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Relações Internacionais (R:I)
versão impressa ISSN 1645-9199
Relações Internacionais n.19 Lisboa set. 2008
Rescaldo da era Bush: a reconstrução da ordem constitucional, a manutenção da unipolaridade e o fim da orientação «eurocêntrica»
Henrique Raposo
Dois erros de análise marcaram a era Bush. Em 2003, a América era vista como um «Império». Em 2008, tornou-se convencional dizer que já vivemos num mundo multipolar. Estes dois erros têm a mesma causa: a incompreensão do conceito de «unipolaridade» e do conceito de «ordem constitucional». Aqui, pretendemos demonstrar dois pontos: (1) o sistema de estados continua a ser unipolar; (2) a mudança-chave não ocorreu ao nível da unipolaridade, mas sim ao nível da ordem constitucional, sobretudo no sistema de alianças americano. Podemos dizer que o momento unipolar ainda não acabou no sistema, mas acabou o momento eurocêntrico na ordem constitucional.
Palavras-chave: George Bush; Império Americano; Unipolaridade; Multipolaridade; Ordem Constitucional
Bushs Era: reconstruction of the constitutional order, the persistence of American unipolarity, and the end of «Europe-First Orientation»
The Bush Era was marked by two analytical mistakes. In 2003, America was seen as the "Empire". In 2008, conventional wisdom established that we live in a multipolar world.
These two mistakes share a common cause: a misunderstanding of the concepts of "unipolarity" and "constitutional order". We aim to demonstrate the following points: (1) the interstate system remains unipolar; (2) a key change has happened not at the level of structural unipolarity, but at the level of the constitutional order (namely in the American system of alliances). We can assert that the unipolar moment has not ended. What has come to an end is the eurocentric moment at the constitutional order.
Keywords: George Bush; American Empire; Unipolarity; Multipolarity; Constitucional Order
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NOTAS
1 IKENBERRY, John «The myth of the post-Cold War chaos». In Foreign Affairs. Vol. 73, N.º3, Maio-Junho de 1996, p. 80. [ Links ]
2 DAS, Gurcharan Le Réveil de lInde. Paris: Buchet/Chastel, 2007, p. 28.
3 CHENEY, Dick «Remarks by the Vice President at the Washington post-Yomiuri Shimbun Symposium», Hotel Okura, Tóquio, Japão, 13 de Abril de 2004.
4 Cf. SIMES, Dimitri K. «Americas imperial dilemma». In Foreign Affairs. Vol. 82, N.º 6, Novembro-Dezembro de 2003, p. 91.
5 DALBY, Simon «Political space: Autonomy, liberalism, and empire». In Alternatives. N.º 30, 2005, p. 435.
6 COX, Michael «Empire is back in town». Conference Papers International Studies Association, Montreal, 2004 Annual Meeting.
7 COX, Michael, «Empire, imperialism and the Bush doctrine». In Review of International Studies. N.º 30, 2004, p. 603.
8 MOTYL, Alexander J. Imperial Ends The Decay, Collapse and the Revival of Empires. Nova York: Columbia University Press, 2001.
9 DOYLE, Michael W. Empires. Ithaca: Cornell University Press, 1986.
10 WOHLFORTH, William «The stability of the unipolar world». In International Security. Vol. 24, N.º 1, Verão de 1999, p. 9.
11 MOTYL, Alexander J., Imperial Ends The Decay, Collapse and the Revival of Empires, pp. 190-194.
12 RAPOSO, Henrique «O mito da América imperial». In Relações Internacionais. N.º 8, Dezembro de 2005, pp. 185-192.
13 Cf. WOHLFORTH, William «The stability of the unipolar world», pp. 5-41.
14 THE WORLD BANK World Development Indicators Database, 1 de Julho de 2008; http://siteresources.worldbank.org/DATASTATISTICS /Resources/GDP.pdf.
15 HELLMAN, Christopher, e SHARP, Travis «The FY 2009 Pentagon spending request Global military spending». Center for Arms Control and Non-Proliferation, 22 de Fevereiro de 2008; http://www.armscontrolcenter.org/policy/securityspending/articles/fy09_dod_request_global/index.html
16 LIEBER, Keir A., e PRES, Daryl G. «The rise of US nuclear primacy». In Foreign Affairs. Vol. 85, N.º 2, Março-Abril de 2006, pp. 42-54.
17 EBERSTADT, Nicholas «Chinas onechild mistake». American Enterprise Institute, 17 de Setembro de 2007.
18 Cf. SATER, David Madrugada Sombria Rússia, Uma Democracia Ilusória. Porto: Civilização Editora, 2005.
19 EBERSTADT, Nicholas «Dying Russia», American Enterprise Institute, 25 de Abril de 2008.
20 EBERSTADT, Nicholas «America the fertile», American Enterprise Institute, 6 de Maio de 2007.
21 SCHWELLER, Randall «Bandwagoning for profit». In International Security. Vol. 19, N.º1, Verão de 1994.
22 MOISI, Dominique «After unipolarity, Europes time to make a difference». In The Daily Star, 19 de Dezembro de 2006.
23 LAYNE, Christopher «Impotent power? Re-examining the nature of Americas hegemonic power». In The National Interest. N.º 85, Setembro-Outubro de 2006, pp. 41-47.
24 FUKUYAMA, Francis «El fin de la hegemonía americana». In El Pais, 31 de Julho de 2008.
25 KHANNA, Parag «Waving goodbye to hegemony». In The New York Times Maganize, 27 de Janeiro de 2008.
26 CHUA, Amy Days of Empire How Hyperpowers Rise to Global Dominance, and Why They Fall. Nova York: Doubleday, 2007, pp. 286-317.
27 KUPCHAN, Charles A. The End of the American Era. Nova York: Knopf, 2002.
28 WOHLFORTH, William «Unipolar stability, the rules of power analysis». In Harvard International Review. Vol. 29, N.º 1, Primavera de 2007, pp. 44-48.
29 LIEBER, Keir A., e ALEXANDER, Gerard «Waiting for balancing Why the world is not pushing back». In International Security. Vol. 30, N.º 1, Verão de 2005, pp. 109-139.
30 BROOKS, Stephen, e WOHLFORTH, William «Hart times for soft balacing». In International Security. Vol. 30, N.º 1, Verão de 2005, pp. 72-108.
31 WALT, Stephen «Taming American power». In Foreign Affairs. Vol. 84, N.º 5, Setembro-Outubro de 2005; PAUL , T. V. «Soft balancing in the age of US primacy». In International Security. Vol. 30, N.º 1, Verão de 2005, pp. 46-71; POPE, Robert A. «Soft balacing against the United States». In International Security. Vol. 30, N.º 1, Verão de 2005, pp. 7-45.
32 ABIZAID, John, entrevista ao Expresso, 2 de Agosto de 2008, p. 34.
33 Cf. LIEBER, Robert J. «Falling upwards: Declinism, the box set». In World Affairs A Journal of Ideas and DebateI. Verão de 2008; http://www.worldaffairsjournal.org/2008%20-%20Summer/full-Lieber.html
34 LUTWAK, Edward «A Truman for our times». In Prospect. N.º 149, Agosto de 2008.
35 LEONARD, Mark O Século XXI, a Europa em Mudança. Lisboa: Presença, 2006.
36 HABERMAS, Jürgen, e DERIDA, Jacques «February 15, or, what binds Europeans together: Plea for a common foreign policy, beginning in Core Europe». In LEVY, Daniel, PENSKY, Max, e TORPEY, John (eds.) Old Europe, New Europe, Core Europe. Nova York: Verso, 2005.
37 Cf. WOLTON, Thierry O Grande Bluff Chinês Como Pequim nos Vende a sua «Revolução» Capitalista. Lisboa: Bizâncio, 2008.
38 SMITH, David The Dragon and the Elephant China, India and the New World Order. Londres: Profile Books, 2007, p. 213.
39 BEL, Coral «The twilight of the unipolar world». In The American Interest. Vol. 1, N.º 2, Inverno de 2005, p. 25.
40 WOHLFORTH, William «The stability of the unipolar world», p. 24.
41 DONNELLY, Jack «Sovereign inequalities and hierarchy in anarchy: American power and international society». In European Journal of International Relations. Vol. 12, N.º 2, 2006, pp. 139-170.
42 LAKE, David A. «Escape from the state of nature». In International Security. Vol. 32, N.º1, Verão de 2007, pp. 47-79.
43 LAKE, David A. «Self-restrained superpower». In Harvard International Review. Vol. 22, N.º 3, Outono de 2000.
44 Cf. a descrição já clássica da «ordem constitucional» ou «ordem ocidental» em IKENBERR Y, John After Victory (Princeton: Princeton University Press, 2001, pp. 162-175).
45 IKENBER Y, John After Victory, p. 185.
46 Cf. ALMEIDA, João Marques de «Uma teoria constitucionalista da ordem internacional». In IPRI , 2004; http://www.ipri.pt/investigadores/artigo.php?idi=5&ida=35
47 IKENBERRY, John «Institutions, strategic restraint, and the persistence of American postwar order». In Internacional Security. Vol. 23, N.º 3, Inverno de 1999.
48 JOFFE, Josef «Power failure Why force doesnt buy order». In The American Interest. Vol. 2, N.º 6, Julho-Agosto de 2007, p. 53.
49 IKENBERY, John «Liberalism and empire: Logics of order in the American unipolar age». In Review of International Studies. N.º 30, 2004, pp. 609-693.
50 IKENBERY, John, e KUPCHAN, Charles «Liberal Realism, the foundations of a democratic foreign policy». In The National Interest. N.º 77, Outono de 2004, p. 45.
51 IKENBERRY, John «Institutions, strategic restraint, and the persistence of American postwar order», pp. 56, 60 e 62.
52 DOBINS, James «Does America need a new grand strategy?». The RAND Corporation, Testimony Before the Committee on Armed Services Subcommittee on Oversight and Investigations, US House of Representatives, 15 de Julho de 2008. http://www.rand.org/pubs/testimonies/2008/RAND _CT 311.pdf
53 IKENBERRY, John «The myth of post-Cold War chaos». In Foreign Affairs. Vol. 75, N.º3, Maio-Junho de 2006, pp. 79-91.
54 RICE, Condoleezza «Rethinking the national interest American realism for a new world». In Foreign Affairs. Vol. 87, N.º 4, Julho‑Agosto de 2008, p. 2.
55 RICE, Condoleezza «Rethinking the national interest», p. 7.
56 Cf. RAPOSO, Henrique «O regresso do Japão: O mundo trans-Pacífico eclipsa o mundo trans-Atlântico?». In IPRI, Occasional Paper 12, Outubro de 2006; http://www.ipri.pt/publicacoes/working_paper/pdf/HR _Japao_111006.pdf
57 CF. RAPOSO, Henrique, e SOLER, Diana «Regresso do realismo anglo-americano, sistema de alianças e o lugar da Europa no século XXI ». In Nação e Defesa. N.º 113, Primavera de 2006, pp. 146-147.
58 Cf. RAPOSO, Henrique «Parceria estratégica EUA -Índia: Poder e identidade no sistema interestatal pós-atlântico». In Nação e Defesa. N.º 117, Verão de 2007, pp. 91-122.
59 Cf. CHELLANEY, Brahma «"Quad Iniciative": an inharmanious concert of democracies». In Japan Times. 19 de Julho de 2007.
60 KISSINGER, Henry «The three revolutions». In The Washington Post. 7 de Abril de 2008.
61 RICE, Condoleezza «Transformational diplomacy: Remarks at George School of Foreign Service». Washington, 18 de Janeiro de 2006; http://www.state.gov/secretary/rm/2006/59306.htm.
62 RICE, Condoleezza «Resources for transformational diplomacy». Statement Before the Senate Appropriations Subcommittee on Foreign Operations», Washington DC, 10 de Maio de 2007; http://www.state.gov/secretary/rm/2007/may/84645.htm
63 Para uma descrição detalhada do conceito de pós-atlantismo, cf. RAPOSO, Henrique «A parceria estratégica EUA -Índia: O pós‑atlantismo no sistema de estados e na comunidade de democracias». IPRI, Occasional Paper n. º 33, Abril de 2008; http://www.ipri.pt/publicacoes/working_paper/pdf/OP 33_HR .pdf
64 SAHNI, Varun «India and the Asian security architecture». In Current History. Vol. 105, N.º 690, Abril de 2006, p. 163.
65 MEAD, Walter Russell «AI Symposium The Sources of American Power». In The American Interest. Vol. 1, N.º 1, Outono de 2005, p. 32.
66 Cf. «Achesons speech on the Far East, January 12, 1950». In GRAEBNER, Norman A. (ed.) Ideas and Diplomacy Readings in the Intellectual Tradition of American Foreign Policy. Nova York: Oxford University Press, 1964, pp.757-760.
67 Cf. EMMOT, Bill Rivals How the Power Struggle Between China, India and Japan Will Shape Our Next Decade. Londres: Allen Lane, 2008.
68 GARFINKLE, Adam «Alone in a crowd». In The American Interest. Vol. 1, N.º 3, Primavera de 2006, p. 137.
69 MEAD, Walter Russell «The case against Europe». In The Atlantic Monthly. Vol. 289, N.º4, 2002, p. 26.
70 HASNER, Pierre «Inquietações de um euro-atlantista, Teresa de Sousa entrevista Pierre Hassner». In Relações Internacionais. N. º 1, Março de 2004, p. 42.
71 MOHAN, C. Raja, «India and the Balance of Power». In Foreign Affairs. Vol. 85, N.º 4, Julho-Agosto de 2006, p. 25.
72 Cf. WATANABE, Akio «A continuum of chance». In The Washington Quarterly. Vol. 27, N. º 4, Outono de 2004; OKAMOTO, Yukio «Japan and the United States: The essential alliance». In The Washington Quarterly. Vol. 25, N.º 2, Primavera de 2002.