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Cadernos de Estudos Africanos
versão impressa ISSN 1645-3794
Cadernos de Estudos Africanos no.32 Lisboa dez. 2016
APRESENTAÇÃO
Apresentação
Marcelo Bittencourt1; Paulo Jorge Fernandes2; Victor Melo3
1Universidade Federal Fluminense, R. Miguel Frias, 9, Icaraí, Niterói, RJ 24220-900, Brasil, endereço de correio eletrónico: marcelo216@gmail.com
2Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Av. de Berna, 26 C, 1069-061 Lisboa, Portugal, endereço de correio eletrónico: paulojorgefernandes@sapo.pt
3Universidade Federal do Rio de Janeiro, Av. Pedro Calmon, 550, Cidade Universitária, RJ 21941-901, Brasil, endereço de correio eletrónico: victor.a.melo@uol.com.br
Este número dos Cadernos de Estudos Africanos reúne alguns trabalhos apresentados no Encontro Internacional do Desporto e Lazer em África, que teve como tema central Entre os vínculos do passado e as dinâmicas do presente, promovido em Lisboa, em outubro de 2014, no Centro de Estudos Internacionais (ISCTE-IUL). O evento deu sequência a dois encontros anteriores que tiveram lugar na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2010, e também no ISCTE-IUL, em 2012.
Tais eventos são desdobramentos de ações formuladas num primeiro projeto internacional, sistematizado, em 2008, por investigadores de Angola, Brasil, Cabo Verde e Portugal, a primeira vez que o assunto esporte e lazer no continente africano mereceu uma atenção mais denotada e institucionalizada de pesquisadores de língua portuguesa. Quase uma década depois, podemos com felicidade constatar o sucesso das iniciativas decorrentes, entre as quais a diversificação das investigações, com a formatação de novos projetos, cuja produção foi fartamente veiculada em congressos, periódicos e livros (entre os quais, Mais do que um jogo: o esporte e o continente africano[1] e Esporte e lazer na África: novos olhares[2]).
Este dossiê, de fato, indica o espraiar da abordagem dos temas esporte e lazer em vários sentidos, quer em termos dos espaços territoriais africanos investigados, quer no tocante ao perfil e vinculação dos pesquisadores envolvidos, bem como no que tange às temporalidades estudadas.
Os artigos debruçam-se sobre regiões e países distintos, como Etiópia, São Tomé e Príncipe e África do Sul, investigados em um recorte temporal que vai da virada dos séculos XIX-XX, dando conta do processo de expansão colonial, às primeiras décadas do XXI, quando as críticas aos regimes africanos pós-independência ganharam maior intensidade. São abordados temas controversos como as representações nacionais e os benefícios econômicos dos grandes eventos esportivos.
Tal diversidade confirma o diálogo que tem sido construído entre os pesquisadores que se dedicam aos estudos do esporte e do lazer nos países africanos de língua oficial portuguesa e os investigadores de outras latitudes. Este processo de internacionalização, indiscutivelmente, tem auxiliado no aprofundamento dos enfoques e na compreensão dos assuntos.
Na verdade, é preciso enfatizar o que os textos que compõem esse dossiê apontam: o esporte e o lazer podem ser analisados como objetos em si, mas também como janelas que permitem novas compreensões sobre temas mais investigados por estarem denotadamente ligados ao terreno do político e do econômico.
Portanto, há que se celebrar essas iniciativas que consagram o quão frutífero tem sido esse movimento para que melhor possamos compreender a experiência histórica dos países africanos. Inclusive por nos permitir lançar um olhar sobre o cotidiano a partir de objetos que gozam de grande penetração social e que, como poucos outros, possibilitam dramatizar as tensões dos processos coloniais e pós-coloniais.
Vale, por fim, registrar que, já em 2013, os Cadernos de Estudos Africanos, em seu número 26, editaram o dossiê Em torno das Práticas Desportivas em África, com a publicação de comunicações apresentadas no Encontro Internacional do Desporto e Lazer em África, cujo tema central foi Práticas e identidades. Queremos agradecer e exaltar o respeito e atenção que vem sendo dada por este importante periódico a assuntos ainda considerados novos, bem como aos grupos de pesquisa que têm interesse por tais questões.
Boa leitura a tod@s
[1] Rio de Janeiro: Apicuri, 2010.
[2] Rio de Janeiro: 7 Letras/CNPq, 2013.