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versão impressa ISSN 1646-107X

Motri. vol.14 no.1 Ribeira de Pena maio 2018

 

ARTIGO ORIGINAL   |   ORIGINAL ARTICLE

 

Influência da suplementação de ômega 3 no rendimento físico de praticantes de exercício físico

 

Influence of ômega 3 supplementation in the physical performance of physical exercise practice

 

 

Danielly de Pinheiro Pessoa1; Ana Luiza de Rezende Ferreira Mendes1; Geam Carles Mendes dos Santos1; Vanessa Duarte de Morais1; Marta da Rocha Moreira1; Verlaine Suênia Silva de Sousa1

1Centro Universitario Estacio do Ceará

Correspondência para

 

 


RESUMO

Objetivou-se avaliar a influência da suplementação de ômega 3 no rendimento em praticantes exercício físico. A amostra foi composta por 100 participantes de ambos os sexos (18 a 45 anos). Os indivíduos foram divididos em dois grupos: GFUO3: Fazem uso de Ômega3 (n=50) e GNFUO3: Não fazem uso de Ômega3 (n=50). Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionário semiestruturado de avaliação nutricional. Quando analisado se havia diferença no efeito pós-treino entre os grupos que faziam ou não o uso de Ômega 3 como suplemento, foi constatado que o GFUO3 teve menos efeitos pós-treino, sendo os efeitos mais relatados a fadiga e aumento dos batimentos cardíacos (p<0.0001), que mostra que nesse grupo estudado o consumo de Ômega 3 está diretamente ligado com a diminuição dos efeitos pós-treino em comparação aos que não o consomem. Podemos concluir que suplementação de Ômega 3 teve impacto direto sobre a diminuição nos efeitos pós-treino.

Palavras-chave: suplementação, ômega 3, exercício físico.


ABSTRACT

The purpose of this study was to evaluate the influence of omega-3 supplementation on exercise performance in a gym. The sample consisted of 100 participants of both sexes (18 to 45 years). The individuals were divided into two groups: GFUO 3: They make use of Omega 3 (n = 50) and GNFUO 3: They do not use Omega 3 (n = 50). A semi-structured nutritional assessment questionnaire was used as a data collection instrument. When analyzed if there was a difference in the post-workout effect between the groups that did or did not use Omega 3 as a supplement, it was found that GFUO 3 had less post-workout effects, with the most reported effects being fatigue and increased heartbeat (p <0.0001), which shows that in this group, the consumption of Omega 3 is directly linked to the decrease in post-training effects compared to those who do not consume it. We can conclude that Omega 3 supplementation had a direct impact on the decrease in post-workout effects.

Keywords: supplementation, omega 3, physical exercise.


 

 

INTRODUÇÃO

Atualmente, se tem uma grande procura para a prática de atividade física devido aos seus vários benefícios como perda de peso e gordura corporal, redução da pressão arterial em repouso, melhora do diabetes, diminuição do colesterol total e aumento do HDL-colesterol. A suplementação no Brasil está crescendo de maneira considerável devido a seus benefícios, as proteínas estão entre os suplementos alimentares mais conhecidos do mundo (Lefevre et al, 2015).

Segundo aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por 72% das mortes ocorridas no Brasil, sendo que, no mundo, esse valor corresponde a 60%. Além disso, 80% de problemas prematuros do coração, acidente vascular encefálico (AVE) e Diabetes tipo II e 40% dos casos de câncer poderiam ser evitados com hábitos alimentares adequados, diminuição no uso de tabaco e atividade física regular (Lefevre et al., 2015; Bonnet & Ferrari, 2011).

Com a evolução da tecnologia e propagação rápida de informações sobre os malefícios de uma alimentação desequilibrada e uma vida sedentária, houve uma mudança de hábitos e costumes na sociedade. Estas mudanças vêm acontecendo principalmente nos últimos anos, iniciando uma alteração nos padrões de alimentação. Como resposta a esta situação, a indústria alimentar reforçou a sua política de investigação, surgindo um novo tipo de alimentos, denominados alimentos funcionais (Bonnet & Ferrari, 2011).

Um dos compostos funcionais mais conhecidos é o ômega 3, que é uma gordura, um ácido graxo poli-insaturado essencial à saúde humana, não sendo produzido pelo organismo, podendo apenas ser adquirido por meio da alimentação. É antioxidante e, quando ingerido em grandes quantidades, atua na prevenção e no tratamento de doenças cardiovasculares e arterioscleróticas, doenças inflamatórias como obesidade, auxilia no crescimento e desenvolvimento fetal e neural, diminui a vasoconstrição e agregação plaquetária, antitrombótica, ajuda a prevenir a depressão, e atua no sistema immune (Huang et al., 2015; Duncan et al., 2012; Mesquita et al., 2011).

Os ácidos graxos poli-insaturados atuam na sinalização celular, regulação enzimática, regulação da migração neuronal, determinação da plasticidade sináptica e modulação de citocinas que possuem atividade neuromodulatória e neurotransmissora (Boroski et al., 2011).

Os benefícios da prática de atividade física, juntamente com uma ingestão de alimentos saudáveis, são de extrema valia, assim como a manutenção do equilíbrio corporal, por exemplo, e como decorrência a melhora da sua funcionalidade, melhorando a qualidade de vida e os resultados buscados pela prática constante de atividades físicas (Raposo, 2010).

Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar a influência da suplementação de ômega 3 no rendimento físico em praticantes de atividade física de uma academia na cidade de Fortaleza - CE.

 

MÉTODO

Tratou-se de um estudo transversal, descritivo e analítico. A amostra foi composta por 100 participantes de ambos os sexos, com idades entre 18 e 45 anos.

Inicialmente, foram colhidos por meio de questionário próprio, que incluíam os dados sociodemográficos do praticante de atividade física como: idade, sexo, os dados sobre a suplementação de ômega 3 e dados socioeconômicos. Os indivíduos foram divididos em dois grupos contendo 50 que fazem uso de suplementação de ômega 3 (GFUO3) e 50 que não fazem (GNFUO3).

Fazem o uso de suplementação de ômega 3 para a melhora da performance na atividade física, onde responderam a quantidade de ômega 3 ingerido semanalmente, e se esse ômega 3 teve algum efeito sobre a performance dos mesmos e nos efeitos pós-treino, em relação as recomendações diárias.

O outro foi composto pelos praticantes que não fazem uso de ômega 3, foi comparado com o outro grupo os efeitos pós treino. Para a caracterização da amostra, as variáveis foram apresentadas por meio de médias, desvios-padrão e proporções.

Após serem avaliados os dois grupos, foi utilizado as seguintes abreviaturas, GFUO3 (Grupo que Faz Uso de Ômega 3) e GNFUO3 (Grupo que Não Faz Uso de Ômega 3) para facilitar a leitura dos resultados e discussão.

Para testar a associação entre variáveis categorizadas foi utilizado o qui-quadrado no programa SPSS 13.0. Em todos os testes estatísticos, o nível de significância foi de igual ou inferior a 5%.

O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa, do Centro Universitário Estácio do Ceará e seguiu as normas do Conselho Nacional de Saúde - Resolução 466/2012, que estabelece diretrizes para a investigação científica em seres humanos, com o número do CAAE 66532417.4.0000.503.

 

RESULTADOS

A condição sócio-econômica é um aspecto altamente relevante ao se estudar tal temática assim como o nível escolar, uma vez que tais variáveis podem influênciar nos resultados do referido estudo (Tabela 01).

Quando analisado os dados de atividade física, temos que o GFUO3 64,0% (n=32) e 74,0% (n=37) ao GNFUO3 faz a prática da atividade física de 4 a 5 vezes por semana, sendo a atividade física mais praticada a musculação com 80,0% (n=40) e 76,0% (n=38) nos GFUO3 e GNFUO3 respectivamente, quando analisado o consumo de Ômega 3, temos que o grupo que faz uso em sua maioria 62,0% (n=31) faz o uso do mesmo no Pós-Treino, os efeitos no corpo após a atividade física que foram mais relatos em ambos os grupos, foram a Fadiga e Alterações nos Batimentos Cardíacos, sendo que no GFUO3 foi de 34,0% (n=17) com relatos de fadiga e 18,0% (n=9) com alterações no batimentos cardíaco, no GNFUO3 foi de 60,0% (n=30) para fadiga e 44,0% (n=22) com alterações no batimentos cardíaco no pós-treino, como pode ser visto na tabela abaixo.

Quando analisado se havia diferença no efeito pós-treino entre os grupos que faziam ou não o uso de Ômega 3 como suplemento, foi constatado que o GFUO3 teve menos efeitos pós-treino, (p<0,0001) que mostra que nesse grupo estudado o consumo de Ômega 3 está diretamente ligado com a diminuição dos efeitos pós-treino em comparação aos que não o consomem (Tabela 03).

 

DISCUSSÃO e CONCLUSÕES

Nesta pesquisa a maioria dos praticantes de exercício físico na academia em estudo foram mulheres. Nas últimas décadas, a preocupação com a estética e com a boa forma teve crescido muito entre a população, em especial, a feminina, que cada vez mais busca as academias a fim de alcançar um “corpo perfeito”, e também esse “desejo” pelo “corpo perfeito” é observado nos homens (Silva & Oliveira, 2013).

Uma alternativa para o ganho de massa muscular, é uma dieta associada a uma reeducação alimentar, juntamente com a prática de atividade física, o uso de suplementos nutricionais está bastante difundido entre praticantes de exercício físico e atletas, com o intuito de aumentar a performance em esportes de competição, no caso dos atletas, mas também em atividades recreacionais (Pacheco et al., 2014; Silva & Oliveira, 2013).

A atividade física mais relatada foi a musculação que é realizada de 4 a 5 vezes por semana em ambos os grupos. No estudo de Pacheco et al. (2014), que avaliou o consumo de suplementos ergogênicos nutricionais por praticantes de atividade física em uma academia do município de Viçosa- MG, verificou que a atividade física mais praticada era a musculação (98,3%), com frequência de três a cinco vezes por semana, resultado semelhante ao encontrado neste estudo.

Neste estudo, foi observado que o consumo de Ômega 3 estava diretamente relacionado com a diminuição dos efeitos pós-treino. Em um estudo realizado por Smith et al. (2011), comadultos saudáveis praticantes de atividade física, foi verificado que a suplementação de ômega 3 (4 gramas, sendo 1,8 gramas de ácido eicosapentaenóico - EPA e 1,5 gramas de ácido docosahexaenoico - DHA) durante oito semanas elevariam as taxas de síntese proteica muscular e se haveria diminuição nos efeitos pós-treino. Após esse período, eles avaliaram as taxas de síntese proteica, tamanho da célula, capacidade de síntese proteica, e a sinalização anabólica mediada pela fosforilação do mTOR e p70s6k. As taxas de síntese proteica, o tamanho da célula e a sinalização anabólica estavam mais elevadas após a suplementação de ômega 3 (Smith et al., 2011), mostrando que o consumo de Ômega 3 nessa pesquisa contribuiu para o anabolismo celular, além de diminuir o efeito do pós-treino facilitando a construção de tecido muscular.

Em outros estudos (Fett & Fett, 2003; Fett, Maestá & Burini, 2002), após a suplementação de Ômega 3 houve um aumento na força muscular, segundo esses estudos isto tem relação com o metabolismo do Ômega 3 estar relacionado à produção celular dos eicosanóides que funcionam como hormônios locais, influenciando a produção de prostaglandinas E1 e tendo, portanto, função anti-inflamatória (Fett & Fett, 2003; Fett, Maestá & Burini, 2002; Fett, 2001)

Wilmore e Costill (1999) afirmam que o cortisol aumenta menos depois de atividade exaustiva com a suplementação com Ômega 3, comparado ao mesmo exercício no período pré-suplementação, esse aspecto pode colaborar na recuperação do exercício. Outros estudos afirmam que a suplementação de Ômega 3 contribui para o aumento de força e potência e pode acelerar a redução de gordura em indivíduos obesos (Kuzuyabu, 2012; Lie et al., 2007; Matos, Marcellini & Netto, 2011;).

Pode-se concluir que a suplementação de Ômega 3 pode ter impacto direto sobre a diminuição dos efeitos negativos do pós-treino. Além disso, pode contribuir para o estado de saúde geral dos participantes do estudo. Ainda são necessárias mais pesquisas para avaliar a suplementação de Ômega 3 na prática de atividade física e seus benefícios para que se possa ser indicado aos consumidores e praticantes de exercício físico das mais diversas modalidades esportivas.

 

REFERÊNCIAS

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Agradecimentos:
Agradecemos ao Centro Universitário Estácio do Ceará, pelo total apoio na realização desta pesquisa.
Conflito de Interesses:

Nada a declarar.
Financiamento:
Nada a declarar.

 

 

Correspondência para: Centro Universitário Estácio do Ceará. Rua Eliseu Uchoa Beco, 600, Água Fria. CEP: 60810-270, Fortaleza, CE, Brasil. E-mail: prodamypn@hotmail.com

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