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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto
versão impressa ISSN 1645-0523
Rev. Port. Cien. Desp. v.5 n.3 Porto set. 2005
Acerca do debate metodológico na investigação feminista
Paula Silva
Paula B. Gomes
Amândio Graça
Paula Queirós
Universidade do Porto, Faculdade de Desporto, Portugal
RESUMO
Os feminismos associados à ciência e ao campo da investigação desencadearam uma nova dimensão de críticas em meados dos anos 70, do século passado, ao sugerirem a existência de enviesamentos androcêntricos no desenvolvimento da investigação científica. O saber identificava o universal com o masculino, e o feminino, quando contemplado, constituía o exemplo de resultados desviantes, reforçando a assunção do senso comum: inferioridade e subordinação do sexo feminino. São identificáveis fases na investigação feminista: a da visibilidade, com estudos só sobre mulheres; a da diferença, cujos estudos se debruçavam sobre a diferença de géneros; e a de relações de género, que se centra nas relações entre mulheres e homens. O debate acerca dos princípios da investigação feminista e das complexas relações entre epistemologia, metodologias e métodos continua numa tentativa de clarificar uma questão central: o que significa fazer investigação feminista? Não se pretende nestas linhas de reflexão solucionar dilemas que são objecto, desde há alguns anos, de debates entre académicos - feministas e não feministas - e mesmo entre feministas, mas tornar públicos e objecto de reflexão os temas desses debates. Porque, estamos certos, promoverão uma visão mais crítica e reflexiva dos nossos próprios processos de investigação, enquadrem-se ou não na investigação feminista. Pretende-se, sim, com este artigo, dar visibilidade e sublinhar a pertinência da inclusão da investigação feminista na agenda das ciências do desporto.
Palavras-chave: investigação feminista, epistemologia, metodologias, ciências do desporto.
ABSTRACT
About methodological debate in the feminist research
Feminisms, related to the scientific and research community, fuelled a new dimension of criticisms in the middle 70s of the last century, by suggesting the existence of androcentric bias in the development of scientific research. Tacitly knowledge identified the universal with the masculine, and when contemplated the feminine constituted the example of deviated results, strengthening the common sensical assumption of the inferiority and subordination of female sex. There are identifiable phases in the feminist research: the visibility phase, with studies only on women; the difference phase, whose studies queried the differences of gender; and the gender relations phase, which focuses on relations between men and women. The debate about the principles of feminist research and the complex relations between epistemology, methodologies and methods, continues to evolve, attempting to clarify a central question: what does it mean to do feminist research? It is not intended in these lines to solve dilemmas that are, since a few years ago, object of debates between feminists and non feminists scholars, or even among feminists, but to make apparent the themes of those debates, and making them object of reflection once we are sure it will promote a more critical and reflexive vision of our own research processes, whether they fit or not in the feminist research. The very focus of this paper is to enhance the visibility and highlight the worth of including feminist research within sport studies agenda.
Key Words: feminist research, epistemology, methodologies, sport sciences.
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CORRESPONDÊNCIA
Paula Silva
Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física
Universidade do Porto
Rua Dr. Plácido Costa, 91
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