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Angiologia e Cirurgia Vascular

versão impressa ISSN 1646-706X

Angiol Cir Vasc vol.12 no.3 Lisboa set. 2016

https://doi.org/10.1016/j.ancv.2016.02.003 

IMAGEM VASCULAR

Falso aneurisma anastomótico femoral em rotura contida

Contained rupture of a femoral anastomotic pseudoaneurysm

Tiago Ferreira*, Pedro Martins, Ana Evangelista, Augusto Ministro e José Fernandes e Fernandes

*Serviço de Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Maria CHLN, Faculdade de Medicina de Lisboa, Centro Académico de Medicina de Lisboa, Lisboa, Portugal

*Autor para correspodência

 

 

Introdução

O bypass aorto-bifemoral mantém-se como uma forma de revascularização na doença aorto-ilíaca extensa, com excelente durabilidade e uma reduzida taxa de complicações. De entre estas, o falso aneurisma anastomótico ocorre como complicação tardia em 1-5% dos casos, mais frequente a nível da anastomose femoral, mas podendo envolver também a anastomose proximal1. Os fatores etiológicos de maior relevância são o enfraquecimento da parede arterial, a fadiga das suturas, o stress mecânico sobre as anastomoses e a infeção local2-4. Dados os potenciais riscos de trombose, embolização distal e rotura, está recomendado o tratamento de falsos aneurismas femorais sintomáticos ou com mais de 2,5 cm5.

Caso clínico

Homem de 78 anos, com antecedentes de cardiopatia isquémica, fibrilhação auricular sob anticoagulação oral e bypass aortobifemoral em 2007 por doença oclusiva (em outra instituição), recorreu ao serviço de urgência por quadro com 48 horas de evolução de massa pulsátil e expansível inguinal direita, associada a sufusão hemorrágica e sofrimento cutâneo, além de dor e edema do membro.

O estudo por angio-TC mostrou a presença de falso aneurisma da anastomose femoral direita com 11 cm de diâmetro em rotura (Fig. 1 e 2), bem como um falso aneurisma de 2 cm na anastomose proximal (Fig. 3). A artéria femoral superficial direita encontrava-se ocluída e a artéria femoral profunda apresentava-se permeável, embora com calcificação parietal extensa. Não eram visíveis sinais imagiológicos de trombose venosa profunda ipsilateral e não foram detetados outros aneurismas periféricos.

Procedeu-se a ressecção parcial do falso aneurisma femoral e interposição de prótese de PTFE de 8 mm em posição protésico-femoral profunda, descompressão compartimental e drenagem. Não se verificaram aspetos intraoperatórios sugestivos de infeção. O aneurisma anastomótico proximal será objeto de tratamento após o período de convalescença da referida intervenção, provavelmente através de exclusão endovascular.

O eco-Doppler de controlo após um mês documentou a permeabilidade da reconstruc¸ão, sem complicac¸ões associadas(Fig. 4).

 

Comentários

Os autores divulgam um caso invulgar de rotura de um aneurisma anastomótico femoral direito exuberante, submetido a tratamento convencional com sucesso. A embolização distal, trombose e rotura são as complicações de falsos aneurismas anastomóticos femorais que constituem indicação para tratamento urgente, habitualmente através de ressecção do aneurisma e interposição de enxerto protésico (na ausência de infeção evidente). O caso apresentado reforça a necessidade de um programa de vigilância rigoroso dos procedimentos de revascularização, nomeadamente as reconstruções aortobifemorais. Apesar da inexistência de guidelines formais sobre esta matéria, a prática institucional habitual consiste na avaliação clínica e por eco-Doppler de 6 em 6 meses, durante os 2 primeiros anos de pós-operatório e anualmente após esse período, complementada por estudo aórtico por angio-TC quinquenal.

 

Bibliografia

1. Hagino RT, Taylor SM, Fuitani RM, et al. Proximal anastomotic failure following infrarenal aortic reconstruction: Late development of true aneurysms, pseudoaneurysms, and occlusive disease. Ann Vasc Surg. 1993;7:8.         [ Links ]

2. Starr DS, Weatherford SC, Lawrie GM, et al. Suture material as a factor in the occurrence of anastomotic false aneurysms. Arch Surg. 1979;114:412.         [ Links ]

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5. Ochsner JL. Management of femoral pseudoaneurysms. Surg Clin North Am. 1982;62:431.         [ Links ]

 

Responsabilidades éticas

Proteção de pessoas e animais. Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.

Confidencialidade dos dados. Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Direito à privacidade e consentimento escrito. Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

 

*Autor para corresponência:

Correio eletrónico: tiagojpferreira@gmail.com (T. Ferreira).

 

Recebido a 27 de julho de 2015;

Aceite a 28 de fevereiro de 2016

Disponível na Internet a 18 de abril de 2016

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