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Revista Lusófona de Educação
versão impressa ISSN 1645-7250
Rev. Lusófona de Educação no.20 Lisboa 2012
O designer de produto como elemento de ligação nas equipas multidisciplinares
The Product Designer as a Connecting Element in Multidisciplinary Teams
Gianni Montagna*, Cristina Carvalho**, Hélder Carvalho*** & André Catarino****
*Faculdade de Arquitectura, Universidade Tecnica de Lisboa, Departamento de Projeto.
g.montagna@gmail.com
**Faculdade de Arquitectura, Universidade Tecnica de Lisboa, Departamento de Tecnologias.
***Universidade do Minho, Departamento de Engenharia Têxtil, Guimarães.
****Universidade do Minho, Departamento de Engenharia Têxtil, Guimarães.
Resumo
A possibilidade de manter os mais importantes elementos do design criados pelo designer será possível através de uma mistura de estratégia e conhecimento que o designer deverá ser capaz de gerir da maneira mais proveitosa. O comportamento individual e reservado, geralmente assumido e projetado aos outros intervenientes no processo de desenvolvimento de novos produtos, por parte do designer, já não são suficientes para enfrentar as necessidades cada vez mais competitivas da indústria e do mercado. As ideias e os conceitos que podem ser transmitidas ao designer por um grupo de trabalho permitem a aquisição de múltiplas visões acerca do mesmo objeto em termos de conceito, utilização, produção e mercado, que seriam impossíveis de serem fornecidas por um único indivíduo devido a uma observação subjetiva e à limitação de experiências. A metodologia da investigação multidisciplinar é, sem dúvida, o caminho mais importante a seguir e deverá ser introduzido no ensino de design das escolas desde o princípio e especialmente desde que o Acordo de Bolonha veio reduzir drasticamente as horas de contato entre alunos e docentes.
Palavras-chave: design conceptual; investigação multidisciplinar; design e tecnologias; ensino do design; metodologia de design.
Abstract
The possibility of keeping the most important design elements created by the designer will be achieved through a mix of strategy and knowledge that the designer should be able to manage in the most profitable way. The individual and reserved behavior of the designer, generally assumed before the others players in the process of developing new products, is no longer sufficient to meet the needs of the increasingly competitive industry and market. The ideas and concepts that can be transmitted to the designer by a working group that allow acquisition of multiple views on the same object in terms of concept, use, production and market, would be impossible to be provided by a single individual because of a subjective observation and experiences limitations. The methodology of multidisciplinary research is undoubtedly the most important path to follow and should be introduced in the teaching curricula of design schools from the very beginning, especially since the Bologna Agreement has drastically reduced the contact time between students and teachers.
Keywords: conceptual design; multidisciplinary research; design and technologies; design teaching; design ethodology.
Introdução
A visão do design por parte dos profissionais e dos futuros designers é encarada na maioria das vezes como um ato isolado e solitário que depende unicamente da visão do autor do projeto e que, para além de dever produzir um objeto ou serviço de alta qualidade, deve, em muitos casos, refletir e veicular o nome do próprio designer da mesma maneira que a obra de arte o faz com o seu autor.
O ambiente das aulas é por vezes incompatível com o curriculum exigido pela Declaração de Bolonha, que pretende mudar o paradigma do ensino no meio universitário. A Declaração de Bolonha, através do Processo de Bolonha, teve o objectivo de criar uma Área Europeia para o Ensino Superior, ligando 29 países europeus em currículos académicos integrados de modo a que seja possível a máxima liberdade de circulação dos alunos dentre dos diferentes países em questão, tendo em conta uma uniformização do sistema universitário europeu. Assinado em 1999 e com a sua entrada em vigor em 2006, a Declaração de Bolonha tem o objectivo de permitir aos discentes uma maior possibilidade de gestão dos seus próprios curriculums académicos através da introdução de unidades curriculares de opção e procurado por uma maior actividade promovida pelos mesmos no meio da comunidade académica, o tempo para a comunicação dos conteúdos foi diminuído e uma maior liberdade de atuação é possibilitada aos alunos. Uma nova e diferente visão do meio académico deve ser dada aos alunos e ao público em geral. A comunicação aos alunos de uma grande variedade de tópicos é um fato que requer novas metodologias e liderança estratégicas.
Existem significativas vantagens na chamada "transferência de tecnologia", que traz numerosos benefícios para todas as áreas envolvidas. A aplicação de novas tecnologias a diferentes materiais pode produzir resultados que seriam inimagináveis antes, e se ainda incluirmos novas ideias e diferentes especificações técnicas ditadas por novas aplicações e metodologias, o número de possibilidades aumenta exponencialmente.
Contexto
O estudo do design a nível universitário é uma disciplina relativamente nova e em constante evolução em termos de amadurecimento e de consolidação.
Durante décadas as produções industriais eram implementadas e geridas por técnicos da indústria e os designers eram vistos como elementos superficiais e pouco necessários no processo produtivo. A sua percepção como profissionais colocava-os algures entre o mundo artístico e a indústria, não sendo vistos como suficientemente úteis para que o seu trabalho fosse desejado no seio da produção industrial. Por outro lado, apesar da tecnologia continuar a ter um papel central no design, os designers estão normalmente focados nas necessidades estritamente sociais e estéticas, definidas por McCann (2005) como "elementos ligados à forma do vestuário, dando pouca importância às necessidades de integração dos elementos ligados à função".
Hoje em dia, a consciencialização do papel do designer perante a sociedade e a indústria é estável e claro. O designer está a transformar-se num meio aglutinador no seio dos grupos de trabalho e numa figura profissional pluridisciplinar, tentando fazer a mediação entre diferentes pontos de vista sobre o mesmo produto, intercedendo entre as necessidades da indústria e do consumidor final, tentando conseguir o melhor equilíbrio entre todos os aspetos principais da produção industrial com o objetivo de conseguir o melhor produto com o mínimo de recursos.
Numa época de grandes mudanças das economias mundiais, "a diferença de objetivos entre engenheiros e designers industriais está a reduzir-se cada vez mais, perspetivando-se que, numa óptica de resolução de problemas, as duas áreas que inicialmente eram distintas e separadas cheguem a um cruzamento e parcial sobreposição de modo a poder aproveitar as mais-valias de cada uma" (Liem, 2005, p.349).
Projetos de investigação em equipas: o modelo conceptual
O trabalho desenvolvido pelos designers tende a ser, hoje em dia, menos individual e mais partilhado entre as várias áreas intervenientes. O produto ou serviço deriva da junção de diferentes conhecimentos e pontos de vista, que representam distintas necessidades e especificações técnicas.
Dependendo do resultado a ser alcançado pelo projeto, e tendo em conta o conhecimento individual e sinérgico que o projeto poderá criar no interior da equipa, deverão ser planeadas tarefas específicas. O delineamento do conceito de design é uma tarefa principal que deverá ser traçada com especial cuidado. Nesse momento, são definidas as bases para o desenvolvimento de todo o projeto e é feita a avaliação do projeto em termos de logística, finanças e recursos humanos. A atividade de projeto conceptual – afirma Lihui Wang (2002) – não pode ser considerada completa até se avaliar e verificar que os conceitos de design satisfazem os requisitos funcionais necessários.
As sinergias deverão ser maximizadas de modo a ser possível o planeamento de todo o projeto e a previsão de eventuais atrasos. "O modelo da equipa de investigação é um exemplo de excelência para a eficácia do grupo" (Varma-Nelson, 2005, p.165). Neste sentido o autor refere que a transformação do grupo de trabalho em equipa de investigação é um modelo que muito rapidamente pode dar excelentes resultados em termos operacionais. Efectivamente, a definição de um objectivo que possa servir de elemento comum de actuação, bem como objectivo a alcançar pela equipa, poderá ser um elemento fundamental para o aumento da eficácia e o alcance de resultados comuns. "A definição do modelo conceptual de design é provavelmente a tarefa mais crucial na estratégia de desenvolvimento do ciclo do produto" (Wang, 2002, p.981).
Um bom exemplo de integração de diferentes áreas cientificas é o projeto BIOSWIM - Sistema de Interface Corporal Integrada em Vestuário para Monitorização de Sinais, que inclui diferentes grupos de investigação com formação, competência e objetivos específicos. O principal objetivo do projeto Bioswim é o desenvolvimento de um fato de natação com sensores integrados e também embebidos no substrato têxtil com respetivo sistema de monitorização para a medição, recolha, e transmissão de parâmetros biométricos, para a caracterização da performance do nadador.
O fato deverá ser fácil e rápido de vestir de acordo com as suas características funcionais, deverá manter as suas funções durante um período de tempo adequado e não poderá de modo algum limitar a performance desportiva.
Diferentes grupos de trabalho participam neste projeto desde o princípio, incluindo grupos das áreas de Engenharia Têxtil (Universidade do Minho), Ciências do Desporto (Faculdade de Desporto da Universidade do Porto), Engenharia Biomédica (INESC Porto), design de Vestuário (Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa) e Eletrônica (Universidade do Porto e Minho).
São promovidas reuniões periódicas pelo responsável do projeto com o intuito de promover a troca de informação entre os membros das diferentes equipas, permitindo deste modo o intercâmbio de informações técnicas, estabelecimento de metas intercalares – milestones – a identificação de limitações, dificuldades e a definição de estratégias para a sua resolução.
A vantagem de diferentes pontos de vista
O intercâmbio de ideias é uma das principais vantagens do trabalho de grupo. Diferentes pontos de vista são evocados por cada elemento do grupo de trabalho e a melhor solução de compromisso deverá ser encontrada para se chegar à melhor solução e se conseguir apurar e consolidar as noções de conceito. Neste momento, as ideias são levadas rapidamente para um nível sinérgico onde novos conceitos e ideias poderão ser encontrados e assumidos, podendo dar origem a novas aplicações e utilizações alternativas.
Por outro lado, as sinergias criadas no interior do grupo de trabalho poderão dar origem e moldar novas soluções produtivas. Diferentes modos de produção poderão ser equacionados, sendo os seus limites discutidos e testados. Novos materiais e técnicas de construção poderão ser tidas em conta e discutidas de modo a alcançar os melhores resultados com o mínimo desgaste em termos de recursos, humanos, financeiros, económicos e de tempo.
Desde o princípio, cada membro interveniente deverá avaliar as próprias necessidades e requisitos para o projeto de um ponto de vista global, mas também conseguir examinar cada subtarefa do projeto tendo em conta as interacções com as necessidades das restantes equipas participantes.
No grupo de trabalho, ideias e desenvolvimentos são constantemente discutidos, avaliados e testados. A possibilidade de um retrocesso pontual para avaliação de outros pontos de vista é uma possibilidade sempre em aberto. Cada ideia, nova aplicação ou técnica diferente empregue no desenvolvimento do projeto pode revelar a necessidade de recuar ao plano teórico original de modo a proceder a uma revisão na atuação.
O designer terá a obrigação de tentar resolver as questões conceptuais e metodológicas ligadas ao projeto de design que revelam um desafio multidisciplinar complicado conseguindo uma colaboração muito grande do resto do grupo. O designer deverá ser a ligação entre as diferentes áreas presentes no projeto que permitirão a evolução dos trabalhos até à sua conclusão. John Page alertou na Conference on design Methods de Manchester, em 1962 que "...na maioria das situações de design, desde o tempo de produção […] damos conta de termos esquecido de analisar alguma coisa e teremos de ir à volta do círculo e produzir uma síntese modificada e assim por diante" (Lawson, 2006, p.12).
A criação de sinergias e interdisciplinaridade no interior do grupo de trabalho será muito benéfica no sentido de poder "sensibilizar os designers para as necessidades de ordem técnica e tentar educar e sensibilizar os engenheiros para uma maior necessidade de produtos centrados nas necessidades do utilizador" (Montoya, 2005, p.210).
A necessidade de interdisciplinaridade nos projetos de design é necessária para a obtenção de ulteriores resultados e renovados objetivos. "Em investigação e no desenvolvimento de produtos, a interdisciplinaridade é uma abordagem fundamental às problemáticas complexas dos sistemas de design" (Kemper, 1998, p.162).
O foco nas aulas interdisciplinares
No primeiro quarto do século XX, de acordo com Penny Sparke (2004), design era a força harmonizadora entre a sociedade que queria exprimir-se através do gosto, e a tecnologia que aspirava a máxima racionalidade e eficiência. [Para conseguir isso, continua Sparke (2004), é necessário] "educar indivíduos criativos que possam perceber os dois lados da equação".
Hoje em dia o ensino está a mudar cada vez mais e a escola já não é o lugar onde a informação do professor é debitada para que possa ser reproduzida quando necessário. A revolução em curso no mundo virtual está a alastrar ao mundo real e as escolas e o ensino fazem parte disso.
A aplicação das características do cibermundo às questões do ensino não é tarefa fácil. As últimas remodelações do ensino superior, que obedecem ao Acordo de Bolonha, são cheias de boas intenções: os estudantes são responsáveis pela sua aprendizagem, o tempo de contato entre o professor e o aluno é reduzido e os trabalhos em grupo são uma mais-valia para o desenvolvimento intelectual dos alunos. Contudo, como resultado destas linhas orientadoras, o tempo de aulas é reduzido e a tentativa de comunicação de toda a informação necessária aos alunos, para que lhes seja possível desenvolver os seus trabalhos a um nível considerado satisfatório, não é uma tarefa fácil. Ao mesmo tempo, os alunos de design estão normalmente menos familiarizados do que outros com as disciplinas tecnológicas, que são as que mais diretamente se relacionam com as questões da função, e naturalmente tentam refutar qualquer tentativa de direcionar ou condicionar a sua maneira de pensar ou de atuar. A utilização de metodologias, normalmente aplicadas em investigação para as aulas de design, é uma necessidade que já demonstrou dar bons resultados quando aplicada.
O intercâmbio de ideias promovidas no seio do grupo de trabalho e os benefícios das sinergias criadas pela discussão de grupo traz novos conhecimentos, energias e novas soluções que podem resultar em múltiplos benefícios para as aulas e grupos de trabalho.
Os grupos de estudantes de design são normalmente heterogêneos e este detalhe reúne características que são bastante típicas dos cursos de design e cursos criativos em geral: os estudantes são claramente extrovertidos e são claros na eleição das suas disciplinas e áreas de trabalhos por eles definidas como prioritárias; possuem normalmente um método expressivo que enfatiza as suas preferências como figuras profissionais no universo do design; preferem normalmente trabalhar individualmente com o objetivo de imprimir nos projetos o seu próprio estilo pessoal; têm tendência para desenvolver com profundidade só as partes dos projetos que mais gostam, tendo dificuldades na percepção das suas limitações no desenvolvimento das técnicas e metodologias que podem até ajudar a preservar o seu próprio trabalho, nomeadamente na esfera de referência da função dos objetos em estudo.
Preferencialmente, "os designers produzem projetos baseados naquilo que melhor conhecem. Infelizmente, um design ótimo não é geralmente gerado através de uma prática de design corrente" (Wang, 2002, p.982).
As aulas têm a característica de comunicar novos conceitos e novos caminhos aos alunos, deixando a eles a possibilidade de aprofundamento das disciplinas onde mais precisam de desenvolver conhecimentos e ferramentas.
Transposição de metodologias
A transferência das metodologias de investigação para as aulas de design pode ser muito interessante, mesmo que num modelo adaptado. Este tipo de exercício multidisciplinar deveria ser incluído nos projetos de design pelo menos por duas razões: a primeira prende-se com o fato de os designers precisarem de tomar contato com os conhecimentos relacionados com tecnologia; a segunda pelo fato dos alunos com índole mais tecnológica precisarem de ser conduzidos de modo a darem mais atenção aos requisitos de design, e como diz Warner – o design é fundamental para o estudo da tecnologia (Warner, 2004, p.33).
O pensamento de design reflete o complexo processo de inquérito e aprendizagem que os designers operam num contexto de sistema, tomando decisões ao longo do desenvolvimento do processo, frequentemente trabalhando colaborativamente em equipas num processo social, e falando diferentes linguagens uns com os outros (Dym, 2005, p.104).
O conhecimento de fundo das diferentes disciplinas envolvidas no projeto é muito limitado nos estudantes. Estas limitações, devidas aos poucos contatos com problemas técnicos e com as próprias disciplinas, pode ser a primeira forma de estimular os seus interesses para questões mais técnicas. A necessidade de alcançar uma rápida realização das suas ideias pode ser a alavanca para estimular os alunos a uma maior aplicação a todas as tarefas do ciclo de produção do produto.
O desenvolvimento de todo o ciclo produtivo pelos mesmos alunos é um objetivo que pode forçar os alunos a aprofundar o seu contato com as disciplinas mais criativas e mais técnicas. O contato com as questões mais técnicas é muito importante por aumentar o seu desempenho como designers e permitir obter as ferramentas necessárias para a salvaguarda do seu próprio trabalho.
A possibilidade por parte dos alunos de poder projetar um qualquer produto de design e ter a possibilidade de o concretizar, é uma vantagem enorme do ponto de vista da aprendizagem. Como refere Ross (2005) – os alunos aprendem design através da sua prática nos projetos, onde a teoria é desenvolvida em ciclos de design interativos, testes experimentais, reflexão e teorização.
A promoção de discussões acerca das questões de design pode criar sinergias e coesão do grupo de trabalho, o que pode trazer novas soluções e ideias, demonstrando as vantagens do trabalho de grupo nas acções de design.
O desenvolvimento do briefing e a pesquisa dos primeiros elementos deve promover a discussão proativa no seio do grupo que, sem dúvida, é muito importante para a partilha de informação essencial.
A capacidade do designer de manusear e aplicar toda a informação de um projeto multidisciplinar é fundamental na relação entre o designer e a indústria, elemento essencial de desenvolvimento, produção e comercialização do produto de design.
Fundamentalmente, a discussão no interior do grupo deve ser impulsionada no sentido de se alcançar a necessária interação que permita sinergias de inovação e, como afirmado por DePietro, uma direta e necessária relação entre design e tecnologia (DePietro, 2005, p.3).
Vantagens
A vantagem da aplicação desta técnica as aulas de design é muito importante. O design já não é uma atitude individual, mas deve ser partilhada e discutida no interior de um grupo de trabalho com o objetivo de obter diferentes pontos de vista acerca do mesmo objeto de estudo.
A necessidade de massa crítica pode vir a ser superada pelo grupo de trabalho com brain storming acerca do objeto e poderá ser meia porta aberta a novas soluções e ideias, tendo a capacidade para criar novas necessidades e produtos diferenciados.
Como dito anteriormente, os estudantes de design são especialmente sensíveis e ricos em ideias que podem não ter valor se incapazes de desenvolver objetos considerados maduros nas suas múltiplas dimensões. Devido às suas experiências limitadas, cada estudante pode obter múltiplos benefícios no trabalho de grupo podendo alcançar uma diferente visão e aproximação ao design.
A possibilidade de perceber os contornos e as necessidades do projeto, mesmo em projetos parciais ou virtuais, será de extrema importância para os alunos conseguirem uma visão diferente e mais completa na altura do projeto de um novo objeto ou serviço específico.
Os designers devem olhar para o objeto como um projeto complexo e participado, que é muito mais do que algo de novo e diferente; devem olhá-lo como um produto industrial valioso.
Conclusões
O trabalho de design é cada vez mais complexo e exigente. As diferenças entre a universidade e indústria devem ser reduzidas com o empenho de ambas as partes.
A vantagem do trabalho de equipa é muito clara para todos os que trabalham em investigação. O trabalho de design exige aos estudantes uma dimensão intelectual e também pragmática, que assegure uma correta abordagem e interpretação do dualismo forma/função, essencial no design, e o trabalho de equipa parece ser uma boa opção para uma aprendizagem fácil e rápida ao mesmo tempo que os alunos podem ver os seus projetos crescerem e tornarem-se realidade.
Contudo, na maioria das universidades, os projetos são confinados ao mesmo grupo de estudantes cuja formação de base é a mesma. Este fato reduz a possibilidade de intercâmbio de conhecimento entre estudantes e a potencialidade oferecida por uma metodologia transversal aos diferentes grupos de trabalho e investigação. Será muito mais desejável propor projetos integrados com diferentes escolas e a integração de professores com formação específica diferente.
O papel dos designers como profissionais é agora mais claro e a sua presença na indústria absolutamente necessária, especialmente quando bem integrada no interior do ciclo produtivo de modo a que possa responder aos desafios inerentes à relação homem/objeto.
Na formação dos futuros designers, para além da mobilidade dos alunos existente, a metodologia de investigação demonstrou que uma postura de aprendizagem ao longo da vida é muito importante e deve ser percebida pelos alunos como uma ferramenta multi-recursos possibilitando a produção de produtos inovadores e bem concebidos.
A relação estreita entre o design e as tecnologias deve ser assumida e explorada de modo a alcançar melhores resultados. McCracken J. (2005, p.87) refere que – "a alma humana está para o corpo como o design está para as tecnologias".
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Agradecimentos
Os autores agradecem ao Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design (CIAUD) da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa e à FCT o apoio na investigação e na bolsa individual de investigação.