Introdução
O projecto artístico, numa abordagem transversal e a longo prazo, assume-se como o território de natureza conceptual e prática da obra de um artista. Deste modo, poderíamos aferir quais os elementos-chave dos projectos artísticos de muitos, senão de todos, os artistas ao longo da História da Arte. Como exemplo, o projecto artístico de Jean-Claude Monet deverá destacar: o interesse pelos fenómenos físicos da luz, as temáticas da água e do céu, o gesto marcado, a cor saturada, o interesse pelo espaço ilimitado, a grande dimensão das suas obras, o efeito óptico, a paisagem, e a relação com a fotografia. Outros fenómenos estarão igualmente envolvidos no desenvolvimento do seu projecto para além dos referenciados, nomeadamente, circunstâncias familiares, amizades, questões económicas, questões sociais e culturais, mas também, aspetos de natureza identitária, como o impulso motivacional, a sensibilidade, as intenções, as capacidades motoras, a relação com o contexto familiar e social, entre outras: o projecto artístico e a identidade parecem partilhar diversos elementos-chave.
Num contexto actual, caracterizado por enorme heterogeneidade (Evans, 2005) e distanciamento dos processos narrativos estipulados pela História da Arte, ficam as questões: quais as ferramentas certas para o desenvolvimento do projecto artístico, quais as circunstâncias adequadas e, em último caso, que ensino artístico?
Este artigo apresenta uma análise análise exploratória que visa demonstrar a compreensão da relação entre projecto artístico e identidade como elo para a valorização da heterogeneidade, e contribuir para a especificidade do ensino artístico. Apresenta-se a análise da obra e do percurso do artista português Luís Fortunato Lima (Porto, 1976), que se desenvolve visual e concetualmente a partir de um pequeno território na freguesia de Campanhã, no Concelho do Porto. Centrado no estudo da temática da paisagem desenvolvida pelo autor, procura-se perceber como o território de origem serve como reflexo no desenvolvimento de um projecto artístico e autoral que percorre algumas das problemáticas mais relevantes da pintura como: o ‘não-lugar’, a desumanização do território, a ruína, o uncanny, entre outras, num espectro referencial associado à identidade pessoal. Pretende este artigo apresentar como o projecto artístico é indissociado do processo de construção identitária e, de que forma, se encontra tangência entre o desenvolvimento pessoal com o desenvolvimento artístico. Nesse sentido, este exercício cruza uma dupla dimensão metodológica: a análise do percurso artístico na relação com o espaço físico e social do território de Campanhã; e a análise exploratória de dimensões identitárias baseada na abordagem dialógica de self, tal como refletida na obra do artista.
Para o efeito, com o objetivo de explorar a relação entre a conceção e o desenvolvimento da obra e a identidade no percurso artístico de Luís Fortunato Lima, realizou-se uma entrevista semi estruturada ao artista a partir de duas questões centrais: Como descreveria a sua obra e o seu projeto artístico no global, e que diferentes fases de evolução destaca desde o início?, e Quais as principais fontes de influência na tua obra desde o início?. Procedeu-se posteriormente a uma análise exploratória do conteúdo partilhado visando a identificação de vozes proeminentes - posições do Eu - identificadas pelo artista, demonstrativas da relação obra versus identidade.
1. Projecto Artístico e Identidade
O espaço de infância e adolescência do autor, sobretudo o território do Vale de Campanhã, aparece direta e indiretamente projectado nas suas obras. Diretamente, no sentido em que os assuntos e os temas são registados in loco, com recurso ao desenho, máquina fotográfica e mesmo com a recolha de objetos; e indiretamente, porque, como o próprio indica no final da sua entrevista, será a partir da memória e da imaginação que tem trabalhado nos últimos tempos, como nas obras da recente exposição “A casa da infância” (Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, 2019). Nestas obras, o autor colou imagens, memórias e sensações, construindo espaços de aparente veracidade, mas que aludem a momentos da sua experiência, onde se cruzam realidade e ficção.
O processo que conduz ao emergir da imagem, no acto concreto do desenho, é suscitado por esfumadas manchas de carvão, nas quais o olhar encontra vultos de estruturas, objectos-alvo, por vezes associando-os, subconscientemente, a lembranças de carácter não visual: o toque das ervas secas ou da chapa quente, a rugosidade do muro, a direcção do vento, a sensação de caminhar sobre um chão irregular (Luís Fortunato Lima, Texto da exposição “A casa da infância”, 2019)
As suas pinturas e desenhos partilham deste espaço entre o visual e o sensorial, entre o presente e o passado, numa alusão a algo que parece simultaneamente em construção e em ruína. Tal como refere na entrevista, a ruína é sempre o “passado e o futuro”, como se poderá observar na obra “Paisagem em construção “, de 2004, (Figura 1), onde o elemento central aparenta estar em ruína, quando se trata de um edifício em construção, do que viria a ser o Shopping Alameda. Fortunato Lima promove, desta forma, um diálogo entre o exercício de ver e do fazer, com o do sentir e da memória, promovendo nas suas imagens uma dimensão de “paisagem universal”, um espaço que parece ser mais abrangente do que aquele que está verdadeiramente representado.
Se por um lado, o seu trabalho, remete para a mimética da observação, sobretudo após 2009, quando inicia a leccionação de Desenho na FAUP, ou de autores da sua referência como, Antonio López García. Simultaneamente, a vontade de incutir nos seus espaços uma natureza metafísica, uma natureza “psicossociocultural”, recorrendo a outra das suas referências, Giorgio de Chirico. O paradoxo destes posicionamentos é evidente ainda na representação de espaços e objetos que remetem para o real, o aqui e o agora, e simultaneamente para o ficcional, para o não-lugar e para o intemporal. Tanto nas obras sobre paisagem, como nas suas naturezas-mortas, é evidente o interesse de Fortunato Lima na história da Arte, tendo sido o alvo da sua investigação doutoral: “NATUREZAS-MORTAS” ANTES DA NATUREZA-MORTA Bases para o estudo e contemplação das formas preliminares da natureza morta em Portugal (Doutoramento em Arte e Design, FBAUP 2017). As suas obras sobre esta temática evidenciam o efeito da investigação teórica realizada sobre a natureza-morta, mas assumem-se igualmente como investigação em si. Isto é, as suas obras projectam a investigação teórica, mas igualmente precedem a investigação teórica, razão pela qual, segundo a nossa perspectiva, levasse o autor a realizar uma investigação doutoral de natureza teórica em vez de teórico-prática como poderia ter feito, mantendo a integridade dos territórios da natureza-morta e do seu trabalho artístico.
A condição que o artista pretende de paisagem universal é conseguida pela indefinição de alguns dos espaços representados, bem como pela ambiência em que as cenas se desenrolam. Espaços em luz de ocaso com céus de tonalidades amarelecidas ou esverdeados, ou grandes áreas de sombra e figuras em contra-luz, incutem na cena sensações de intemporalidade e abandono, convocando estados de estranheza e familiaridade. Deste modo, as suas obras assumem-se no território do Uncanny, ou mesmo do Sublime, sobretudo no universo de Caspar David Friedrich (1774-1840), onde o espaço se apresenta na condição pré ou pós-catástrofe, embora nunca durante esse evento. A esse exemplo, a obra “Monte de fragmentos da cidade”, de 2008 (Figura 2), recupera “O Mar de gelo” (Caspar David Friedrich, 1824), evocando a descrição melancólica e nostálgica do desaparecimento do navio “Esperança”, reunindo a espectacularidade do espaço à aparente passividade do evento trágico ali descrito. Em “Monte de fragmentos da cidade”, um acumular de detritos de demolição urbana são apresentados num ambiente sombrio e monocromo, impedindo, numa primeira leitura, identificar a dimensão dos elementos, que contrariamente à cena de Friedrich, não apresenta um espaço megalómano proporcionado pelo reduzido tamanho do navio, mas um pequeno monte de detritos de uma pequena obra suburbana.
Denota-se então um diálogo constante de paradoxos entre processos de natureza conceptual com outros de natureza prática, bem como do contraste entre o fisico e o metafísico. A exemplo, se nas suas paisagens, prevalece, o enquadramento de close-up, com fragmentos de múltiplos elementos arquitectónicos (e, em alguns casos, elementos naturais), nas pinturas de naturezas-mortas, os objectos são dispostos ao centro do quadro, de modo objectivo para uma observação atenta, mas sobre um fundo indefinido, quase paisagem, como se poderá observar na obra “Fragmento de tijolo”, de 2008, (Figura 3). Esta dupla condição: rigor/indefinido assume-se como um dos principais elementos-chave do projecto autoral de Fortunato Lima.
Assim, e apesar da curta extensão da análise, fica visível que alguns dos elementos que caracterizam o projecto artístico do artista Luís Fortunato Lima, devem estar plasmados no identidade da pessoa Luís Fortunato Lima, algo que analisaremos de seguida.
2. Identidade e Projecto Artístico
A obra de Luís Fortunato Lima não é indissociável de um processo de construção identitária paralelo, pelo que interessa explorar de que forma se estabelece a tangência entre o desenvolvimento pessoal e o artístico, e de que forma esta relação se reflete na obra. Recentes desenvolvimentos nas áreas das Ciências Sociais têm contribuído para a compreensão dos processos de construção da identidade pessoal, destacando-se as conceções dialógicas do self, nomeadamente, a Teoria do Self Dialógico (TSD), (Hermans, 2013, Hermans, Kempen, & van Loon, 1992).
Alicerçada nas conceções de identidade (self) de William James (1980) e de Mikhail Bakhtin (1979/1986), a TSD define o self como uma multiplicidade de posições do “Eu” (i.e., centro da experiência pessoal), internas (e.g., facetas e papéis pessoais) e externas (e.g., outros reais, imaginados ou recordados, cultura), relativamente autónomas e em diálogo numa paisagem imaginária definida espaço-temporalmente. O Eu transita entre posições diferentes e até opostas, caracterizadas por relações de domínio, de maior ou menor proeminência, num diálogo mediado por signos partilhados através da sua voz. Estas vozes interagem como personagens de um filme, questionando-se, emitindo respostas, acordando ou discordando, discutindo e digladiando, negociando e integrando, e de onde emerge um self narrativamente estruturado, multivocal, coerente e uno (Hermans, 2013; Gonçalves & Salgado, 2001). Neste contexto, o acesso à organização do self em determinado momento impõe que para cada posição do Eu exista uma meta-posição (e.g., “Eu motivado”) a partir da qual a pessoa reflete sobre a sua posição atual (e.g., “Eu como artista”), relativa a qualquer objeto (e.g., “a minha obra”), permitindo-lhe descrever o seu posicionamento no momento (Gonçalves & Salgado, 2001).
Fortunato Lima identifica, globalmente, quatro momentos centrais na evolução do seu projeto artístico, nomeadamente: o espaço e o território da sua infância e adolescência; o confronto com duas realidades socioculturalmente contratantes - contexto familiar e contexto académico com a entrada para a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP); a sua exposição “Suburbano” realizada algum tempo depois de terminar o curso; e a sua mais recente experiência como professor, nomeadamente, de Desenho na Faculdade de Arquitectura (FAUP) e actualmente, também, no ensino de Pintura, na FBAUP. Começa, neste sentido, por destacar como elemento-chave da sua obra em termos conceptuais, o espaço/território em constante transformação, que o remete para as suas vivências da infância e adolescência no sítio onde residia com os pais e onde residia a avó. Aos 10 anos, com a construção da Via de Cintura Interna, principal artéria rodoviária do Porto, Luís Fortunato Lima tem contacto com as duas facetas do mesmo território que caracterizam a sua obra: a transformação do espaço observado e a sua “ruína”. As imagens produzidas a partir de fotografias desta época refletem esta vivência e os referentes do quotidiano da fase inicial da sua obra: “uma realidade que conheci”. Esta perceção do espaço em transformação é algo patente ainda hoje na forma como pensa a paisagem. Acrescenta também a influência da história da arte na forma como completa as suas pinturas com “envolvências esverdeadas” que refletem o seu fascínio pela plasticidade da pintura antiga de paisagens.
No mesmo sentido, Luís Fortunato Lima demarca como um momento mais intenso na sua obra, a realização da exposição “Suburbano”, pela “descoberta de uma expressão”, por lhe atribuir uma característica autobiográfica: “sentir que há uma expressão” na obra. Considera este trabalho de elevada “tensão psíquica” que resultou numa obra de cores e traços mais exacerbados que vai para além da fotografia, mais expressiva e “metapictórica”. Este é um momento que demarca a necessidade de expressar e enfatizar uma presença psicológica no espaço, tendo os trabalhos de Giorgio de Chirico (1888-1978) como referencial. Salienta ainda o evitamento intencional da figuração, com o objetivo criar de uma relação de intimidade com a paisagem sem descorar o fascínio pela observação direta das coisas. Daqui resulta uma pintura de paisagem apresentada pela observação próxima e descrita ao pormenor, “à textura”, e onde reinventa a atmosfera que envolve o objeto. O seu objetivo é o “efeito da presença” que ultrapassa a representação.
Um terceiro facto destacado pelo autor, que o mesmo descreve nesta ordem assumindo conscientemente a posição “Eu hoje a pensar no passado”, remete para o período de entrada para o curso de Pintura e para o choque resultante do confronto com dois contextos “psicossocioculturais” contrastantes, “dois mundos à parte do ponto de vista estético, económico e sociocultural”: a realidade familiar, humilde, e a afetividade dos pais e o contexto da faculdade. Daqui resulta a necessidade de retratar o espaço da infância, numa indissociação entre a pintura de imagens e a sua origem que deriva na vontade de manter essa relação afetiva com os pais e a realidade familiar para além de além de algo que pinta por convicção. O artista vinca, mais uma vez, a opção por “retornar” através da sua obra a esse contexto, nomeadamente, à afetividade com os pais. Refere ainda Peter Fuller para justificar na sua obra uma forma de expressão como vontade de retornar a esse sentimento de relação com o espaço da infância (Figura 4) Por último identifica a sua mais recente experiência como professor, nomeadamente, na área da Arquitetura, como origem de um maior rigor entretanto conferido à execução do seu trabalho. Um rigor interpretado como necessário, contudo, eventualmente exagerado, o que o levou a rever este aspeto nos trabalhos subsequentes. Associada a esta experiência, refere um aspeto da sua obra que pretende alterar no futuro: a morosidade na execução das peças. Revendo-se na obra de Antonio López García (1936), fortemente enraizados na necessidade de revisão e insistência na correção da obra e na visão da pintura como projeto inacabado, Luís Fortunato Lima partilha resultar daqui também frustração e saturação associadas a estes processos de execução da pintura.
A partir de uma análise exploratória, é possível perceber a relação entre aspetos identitários e a sua obra, através da identificação das vozes mais proeminentes associadas a cada momento destacado pelo próprio. Como exemplo, no primeiro momento destacam-se posições internas do Eu como “Eu como artista a refletir sobre a minha obra”, “Eu como criança e adolescente”, “Eu como observador de territórios”, “Eu como artista fascinado”, e externas “a minha avó”, “os meus pais”, “o espaço da minha infância”. No segundo momento, destacam-se posições internas como “Eu como precisando de expressão” em contraste com “Eu com expressão”, “Eu como tenso”, “Eu como fascinado”, “Eu como artista que evita” por oposição “Eu como artista que valoriza”, e posições externas como “Giorgio de Chirico”. Segue na descrição do terceiro momento posições internas como “Eu como aluno de Arte”, “Eu como único membro da família no ensino superior”, “Eu como criança”, “Eu como chocado”, Eu como tendo necessidade”, e posições externas como “o meu pai”, “a minha mãe” e “Peter Fuller”, bem como duas metaposições: “Eu no presente” e o “Eu no passado”. Por último, emergem posições internas como “Eu como professor”, “Eu como artista pouco rigoroso” em contraste com “Eu como artista rigoroso”, “Eu como artista demasiado lento” por contraste com “Eu como artista mais rápido”, “Eu como artista com necessidade de mudar”, e posições externas como “a Arquitetura” e “Antonio López García”. É ainda possível identificar a metaposição do “Eu no presente, mais velho” e a metaposição “Eu como artista em fase de mudança”, a partir da caracterização atual do estado de coisas na sua obra, nomeadamente, como estando mais distante dos seus “referenciais da infância” e em fase de definir referenciais alternativos, considerando a última exposição como “último reduto” onde, cansado de pintar a partir de fotografias, procura orientar-se para a memória e a imaginação e “trabalhar com aquilo que tenho dentro do corpo”, daquela que parece ser a posição “Eu como indefinido/confuso” em relação ao que está por vir.
Este exercício exploratório permite perceber a relação permanente entre a obra produzida e as influências de que o artista parte, internas (i.e., fascínio pela pintura antiga) e externas (i.e., família e outros artistas), numa tentativa de definir um referencial teórico e posteriores metodologias que permitam aceder, nomeadamente, ao papel da educação, da formação em Artes Plásticas, na construção do projeto artístico.
Conclusão
O exercício exploratório aqui descrito permite demonstrar uma relação clara entre o desenvolvimento do projeto artístico de Luís Fortunato Lima e dimensões da sua identidade, quer a partir da análise da sua obra, quer a partir da sua perspetiva. É notória a identificação e múltiplas fontes de influência no seu trabalho que vão para além de competências técnicas e estéticas, nomeadamente, influências familiares, da formação em Belas Artes, de outros autores e do zeitgeist vivido em diferentes fases da sua experiência. Estas vivências estão respaldadas na sua obra no modo como valoriza o espaço e o território, quer pelo constante retorno ao lugar onde viveu, quer pelo modo como constrói essa relação, visualmente, sensorial e cognitiva. Esta relação entre o projecto artístico e a identidade poderá ser um veículo importante para perceber os diferentes factores que contribuem para a formação e desenvolvimento do artista, de particular relevância para a educação nas Artes. Apesar de na sua reflexão Luis Fortunato Lima não especificar de a influência da formação em Belas Artes, para além da referência ao papel da História da Arte e da pintura antiga na sua obra, esta deverá ser uma dimensão a ser aprofundada no futuro: de que forma o processo de formação e educação em Belas Artes poderão potenciar a construção do projeto artístico dos seus alunos? Aqui, o reconhecimento de que os aspetos do desenvolvimento identitário assumem de forma significativa presença no projecto artístico, a aposta na sua análise, com recurso a metodologias mais elaboradas e específicas, deverá garantir a valorização do potencial singular da identidade e da sua implicação/afirmação no desenvolvimento de projectos artísticos sólidos e personalizados. Desta forma, a resposta ao contexto actual, numa sociedade de múltiplas vozes e de heterogeneidade, a afirmação identitária poderá ter papel relevante, quer ao nível do sujeito, quer ao nível do artista.