1. O impacto inicial da obra no Brasil
Há uma expressão em inglês, utilizada pelos jovens de diversos países atualmente, que é “to mind-blowing”. Essa expressão, que em português se diz “explodir sua cabeça”, significa que algo é impressionante, marcante, inacreditável, transformador. Esse foi o efeito que o lançamento do livro, “A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho”, tradução do original francês “Travail, usure mentale: essai de psychopathologie du travail”, de Christophe Dejours produziu ao ser lançado no Brasil em 1987. Explodiu o modo de pensar a relação entre saúde mental e trabalho na medida em que introduziu nas análises sobre esta relação à influência que a organização do trabalho pode exercer sobre o psiquismo. Neste sentido, é importante chamar a atenção para as críticas de Dejours ao taylorismo que inspiraram a construção de novos modos de pensar o trabalho nas organizações e igualmente à metodologia em psicopatologia do trabalho, incluída como anexo nesta publicação, orientando a criação de novos modelos de pesquisa e intervenção.
O livro é uma importante manifestação da segunda fundação da Psicopatologia do trabalho. Conforme Billiard (2001), a primeira teria sido a que surgiu na França em meados do século XX, na qual se destacam Le Guilhant, Sivadom, Veil e outros (Zambroni-de-Souza & Athayde, 2006). Tal lançamento aparece em um cenário de transformação dos modos de produção com o pós-fordismo, assim como mudanças políticas, sociais e econômicas ladeadas ao movimento das ciências sociais. Naquele momento, estas retomam a convocação “ao ator, ao sujeito, ao sentido da experiência, que o indivíduo se emancipe, afirme suas aspirações pessoais e reivindique que seu trabalho e sua existência tenham um sentido” (p. 8).
A Professora e pesquisadora Leda Leal Ferreira atuou na Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro). Além de ser uma das tradutoras dessa obra, ela também faz sua apresentação onde lista os grupos aos quais a obra poderá interessar: aos estudiosos da relação trabalho e vida, ao público em geral, aos dirigentes sindicais e chama a atenção para o caráter coletivo do sofrimento no trabalho (Ferreira, 1984.
Cabe salientar que a tradução literal do título em francês seria: Trabalho, desgaste mental, mas a edição brasileira teve um título comercialmente mais atrativo, somado à imagem do personagem Carlitos no momento em que ele havia sido engolido pela máquina, no filme Tempos Modernos (Chaplin, 1936).
A publicação desta obra no Brasil ocorreu em um momento de grande efervescência do movimento sindical brasileiro, impactado fortemente pelo avanço das novas tecnologias computadorizadas nos processos produtivos, com efeitos na saúde e na organização dos trabalhadores. Essa época foi marcada por forte sentimento de perda real do conteúdo do trabalho, o que gerava grande preocupação do movimento sindical, que aqui ressurgia no fim da ditadura militar.
Ressalte-se que foi justamente no bojo da retomada da luta do movimento sindical chamado autêntico, base do novo sindicalismo brasileiro, que o campo da saúde do trabalhador ganha relevo, especialmente com a criação, em São Paulo, do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat), no qual, como aponta Sato, 2010), engenheiros, advogados, ergonomistas, sociólogos, psiquiatras, sanitaristas, médicos do trabalho e psicólogos passaram a olhar para o mundo do trabalho através dos problemas de saúde. Também muito auxiliou nos debates acadêmicos e profissionais sobre o campo da Saúde do Trabalhador a publicação no Brasil, em 1986, da obra “Ambiente de trabalho: a luta dos trabalhadores pela saúde”, de Oddone e colaboradores (Oddone, 1986.
O original do livro de Dejours havia sido publicado em 1980 na França pelas Editions du Centurion, estando lá atualmente em sua 4ª edição, agora pela Bayard Editions. No Brasil, quem o publica são, conjuntamente, as editoras Cortez e Oboré. Apesar de estar na 6ª edição em língua portuguesa, não incorporou os acréscimos que as edições francesas tiveram, como quatro prefácios nas edições de 1993, 2000, 2008 e 2015, nem o Addendum de 1993, intitulado “Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho” e o de 2000, “Novas formas de organização do trabalho e as Lesões por esforços repetitivos (LER): abordagem pela psicodinâmica do trabalho”. O primeiro deles foi publicado em língua portuguesa em 2004 no livro “Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho”, organizado por Lancman e Sznelwar (2004), e o segundo foi publicado em 2000, em coletânea organizada por Sznelwar e (Zidan, 2000).
Por outro lado, somente na edição brasileira, há a entrevista do autor ao Conselho Regional de Psicologia - CRP 6, na qual ele afirma que:
“o trabalho não é nunca neutro em relação à saúde, e favorece seja a doença seja a saúde. De modo que o trabalho deveria aparecer na própria definição do conceito de saúde, e particularmente no que concerne à definição do ideal do ‘bem estar social’, figurando na definição da Organização Mundial da Saúde” (Dejours, 1987, p. 164).
Essa manifestação sobre a centralidade do trabalho, presente entre nós desde a primeira versão em português, produziu um grande impacto nos leitores brasileiros, como será apresentado seguir.
2. O autor
A Psicopatologia do trabalho que a obra apresenta tem suas origens no final da primeira metade do século XX, na qual se destacam figuras como Paul Sivadon, 1957), Claude Veil, 2012) e, principalmente, Louis Le Guillant (1984) (Zambroni-de-Souza & Athayde, 2006). “A loucura do trabalho” é o primeiro livro publicado por Christophe Dejours, que conheceu as produções dos autores citados acima e realizou uma série de pesquisas e intervenções no campo da saúde mental e trabalho nessa linha. Recebeu ainda forte influência da Ergonomia, tendo realizado a formação de ergonomista no Conservatoire Nacional des Artes et Métiers (CNAM), Paris, na época sob a direção de Alain Wisner (1978). Também foi grandemente influenciado pela Psicossomática de Marty (1980), pela Psicanálise de Laplanche (1981), pela Sociologia das relações de sociais de sexo (Kergoat, 2009; Hirata, 2002), pela Sociologia compreensiva (Ladrière, 1990), dentre outros.
Posteriormente à Psicopatologia do trabalho, desenvolve a Psicodinâmica do trabalho (PDT) em seus estudos no Conservatoire National des Arts et Métiers / CNAM - Paris. Esta passagem da Psicopatologia do trabalho à Psicodinâmica do trabalho ocorre a partir do desenvolvimento de pesquisas onde privilegia o estudo da normalidade sobre o da patologia. Foca o interesse em saber como preservar algum equilíbrio psíquico apesar de condições de trabalho que desestabilizariam trabalhadores e trabalhadoras (Dejours, 1993). É importante registrar que a mudança de denominação para Psicodinâmica do trabalho é proposta por Dejours no Addendum publicado na edição de 1993, embora escrito em 1992, portanto 12 anos após a primeira edição (1980) de Travail: usure mentale. É relevante também destacar o caráter coletivo das intervenções em Psicodinâmica do trabalho, na medida em que visa à coletividade e não ao trabalhador isoladamente. Segundo Merlo (2002), “após diagnosticar o sofrimento psíquico em situações de trabalho ela não busca atos terapêuticos individuais, mas a intervenções voltadas para a organização do trabalho à qual os indivíduos estejam submetidos” (p. 132).
No CNAM dirigiu diversas teses, assim como na Université Paris Descartes (Paris V) entre 2013 e 2018, ano em que se aposentou do CNAM. Atualmente dedica-se ao trabalho no Institut de Psychodinamique du Travail (IPDT), em Paris, criado no próprio 2018, do qual é fundador e diretor científico.
3. Momento do Brasil
O Brasil vivera uma ditadura que teve seu início com o golpe militar em março de 1964 e durou até março de 1985. Em 1984 houve grande mobilização popular a favor de eleições diretas para presidente, o que não ocorreu. O eleito pelo colégio eleitoral, Tancredo Neves, morreu antes de tomar posse, que foi consumada pelo seu vice, José Sarney que, ao contrário do titular da chapa, passara quase todo o período no partido que sustentava, e era sustentado, pelos militares. Apesar disso, a efervescência dos movimentos populares, com o apoio dos setores progressistas da igreja católica, de intelectuais que estavam de volta do exílio, de sindicalistas de diversos ramos de ocupação, artistas etc., pedia por avanços sociais.
Em 1987, ano de lançamento do livro no Brasil, a Assembleia Nacional Constituinte estava à pleno vapor, formulando aquela que ficou conhecida como a Constituição Cidadã, promulgada no ano seguinte. Essa carta magna traz já no seu primeiro artigo os elementos da cidadania, da dignidade e dos valores sociais do trabalho, dessa maneira:
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa” (Brasil, 1988).
Na própria carta magna, portanto, o trabalho aparece como valor social, abrindo caminho para o seu reconhecimento enquanto elemento de vida em sociedade. Cabe ressaltar que durante as grandes obras da construção civil da ditadura, muitos trabalhadores perderam a vida ou ficaram sequelados em decorrência de acidentes, como afirma (Silva, 2020):
“Em pleno boom econômico denominado de ‘milagre’, da euforia desenvolvimentista do ‘Brasil Grande’ representada pelas grandes obras estruturais como a Ponte Rio-Niterói, a rodovia Transamazônica, a Usina hidrelétrica de Itaipu, além do mundial de futebol, e no auge da repressão dos ‘anos de chumbo’ da ditadura de Garrastazu Médici, no início da década de 1970 o Brasil ganhou outro título: o de recordista mundial de acidentes de trabalho” (p. 151).
É importante assinalar ainda que a Constituição Federal, no seu Art. 200, determina que compete ao Sistema Único de Saúde - SUS “executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador”, artigo regulamentado posteriormente pela Lei 8.080/1990 (Brasil, 1990a) e pela Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), através da Portaria GM/MS 1.823/2012 (Ministério da Saúde Brasil, 2012. Além disso, a Constituição Federal estabelece, no Art. 198, que a participação da comunidade constitui uma das diretrizes do SUS, o que veio a ser regulamentado pela Lei 8.142/1990 (Brasil, 1990b). Essas foram certamente conquistas sociais importantes que inauguraram um novo ciclo na história da luta pela saúde no trabalho no Brasil, na qual os trabalhadores se deslocam do lugar de objeto das ações de saúde para o de protagonistas, construtores da política que os afeta diretamente.
Em consonância com os sopros de democracia e a valorização da vida criou-se um terreno, fértil para a boa recepção que a obra, que valoriza as estratégias coletivas e a organização dos trabalhadores, encontrou em terras brasileiras.
Dentre os membros da intelectualidade brasileira que, inicialmente, enxergaram na abordagem proposta por Christophe Dejours elementos de novidade, pode-se citar a Professora pesquisadora Edith Seligmann-Silva, que atuou na Universidade de São Paulo (USP) e na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP) e o Professor pesquisador Milton Athayde, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
No primeiro caso, da Professora Edith Seligmann, pode-se afirmar que muitos, estudiosos, antes mesmo de ler o livro “A loucura do trabalho”, já conheciam Christophe Dejours, ou algumas de suas ideias, por meio dos materiais publicados por Edith. Destacam-se aqui o texto “Crise econômica, trabalho e saúde mental” (Seligmann-Silva, 1986), publicado na coletânea organizada por Valdemar Augusto Angerami, no qual a autora apresenta a Psicopatologia do trabalho no tópico “Um novo campo de estudos: Saúde mental no trabalho”. No ano de 1994, duas outras produções da Professora Edith contribuíram para divulgar a abordagem de Dejours. A primeira delas, o seu livro “Desgaste mental no trabalho dominado” ((Seligmann-Silva, 1994a), no qual buscou responder ao desafio de construir uma matriz conceitual que se aproximasse o máximo possível da realidade latino-americana no que tange às relações entre trabalho e saúde e na qual a Psicodinâmica do trabalho ocupava lugar de destaque. A segunda produção é a Introdução do livro de Dejours, Abdoucheli e Jayet (1994b). Logo na abertura dessa Introdução, a autora assim se coloca:
“No estudo das relações entre saúde mental e trabalho, certamente cabe reconhecer as contribuições de uma corrente de pensamento que vem-se impondo pela qualidade de sua produção teórica, pela riqueza de suas formulações metodológicas e, ainda, pela importância de suas descobertas” (p. 13).
Mais adiante afirma que “a produção intelectual de Dejours revela um olhar amplo e integrador (…) em que se articulam saberes originados de distintas áreas do conhecimento humano (Dejours, Abdoucheli & Jayet 1994b, p. 13).
Destaca, ainda, nesse texto, o olhar crítico de C. Dejours em relação às abordagens positivistas que dominavam a Medicina do trabalho naquele contexto. Ao mesmo tempo, esse autor não isentou a disciplina que ancora o seu pensamento: a Psicanálise, mas a interroga por não considerar, com a devida justiça, os fenômenos do mundo do trabalho que interferem na dinâmica intrapsíquica e na intersubjetividade. Em outra passagem da Introdução, (Seligmann-Silva, 1994b) salienta que
“mais do que um estudo voltado para identificar doenças mentais específicas (…), a abordagem da nova psicopatologia do trabalho está preocupada com a dinâmica mais abrangente, que se refere à gênese e às transformações do sofrimento mental vinculadas à organização do trabalho” (p. 14).
É importante registrar, entretanto, que embora esse livro tenha no seu título a denominação Psicodinâmica do trabalho, ela só aparece na Introdução escrita pela Professora Edith Seligmann-Silva. Os textos que compõem essa obra ainda não fazem menção ao novo nome da disciplina e sim à Psicopatologia do trabalho, o que se justifica pelo fato de terem sido escritos antes de 1993, data em que Dejours publica o Addendum e no qual expõe as razões da proposição do novo nome da disciplina. A Professora Edith menciona a nova denominação na Introdução porque quando a escreveu ela já havia sido proposta por Dejours e os próprios textos do livro, apesar de não mencionarem a nova denominação, já sinalizavam para essa mudança no escopo da disciplina, que passa a acentuar que o trabalho, sob certas condições, pode ser fonte de saúde e não apenas de sofrimento e adoecimento.
Outra contribuição importante para o conhecimento da abordagem de Christophe Dejours em solo brasileiro advém do Professor Milton Athayde, especialmente por meio de sua tese de doutorado (Athayde, 1996), na qual dedica um de seus capítulos à Psicodinâmica do trabalho. Quando ainda existia pouca produção em língua portuguesa de Christophe Dejours, podia-se encontrar nesse capítulo uma apresentação densa e clara das principais contribuições da Psicodinâmica do trabalho, que, juntamente com outras abordagens, podia lançar luz sobre a questão dos coletivos de trabalho na construção civil, objeto de sua tese de doutorado.
Em resenha sobre um dos livros de Dejours, (Athayde, 2005)), a respeito de A loucura do trabalho, assim se coloca:
“Encontrava-se ali a tematização de algumas intuições e pistas de pesquisa em torno do núcleo central de sua “clínica do trabalho”: o conflito entre organização do trabalho e funcionamento psíquico, para além do modelo causalista. Ao contrário de postular o trabalho como fator fundamentalmente enlouquecedor (o que se poderia entender pelo título dado ao Brasil), afirma no livro o que as enquetes do grupo haviam detetado: os trabalhadores não se mostravam passivos em face das exigências e pressões organizacionais e, e, sim, capazes de se proteger dos efeitos nefastos à saúde mental. Eles sofriam, mas sua liberdade se exercia, mesmo que de forma muito limitada, na construção de sistemas defensivos, fundamentalmente coletivos. Esse trabalho clínico levou Dejours a deslocar seu foco investigativo das doenças mentais geradas pelo trabalho para o sofrimento e as defesas contra o sofrimento. À medida que a maioria dos trabalhadores conseguia conjurar a loucura, apesar da violência da organização do trabalho, a normalidade (equilíbrio instável, precário, entre sofrimento e defesas) é que se configurava como enigma” (p. 984).
É importante registrar um dos grandes achados descritos na publicação de 1980 na França e na de 1987 no Brasil, depois retomados no capítulo “Itinerário teórico em Psicopatologia do Trabalho” de Dejours, Abdoucheli e Jayet (1994), que foram os sistemas defensivos. Sua grande novidade consiste no fato de serem defesas construídas de forma coletiva, implicando, desse modo, todos os trabalhadores que compartilham uma situação de trabalho específica (como os exemplos da construção civil, da indústria química, entre outras, analisados no livro). Tais sistemas se distinguem dos mecanismos individuais de defesa que, como a própria denominação já informa, são recursos individuais, condicionados ao perfil psicológico de cada um, que objetivam a proteção do aparelho psíquico. É necessário destacar que tal descoberta científica (dos sistemas defensivos) possibilitava enxergar sob outro prisma a segurança no trabalho, desvelando, entre outras coisas, a recusa dos trabalhadores em utilizar os equipamentos de proteção individual. Trata-se de um enigma a compreender, com potencial para reposicionar a política de segurança em bases em que a escuta dos trabalhadores seja um princípio efetivo dessa política.
No momento da publicação deste Datário, estamos em 2024, paira sobre nós o domínio do mito do mercado todo-poderoso, diante do qual cada indivíduo deve prestar reverência, gerando o individualismo, a naturalização da perda de direitos com o imperativo do TINA - There is no alternative, conforme proposto por (Spencer, 1851), que deixa cada um largado à própria sorte, sem poder contar com o Estado nem com sua vizinhança humana, em um quadro de individualismo negativo (Castel, 1995) que produz cada vez mais e mais adoecidos e sem esperança de futuro. As reflexões presentes no livro, sua proposta de romper com uma perspectiva simplista e causalista da relação entre o trabalho e a saúde mental, de afirmar que o coletivo possui poder de evitar descompensações psicopatológicas, sua releitura pode resgatar a esperança de encontrar o encantamento da vida no trabalho, sobretudo se cotejada com a leitura de “Entre o desespero e a esperança: como reencantar o trabalho” (Dejours, 2009). Afinal de contas, como dito pelo escritor brasileiro do século XIX, José de Alencar, “tudo passa sobre a terra”(Alencar, 1865, p. 144). Cabe-nos, então, tomar as lições de “A loucura do trabalho” para tentar produzir mudanças, sempre esperançando (Freire, 2004).