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Revista Internacional em Língua Portuguesa

versão impressa ISSN 2182-4452versão On-line ISSN 2184-2043

RILP vol.36  Lisboa dez. 2019  Epub 29-Jul-2021

https://doi.org/10.31492/2184-2043.rilp2019.36/pp.13-15 

Editorial

Apresentação

Cristina Montalvão Sarmento1 

Patrícia Oliveira2 

1 Secretária-Geral da AULP, Portugal

2 Relações Institucionais da AULP, Portugal


A língua portuguesa é um património complexo na sua diversidade de cul- turas e manifestações. A singularidade da língua portuguesa pode ser, por isso, facilmente vertida num sentido plural e amplo, refletindo os seus desvios, as acomodações e especificidades locais, a distribuição e riqueza de um patrimó- nio linguístico, afinal, comum e fundamental para a compreensão do sentido de comunidade, de justiça e de inclusão. A AULP e a revista RILP são, por isso, um mesmo espaço privilegiado e testemunhos desse património em constante muta- ção e constrangimento.

A comemoração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, a 5 de maio, reconhe- cido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) consistiu num momento importante de unanimidade política entre os países lusófonos, com o apoio de países como a Argentina, o Chile, a Geór- gia, o Luxemburgo ou o Urugai, contribuindo para o reconhecimento da língua enquanto instrumento simultaneamente de globalização e diferenciação.

É também nesse contexto da globalização, na era da digitalização, que se colo- cam os desafios da preservação versus apropriação da língua, quer nas vertentes da literatura, quer nas vertentes da oralidade. Não esqueçamos também a atribui- ção do Prémio Camões, em 2019, a Chico Buarque, um prémio que ultrapassou as fronteiras das redes culturais transatlânticas, da tradição poética e da linguagem musicada. A investigação e conhecimento científicos, com as suas metodologias e abordagens contextuais próprias, sobre os espólios literários e tradições orais, representam novas oportunidades de compreensão e convivência, aqui reunidos neste número da Revista Internacional em Língua Portuguesa.

A presente publicação do número 36, edição de 2019, da revista RILP repre- senta a diversidade da língua portuguesa - da narrativa à poesia, da biografia à pesquisa, da canção à ação. Nesta publicação a literatura e oralidade constituem-

-se como formas dinâmicas de expressão da língua portuguesa que têm ainda uma expressão geográfica representativa - do Brasil, de Portugal, de Moçambique, de São Tomé e Príncipe, de Angola, até Timor-Leste. Cada um destes contributos têm expressividades diferenciadas, em modos desiguais, que à pureza da língua poderia ofender, mas na sua diferença e especificidades contribuem para o acervo lato da infinita descoberta e definição da lusofonia.

Este número da Revista Internacional em Língua Portuguesa contou com dois contributos científicos indispensáveis. A coordenação científica coube numa pri- meira fase, aos Professores Doutores Amélia Mingas de Angola e Pedro Ferré de Portugal. A ambos fica a Associação das Universidades de Língua Portuguesa gratamente devedora do empenho e disponibilidade para apoiar esta publicação, pela leitura, pela revisão e nas muitas solicitações para revisão científica. Contri- butos de ambos, sem os quais não teria sido possível encontrar uma plataforma de conciliação de saberes mas também de complacências que permitem a publi- cação, que é assumida numa segunda fase, pela equipa editorial da sede dado o carácter de responsabilidade editorial que aquela concertação impõe.

Com disparidades de abordagens, um primeiro conjunto de artigos reúne auto- res em torno de um passado comum. Um primeiro artigo, chega-nos de Moçam- bique e reflete sobre o ideário naturalista do século XIX e a sua representação teórica em “Zambeziana-Cenas da Vida Colonial”, de Emílio de San Bruno. De seguida, um artigo a partir de investigação de excelência conduzida em Portu- gal, apresenta os caminhos da pesquisa em torno do espólio literário de Almeida Garrett, dando primazia ao valor documental literário e à sua preservação. Pro- veniente de Timor-Leste, um singelo relato sobre as vivências e contributos da literatura na vida e obra de Alberto Osório de Castro completa uma trilogia, que representa a partir de diferentes longitudes, as reinterpretações que as culturas intersectadas geram.

Num segundo conjunto de artigos, de São Tomé e Príncipe, destaca-se a pers- petiva do “drama dos colonizados” e da importância da oralidade e da língua portuguesa nos processos de transição e independência face às raízes culturais nacionais, não somente de São Tomé e Príncipe, mas também da Martinica e Argélia, focando a interpenetração linguística regional africana que tantas vezes se esquece. No artigo seguinte, provindo do Brasil, salienta-se a presença da ora- lidade na literatura através da investigação das crónicas de Luís Fernando Verís- simo.

No final, com os olhos na atualidade e prespetiva de futuro, dois artigos deste número da revista, provenientes respetivamente de Angola e do Brasil, repre- sentam a articulação entre a literatura, a música, a oralidade e as novas culturas urbanas do hip-hop e da nova música popular brasileira.

As últimas palavras são dedicadas à memória da Professora Amélia Mingas, dadas as circunstâncias da finitude da vida não terem possibilitado a partilha do momento de publicação. Reconhecemos e somos gratos pelo seu entusiasmo e divulgação desta publicação junto da comunidade do espaço lusófono.

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