciplinar existiu um aumento na subescala da função física das sobreviventes, do indicador da QdV. Em relação ao GC, verificou-se uma diminuição da subescala interpessoal do coping e um aumento na subescala do autoconceito total.
A análise dos resultados permite referir que no que respeita à QdV, as participantes do GE melhoraram na subescala função física. O benefício das intervenções multidisciplinares para a QdV tem sido verificado em alguns estudos (Hauken et al., 2015; Van Weert et al., 2004), especificamente no que se refere ao nível físico quando as intervenções são de reabilitação (Hauken et al., 2015). A fisioterapia tem evidenciado um impacto na melhoria da QdV (Beurskens et al., 2007), reiterando a utilidade de se utilizar a mesma em programas multidisciplinares, o que pode explicar os resultados encontrados.
O programa de intervenção implementado inclui ainda indicações de promoção do funcionamento físico, salientando orientações específicas sobre a atividade física em sobreviventes de cancro da mama, o que poderá ter sido indicador da melhoria da função física no nosso grupo de intervenção.
Relativamente às estratégias de coping verificou-se a diminuição da subescala interpessoal, no domínio coping, no GC. Este resultado pode ser explicado pelo facto de a literatura referir que a utilização de estratégias de coping tende a ser mais prevalente no diagnóstico e no tratamento existindo assim uma propensão para diminuir com o tempo (Danhauer, Crawford, Farmer, & Avis, 2009). No entanto, e ao contrário do esperado, não se verificaram melhorias significativas nas estratégias de coping utilizadas pelas sobreviventes de cancro da mama do GE. Este resultado não corrobora alguns estudos que demonstram a eficácia da intervenção psicoeducativa em grupo nesta variável (Souza & Araújo, 2010). No entanto, outros estudos realizados também não evidenciaram benefícios da intervenção nas estratégias de coping utilizadas pelas participantes (Caetano, 2014). Um dos possíveis motivos para este resultado é o elevado nível de funcionalidade das participantes do GE o que poderá ser indicador de um menor benefício de aprendizagem de estratégias de coping.
Em relação ao autoconceito verificou-se a melhoria no GC do pré-teste para o pós-teste. Esta melhoria pode ser sustentada em dados que referem a existência de uma melhor adaptação ao cancro da mama relacionada com o maior tempo decorrente após o término dos tratamentos (Amorim, 2007) ou ainda por estudos que verificaram que existem mulheres que apesar dos tratamentos realizados conseguem sentir-se satisfeitas com a sua imagem (Caetano & Soares, 2005). Por outro lado é importante referir que o tempo dispensado às participantes, no momento da entrevista inicial, para ouvirmos a sua história e para salientarmos a importância de colaborarem neste estudo podem ter, de alguma forma, contribuído para a melhoria do autoconceito. Em relação ao GE não se verificou, ao contrário do esperado, a melhoria após a intervenção. Estes resultados não são assim concordantes com estudos anteriores que indicam a melhoria do autoconceito nas sobreviventes de cancro após a intervenção (Pereira et al., 2014).
Relativamente à psicopatologia não se verificaram resultados significativos do pré-teste para o pós-teste. Estes resultados não corroboram alguns estudos que indicam a melhoria desta variável após a intervenção (Fukui et al., 2000; Trask, Paterson, Griffith, Riba, & Schwartz, 2003). No entanto, e de acordo com o estudo de Caetano (2014), a elevada funcionalidade da amostra pode ter diminuído o potencial de evolução no indicador de sintomatologia psicopatológica.
Quanto ao medo de recorrência, são escassos os estudos que já incluem a avaliação da eficácia da intervenção psicoeducativa em sobreviventes de cancro de mama. No entanto, alguns estudos têm indicado a possibilidade da sua eficácia (Mishel et al., 2005). Apesar desta indicação de melhoria o mesmo estudo também salienta que embora os pensamentos automáticos de possibilidade de reincidência não surjam constantemente nas sobreviventes, a ameaça de reincidência dificilmente é descartada (Mishel et al., 2005). Uma maior incidência, no programa de intervenção, sobre estratégias de coping para lidar com o medo de recorrência poderá potenciar a melhoria nesta variável.
A principal limitação deste estudo foi o tamanho reduzido da amostra que pode ter contribuído para a não obtenção de resultados estatisticamente significativos dificultando ainda a generalização da amostra. A impossibilidade de aleatorização da amostra pode também ter condicionado os resultados obtidos. O facto de as participantes não evidenciarem elevados níveis de sintomatologia psicopatológica poderá ter restringido as melhorias nos indicadores em estudo uma vez que tinham um elevado nível de funcionalidade. Uma outra limitação que apontamos é o facto da maioria das participantes que integraram o grupo de intervenção referirem que gostariam de participar com o intuito de ajudar as outras participantes, não vendo a intervenção como uma necessidade, o que pode indicar menores ganhos com a intervenção. Outro aspeto que pode ter condicionado menores benefícios com a intervenção foi a pouca assiduidade das participantes visto que apenas 3 participaram na totalidade das sessões. Embora tenham sido verificadas algumas limitações neste estudo, salienta-se a sua importância e pertinência por ser, do nosso conhecimento, a segunda implementação de uma intervenção multidisciplinar em sobreviventes de cancro da mama na população portuguesa e o primeiro estudo a avaliar a eficácia de um programa de intervenção no medo de recorrência. Para estudos futuros sugerimos a aleatorização da amostra e uma amostra de maior dimensão permitindo que exista uma maior representatividade. Uma vez que a nossa amostra apresentava um bom ajustamento psicológico, o que pode ter limitado a obtenção de maiores ganhos com a intervenção, sugerimos em estudos futuros a inclusão de participantes que demonstrem um elevado sofrimento emocional.
A implementação do programa de intervenção multidisciplinar mostrou ser eficaz ao nível da QdV e não ter qualquer efeito potencialmente negativo. Estes benefícios conjugados com a escassez de estudos realizados neste âmbito em Portugal levam-nos a realçar a necessidade de continuar as investigações nesta área, com o intuito de obter resultados mais consistentes e adquirir mais evidência da aplicabilidade deste tipo de programas.
REFERÊNCIAS
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Endereço para Correspondência
Rua da Presa, 332, 4415-306, Pedroso. Telf.:918112497. e-mail: tania.asc@ua.pt.
Recebido em 07 de Fevereiro de 2016/ Aceite em 07 de Novembro de 2016