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Psicologia, Saúde & Doenças
versão impressa ISSN 1645-0086
Psic., Saúde & Doenças vol.19 no.2 Lisboa ago. 2018
https://doi.org/10.15309/18psd190215
Psiquiatria positiva, psicologia positiva e mindfulness: uma visão comum
Positive psychiatry, positive psychology and mindfulness: a common view
Inês Marques1, Maria Luís Balreira2, José Tereso Temótio3
1Prática clínica privada, Coimbra, Portugal; inesmarques@psiquiatriapositiva.com
2 Prática clínica privada, Figueira da Foz/Vagos, Portugal; mariabalreira@psiquiatriapositiva.com
3Serviço de Especialidades Médicas, Equipa de Psiquiatria do Hospital Distrital da Figueira da Foz, EPE, Figueira da Foz, Portugal. josetemotio@psiquiatriapositiva.com
RESUMO
Este artigo pretende rever a etiologia e os conceitos inerentes à Psiquiatria Positiva e à Psicologia Positiva, assim como as suas estreitas relações com o conceito de bem-estar. Centrando-se nos fatores psicossociais positivos, nas virtudes e forças de caráter do ser humano, estas novas abordagens ambicionam uma melhor compreensão da psicopatologia, alterando o foco do tratamento dos sintomas para a promoção do bem-estar. O mindfulness, cujos conceitos se interligam com as abordagens positivas, é também aqui apresentado como uma prática complementar essencial à prevenção e tratamento da psicopatologia, tendo sempre como objetivo final a satisfação e bem-estar do indivíduo.
Palavras-chave: psiquiatria positiva, psicologia positiva, bem-estar, mindfulness
ABSTRACT
This article intends to review Positive Psychiatry and Positive Psychology etiology and core concepts, and their close relations with the concept of well-being. Focusing on the positive psychosocial characteristics, virtues and character strengths of the human being, these new approaches aim to a better understanding of psychopathology, modifying the focus in treatment from symptoms management to the promotion of well-being. Mindfulness, whose concepts connect with the positive approaches, is also presented as an essential complementary practice to psychopathology prevention and treatment, always having as final goal the life satisfaction and well-being of the individual.
Keywords: positive psychiatry, positive psychology, well-being, mindfulness
Em 1946, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não a mera ausência de doença ou enfermidade” (OMS, 1946, p. 1), definição que vai ao encontro do principal objetivo da Psiquiatria Positiva e da Psicologia Positiva, no sentido em que estas pretendem não apenas a compreensão e tratamento da psicopatologia e da doença mental, mas também a promoção do bem-estar pleno, através da potenciação de caraterísticas e experiências positivas na vida do indivíduo.
O conceito de bem-estar é primordial na área da Psiquiatria Positiva e da Psicologia Positiva pois traduz o objetivo final de ambas. Assim sendo, é pertinente a integração do mindfulness neste contexto enquanto prática promotora do bem-estar. Kabat-Zinn (2003, p.145) definiu mindfulness como “a consciência que emerge da capacidade de prestar atenção, com propósito, no momento presente, sem julgamento, à experiência que acontece momento a momento”.
Com o presente artigo pretende-se rever as definições de Psiquiatria Positiva e Psicologia Positiva, as suas etiologias e pontos convergentes. Segue-se a integração do conceito de bem-estar nessas duas abordagens, enfatizando a classificação das 24 forças de caráter desenvolvida por Peterson e Seligman (2004). Por fim, pretende-se relacionar estes conceitos com as atitudes do mindfulness e apresentar dados que incentivem a sua prática no contexto das abordagens positivas.
Psiquiatria positiva e psicologia positiva - da etiologia à convergência
A Psiquiatria Positiva é a ciência e a prática da psiquiatria que procura compreender e promover o bem-estar através de avaliações e intervenções que potenciam o bem-estar mental e comportamental, tendo como principal foco as caraterísticas psicossociais positivas dos indivíduos (Jeste, Palmer, Rettew & Boardman, 2015)
Quando comparada com as abordagens psiquiátricas tradicionais, a Psiquiatria Positiva pode ser considerada mais inclusiva, não se limitando apenas à perturbação mental, mas no que há de positivo nos indivíduos que sofrem destas perturbações. Jeste e colaboradores (2015) resumiram essas diferenças tendo em conta os pacientes-alvo, o foco da avaliação, o foco da pesquisa, os objetivos de tratamento, os tratamentos em si e a prevenção (cf. Tabela 1). A Psiquiatria Positiva não pretende substituir o modelo tradicional, mas sim complementá-lo e enriquecê-lo, expandindo o seu foco primário na psicopatologia para a saúde, e do tratamento de sintomas para a promoção do bem-estar (Jeste & Palmer, 2015).
Principais diferenças entre a Psiquiatria Tradicional e a Psiquiatria Positiva. Adaptado de “Positive Psychiatry: Its Time Has Come” de D. Jeste, B. Palmer, D. Rettew & S. Boardman, 2015, The Journal of Clinical Psychiatry, 76(6), p. 676
Recuando em termos históricos, compreende-se que os conceitos inerentes à Psiquiatria Positiva não são totalmente novos. Em 1906, William James, um médico e psicólogo, defendeu uma nova abordagem teórica e prática sobre a doença mental, defendendo que as crenças e as emoções positivas são essenciais no tratamento e reabilitação dessas doenças (Jeste & Palmer, 2015). Esta teoria foi amplamente ignorada na altura, voltando a surgir a meio do século XX com Maslow e a Psicologia Humanística, que procurava compreender os indivíduos criativos e saudáveis, bem como as suas aspirações e o seu crescimento (Gable & Haidt, 2005).
No final dos anos 90, surge o movimento da Psicologia Positiva, com Martin Seligman, numa discussão acerca dos fatores de proteção da saúde na Psicologia Positiva (Calvetti, Muller & Nunes, 2007), e posteriormente em 2000 com Seligman e Csikszentmihalyi, com o artigo “Psicologia Positiva: Uma Introdução” (2000), publicado num número especial da revista American Psychologist. Estes foram os autores pioneiros da Psicologia Positiva, argumentando que prevalecia, até ao momento, um enviesamento negativo na pesquisa científica em psicologia, pois o foco principal estava nas emoções negativas e no tratamento dos problemas de saúde, estando os aspetos positivos negligenciados (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000). Seligman definiu a Psicologia Positiva como “a ciência que enfatiza a compreensão e potenciação das qualidades mais positivas do indivíduo: otimismo, coragem, ética, significado de vida, competências interpessoais e responsabilidade social” (Seligman, 1999, p.559). Seligman e Csikszentmihalyi (2000) defendem ainda ser a ciência da experiência positiva subjetiva e dos traços individuais positivos, que prometem melhorar a qualidade de vida e prevenir a doença mental; o estudo das condições e dos processos que contribuem para o florescimento humano e para o funcionamento ótimo dos indivíduos.
Desde então, a Psicologia Positiva começou a destacar aspetos relacionados com a resiliência e as caraterísticas positivas dos indivíduos (Peterson & Seligman 2004).
As duas áreas - Psiquiatria Positiva e Psicologia Positiva - apesar de surgirem em contextos académicos e científicos diferentes são convergentes, partilhando os mesmos princípios e objetivos. Porém, cada uma traz os seus contributos e ferramentas únicas, designadamente forças e construtos positivos, que contribuem para um estilo de vida saudável (Jeste, et al., 2015).
São ambas ciências e práticas clínicas que procuram compreender e promover o bem-estar dos indivíduos, tratando a psicopatologia e cultivando o que há de melhor em cada um, potenciando assim experiências de vida positivas de forma a alcançar o bem-estar pleno.
Psiquiatria positiva, psicologia positiva e bem-estar
A Psiquiatria Positiva tem como principais objetivos a promoção do bem-estar, a diminuição do nível de stress percebido, o envelhecimento psicossocial saudável, o crescimento pós-traumático, a recuperação na doença mental grave e a prevenção da mesma (Jeste, et al., 2015). No mesmo sentido, a Psicologia Positiva pretende promover o bem-estar e o funcionamento óptimo dos indivíduos, a satisfação e a felicidade, bem como, tratar e prevenir a doença mental (Peterson, 2006; Seligman, 2002).
Para a concretização destes objetivos, é decisivo avaliar e intervir ao nível dos factores psicossociais positivos. Segundo Jeste e colaboradores (2015), os fatores psicossociais positivos incluem as caraterísticas psicossociais positivas dos indivíduos - resiliência, otimismo, mestria pessoal e autoeficácia, envolvimento social, sabedoria, espiritualidade e religiosidade; e os fatores ambientais positivos - dinâmicas familiares, suporte social e outros determinantes ambientais do funcionamento psicossocial.
A literatura relacionada com estas abordagens positivas tem evidenciado a utilização de determinados recursos e estratégias psicoterapêuticas associados à promoção dos fatores psicossociais positivos e ao bem-estar, prevenindo e tratando a doença mental, nomeadamente: exercício físico, práticas meditativas, alimentação saudável e equilibrada, construção de redes sociais de suporte e promoção da compaixão e do otimismo.
Exercício Físico
O exercício físico tem demonstrado ser tão eficaz quanto a medicação em pacientes com depressão leve a depressão major, mostrando resultados mais duradouros (Blumenthal, et al., 2007). Este desempenha um papel fundamental no alívio dos efeitos emocionais do stress, assim como prepara o indivíduo para situações stressoras futuras (Salmon, 2001). Pretty, Peacock, Sellens e Griffin (2005) decidiram ir mais longe e investigar o efeito do “exercício verde” (atividades físicas em contacto direto com a natureza) na saúde física e mental. Concluíram que o exercício físico nestes ambientes promove resultados positivos ao nível da pressão arterial, da autoestima e do humor, demonstrando a necessidade de novas políticas ao nível de projetos urbanísticos virados para a natureza, tais como, hospitais próximos da natureza e mais espaços verdes urbanos, bem como a importância da prescrição médica de exercício físico enquanto recurso promotor do bem-estar.
Práticas Meditativas
O Qigong, o t'ai chi ou o yoga são descritos como exercícios meditativos, e todos envolvem relaxamento e concentração, foco na respiração e movimentos específicos graduais (Arora & Bhattacharjee, 2008). A prática regular de atividades meditativas com recurso a técnicas de relaxamento, tais como o yoga, demonstram ser eficazes na gestão do stress, reduzindo os efeitos psicológicos e fisiológicos do mesmo em doentes com doença oncológica e com HIV (Arora & Bhattacharjee, 2008). Atualmente, o yoga já é aceite, mesmo nos países ocidentais, como uma terapia complementar para doentes com doença oncológica, ajudando na gestão de sintomas depressivos, ansiosos, insónia, dor e fadiga (DiStasio, 2008; Ott, Norris & Bauer-Wu, 2006). Arora e Bhattacharjee (2008) estudaram os efeitos do stress no sistema imunitário, assim como o efeito do relaxamento (yoga, meditação) na regulação das respostas ao stress, defendendo que o sistema imunitário e a saúde em geral são fortalecidos através de práticas meditativas. A prática de yoga cria um sentimento de bem-estar e relaxamento; aumenta a concentração, a autoconfiança e a autoeficácia; melhora as relações interpessoais, diminuiu a irritabilidade e promove uma visão mais otimista (Malathi & Damodaran, 1999).
Também o pilates foi estudado na relação com a saúde física e mental, sendo visível o decréscimo da sintomatologia depressiva e o aumento do equilíbrio mente-corpo' em mulheres idosas depois da prática de um programa de exercícios de pilates com a duração de 12 semanas (Mokhtaria, Nezakatalhossainib & Esfarjanic, 2013).
Nutrição
A nutrição é outra área com forte influência na saúde mental do indivíduo. A prática da dieta Mediterrânica tem sido associada à diminuição do risco de depressão e detioração cognitiva na terceira idade (Féart, Samieri, Allès & Barberger-Gateau, 2013; O'Neil, et al., 2014). O extrato da folha de Ginkgo Biloba (árvore chinesa) também tem efeitos benéficos na saúde, visto ser um suplemento natural capaz de eliminar radicais livres, diminuir o stress e danos neuronais, sendo evidente o efeito clínico positivo nas perturbações cognitivas (Jeste & Palmer, 2015). Outros dados apontam para o efeito antidepressivo dos ácidos gordos Ómega 3 (ácido docosahexaenóico - DHA - e ácido eicosapentaenóico - EPA), presentes no peixe - somente os ácidos gordos Ómega 3 de origem marinha atravessam a barreira hemato-encefálica, verificando-se uma real eficácia no tratamento da depressão (Grosso et al., 2014). Hibbeln (1998) concluiu que o baixo consumo de peixe e/ou ácidos gordos Ómega 3 se correlaciona com a prevalência de depressão a nível mundial. Vários estudos sugerem que a suplementação com o EPA é benéfica como coadjuvante do tratamento antidepressivo em doentes com depressão leve e moderada (Jazayeri et al.., 2008; Mozaffari-Khosravi, Yassini-Ardakani, Karamati & Shariati-Bafghi, 2013; Su, Huang, Chiu & Shen, 2003). Outro dos componentes importantes para a psiquiatria nutricional é o magnésio, um oligoelemento essencial. Vários estudos demonstram que se observam baixos níveis deste mineral em doentes com diagnóstico de depressão e com antecedentes de tentativas de suicídio, verificando-se o seu aumento quando recuperam (Barragán-Rodríguez, Rodríguez-Morán & Guerrero-Romero, 2008; Eby & Eby, 2006; Eby & Eby, 2010; Sartori, Whittle, Hetzenauer & Singewald, 2012; Serefko et al., 2013). O ácido fólico tem-se revelado fundamental no tratamento da doença mental - por exemplo, elevados níveis de folatos são preditores de uma melhor resposta a antidepressivos e lítio. Paralelamente, a vitamina B12 potencia o efeito do ácido fólico e reduz os níveis de homocisteína, tendo-se observado baixos níveis de folatos e vitamina B12 em doentes deprimidos (Reynolds, 2006; Tiemeier, Van Tuijl, Hofman, Meijer, Kiliaan & Breteler, 2002). A vitamina E, parece ser um possível marcador da perturbação depressiva, visto que a depressão major acompanha-se de níveis de vitamina E significativamente mais baixos e de defesas diminuídas contra a peroxidação lipídica (Maes et al., 2000). Sendo um antioxidante, a vitamina E desempenha um papel fulcral na regeneração membranar e na proteção da integridade neuronal.
Construção e promoção de redes sociais
As relações sociais têm um forte impacto na saúde mental e física dos indivíduos, nos seus comportamentos e atitudes face à saúde, na sua qualidade de vida, e no risco de mortalidade (Holt-Lunstad, Smith & Layton, 2010; Umberson & Montez. 2010). A literatura evidencia que indivíduos que se sentem mais sozinhos e que se envolvem menos em dinâmicas sociais, apresentam prejuízo ao nível do seu funcionamento cognitivo, diminuição da qualidade do sono e do bem-estar psicológico e físico (Cacioppo & Cacioppo, 2014)
Cohen (2004) aborda dois construtos sociais com forte impacto na saúde mental dos indivíduos: o suporte social (suporte psicológico e material que a rede social pode disponibilizar) e a integração social (participação do indivíduo num determinado número de dinâmicas sociais). Segundo este autor, o suporte social permite a eliminação ou redução dos efeitos negativos das experiências stressantes, através da promoção de uma leitura menos ameaçadora dessas experiências e da promoção de estratégias de coping mais eficazes. Por outro lado, a integração social promove estados psicológicos positivos (sentimento de pertença, significado de vida, identidade e auto-estima) que induzem o bem-estar e respostas fisiológicas promotoras da saúde (Cohen, 2004).
Contudo, se por um lado as relações sociais podem trazer benefícios e ser uma fonte de suporte emocional para a maioria das pessoas, podem igualmente ser uma fonte de stress. Segundo Cohen (2004) as interações sociais negativas desencadeiam stress psicológico e aumentam o risco para algumas doenças.
Pelo exposto, é importante que a variável bem-estar social seja monitorizada e incluída em protocolos de tratamento pois representa uma oportunidade major de promover a qualidade de vida mas também a saúde e a vitalidade dos indivíduos (Cohen, 2004; Holt-Lunstad, Smith & Layton, 2010).
Promoção da compaixão e do otimismo
A compaixão pode ser definida como a sensibilidade ao sofrimento ou angústia do próprio e dos outros, associado ao compromisso de aliviar ou prevenir esse sofrimento (Gilbert, 2013). Mais especificamente, a autocompaixão pode ser definida como a capacidade do indivíduo ser gentil, suportivo e compreensivo para consigo; aceitar-se e ser caloroso em vez de crítico e ajuizador, sendo capaz de reconhecer que todos os seres humanos falham e cometem erros (Neff, 2003). Esta atitude autocompassiva é uma fonte importante de felicidade e promove o bem-estar intrapessoal e interpessoal (Neff & Costigan, 2014; Zessin, Dickhäuser & Garbade, 2015). Um estudo levado a cabo por Neff, Rude e Kirkpatrick (2007) mostrou que a autocompaixão apresenta uma associação positiva com a percepção de felicidade, otimismo, afeto positivo, iniciativa, curiosidade e exploração, extroversão e consciencialidade. Além disso, os autores demonstraram que a autocompaixão protege o indivíduo de estados depressivos e da ansiedade.
O otimismo pode ser definido como uma variável individual que reflete a medida em que os indivíduos apresentam expectativas favoráveis generalizadas em relação ao seu futuro (Carver, Scheier & Segerstrom, 2010). Uma revisão da literatura levada a cabo por Conversano e colaboradores (2010) mostrou que o otimismo é uma variável que influencia o bem-estar físico e mental, bem como as estratégias de coping dos indivíduos, tornando os otimistas mais capazes de lidar eficazmente com as adversidades da vida, comparativamente a indivíduos mais negativistas.
Estes estudos na área da compaixão e do otimismo apontam para a pertinência de incluir estas variáveis nos protocolos de tratamento, de forma a dotar os indivíduos de ferramentas que os ajudem a lidar com os seus problemas físicos e mentais.
PERMA - um modelo de bem-estar
Os recursos e estratégias psicoterapêuticas supra referidos permitem ao indivíduo promover o seu bem-estar e alcançar uma vida mais saudável, tornando-o mais resiliente às adversidades. No mesmo sentido, o modelo PERMA de Seligman tem como objetivo a promoção do bem-estar através do florescimento humano. O conceito do florescimento humano pode ser definido como a relação dinâmica e equilibrada entre o prazer (e ausência de dor) e o propósito de vida, e tem por base a potenciação de cinco domínios da vida do indivíduo: as emoções positivas, o envolvimento (flow), as relações positivas, o sentido de vida e a realização.
A experiência de emoções positivas está associada ao aumento da perceção, atenção, flexibilidade de pensamento e criatividade, o que se traduz numa maior facilidade em encontrar soluções e possibilidades perante os problemas e as adversidades (Delle Fave, Massimini, & Bass, 2011; Fredrickson, 2003; Fredrickson, 2013). Ao contrário do que acontece com a experiência de emoções negativas, que poderão promover o aparecimento ou manutenção de estados depressivos, os indivíduos que experienciam mais positividade tendem a obter melhores resultados, na medida em que as emoções contribuem para o florescimento humano (Fredrickson, 2013).
O envolvimento (flow) apresenta uma forte relação com o bem-estar. Este pode ser definido como um estado de processamento mental no qual o indivíduo, durante o desempenho de uma tarefa, se encontra completamente absorvido por sensações de energia focalizada, concentração e sentimentos de auto-eficácia. O estado de flow pressupõe uma perda de foco no self, não havendo medo de insucesso ou fracasso, apenas o controlo das próprias ações e a presença de sentimentos de gratificação e autodeterminação (Csikszentmihalyi, 2002).
As relações positivas são o fator com mais impacto no bem-estar e felicidade dos indivíduos (Reis & Gable, 2003). Algoe, Fredrickson e Gable (2013) desenvolveram estudos sobre a gratidão - com impacto no bem-estar do próprio, no de quem recebe o gesto de gratidão, e na relação entre ambos - de forma a compreender como as relações positivas são criadas e mantidas. Também Lyubomirsky e Sin (2009) verificaram que os indivíduos com humor positivo tendem a ser mais extrovertidos, a ter relações interpessoais mais próximas e a serem avaliados socialmente de forma mais favorável o que facilita e promove interações sociais.
O sentido de vida é uma dimensão forte do bem-estar e do florescimento humano. O desenvolvimento de um sentido para a vida implica a construção de uma narrativa que integra passado, presente e futuro, bem como diferentes eventos e realidades experienciadas pelo indivíduo (Baumeister, Vohs, Asker, & Garbinsky, 2013). Através da construção desta narrativa os indivíduos tenderão a sentir-se mais estáveis face às adversidades e eventos dolorosos (Baumeister, et al., 2013), bem como com um maior sentido de autoeficácia e valor próprio (Baumeister & Vohs, 2002).
A dimensão da realização ou sucesso é observada face a objetivos que tenham ou não significado para o indivíduo. Seligman (2011) apresenta como exemplo a satisfação de ganhar um jogo. Explica que será sempre uma motivação para o individuo agir - ganhar ou alcançar um objetivo, mesmo que este não sirva valores maiores do que o prazer da vitória.
Ainda no que respeita ao conceito de florescimento humano, Peterson e Seligman (2004), com a colaboração de 55 cientistas, analisaram mais de 200 investigações realizadas em diversos países nos últimos 2500 anos pelos mais reconhecidos filósofos, teologistas e humanistas, identificando as principais forças de caráter e virtudes humanas indispensáveis aos indivíduos para alcançar o bem-estar. Estas virtudes humanas e forças de caráter podem ser definidas como traços positivos que se refletem nos pensamentos, emoções e comportamentos do indivíduo, podendo ser entendidos como diferenças individuais (Park, Peterson & Seligman, 2004). São dimensionais e variam na sua expressão dependendo do contexto. Apesar de serem estáveis ao longo do ciclo de vida, podem ser alteradas/potenciadas através, por exemplo, da intervenção clínica. A Tabela 2 reúne as forças de caráter e virtudes que permitem ao ser humano prosperar e florescer e que quando usadas em terapia, podem servir de ferramenta indispensável à promoção do bem-estar psicológico dos indivíduos.
Mindfulness no contexto da psiquiatria positiva e psicologia positiva
As investigações sugerem que a prática de mindfulness promove o bem-estar e a qualidade de vida em diversas condições clínicas, tais como a ansiedade, depressão e dor crónica (Baer, 2003; Grossman, Niemann, Schmidt & Walach, 2004). Esta é uma prática utilizada no campo da Psicologia Positiva e da Psiquiatria Positiva no sentido em que permite a gestão de estados emocionais negativos, promoção de estados emocionais positivos, cultiva a criatividade, e altera a visão do eu, do mundo e do futuro (Ciarrochi, Kashdan, & Harris, 2013).
Desta forma, o bem-estar na Psicologia Positiva e na Psiquiatria Positiva pode ser alcançado através da prática de mindfulness, que envolve observar todas as experiências e sensações, orientar a atenção para o momento presente, estar recetivo a todas as informações e estar sensível a diferentes contextos e consciente de múltiplas perspetivas, levando a aquisição de novas competências mais adaptativas e funcionais (Ngnoumen & Langer, 2016).
Mindfulness - conceitos e princípios
O termo Mindfulness surge da tradução para inglês da palavra “Sati” na língua budista Pali. “Sati” significa recordar (ter presente o que acontece), reconhecimento, consciência, intencionalidade da mente, mente vigilante, atenção plena, alerta, mente lúcida e auto consciência (Germer, 2005).
Kabat-Zinn (2003, p.145) define mindfulness como “a consciência que emerge da capacidade de prestar atenção, com propósito, no momento presente, sem julgamento, à experiência que acontece momento a momento”. No mesmo sentido Bishop e colaboradores (2004) definem o mindfulness com base num modelo de 2 componentes: a auto regulação da atenção, que se traduz na manutenção da atenção no momento presente, evitando o processamento elaborativo e (2) a orientação para a experiência caracterizada por curiosidade, abertura e aceitação.
Contrariamente à crença popular, na prática de mindfulness não se procura esvaziar a mente de pensamentos ou emoções, trata-se de prestar atenção ao momento presente, sem ficar apegado ao passado ou sem se preocupar com o futuro. Os pensamentos, emoções e sensações devem ser observados como eventos da mente, sem que o indivíduo se identifique com eles ou lhes reaja com o seu padrão automático e habitual de resposta. É uma forma específica de relacionamento como todas as experiências - internas, externas, negativas, positivas, neutras - de forma a alcançar maior qualidade de vida (Germer, 2005). Kabat-Zinn (2004) destacou 7 atitudes para a prática de mindfulness: não-julgamento, paciência, mente de principiante, sem resistência, com confiança, aceitação e desapego.
Existem duas formas de praticar mindfulness: informal e formal. A prática formal é realizada através de práticas estruturadas de meditação. Implica treino da atenção, observação sistemática dos conteúdos da mente e do corpo (Germer, 2005; Shapiro, Sousa, & Jazaieri, 2016). A prática informal refere-se à utilização das competências de mindfulness, da atenção à respiração, ouvir os sons da natureza, notar e registar emoções ou prestar atenção às sensações corporais (Germer, 2005; Shapiro, et al., 2016).
Nos últimos anos tem-se verificado um crescente interesse dos investigadores e clínicos por esta temática. Na prática clínica, o principal interesse pelo mindfulness centra-se no seu impacto na prevenção e tratamento da doença mental. Mais especificamente, vários estudos têm demonstrado que indivíduos que meditam regularmente, são mais felizes e vivem mais satisfeitos do que a média (Ivanowski & Malhi, 2007; Shapiro, Oman, Thoresen, Plante, & Flinders, 2008). Para além disso, a prática regular de mindfulness diminui a ansiedade, a depressão e a irritabilidade, o que se traduz numa vida mais saudável (Baer, Smith, Hopkins, Kreitemeyer, & Toney, 2006).
A prática de mindfulness tem sido integrada em protocolos de tratamento de várias perturbações mentais com o objetivo de intervir nos processos mentais que contribuem para a desregulação emocional e para o comportamento desadaptativo (Bishop et al., 2004).
Mindfulness, Psiquiatria Positiva e Psicologia Positiva
O mindfulness tem ganho crescente interesse no campo da Psiquiatria Positiva e da Psicologia Positiva, pela partilha do mesmo objectivo final: a promoção do bem-estar. Desta forma, justifica-se a implementação de práticas de mindfulness no contexto psicoterapêutico, de forma a potenciar o tratamento e a recuperação na doença mental e a promoção de maior qualidade de vida.
A depressão e as perturbações da ansiedade são perturbações psiquiátricas caraterizadas por marcada desregulação emocional associada à disfunção de mecanismos neurobiológicos. Um estudo levado a cabo por Lutz et al. (2014), mostrou que a prática de mindfulness tem efeitos na regulação emocional. Os resultados evidenciaram uma redução da ativação neuronal em regiões cerebrais envolvidas no processamento emocional - a amígdala e o giro para-hipocampal - aquando da perceção de estímulos negativos, verificando-se resultados positivos ao nível da regulação emocional. Estes resultados são importantes para a prática clínica, permitindo um tratamento mais eficaz das doenças mentais. O mindfulness é uma ferramenta que permite promover alterações neurobiológicas, sem recurso a medicamentos, que melhoram a regulação emocional, essencial ao bem-estar e à qualidade de vida.
A integração da prática de mindfulness nas abordagens positivas é também reforçada pela estreita relação entre as atitudes do mindfulness (designadamente a curiosidade, confiança, abertura, aceitação e não-julgamento) e as forças de caráter da classificação das forças de Seligman.
A partir da definição de mindfulness de Bishop et al. (2004), pode estabelecer-se uma analogia entre esta prática e duas forças de caráter da Psicologia Positiva. Segundo Bishop e colaboradores (2004), existem dois elementos essenciais para definir a prática de mindfulness: (1) a capacidade de focar atenção no momento presente e (2) a adopção de uma postura de não-julgamento, aceitação e abertura. Estes dois elementos correspondem a duas forças de carácter definidas por Seligman: a autorregulação e a curiosidade/mente-aberta, respetivamente.
A literatura tem evidenciado outras relações entre o mindfulness e as forças de caráter da classificação de Seligman. Niemiec, Rashid e Spinella (2012) defendem que uma abordagem que integre o mindfulness e as forças de caráter pode ser uma-mais valia e trazer benefícios acrescidos na prática clínica. Estes autores enfatizam duas ideias principais (1) determinadas forças de caráter são centrais para a prática de mindfulness e (2) outras forças são resultado desta prática. Mais especificamente, a perseverança, a compaixão, a curiosidade, a honestidade e a abertura à experiência são forças essenciais para a prática de mindfulness; por outro lado a auto-regulação, a vitalidade, a apreciação da beleza e da excelência podem ser resultado desta prática. No mesmo sentido, Baer e Lykins (2011) defendem que a prática de mindfulness promove aspectos centrais da psicologia positiva, nomeadamente, determinas forças de carácter e o bem-estar psicológico. A revisão de literatura realizada por estes autores, evidenciou as possíveis relações entre as forças de carácter da classificação de Seligman (criatividade, curiosidade, abertura à experiência, pensamento crítico, sabedoria, autenticidade, vitalidade, compaixão, inteligência emocional, auto-regulação, optimismo e espiritualidade) e a prática de mindfulness.
A discussão em torno da integração do mindfulness e das forças de carácter, levou ao desenvolvimento de um programa que integra estas duas áreas, denominado Mindfulness-Based Strengths Practice (Niemiec & Lissing, 2016). O programa é constituído por 8 sessões. As primeiras sessões abordam conceitos e definições teóricas, enquanto as seguintes se centram na integração e na prática do mindfulness e das forças de caráter (Niemiec & Lissing, 2016).
Ivtzan e colaboradores (2016) também desenvolveram um programa que integra a prática de mindfulness com variáveis da Psicologia Positiva, designado Positive Mindfulness Program. É um programa online com duração de 8 semanas e é constituído por oito módulos principais. Em cada módulo é abordado um tema específico: (1) autoconsciência; (2) emoções positivas; (3) autocompaixão; (4) autoeficácia; (5) autonomia; (6) significado de vida; (7) relações positivas com os outros e (8) envolvimento. O estudo de eficácia do programa revelou resultados importantes, indicando, por um lado, a promoção efetiva do bem-estar psicológico e de outras variáveis positivas (emoções positivas, auto-compaixão, felicidade, autonomia) e, por outro, o decréscimo de variáveis como a depressão e o stress (Ivtzan et al., 2016).
Estes programas, apesar de apresentaram algumas limitações, são uma mais valia para a intervenção psicoterapêutica, dotando os indivíduos de recursos essenciais ao seu bem-estar e qualidade de vida.
A Psiquiatria Positiva e Psicologia Positiva surgem neste artigo com inegáveis abordagens de estudo e de prática clínica, assumindo um papel inovador e alternativo face às abordagens tradicionais. Cada vez mais estudos nestas áreas trazem contributos relacionados com a sua temática central: o bem-estar dos indivíduos. Muda-se a tónica do tratamento dos sintomas para a promoção das caraterísticas positivas e melhoria da qualidade de vida.
As caraterísticas psicossociais positivas, são as forças motrizes do bem-estar subjetivo, levando a uma mudança do estilo de vida - à adopção de uma alimentação saudável e equilibrada, à prática de exercício físico e atividades meditativas, à construção de redes sociais de suporte, e à promoção do otimismo e da compaixão.
Os conceitos de florescimento humano e de forças de caráter vieram reforçar os estudos feitos até então, e a sua relação com a prática de mindfulness demonstrou uma melhor gestão de estados emocionais negativos, promoção de estados emocionais positivos, potenciação da criatividade, e alteração da visão do eu, do mundo e do futuro.
Sendo estas perspetivas atraentes para os que defendem a importância dos fatores positivos e virtudes do ser humano em detrimento dos fatores negativos que envolvem a patologia, é essencial que os estudos das variáveis e das suas relações continuem, pois só assim será possível o verdadeiro entendimento do bem-estar pleno.
REFERÊNCIAS
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Recebido em 26 de Janeiro de 2018/ Aceite em 04 de Junho de 2018