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Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental

versão impressa ISSN 1647-2160

Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental  no.28 Porto dez. 2022  Epub 31-Dez-2022

https://doi.org/10.19131/rpesm.356 

Artigo de revisão

Trauma psicológico: Resultados preliminares de um estudo com enfermeiros

Psychological trauma: Preliminary results of a study with nurses

Trauma psicológico: resultados preliminares de un estudio con enfermeras

Sofia Azevedo Feitor1 
http://orcid.org/0000-0001-5017-594X

Elisabete Maria das Neves Borges2 

1Escola Superior de Enfermagem do Porto, Portugal.

2Escola Superior de Enfermagem do Porto, Center for Research in Health Technologies and Services. Porto, Portugal.


Resumo

Contexto:

Os enfermeiros possuem alta suscetibilidade de exposição a eventos potencialmente traumáticos (Wheeler & Phiplips, 2019). Após a ocorrência de uma situação traumática, poderão persistir sintomas relacionados com pensamentos intrusivos, evitamento e hiperativação, e, por sua vez, levar ao desenvolvimento de Perturbação de Stresse Pós-Traumático (American Psychiatric Association [APA], 2014).

Objetivos:

Identificar o nível de trauma psicológico e a sua relação com variáveis sociodemográficas e profissionais em enfermeiros de um hospital Açoriano.

Métodos:

Estudo quantitativo, descritivo, correlacional, transversal, numa amostra de 75 enfermeiros a trabalhar em contexto hospitalar numa ilha dos Açores, selecionados através de um método de amostragem por conveniência. Foi aplicado um questionário para caracterização sociodemográfica e profissional e a Impact Event Scale Revised (IES-R) (Weiss & Marmar, 1997; Matos et al., 2011).

Resultados:

Salienta-se que todos os enfermeiros vivenciaram pelo menos um incidente crítico que marcou o seu percurso profissional, tendo este acontecido maioritariamente há mais de 12 meses, sendo a situação de morte a mais referida. A prevalência de trauma psicológico foi de 21,3%, com valores superiores na subescala de pensamentos intrusivos. Os enfermeiros com filhos apresentaram médias superiores na subescala pensamentos intrusivos; os enfermeiros com horário fixo e sem atividades de lazer possuíram médias superiores na IES-R total e todas as subescalas. E, os enfermeiros com vínculo definitivo posicionam-se num nível superior na IES-R total e nas subescalas pensamentos intrusivos e evitamento.

Conclusões:

Ainda que os níveis de trauma psicológico identificados, sejam baixos, torna-se imperativo informar e apoiar os enfermeiros relativamente a eventos adversos no local de trabalho. Há que consciencializar para o problema e tomar medidas que promovam ambientes de trabalho saudáveis, levando, consequentemente, a cuidados seguros e de qualidade.

Palavras-Chave: Trauma psicológico; enfermeiros; saúde ocupacional

Abstract

Background:

Nurses have a high susceptibility to experience potentially traumatic events (Wheeler & Phiplips, 2019). After the occurrence of a traumatic situation, symptoms related to intrusive thoughts, avoidance and hyperactivity may persist, and, in turn, lead to the development of Posttraumatic Stress Disorder (American Psychiatric Association [APA], 2014).

Aim:

To identify the level of psychological trauma and its relationship with sociodemographic and professional variables in nurses in an Azorean hospital.

Methods:

Quantitative, descriptive, correlational, cross-sectional study in a sample of 75 nurses working in a hospital setting on an island in the Azores, selected through a convenience sampling method. A questionnaire was applied for sociodemographic and professional characterization and the Impact Event Scale Revised (IES-R) (Weiss & Marmar, 1997; Matos et al., 2011).

Results:

All nurses experienced at least one critical incident that marked their professional trajectory, having happened mostly for more than 12 months, with the death situation being the most mentioned. The prevalence of psychological trauma was 21,3%, with higher values in the subscale of intrusive thoughts. Nurses with children had higher mean scores in the subscale intrusive thoughts; nurses with fixed schedule and no leisure activities had higher mean scores in the total IES-R and all subscales. Nurses with definitive employment contract are positioned at a higher level in the total IES-R and in the subscales intrusive thoughts and avoidance.

Conclusions:

Even though the levels of psychological trauma identified are low, it is imperative to inform and support nurses regarding adverse events in the workplace. It is extremely important to raise awareness of the problem and to take measures to promote healthy work environments, consequently leading to safe and quality care.

Keywords: Psychological trauma; nurses; occupational health

Resumen

Contexto:

Las enfermeras tienen una alta susceptibilidad a la exposición a eventos potencialmente traumáticos (Wheeler & Phiplips, 2019). Después de vivir una situación traumática, los síntomas relacionados con pensamientos intrusivos, evitación e hiperactividad pueden persistir y, a su vez, conducir al desarrollo del Trastorno de Estrés Postraumático (American Psychiatric Association [APA], 2014).

Objetivos:

Identificar el nivel de trauma psicológico y su relación con variables sociodemográficas y profesionales en enfermeras de un hospital de las Azores.

Metodología:

Estudio cuantitativo, descriptivo, correlacional, transversal en una muestra de 75 enfermeros que trabajan en un contexto hospitalario en una isla de las Azores, seleccionados mediante un método de muestreo por conveniencia. Se aplicó un cuestionario de caracterización sociodemográfica y profesional y la Impact Event Scale Revised (IES-R) (Weiss & Marmar, 1997; Matos et al., 2011).

Resultados:

Cabe destacar que todos los enfermeros vivieron al menos un incidente crítico que marcó su trayectoria profesional, habiendo ocurrido en su mayoría hace más de 12 meses, siendo la situación de muerte la más mencionada. La prevalencia de trauma psicológico fue del 21,3%, con valores más altos en la subescala de pensamientos intrusivos. Las enfermeras con niños tenían promedios más altos en la subescala pensamientos intrusivos; los enfermeros con horario fijo y sin actividades de ocio tuvieron promedios más altos en el total de IES-R y todas las subescalas. Las enfermeras con contrato fijo se sitúan en un nivel superior en el total de IES-R y en las subescalas pensamientos intrusivos y evitación.

Conclusiones:

A pesar de que los niveles de trauma psicológico identificados son bajos, es importante informar y apoyar a las enfermeras sobre los eventos adversos en el lugar de trabajo. Es necesario concienciar sobre el problema y tomar medidas para promover entornos laborales saludables, conduciendo así a una atención segura y de calidad.

Palabras Clave: Descriptores: Trauma psicólogico; enfermeras; salud ocupacional

Introdução

Ao longo da sua vida, todas as pessoas experienciam pelo menos um evento potencialmente traumático. Contudo, a probabilidade da sua ocorrência varia de indivíduo para indivíduo, dependendo de fatores como o historial pessoal e familiar de perturbações mentais, traços de personalidade, a existência de traumas anteriores ou a ocupação profissional (Kessler et al., 2017). Um evento potencialmente traumático ocorre quando o indivíduo é confrontado com uma situação stressante, podendo desenvolver inicialmente uma reação aguda de stresse, caracterizada por manifestações emocionais, cognitivas, físicas e interpessoais (American Psychiatric Association [APA], 2014). Esta poderá evoluir para uma situação traumática na medida em que a experiência surge de forma inesperada e os mecanismos de proteção para lidar com o sucedido tornam-se insuficientes, surgindo sentimentos de impotência ao tentar evitar a ocorrência do evento (Santos, 2017). A maioria dos indivíduos ultrapassa estas situações de stresse, com base no apoio social e familiar que dispõem (Southwick et al., 2015). Porém, esse apoio poderá não ser suficiente e os sinais e sintomas poderão estender-se no tempo, evoluindo para uma Perturbação de Stresse Pós-Traumático (PPST). Esta perturbação engloba sintomatologia relacionada com pensamentos intrusivos, evitamento, hiperativação e alterações negativas na cognição e humor (APA, 2014).

Dado os ambientes de trabalho nos quais trabalham diariamente, os enfermeiros possuem alta suscetibilidade de exposição a eventos potencialmente traumáticos no decorrer da sua atividade profissional, comprometendo a sua vida pessoal e profissional. Ao cuidar do outro, poderão surgir incidentes críticos relacionados com complicações de saúde repentinas, situações de agressão física ou verbal, erros clínicos ou situações de sofrimento e morte (Wheeler & Phiplips, 2019), situações essas para as quais os enfermeiros poderão não estar psicologicamente preparados para as enfrentar (Kable et al., 2018; Missouridou, 2017).

O conceito de trauma psicológico ou de trauma secundário (quando abordado a nível laboral) tem recebido maior atenção por parte dos investigadores nos últimos anos, principalmente na área da saúde. Arnold (2020) faz uma descrição do fenómeno de stresse traumático secundário em enfermagem como uma perturbação semelhante à PPST, resultante do envolvimento empático e emocional com utentes que experienciaram situações traumáticas, englobando sintomatologia física e psicológica. Para além de acartar consequências a nível individual, familiar e social, como isolamento, ansiedade generalizada, aumento da probabilidade de suicídio, menor saúde física e satisfação com a vida (Bosmans, 2015; DeFraia, 2016), desemprego, dificuldades sociais e económicas (APA, 2014), o trauma psicológico afetará de igual modo a vida laboral. Algumas das consequências organizacionais passam por absentismo, presentismo, maior probabilidade de acidentes de trabalho, perda de produtividade e de capital humano e económico (Alonso et al., 2011; DeFraia, 2016). Assim, torna-se importante perceber o impacto dos eventos potencialmente traumáticos nos enfermeiros, informando-os e apoiando-os, criando um clima organizacional de abertura, tomando medidas efetivas face ao problema (Kable et al., 2018).

Este estudo teve como objetivos identificar o nível de trauma psicológico e analisar a sua variação em função de variáveis sociodemográficas e profissionais em enfermeiros de um hospital.

Metodologia

Estudo quantitativo, descritivo, correlacional, transversal integrado no Projeto Internacional INT-SO (ESEP/CINTESIS). A população-alvo foram enfermeiros de uma unidade hospitalar de uma das ilhas dos Açores. Os participantes foram selecionados através de uma amostragem não probabilística, amostra de conveniência, sendo que os critérios de inclusão foram trabalhar há pelo menos seis meses na instituição e estar no ativo durante a colheita de dados. Aplicou-se um questionário para a colheita de dados constituído por duas partes, sendo a primeira relativa à caracterização sociodemográfica e profissional dos enfermeiros e a segunda parte composta por duas questões, onde foi solicitado aos participantes que descrevessem o incidente crítico que mais os marcou ao longo da sua vida profissional e há quanto tempo o mesmo ocorreu e pela Impact Event Scale Revised (IES-R) (Weiss & Marmar, 1997; Matos et al., 2011), de forma a avaliar o nível de trauma psicológico. A IES-R é uma escala com 22 itens, relativos às subescalas de pensamentos intrusivos, evitamento e hiperativação, indo ao encontro dos critérios de diagnóstico da PPST. É uma escala tipo Likert, de 5 pontos (0-4), sendo a pontuação mínima de 0 e a máxima de 88. Pontuações iguais ou superiores a 33 são indicativas de probabilidade elevada de trauma psicológico. Neste estudo, o Alfa de Cronbach da IES-R total foi de 0,94, para a subescala de pensamentos intrusivos de 0,88 e para as subescalas de evitamento e hiperativação de 0,82. Foram pedidas as devidas autorizações formais ao Conselho de Administração e à Comissão de Ética do hospital. Depois de concedidas, foi marcada uma reunião com o Enfermeiro Diretor da instituição de modo a apresentar o estudo e articular os procedimentos de aplicação do questionário com os enfermeiros chefes de cada serviço. A colheita decorreu no mês de setembro de 2020, com base nos princípios éticos da Declaração de Helsínquia da Associação Médica Mundial e da Convenção de Oviedo e após obtenção do Consentimento Informado.

Resultados

A amostra foi constituída por 75 enfermeiros, 92% eram do sexo feminino, com média de idade de 39,6 anos, 73,3% tinham parceiro, 66,7% tinham filho(s), 46,7% tinham uma pessoa dependente a cargo, 57,3% realizavam atividades de lazer fora do horário de trabalho, 69,3% dos enfermeiros tinham licenciatura, 70,7% eram enfermeiros generalistas, 52% tinham horário fixo, 96% tinham vínculo definitivo com a instituição e uma média de experiência profissional de 16,5 anos. Todos os enfermeiros vivenciaram pelo menos um incidente crítico que marcou o seu percurso profissional, sendo a situação de morte a mais referida (48%), seguindo-se a situação de impotência profissional (29,3%), outra situação (10,7%) (como morte de criança, bullying e conflitos inter-pares), contacto com vítima de acidente (6,7%) e situações de agressão (5,3%). Para 72% dos enfermeiros, o incidente crítico mais marcante ocorreu há mais de 12 meses, seguindo-se o período de há menos de 6 meses (16%) e o período de 6 a 12 meses (9,3%). Identificou-se também uma prevalência de 21,3% de enfermeiros com trauma psicológico, ou seja, com scores superiores ou iguais a 33. Quanto aos dados da IES-R total e subescalas (Tabela 1), a média para a IES-R total foi de 23,63 (DP=14,36), sendo que a subescala que apresentou valores superiores foi a de pensamentos intrusivos e a que apresentou valores inferiores a subescala de hiperativação.

Tabela 1 Distribuição dos valores da média, desvio-padrão, mínimo e máximo da IES-R total e subescalas 

No que diz respeito às variáveis sociodemográficas e profissionais, apenas se obtiveram resultados estatisticamente significativos para as variáveis presença de filhos, atividades de lazer, horário de trabalho e vínculo com a instituição (Tabela 2 e 3). Os enfermeiros com filhos apresentaram médias superiores na subescala pensamentos intrusivos. Os enfermeiros com horário de trabalho fixo e que não possuem atividades de lazer apresentaram médias superiores na IES-R total e em todas as subescalas (Tabela 3). Por último, os enfermeiros com vínculo definitivo posicionam-se num nível superior na IES-R total e nas subescalas pensamentos intrusivos e evitamento (Tabela 4).

Tabela 2 Comparação de médias da IES-R total e subescalas em função da presença de filhos, pessoas dependentes a cargo e atividades de lazer 

Tabela 3 Teste de Mann-Whitney (U) da IES-R total e subescalas em função do vínculo com a instituição 

Discussão

Embora tenham sido encontrados níveis baixos de trauma psicológico nos enfermeiros, resultados que vão ao encontro dos estudos de Lima e colaboradores (2018) e Marques (2020), é importante ressaltar o efeito do trabalhador saudável e a sua possível influência nos mesmos. Assim, os enfermeiros que apresentam sofrimento psicológico, ou não se demonstram disponíveis para participar no estudo ou já abandonaram a profissão, sendo que os profissionais que efetivamente participam no estudo, encontram-se saudáveis (Fonseca et al., 2019). Torna-se importante salientar também que o estudo foi realizado durante a pandemia COVID-19 e no seio de uma comunidade rural. O fator da pandemia, por si só, poderá ser considerado um evento potencialmente traumático, dado todos os stressores adicionais presentes no dia-a-dia dos profissionais de saúde (Rudolph et al., 2020). Em relação ao segundo fator, este poderá acartar dificuldades acrescidas às equipas de saúde devido à possível falta de recursos humanos e materiais (US Department of Health and Human Services, 2020).

No presente estudo o facto dos enfermeiros terem filhos, especialmente pequenos, poderá não se demonstrar como fator protetor, mas sim de risco. Na prestação de cuidados a crianças, os enfermeiros poderão rever as situações de doença nos seus próprios filhos ou estabelecer ligações fortes com as mesmas, pelo que, na ocorrência de um evento crítico, poderá surgir um grande sofrimento psicológico (Lima et al., 2018).

Quanto às atividades de lazer, os resultados vão ao encontro do estudo de Pehlivan e Güner (2018), os quais concluíram que enfermeiros que não apresentavam comportamentos de autocuidado, potenciadores de bem-estar, estavam mais expostos a stresse traumático secundário.

O facto dos participantes com horário de trabalho fixo e vínculo definitivo com a instituição terem apresentado valores superiores de trauma psicológico, poderá ser justificado pela prestação de cuidados prolongados aos mesmos utentes e, consequentemente, pela criação de ligações emocionais com os mesmos, sendo que ambos foram identificados como fatores de risco para o desenvolvimento de trauma psicológico em profissionais de enfermagem (Arnold, 2020).

Desta forma, os enfermeiros, independentemente do período em que estejam, estão sujeitos a experienciar eventos adversos no seu local de trabalho, acartando sofrimento psicológico e emoções avassaladoras, podendo evoluir para uma situação de PPST. Desta forma, torna-se importante a consciencialização de enfermeiros e gestores de enfermagem para este tema, de forma a avaliar as situações e poder atuar de acordo com as necessidades de profissionais, grupos e serviços (Missouridou, 2017).

A fomentação de ambientes de trabalho saudáveis em enfermagem é urgente, nomeadamente a nível de trabalho digno, proteção da saúde e segurança dos enfermeiros e a sua retenção nos locais de trabalho. Assim, continuar a apostar em estudos que foquem a saúde ocupacional dos enfermeiros é importante, pois apenas conhecendo as realidades se poderá atuar (WHO, 2020).

As limitações deste estudo prenderam-se com o facto de ter como base uma amostra de conveniência e ser um estudo transversal, não permitindo mais do que uma avaliação dos níveis de trauma nos enfermeiros, o que, em altura de pandemia, seria muito interessante. Os poucos estudos na área, utilizando a IES-R, especificamente em enfermeiros portugueses, também condicionou a discussão dos dados.

Conclusão

Os níveis encontrados de trauma psicológico dos enfermeiros foram baixos, sendo que a subescala de pensamentos intrusivos apresentou valores mais elevados. Todos os enfermeiros experienciaram um evento adverso que marcou a sua vida profissional, sendo que a maioria dos casos estiveram relacionados com situações de morte e ocorreram há mais de 12 meses. Enfermeiros com filhos apresentaram médias superiores na subescala de pensamentos intrusivos e enfermeiros com horário de trabalho fixo, com vínculo definitivo com a instituição e que não praticavam atividades de lazer apresentaram maiores níveis de trauma psicológico.

Implicações para a Prática Clínica

Torna-se importante informar e apoiar os enfermeiros relativamente aos eventos adversos no local de trabalho, minimizando consequências e fortalecendo a comunicação inter-pares. É importante que exista consciencialização do problema, de forma a que possam ser tomadas medidas adequadas, promovendo ambientes de trabalho saudáveis, levando, consequentemente, a cuidados de enfermagem seguros e de qualidade. No caso das comunidades rurais, há que ter em conta o fator da sobreposição de papéis destes profissionais (membro da comunidade e profissional de saúde), onde o cuidar de pessoas próximas é mais comum do que noutros contextos, podendo levar a sofrimento psicológico mais elevado. Algumas das sugestões de estratégias que propomos são, a nível organizacional, a criação de equipas intra-hospitalares de apoio psicológico, apostar na formação dos profissionais sobre situações traumáticas e estratégias de coping, garantir supervisão e equilíbrio trabalho-família adequados e criação de um serviço interno de saúde ocupacional que fique encarregue da gestão, implementação e avaliação destas mesmas estratégias. A nível individual, propomos sessões de mindfulness, treino cognitivo-comportamental, relaxamento, exercício físico e educação em hábitos de vida saudáveis e gestão de tempo.

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Recebido: 15 de Janeiro de 2021; Aceito: 30 de Março de 2021

Autor de Correspondência: Sofia Azevedo Feitor, sophiefeitor@gmail.com

Sofia Azevedo Feitor - Enfermeira Mestre em Enfermagem Comunitária.

Elisabete Maria das Neves Borges - Professora Coordendaora na Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP). Investigadora do Center for Health Thechonology and Services Research (CINTESIS).

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