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Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa

versão impressa ISSN 1646-5830

Acta Obstet Ginecol Port vol.18 no.2 Algés jun. 2024  Epub 30-Jun-2024

https://doi.org/10.69729/aogp.v18i2a01 

Editorial

Desafios atuais em Ginecologia e Obstetrícia

Current challenges in Gynecology and Obstetrics

1. Editora-chefe da Acta Obstétrica e Ginecológica Portuguesa. Unidade Local de Saúde de São João, Porto. Portugal.

2. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. RISE-Health. Portugal.


A comunicação clínica continua um desafio nos cuidados de saúde, não sendo a Ginecologia e a Obstetrícia uma exceção. A atualidade do tema é demonstrada por um artigo publicado neste número, em que os autores fazem uma revisão sobre a Comunicação Médico-Doente em Ginecologia e Obstetrícia1. As alterações sociais e culturais verificadas na nossa sociedade são mais um desafio à comunicação clínica. O aumento da imigração introduz novas culturas na sociedade e, muitas vezes, acarreta barreiras linguísticas, o que condiciona dificuldades na comunicação. Esta questão é ainda mais importante, quando se sabe que as diferenças de cultura podem condicionar diferenças de atuação por parte dos profissionais e constituir um fator de risco para morbilidade e mortalidade2. Em 2018, a propósito de competências de comunicação clínica em obstetrícia escrevi que a formação pós-graduada estava ainda muito centrada no conhecimento teórico e nas competências técnicas, o que era motivo de preocupação dos jovens médicos3. Esta preocupação continua atual, apesar das alterações ao programa de formação e avaliação que refere nos objetivos formativos, para além da aquisição de conhecimentos, a aquisição de aptidões, onde é especificada a “Comunicação com o casal e interpares” (4. A portaria determina também o novo modelo de avaliação, nomeadamente com a introdução de uma prova prática na avaliação final, que “inclui, sempre que possível, recurso a modelos de simulação” (4. Será que os serviços já estão a valorizar as competências de comunicação na formação e na avaliação continua dos internos de formação específica? Ou será que continuam a valorizar apenas os conhecimentos e aptidões técnicas?

As alterações sociais verificadas na nossa sociedade, com a diminuição da natalidade e o adiar da maternidade, associada à possibilidade de preservação eletiva de ovócitos, é sem dúvida outro desafio para a Ginecologia e a Obstetrícia. Neste âmbito, temos neste número um artigo que aborda o conhecimento das estudantes universitárias sobre a preservação eletiva de ovócitos5.

Na sequência da pandemia COVID-19 e à semelhança do que já acontece na vigilância de algumas doenças crónicas, o recurso a modelos de telessaúde é uma realidade também na Ginecologia e Obstetrícia. São várias as possibilidades, com modelos síncronos, assíncronos ou monitorização remota6. Apesar da avaliação presencial continuar a ser a abordagem clínica de primeira linha, a introdução de programas remotos de vigilância clínica é mais um desafio à comunicação. As premissas da comunicação clínica estão centradas na abordagem presencial e terão de passar a integrar a comunicação remota. A confiança poderá demorar mais tempo a ser alcançada e a diminuição da valorização do silêncio e da avaliação do não-verbal é inevitável.

Dentro da evolução tecnológica destaco a grande evolução que tem ocorrido na FemTech, produtos que utilizam a tecnologia para melhorar a saúde das mulheres, sendo metade destes produtos da área da obstetrícia e saúde reprodutiva7. A introdução no mercado destes produtos não está devidamente regulamentada8, mas isso não impede que nos possamos deparar com a sua utilização por parte das nossas utentes. O ideal seria que a introdução no mercado destes produtos fosse regulamentada e devidamente avaliada. Da nossa parte, vai exigir que nos dediquemos a conhecer estes produtos para seja possível a discussão sobre a sua utilização, integrada numa decisão médica partilhada. Um destes dispositivos, o copo menstrual, foi alvo de uma revisão publicada neste número da AOGP9, constituindo um exemplo do que deve ser feito em termos de avaliação.

Referências bibliográficas

1. Silva DP, Castro MG, Rodrigues P, Carvalho MJ. Patient-Physician Communication in Gynecology and Obstetrics. Acta Obstet Ginecol Port 2024;18(2):102-113 [ Links ]

2. Clark RRS, Klaiman T, Sliwinski K, Hamm RF, Flores E. Using incident reports to diagnose communication challenges for precision intervention in learning health systems: A methods paper. Learn Health Syst 2024 May 9;8(Suppl 1):e10425. [ Links ]

3. Ramalho C. Communication skills in Obstetrics. Acta Obstet Ginecol Port 2018;12(4):254-5 [ Links ]

4. Portaria n.º 244/2021 de 9 de novembro, Diário da República n.º 217/2021, Série I de 2021-11-09, páginas 29-39 [ Links ]

5. Costa MD, Maravalhas M, Pontes, B, Silva LC, Trocado V, Cardoso AS, Pinheiro P. Elective oocyte cryopreservation in the women empowerment era: Perspectives and Attitudes among female college students in Portugal. Acta Obstet Gynecol Port 2024;18(2):89-100 [ Links ]

6. ACOG Presidential Taskforce on Telehealth. Implementing telehealth in practice: ACOG Committee Opinion Summary, Number 798. Obstet Gynecol 2020;135(2):e73-9 [ Links ]

7. FemTech-Industry-2021-Report . https://analytics.dkv.global/FemTech/FemTech-Industry-2021-Report.pdf, accessed 30/06/2024 [ Links ]

8. McMillan C. Monitoring female fertility through 'FemTech': the need for a whole-system approach to regulation. Med Law Rev 2022;30:410-33 [ Links ]

9. Portela D, Oliveira J, Silva AP. Menstrual Cup - A Scoping Review on the Advantages and Disadvantages. Acta Obstet Gynecol Port 2024;18(2):123-150 [ Links ]

Endereço para correspondência Carla Ramalho E-mail: carlaramalho@med.up.pt

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