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Revista Internacional em Língua Portuguesa

versão impressa ISSN 2182-4452versão On-line ISSN 2184-2043

RILP  no.46 Lisboa dez. 2024  Epub 31-Dez-2024

https://doi.org/10.31492/2184-2043.rilp2024.46/pp.9-11 

APRESENTAÇÃO

Apresentação

Renata Monteiro Marques1 

Sulisa Quaresma2 

1Universidade de Évora, Portugal

2Universidade de São Tomé e Príncipe, São Tomé e Príncipe


Profundamente interligados, Ambiente e Educação dão o mote para este 46.º número da Revista Internacional em Língua Portuguesa (RILP). Na comunidade alargada dos países lusófonos, onde os contextos ambientais variam de florestas tropicais a ecossistemas costeiros, tem esta interligação vindo a assumir um protagonismo global e crescente, com a educação ambiental a compreender-se - e a demonstrar-se - uma ferramenta inestimável para promover a consciencialização de todos para práticas mais sustentáveis. Ambiente e Educação dando nessa medida o mote, também, para a urgência de velar pela preservação dos recursos naturais, num binómio de ensino-aprendizagem cada vez mais capaz de enfrentar os desafios das mudanças climáticas, da desflorestação, da perda de biodiversidade e da escassez de meios de subsistência.

Na última RILP de 2024, ano em que se celebra o quinto centenário do nascimento de Camões, diversos são os prismas sobre estes temas desenvolvidos por um conjunto de autores que têm, na língua portuguesa, idioma de expressão e lugar de encontro.

De Cabo Verde para São Tomé e Príncipe, os espaços insulares abrem caminho à reflexão sobre o “Crioulo, língua cabo-verdiana e educação no processo de desenvolvimento inclusivo em Cabo Verde”, artigo em que José Arlindo Fernandes Barreto - Presidente recém-empossado da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) - busca discutir os possíveis caminhos para se chegar a esse almejado Desenvolvimento Inclusivo; já no arquipélago equatorial, o texto “Desafios ambientais em São Tomé e Príncipe: passado presente” propõe uma viagem entre um então e um agora que se aproximam, num (re)conhecimento que insta a que se não repitam erros cometidos antes, na dupla vertente histórica e técnica resultante tanto da abordagem proposta, quanto dos próprios perfis individuais da autoria conjunta.

Em “A importância da educação ambiental como fonte de crescimento económico: o caso da Guiné-Bissau”, é analisado por Teresa Damásio e João Magalhães o caso da Guiné-Bissau, propondo-se a partir da revisão do estado da arte uma série de alterações reformadoras estruturais, promotoras pela via do ensino - formal e não formal - do incentivo à adoção de novas práticas ambientais em diversas áreas estratégicas para o país. A transformação de comportamentos individuais e comunitários, assente na consciencialização da interdependência entre seres vivos, como entre estes e o meio que os acolhe, é por sua vez o complementar ângulo trazido por Sónia Valente em “Sustentabilidade: o contributo da educação ambiental numa perspetiva de complexidade e de transformação interior”.

De Macau, chega com João Veloso o artigo “Educação pluridialetal no ensino do português: variedade e inclusividade”, avaliando como a consciência da diversidade de dialetos em contexto escolar pode constituir não apenas um eventual potenciador do sucesso escolar, mas igualmente uma âncora de diversidade cultural e de integração, elementos ambos cruciais para a construção de coletividades inclusivas e cidadãs. O relevante papel desempenhado pela Escola no que respeita ao exercício pleno da cidadania é também abordado pelo artigo “Práticas de leitura e escrita no contexto de uma escola periférica”, onde Dulce Tagliani transporta os mesmos princípios para outras geografias: territoriais, porque remetendo para o município de Rio Grande, no Brasil; e temáticas, por focadas no desenvolvimento de competências na língua portuguesa ela mesma, enquanto vetor determinante da promoção dessa cidadania.

Da Escola para a Cidade, entra-se com Mónica Jacinto da Gama em “Reflexões sobre o turismo urbano na África Subsaariana”, que em torno do argumento de ser este um recurso com muito ainda por explorar, procura identificar os desafios inerentes ao diagnóstico: da falta de políticas públicas concretas e realistas ao fraco envolvimento das comunidades locais, das questões de segurança às dificuldades de acesso a serviços básicos como água e saneamento, diversos se apresentam os fatores no caminho da valorização de riqueza de recursos naturais e culturais. Este é um tema perpassando de um outro ponto de vista o artigo apresentado por Karina Motani, Maria Eduardo e Ermelinda Toqueleque, que a propósito das preocupantes quantidades de plástico poluindo a costa das praias urbanas da capital moçambicana, avançam com a “Proposta de um modelo de gestão integrado de garrafas plásticas recolhidas na cidade de Maputo ao longo da Avenida Marginal”. Nos resíduos constituindo preocupação crescente se centra ainda “A vida depois de dar vida: ciclo de vida dos dispositivos biomédicos”, texto em que Adriana Cavaco, Inês Moreira e Maria Margarida Correia buscam aquilatar do necessário equilíbrio entre os desafios ambientais e o desenvolvimento da tecnologia e da indústria, no caso vertente na área da saúde.

Encerra a 46.ª RILP um texto da Coordenadora da Rede de Estudos Ambientais de Países de Língua Portuguesa (REALP), Manuela Morais, com um balanço da atividade desenvolvida e um aliciante desafio para o futuro: a realização, de 1 a 5 de setembro de 2025 na Universidade de Évora, do XXV Encontro da REALP. O tema está já definido - “Pessoas e Natureza: investigação em sustentabilidade - Ciência e Tecnologia, global, ética, inovadora e relevante” - reiterando-se aqui o repto de participação, que fazemos questão de partilhar.

Por fim, fazemos questão de agradecer, penhorada e publicamente, o convite que nos foi formulado pela AULP para a edição científica da presente Revista. Todas as palavras são poucas para expressar o acompanhamento insubstituível da equipa de coordenação editorial, tornando extensíveis ainda os agradecimentos a todos os colegas que colaboraram, com artigos ou no processo de revisão e avaliação cega por pares. A todos, o nosso muito obrigada!

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