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Laboreal
versão On-line ISSN 1646-5237
Laboreal vol.13 no.1 Porto jul. 2017
https://doi.org/10.15667/laborealxiii0117sc
EDITORIAL
Editorial
Editorial
Editorial
Editorial
Lúcia Simões Costa1 & Marta Santos2
1 Departamento de Ciências Complementares ESTESC - Coimbra Health School Instituto Politécnico de Coimbra Rua 5 de Outubro Apartado 7006 3046-854 Coimbra
2 Centro de Psicologia da Universidade do Porto Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Universidade do Porto Rua Alfredo Allen s/n 4200-135 Porto, Portugal
Em mais um número da Laboreal propomos aos nossos leitores quatro artigos que configuram a nossa rubrica das Pesquisas Empíricas e abordam temáticas que não sendo recentes continuam a merecer reflexão pela atualidade e contornos específicos que vão assumindo nas relações que estabelecem com o trabalho. Assim, as questões que articulam o género e o trabalho, a exposição aos riscos e suas consequências e a importância dos coletivos de trabalho marcam a sua presença de novo na nossa revista.
Na pesquisa de María del Mar Maira Vidal analisa-se a presença de mulheres em profissões predominantemente masculinas em Espanha, destacando-se uma clara segregação profissional horizontal em relação com o género e mesmo casos de discriminação e assédio. Segue-se o estudo de Anna Carolinna Eduardo Pereira, Davidson Passos Mendes e Geraldo Fabiano de Souza Moraes que, partindo da distinção sempre atual entre trabalho prescrito e trabalho real na análise da atividade de operadores de um centro fabril, demonstra, uma vez mais, o quanto as estratégias de regulação, face aos constrangimentos impostos pela situação de trabalho, dependem da possibilidade de mobilizar a experiência adquirida no trabalho. A terceira pesquisa inserida nesta rubrica, conduzida por Rossana Cacivio, apresenta-nos um estudo sobre a exposição a fatores psicossociais de risco na atividade profissional de técnicos do setor agropecuário, destacando na sua análise aqueles que se reportam à ambiguidade do papel desempenhado e às questões/perdas de autonomia que decorrem da posição hierárquica e diferenças de género. Por último, Louise Borba e Hélder Pordeus Muniz apresentam uma análise da dimensão coletiva do trabalho, em atletas de vólei de praia, centrada na dinâmica de construção da dupla de parceiros. No texto fica claro que, para além das competências desportivas, estes atletas têm de co-construir referenciais cognitivos e de valores que possibilitem a cooperação e a comunicação de modo a que possa ser ultrapassado o nível de competição individual.
Na rubrica intitulada Atas de Seminários, reproduzimos em texto uma conferência proferida por Yves Schwartz em Montevideu, em 2015, intitulada “Educación y actividad de trabajo: diálogos, obstáculos y desafios”. Neste texto, com preâmbulo de Alvaro Casas, Schwartz fala-nos do vínculo enigmático entre formar e trabalhar, interpelado a partir do conceito de “dupla antecipação”. De acordo com o autor há uma antecipação legítima do saber em direção ao fazer, mas também uma antecipação mais dificilmente percebida e menos aceite do fazer para o saber. Se a antecipação do mundo do saber direcionada ao mundo do trabalho parece não suscitar grandes inquietações, considerar o inverso permanece residual.. É precisamente na discussão desta questão que se situará o contributo deste texto.
Os dois Resumos de Teses remetem-nos para a necessidade de se considerar os aspetos relativos à organização do trabalho: quer do ponto de vista individual, nomeadamente através dos seus efeitos na saúde psíquica dos trabalhadores, apresentado no texto de Patricio Nusshold; quer do ponto de vista coletivo, pela importância que Raoni Rocha atribui ao debate enquanto ferramenta suscetível de promover o desenvolvimento de uma gestão de segurança eficaz.
Na rubrica Textos Históricos, Marcel Turbiaux reflete sobre um texto de Jean-Maurice Lahy e acerca das aptidões profissionais poderem corresponder a disposições naturais que deveriam ser tidas em conta nos processos de orientação vocacional. No seu comentário, este conceito de aptidão é atualizado e debatido ora lembrando os contributos dos defensores do papel da hereditariedade na “vocação” de homens e mulheres para o trabalho, ora chamando a atenção para os autores que, já na altura, enfatizaram o papel do meio tanto nas escolhas que são feitas como nas possibilidades efetivas que se tem de aceder a determinadas profissões.
Por último encontramos no Dicionário, e nas letras S e T, dois conceitos que traduzem eixos de referência da Laboreal: Saúde e Trabalho. Conceitos estes que apesar de tanto serem trabalhados, de diversos pontos de vista, não se esgotam em termos de importância e de necessidade de reflexão. Assim, na letra S, Jussara Brito desafia-nos a (re)pensar o conceito de saúde enquanto processo em permanente construção. E Roland Le Bris, na letra T, fala sobre o conceito de trabalho, situando-o face às “ergodisciplinas”, pela incontornabilidade de se conduzir uma análise da atividade e pela consideração da subjetividade de quem trabalha.
Não poderíamos terminar, sem deixar uma palavra de sincero agradecimento aos nossos membros dos comités, pela constância que demonstram no apoio em todas as fases da preparação da edição de cada número da revista, mas também aos nossos colegas: Marcelo Figueiredo, Alain Lancry e Miriam Wlosko, pela seriedade e tempo que dedicaram à peritagem dos artigos. É, com toda a certeza, graças a estes contributos que a nossa revista se enriquece, contribuindo também assim para munir e aumentar a margem de manobra dos que visam a intervenção em contextos profissionais concretos.
Pelo Comité Editorial de Laboreal,
Lúcia Simões Costa e Marta Santos
COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO?
Costa, L.S. & Santos, M. (2017). Editorial. Laboreal, 13 (1), 7-8.http://dx.doi.org/10.15667/laborealxiii0117sc