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Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa

versão impressa ISSN 1646-5830

Acta Obstet Ginecol Port vol.10 no.4 Coimbra dez. 2016

 

ARTIGO DE REVISÃO/REVIEW ARTICLE

Marcadores de reserva ovárica e contagem de folículos antrais

Ovarian reserve markers and antral follicle count

Renata Verissimo*, Margarida Silvestre**

Serviço de Medicina da Reprodução do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra - CHUC, EPE

*Interna do Internato de Obstetrícia e Ginecologia

**Especialista de Obstetrícia e Ginecologia

Endereço para correspondência | Dirección para correspondencia | Correspondence


 

ABSTRACT

Ovarian reserve plays a crucial role in achieving pregnancy following any treatment in subfertile women. The estimation of ovarian reserve is routinely performed through various ovarian reserve tests. These tests include hormonal parameters and those using exogenous hormones and transvaginal pelvic ultrasound. However, their reliability is variable. Recently, anti-Müllerian hormone emerged as a promising marker of ovarian reserve. In this paper we revise the role of hormonal basal, dynamic tests and ultrasonographic parameters as ovarian reserve markers, focusing on their interpretation, potential advantages and risks in order to provide its applicability to gynecological practice.

Keywords: Fertility; Ovarian follicle; Ultrasonography; Antral follicle count.


 

Introdução

Considerando as tendências mais recentes de gravidez em idades mais tardias e o consequente aumento da procura das Técnicas da Procriação Medicamente Assistida (PMA), a avaliação da reserva ovárica tem surgido como ferramenta de aconselhamento aos casais, auxiliando o clínico na previsão da resposta folicular e das taxas de sucesso e guiando-o na elaboração de protocolos de estimulação ovárica controlada individualizados1.

A reserva ovárica é resultante da qualidade e quantidade de ovócitos3 e traduz o pool de folículos ováricos disponíveis para recrutamento. A sua diminuição resulta num processo de declínio da fecundidade associado tanto à deplecção folicular dos ovários, quanto à diminuição da qualidade ovocitária3.

É de salientar que a verdadeira reserva ovárica diz respeito ao número de folículos primordiais existentes nos ovários, apenas demonstrável histologicamente. Contudo, a ecografia e os doseamentos hormonais são instrumentos que se correlacionam fidedignamente com a reserva ovárica e, por isso, aceites como marcadores4.

Os testes de reserva ovárica têm o objectivo de prever a resposta dos ovários nos ciclos de fertilização in vitro (FIV)5.  Cada teste tem uma acuidade diferente para predizer os resultados destes ciclos em termos de ocorrência de gravidez2. O melhor teste deve ser capaz de identificar as mulheres cujas hipóteses de gravidez espontânea sejam tão diminuídas que seria apropriado submetê-las a estimulação ovárica terapêutica ou identificar mulheres cujas hipóteses de gravidez após PMA seriam tão próximas do zero que não seria justificável submetê-las aos potenciais efeitos adversos da estimulação com gonadotrofinas exógenas. Ainda que estes testes sejam frequentemente designados de «testes de reserva ovárica» eles são mais de resposta ovárica, uma vez que ainda não foi demonstrado estarem directamente relacionados com o número de folículos primodiais6.

A reserva ovárica pode variar de forma significativa entre mulheres da mesma idade. Sugere-se portanto que apenas a idade não preveja de forma confiável a capacidade reprodutiva. Por essa razão, têm sido estudados métodos clínicos e laboratoriais destinados a avaliar essa função3.

Uma previsão da resposta ovárica antes da estimulação é útil para o aconselhamento de pacientes e para escolha individualizada da dosagem de gonadotrofina na estimulação ovárica para ciclos de FIV2.

Um marcador de reserva ovárica ideal deve ser facilmente mensurável, pouco ou nada invasivo, barato e ter um elevado valor preditivo1.

O conhecimento da reserva ovárica através da utilização destes marcadores assume importância clínica na avaliação do pool folicular, na avaliação da fertilidade para indução da ovulação adequada a cada paciente, na predição da falência ovárica fisiológica e na predição da capacidade de concepção (espontânea ou com tratamento)7.

Os marcadores de reserva ovárica podem ser divididos em marcadores clínicos, endócrinos estáticos, endócrinos dinâmicos e ecográficos. Os marcadores clínicos incluem a idade e o padrão menstrual; os endócrinos estáticos os doseamentos de hormona folículo-estimulante (FSH), de inibina-B, de estradiol (E2) e de hormona antimulleriana (HAM); os marcadores endócrinos dinâmicos incluem o teste do citrato de clomifeno (TCC), o teste de estimulação de análogos da hormona libertadora de gonadotrofina (GnRH) e o teste de FSH exógeno. Fazem parte dos marcadores ecográficos a contagem de folículos antrais (CFA), o volume ovárico e o fluxo arterial ovárico1.

Os autores fazem uma revisão de extrema importância nos tempos actuais, em que se observa um aumento dos casos de infertilidade diagnosticados na prática clinica e na procura das técnicas de reprodução medicamente assistida, subjacentes à tendência de primeiras gestações em idades mais tardias. Dada a variada utilização dos marcadores de reserva ovárica e as controvérsias verificadas nos diversos estudos presentes na literatura, o objectivo  desta revisão centra-se na determinação da melhor abordagem e do marcador mais sensível e mais específico.

Discussão

Idade

A idade é considerado o factor individual mais importante na determinação da qualidade e quantidade da  reserva ovárica. Quer a quantidade, quer a qualidade dos folículos diminuem significativamente com a idade, culminando na menopausa1. A velocidade dessa diminuição depende da população folicular remanescente, aumentando a partir dos 37 anos8.

O principal objectivo da avaliação da reserva ovárica, especialmente antes das técnicas de PMA, é a identificação de mulheres com uma reserva ovárica pobre para a sua idade. É por isso que a idade deve ser o primeiro marcador a ser considerado na avaliação da reserva ovárica8.

Sabe-se que mulheres que se submetem a inseminação intrauterina com esperma de dador apresentam taxas mais baixas de concepção ou necessitam de mais ciclos para atingir a gravidez após os 35A1.

Contudo, a idade isoladamente não assegura um determinado padrão de resposta ovárica à estimulação ovárica controlada nos ciclos FIV. Segundo alguns estudos, algumas mulheres com mais de 40 anos ainda têm reserva folicular suficiente para lhes garantir uma resposta satisfatória enquanto outras, mais jovens, podem responder abaixo do esperado no tratamento. Além disso, esse parâmetro têm valor limitado, porque mulheres da mesma idade podem estar em diferentes fases do processo de deplecção folicular e o estabelecimento de uma gravidez é influenciado por mais factores, muitos deles desconhecidos2.

Ainda que em mulheres da mesma idade este declínio possa ser consideravelmente diferente, a idade permanece o marcador de primeira linha a ter em conta quando se pretende recorrer a técnicas de PMA, sendo o mais importante indicador da quantidade e da qualidade dos ovócitos9. Contudo, isoladamente não demonstra um elevado valor preditivo, sendo por isso necessário associá-lo a outros parâmetros10.

Padrão Menstrual

Os dados epidemiológicos demonstraram claramente que os ciclos menstruais variam em duração e frequência e que, muitas vezes, existe uma correlação entre as características do ciclo menstrual e uma variedade de factores inerentes à própria mulher, comportamentais e ambientais. Contudo, poucos estudos estudaram sistematicamente quando é que as características do ciclo menstrual estão relacionadas com medidas mais directas de fertilidade e probabilidade de gravidez. O padrão menstrual é usualmente aceite como sendo regular para cada mulher até aos 40 anos altura em que a duração dos ciclos aumenta, antes da menopausa11.

A duração do ciclo menstrual é suposto ser determinada pela taxa e qualidade de crescimento folicular e, assim sendo, pela duração da fase folicular1.

A diminuição do número de folículos, associada a uma diminuição do número de células funcionais da granulosa, causa inicialmente uma redução na secreção de inibina B. A consequência é um aumento da secrecção de FSH na fase lútea tardia e na fase folicular, que podem, por seu turno, conduzir a uma iniciação precoce do desenvolvimento folicular e a um encurtamento da fase folicular. Intuitivamente, mulheres jovens com maior número de folículos primordiais podem frequentemente apresentar ciclos maiores do que 30 dias11.

Evidências recentes mostraram que os ciclos menstruais longos estão associados a um maior número de folículos antrais e a uma maior resposta ovárica à estimulação hormonal. Por outro lado, ciclos curtos estão associados a uma pobre resposta à hiperestimulação ovárica, marcador de envelhecimento ovárico1.

FSH

Sabe-se que a FSH desempenha um papel importante no recrutamento e na maturação dos folículos primordiais para ovócitos maduros, para além de induzir a produção ovárica de estrogénios pela via da enzima aromatase. Uma diminuição do pool folicular leva a uma diminuição da produção de estradiol e inibina B e, consequentemente, a uma diminuição do feedback negativo sobre a hipófise e o hipotálamo, o que conduz ao aumento da FSH12.

A determinação da FSH na fase folicular precoce é o teste endócrino mais estudado e usado na avaliação da reserva ovárica. A determinação no soro no segundo ou terceiro dia do ciclo pode ser realizada de forma barata e fácil, apesar da sua secreção pulsátil e circadiana pela hipófise, que conjuntamente com flutuações séricas de isoformas da mesma, podem induzir em erros. Níveis persistentemente elevados relacionam-se de forma consistente com a diminuição da reserva ovárica. Foi, no entanto, demonstrado que as taxas de gravidez em mulheres com menos de 35 anos com valores elevados de FSH eram superiores àquelas de mulheres mais velhas com valores normais desta hormona, reforçando a idade como um marcador de reserva ovárica1.

Já em 2000 Montfrans et al. sugeriram que a determinação basal de FSH não deveria ser decisiva na abordagem inicial da mulher infértil com ciclos clínicos regulares, uma vez que a gravidez ocorria em cerca de metade das mulheres com níveis séricos elevados desta hormona13.

A FSH é usada de forma habitual como marcador de reserva ovárica; contudo não se provou ser útil como preditora de fertilidade, uma vez que os aumentos de FSH aparecem tardiamente, perto da menopausa. Medições de FSH seriada poderiam ser de maior utilidade como preditoras a curto prazo de envelhecimento ovárico14.

Além disso, este marcador pode não se correlacionar diretamente com a idade, o que permite inferir a sua limitação como preditor fidedigno de capacidade reprodutiva17,18.

Por outro lado, não existe uniformidade de critérios quanto ao ponto de corte, estabelecendo-se entre 10-11,1MUI/mL para uns autores (segundo e terceiro dia do ciclo), enquanto para outros se situaria em valores superiores a 15UI/mL. A sua acuidade na predição de má resposta à estimulação nas PMA foi considerada dependente de um limite de valores séricos muito alto1.

A variação mensal do seu valor pode ocorrer devido à persistência do corpo lúteo, acompanhado por um valor elevado de progesterona e baixos níveis de E216.

Muitos centros ainda utilizam esta hormona sem considerar as suas limitações, que para além da grande variabilidade inter e intraciclo, incluem a interferência de factores como o tabagismo e as disparidades entre ensaios clínicos, uma vez que é acessivel, de baixo custo, e pode ser útil na avaliação de grupos específicos de mulheres inférteis, tais como aquelas com ciclos anovulatórios, endometriose e com mais de 35 anos1.

Inibina B

A Inibina B é uma hormona secretada pelas células da granulosa e da teca do ovário. Inibe a secreção de FSH e tem uma acção parácrina no desenvolvimento dos folículos. Alguns estudos apresentam uma grande sensibilidade e especificidade deste teste; outros, contudo, não recomendam o seu uso isolado como um preditor de reserva ovárica1.

É um biomarcador plausível de reserva ovárica porque a sua diminuição conduz a um aumento da FSH e é produzida por pequenos folículos pré-antrais e folículos antrais19. No entanto, foi observada uma variabilidade interciclo nas concentrações deste marcador1.

Uma diminuição dos níveis de inibina B no terceiro dia do ciclo pode predizer uma baixa reserva ovárica antes mesmo do aumento esperado da FSH basal. Alguns autores, entretanto, sugerem que esse teste não seja usado para predizer a resposta de tratamentos de FIV, já que pode ser influenciado por outros factores, como por exemplo a quantidade de gordura corporal8.

Apresenta uma correlação negativa com a FSH e uma positiva com a CFA1. Não está, no entanto, correlacionada com a idade19.

A elevada taxa de falsos positivos implica cuidado na sua utilização, nomeadamente na exclusão de pacientes para FIV. A sua acuidade, mesmo usando níveis muito baixos na predição de má resposta, foi apenas moderada quando comparada a outros marcadores disponíveis1.

Os ensaios realizados com esta hormona mostraram-se inconsistentes na prática devido à variabilidade entre estudos e à falta de precisão dos mesmos15.

Estradiol

O estradiol é uma hormona esteróide produzida pelas células da granulosa dos folículos ováricos. Os níveis de E2 são rotineiramente avaliados durante a fase folicular precoce do ciclo menstrual como parte do perfil hormonal, uma vez que é um teste simples, barato e uma ferramenta de rastreio eficaz7.

Existe uma relação directa entre a idade avançada e os níveis séricos basais elevados de E21. Níveis séricos muito elevados nos primeiros dias do ciclo menstrual (>75pg/mL) também se encontram associados a má resposta ovárica em ciclo de FIV e a baixas taxas de gravidez7.

Elevações precoces de E2 são entendidas como consequência do avançado desenvolvimento folicular e selecção precoce do folículo dominante observados em mulheres mais velhas1.

Apesar do seu valor como teste preditivo de função ovárica ser escasso, a medição de FSH e E2 basais no terceiro dia do ciclo pode, no entanto, ajudar a diminuir a incidência de falsos negativos baseados na medição de FSH isolada; quando ambos os marcadores se encontram elevados é muito provável a ocorrência de uma baixa resposta1.

Hormona Anti-Muleriana

A HAM é uma glicoproteína produzida na mulher adulta pelas células da camada granulosa de folículos pré-antrais e pequenos folículos antrais logo que os folículos primordiais são recrutados, ainda que alguns autores defendam que seja também segregada por folículos secundários20.

A sua actividade biológica não é totalmente compreendida; pode agir como um modulador do recrutamento do folículo e um regulador da esteroidogénese ovárica1. Sabe-se que inibe a transição de folículos primordiais para folículos primários; logo, na sua ausência, ocorre uma aceleração no recrutamento dos folículos primordiais o que resulta numa prematura exaustão folicular20. A sua expressão é mantida até que os folículos atinjam 6 mm de tamanho, altura em que os folículos pré-antrais/antrais iniciais são selecionados para dominância1.

Experiências em ratos demonstraram que na ausência desta hormona os níveis de FSH eram baixos; porém, o número de folículos em crescimento estava aumentado, evidenciando o aumento da sensibilidade dos folículos à FSH na ausência de HAM e suportando a hipótese que a HAM é decisiva no crescimento dos folículos ováricos FSH-dependentes21.

É considerada um marcador que pode estimar a quantidade e actividade dos folículos recrutáveis em estágios precoces da maturação, sendo mais fiável para a predição da resposta ovárica e do potencial reprodutivo1.

A redução do valor plasmático desta hormona, após os 20 anos, antecede a diminuição da capacidade reprodutiva da mulher que se inicia por volta dos 30 anos20. Ainda assim, e comparando com marcadores como a CFA e a FSH, é apontada pela literatura mais recente como o marcador mais sensível no que diz respeito ao envelhecimento reprodutivo22.

A reprodutibilidade da HAM entre ciclos foi também demonstrada; pequenas variações nos níveis séricos entre ciclos foram encontradas quando comparadas com aquelas detectadas para a FSH, inibina B, E2 ou CFA. É considerado melhor marcador que a idade na predição da resposta ovárica à estimulação exógena, com uma performance semelhante à CFA1.

A falta de um cut-off consensual, combinando uma especificidade e sensibilidade satisfatórias, continua a representar uma limitação. Em 2005 Muttukrishna et al. apresentaram um estudo que demonstrava uma sensibilidade de 87% e especificidade de 64% para um cut-off 0,2ng/mL da HAM. Em 2007, La Marca et al. validaram o uso desta hormona na predição de uma má resposta à estimulação com valores de sensibilidade de 80% e especificidade de 93%, quando um limite de 0,75ng/mL foi considerado1.

A relação entre o valor plasmático da HAM e o número de folículos recrutados após um ciclo FIV demonstra a capacidade desta hormona em distinguir mulheres com baixa (< 1ng/ml), média (1-4ng/ml) ou elevada capacidade reprodutiva (>4ng/ml)10. Relativamente ao valor de HAM na previsão do risco de síndrome de hiperestimulação ovárica Lee et al. e Nardo et al. calcularam uma performance semelhante para a HAM. O valor do cut-off relatado é de 3,5ng/ml, acima do qual a hiper resposta ou o síndrome de hiperestimulação ovárica pode ser antecipado.

Em 2011 foram publicados pela European Society of Humam Reproduction and Embriology (ESHRE) os critérios de Bolonha, assentes no consenso da definição de pobre resposta ovárica (POR) na FIV. Pelo menos dois de três critérios têm que estar presentes: idade materna avançada (>40anos) ou outro fator de risco para má resposta; antecedentes de POR (considerada ≤3 oócitos com um protocolo de estimulação convencional); teste de reserva ovárica anormal (considerando uma CFA entre cinco-sete folículos e valores de HAM entre 0,5-1,1ng/ml)23. Alguns autores consideram que um cut-off da HAM acima de 1,05ng/ml prediz uma melhor resposta em mulheres com diminuição da reserva ovárica; contudo, pode ocorrer uma gravidez de nado-vivo, mesmo com níveis indetectáveis de HAM24.

Por estes motivos, a medição da HAM previamente a um ciclo FIV pode permitir aos clínicos determinar a dose adequada de FSH exógena para cada mulher, apoiando a maioria dos estudos, considerando-se que quanto maior o valor de HAM, menor será a dose necessária de FSH exógena para estimulação ovárica adequada25.

Apesar de tudo, nenhum marcador é perfeito e esta hormona pode não predizer a qualidade ovocitária. Mulheres novas com baixos níveis de HAM podem ter poucos ovócitos, mas estes podem ser de qualidade normal1.

Tem surgido informação contraditória acerca da variação da HAM em diferentes fases do ciclo menstrual. Artigos mais antigos referiam que a HAM era estável durante o ciclo menstrual, mas estudos mais recentes contrariaram esta ideia26.

Os autores que defendem o uso da HAM como método auxiliar de diagnóstico para informar as pacientes sobre a probabilidade de gravidez num tratamento de PMA, afirmam que este marcador não deverá ser utilizado isoladamente, mas em associação com a idade cronológica da paciente e com a CFA27.

Teste do Citrato de Clomifeno

Um dos testes utilizados para pesquisar a reserva folicular em pacientes inférteis é o TCC. Esse teste consiste no doseamento de FSH sérica no terceiro e décimo dias do ciclo menstrual, e na administração de 100 mg de citrato de clomifeno via oral do quinto ao nono dia. Um valor total de FSH acima de 26 UI, resultante da soma dos níveis séricos dos dias 3 e 10, representa um resultado anormal, indicando baixa resposta funcional e um prognóstico desfavorável para tratamentos de infertilidade8.

Um estudo prospectivo realizado em 2005 comparou a CFA com a concentração de FSH após o TCC, tendo observado que a CFA apresenta um melhor valor preditivo em relação ao número de ovócitos aspirados2.

Este teste é amplamente aceite como indicador prognóstico nas PMA, com um alto valor preditivo positivo e negativo; contudo, existe controvérsia relativamente ao seu uso como marcador de reserva ovárica14. Em publicações recentes não foi demonstrada evidência suficiente para a suportar como ferramenta prognóstica1.

Teste de estimulação dos análogos da gonadotrofina

O teste de estimulação dos análogos da gonadotrofina é outro teste de simulação que avalia a alteração nos níveis de estradiol no segundo e terceiro dias do ciclo menstrual, após administração subcutânea de um agonista da GnRH (1mg de acetato de leuprolide). A administração do agonista provoca uma libertação temporária de FSH e de hormona luteinizante (LH), o que por sua vez aumenta a produção de E2 dentro de 24 horas. Um aumento significativo ou flare de E2 como resposta a esta estimulação reflecte a quantidade de folículos recrutáveis na fase folicular precoce, o que é, por seu lado representativo da reserva ovárica28.

No entanto, à semelhança do teste anterior, não constitui um teste elegível para usar por rotina, pelo baixo grau de evidência que se encontra demonstrado na literatura1.

Teste de FSH exógena

O teste de FSH exógena consiste na administração de 300 UI de FSH recombinante subcutânea no terceiro dia do ciclo menstrual. Determina-se o E2 e a FSH antes da administração e 24 horas depois. A mesma falta de parâmetros uniformes não o permite utilizar como um teste de determinação da reserva ovárica1.

Foi defendido que este teste seria melhor preditor do número de folículos obtidos após PMA, ainda que exista grande controvérsia neste sentido. O seu uso não está indicado, devido aos elevados custos e ao risco de hiperestimulação ovárica, pelo que se reserva apenas para casos excepcionais14.

Volume Ovárico

O volume ovárico está inversamente relacionado com a idade; contudo, a praticabilidade do uso do volume ovárico para predizer a resposta ovárica é limitada pois existem alterações clínicas importantes que só se manifestam nos extremos da vida reprodutiva29.

O volume ovárico obtido por ecografia transvaginal  bidimensional (2D) é pelo menos 27% inferior ao volume real. Para além disso, tem uma grande variabilidade interobservador30.

Alguns estudos mostraram preocupação relativamente ao seu uso como teste de reserva ovárica e cimentaram as suas dúvidas no facto de ser avaliado a duas dimensões, deixando alguns autores a recomendação do uso de ecografia tridimensional (3D) para diminuir a variabilidade interobservador1.

O desenvolvimento 3D tornou possível compensar as diferentes particularidades da forma do ovário humano. Ainda assim, os estudos comparativos entre 2D e 3D não mostraram diferenças na precisão das duas técnicas13.

Apesar de na literatura as opiniões sobre este marcador estarem divididas, uma revisão realizada em 2011, que englobou dez estudos sobre esta questão, concluiu que o volume ovárico apresentava pouca aplicabilidade na predição de má resposta ou gravidez, não devendo ser usado como preditor único, mas podendo ser incluido nos procedimentos diagnósticos, adicionando informação ao histórico da doente1.

Vascularização ovárica

A introdução do power Doppler transvaginal permitiu estudos não invasivos sobre a vascularização dos folículos ováricos, que evidenciaram uma relação entre o fluxo sanguíneo do estroma ovárico e a resposta folicular do ovário31. Observou-se uma correlação positiva e independente entre a velocidade do pico sistólico do estroma ovárico medida por Doppler pulsátil via ecografia transvaginal, quer na fase folicular precoce, quer após supressão da actividade hipofisária32.

Verifica-se também uma correlação negativa entre a idade e o fluxo sanguíneo pré-ovulatório perifolicular. Shrestha et al. (2006) demonstraram uma alta taxa de gravidez entre mulheres que apresentaram folículos com acentuada vascularização na fase folicular precoce1.

Uma meta-análise realizada em 2009 avaliou o fluxo sanguíneo do estroma ovárico como preditor de resultados de FIV mas o seu valor clínico foi duvidoso, devido aos diferentes preditores relacionados com a vascularização usados na literatura. Os estudos consultados não recomendam a sua utilização como marcador de reserva ovárica1. Novos estudos serão necessários para clarificar a capacidade da vascularização do estroma ovárico na previsão de resultados após PMA32.

Contagem de Folículos Antrais

Apesar da medida directa do pool de folículos primordiais não ser possível, demonstrou-se que o número de folículos antrais nos ovários está proporcionalmente relacionado com o stock de folículos primordiais a partir do qual eles foram recrutados2. A correlação entre a CFA histológica e o número de folículos primordiais remanescentes têm sido constatada desde há vários anos3.

A contagem total de folículos antrais é estimada tendo em conta o número de folículos que medem entre 2-9mm, em ambos os ovários. Após esta contagem, os folículos são classificados em pequenos folículos antrais (2,0-6,0mm), que apesar de serem gonadotrofico-independentes respondem às gonadotrofinas exógenas, e em grandes folículos antrais (> 6mm), que são gonadotrofico-dependentes4.

Como os folículos antrais maiores que 2mm são extremamente sensíveis e respondem à FSH exógena, são definidos como «folículos recrutáveis». Logo, a CFA estima com grande precisão o pool folicular em que a FSH exógena irá ter efeito. Foi provada a utilidade da CFA em identificar extremos da resposta ovárica após estimulação ovárica; contudo, ainda não está totalmente esclarecido o seu papel na escolha da dose de FSH exógena ideal nas PMA33.

Assim, a CFA tem sido avaliada como preditora de resposta para os tratamentos com indução da ovulação, podendo ter correlação com a quantidade de ciclos cancelados nas más respondedoras, com o número de ovócitos aspirados e com a probabilidade de gravidez bioquímica3.

Revelou-se um excelente preditor de reserva e resposta ovárica, com superioridade significativa em relação a outros marcadores, apresentando uma sensibilidade de 89%, apesar da baixa especificidade na identificação de uma má resposta. Os estudos demonstraram correlações significativas entre a CFA e os outros testes ováricos, tal como a HAM1. Contudo, existe uma variabilidade considerável na sua definição clínica e na metodologia usada para a contagem e medida dos folículos nos estudos publicados. Sabe-se que a utilização de terapêuticas com agonistas da GnRH, estimulação ovárica ou contraceptivos orais combinados não influenciam a CFA, apesar dos efeitos verificados no volume ovárico29. Foi também determinado que medições repetidas de CFA não conferiam informação adicional na prática clínica1.

A CFA é classicamente considerada independente da fase do ciclo menstrual pelo que a maioria dos estudos recomendam que a CFA seja realizada na fase folicular precoce do ciclo menstrual de forma a minimizar o efeito das flutuações intraciclo e reduzir o risco de incluir incorrectamente quistos ováricos coexistentes ou o corpo lúteo. Por uma questão de consistência e praticabilidade, foi proposto que a CFA fosse medida entre o segundo e o quarto dia do ciclo menstrual29. No entanto, à luz dos estudos actuais a CFA parece não sofrer variação significativa num ciclo menstrual, principalmente quando contados apenas os folículos antrais pequenos (2-6mm). Todavia, ainda não há consenso sobre a estabilidade da CFA ao longo do ciclo. Dessa forma, mais estudos serão necessários para esclarecer se a CFA deve ser feita apenas na fase folicular precoce ou se pode ser feita em qualquer fase do ciclo menstrual5.

A variabilidade interciclo da CFA é claramente menos pronunciada que a de outros marcadores de reserva ovárica; contudo, pode variar consideravelmente de ciclo para ciclo. Esta variação pode ser devida a uma detecção imprecisa mais do que a uma variação biológica. Por isso, esta variação é considerada de relevância clínica mínima na predição da resposta ovárica em técnicas de PMA1.

Tradicionalmente o tamanho de um folículo é avaliado com a medição do seu diâmetro com 2D34. Existe uma variação intra e interobservador na contagem de folículos antrais, que se torna ainda mais evidente quando o diâmetro do folículo é incluído. A 3D com suas várias opções de visualização melhora a fiabilidade da CFA e a sua validade para prever o numero de ovócitos que podem ser recrutados para as PMA5.

Uma correlação significativa foi demonstrada entre o número de folículos antrais de 2-10 mm de diâmetro e o número de ovócitos obtidos após estimulação com FSH. Ainda assim, a CFA tende a sobrestimar o verdadeiro número de folículos FSH dependentes, discrepância esta que pode ser devida à inclusão de folículos atrésicos na contagem29. Durante a fase folicular precoce, os folículos saudáveis tendem a ter 4-6mm e podem representar melhor a proporção idade-dependente do pool de folículos antrais visíveis. É possível que a contagem desses folículos permitisse evitar a incorporação de folículos atrésicos1.

Contudo, o número de folículos antrais menores (2-5mm) está fortemente correlacionado com o número de folículos maiores e apenas poucos folículos com 6-10 mm são encontrados na fase folicular precoce. Assim, para evitar a perda de tempo no processo de medição de cada folículo foi recomendada a contagem de todos os foliculos de 2-10mm29.

É de salientar, no entanto, que neste momento não existe consenso sobre o tamanho dos folículos que devem ser incluídos na contagem total dos folículos antrais e que a contagem dos folículos antrais subdividida em grupos de acordo com o tamanho dos folículos mostra que os grupos de menor tamanho podem melhorar o valor preditivo da CFA. Por esse motivo, a população de folículos antrais menores representará o quantitativo da reserva ovárica funcional5.

Existe uma relação directa entre a CFA e a quantidade de ovócitos obtidos, o número de embriões disponíveis para selecção após FIV, a taxa de transferência, a taxa de gravidez e de criopreservação embrionária. Uma CFA de ambos os ovários inferior a dez pode estar associada com um risco aumentado de cancelamento do ciclo, podendo representar um importante parâmetro de avaliação preditiva da resposta ovárica2.

Em 2001 foram publicados na ESHRE os critérios de Bolonha, já referidos, havendo consenso na definição de POR na FIV que consideraram como teste de reserva ovárica anormal uma CFA entre cinco-sete folículos23. Numa revisão sistemática de trabalhos  publicados nos últimos treze anos a definição de má resposta foi divergente entre os estudos, variando  de três a nove folículos antrais. A maioria dos artigos apresentou evidência de que uma contagem menor do que três a seis folículos antrais está associada a má resposta e a uma maior hipótese de cancelamento de ciclo, assim como a um menor número de ovócitos aspirados2.

Apesar da ecografia ser um método que permite a avaliação de cada ovário, como entidade singular, sendo mais preciso nesta avaliação individual do que qualquer outro teste hormonal, uma das suas condicionantes prende-se com a experiência da pessoa que a realiza, sendo sempre um exame subjetivo. Por outro lado, uma das grandes vantagens em relação aos doseamentos hormonais é ser não invasivo7.

Comparações entre os marcadores

Os estudos realizados mostraram que apenas a HAM e a CFA exibiram diminuição progressiva significativa  com a idade19.

Comparando a FSH com a idade os estudos mostram que em mulheres com valores basais de FSH constantemente elevados, submetidas a FIV, a idade cronológica é melhor preditor de fertilidade do que a FSH basal. Contudo a junção de ambas é útil para prever a reserva ovárica quantitativa7.

Embora a CFA tenha a melhor capacidade de predição de má resposta ovárica e síndrome de hiperestimulação ovárica, entre todos os marcadores convencionais da reserva ovárica, a CFA e a idade apresentam o mesmo valor preditivo em relação à taxa de nados vivos em ciclos de PMA2.

A HAM foi considerada melhor do que a idade na predição da resposta ovárica aos estímulos exógenos, com uma performance semelhante apenas à CFA29.

Comparando com a FSH, uma das vantagens apontadas à sensibilidade da HAM prende-se com o facto do seu valor basal não variar inter e intra ciclo35. A sua estabilidade plasmática sugere que esta poderá ser o melhor marcador ciclo-independente para avaliar a reserva ovárica36. Porém, estudos posteriores verificaram variações no valor da HAM durante o ciclo menstrual particularmente em mulheres que apresentavam um padrão ovárico jovem37.

Embora a CFA e o HAM pareçam ser igualmente preditivos da resposta ovárica durante os ciclos de reprodução assistida, a CFA é comummente realizada pela disponibilidade de ecógrafos em clínicas especializadas e da relativa facilidade com que pode ser executada5.

Análises comparativas da CFA e HAM têm consistentemente mostrado fortes correlações38. Quando comparada com a CFA, a HAM evidencia menor variação inter e intra ciclo do que a CFA36.

Comentários finais

O principal objectivo da avaliação da reserva ovárica é identificar mulheres com uma reserva folicular escassa em função da sua idade cronológica.  A idade é considerado o factor individual mais importante na determinação da qualidade e quantidade da  reserva ovárica. No entanto, o seu uso isolado é inadequado, devendo ser complementado com os doseamentos de FSH e HAM, assim como com a CFA, aumentando a eficácia na previsão da resposta ovárica à hiperestimulação ovárica controlada em ciclos de PMA.

Os testes que avaliam a reserva ovárica são usados para prever a resposta à estimulação controlada dos ovários durante a realização de PMA. Não existe consenso de qual exame, ou combinação deles, tem o maior valor predito na avaliação da reserva ovárica. A maioria dos autores concorda que a CFA e o doseamento sérico da HAM têm o melhor potencial discriminatório como preditores da reserva ovárica, com semelhante valor diagnóstico. Se por um lado a HAM tem uma variabilidade inter e intra cíclica mínima, por outro lado a CFA tem a vantagem da ecografia poder ser feita no mesmo momento em que o clínico faz a anamnese e o exame físico.

 

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Endereço para correspondência | Dirección para correspondencia | Correspondence

Renata Verissimo

Centro Hospitalar Tondela-Viseu

E-mail: renatasofiav@hotmail.com

 

Recebido em: 17/8/2015

Aceite para publicação: 14/10/2015