Introdução
A Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (RPMGF), antes designada de Revista Portuguesa de Clínica Geral, afirma-se desde 1984 como órgão oficial da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF). Através de publicações originais, rigorosas e atuais, o seu âmbito é o de contribuir para a evolução da ciência na especialidade da medicina geral e familiar (MGF) e dos cuidados de saúde primários em Portugal.1
Através de uma disponibilização gratuita e imediata da versão digital de publicação bimestral, a RPMGF assume o principal papel de expositora da investigação nacional, (2 permitindo que os profissionais de saúde se mantenham atualizados no panorama atual das diferentes áreas da medicina, com a publicação de trabalhos de vários tipos e categorias.
Pelo destaque da RPMGF torna-se mandatório fazer um balanço sobre a realidade dos valores de citação de artigos comparativamente a estudos já realizados anteriormente. (3-5 Em 2008 foi elaborado um estudo de análise de citações na RPMGF, (4 com base em dados compreendidos entre 2000 a 2006 (ambos inclusive) e que reportou um valor de 0,05 na razão entre referências da RPMGF e referências totais. (4 Tendo sido também objeto de outro estudo de análise de citações, em 2017, (5 os números da RPMGF demonstraram entre 2009 e 2015 (ambos inclusive) uma curva de crescimento relativamente aos números anteriores, sendo que ainda assim verifica--se um valor de 0,07 quanto à razão entre referências da RPMGF e referências totais. (5 Estes dados sugerem uma baixa citação de artigos publicados na RPMGF.
De forma a continuar a monitorização desta realidade, a RPMGF continua a ser objeto de estudo de análise de citações para melhor perceber de que forma podem continuar a ser feitos esforços, por parte do Corpo Editorial e de toda a comunidade médica nacional, para que esta seja alvo de maior democratização mundial do conhecimento.
A RPMGF está indexada na SciELO (Web of Science), Index Copernicus, EBSCO, CrossRef, Google Scholar, Scilit e Index Medicus, mas tem sido discutida a sua entrada na base de dados da MEDLINE. (6-7,10
Com este artigo, tendo como objetivo perceber como os principais fatores de impacto podem ser mobilizados para a sua valorização, pensou-se ser importante analisar como tem sido a evolução da citação da RPMGF à luz das mais recentes estratégias adotadas, perspetivando-se o que ainda precisará sofrer alterações. (5
Procurou-se, ao aplicar indicadores de citação, objetivar os dados incluídos neste período quanto ao tipo de artigos, ao número total de referências bibliográficas, ao número de referências bibliográficas de artigos publicados em Portugal e o número de referências bibliográficas de artigos já publicados na RPMGF.
Pretendeu-se entender a melhor estratégia a ser seguida para alcançar números mais prestigiantes de citação de artigos publicados na RPMGF, de forma a ser alcançada a indexação internacional da RPMGF na MEDLINE, assim como uma incrementação de todos os valores da RPMGF. (8-10
Métodos
Revisão de todos os artigos publicados em todos os números da RPMGF entre 2016 a 2021, ambos inclusive, a partir do site da RPMGF. (6
A análise realizou-se segundo o número de artigos, o número total de referências bibliográficas, o número de referências bibliográficas de artigos publicados em Portugal e o número de referências bibliográficas de artigos já publicados na RPMGF, na sequência dos anteriores estudos nesta temática. (4-5
Com recurso a ficheiro de dados SPSS, v. 27.0, realizou-se estatística descritiva univariada e bivariada: para as variáveis qualitativas utilizaram-se contagens e percentagens; para as variáveis quantitativas utilizou-se a descrição por média, mediana, moda, desvio-padrão e intervalo de confiança a 95%, com recurso ao teste não-paramétrico de Kruskall Wallis com p significativo <0,05. Calcularam-se dinâmicas de crescimento (Δ).
Para cada artigo foi analisada a tipologia dos autores: interno de MGF, especialista de MGF e não-MGF, a origem geográfica dos autores com a Administração Regional de Saúde (ARS) de Portugal, Regiões Autónomas e grupo não-ARS correspondente ao estrangeiro. Foi ainda estudado o tempo, em dias, entre a data de receção do artigo pela RPMGF e a data de aceitação para publicação. (1
Analisaram-se as citações de todos os artigos da RPMGF publicados nos anos em análise para revisão do panorama das citações, utilizando e comparando com as anteriores publicações os seguintes indicadores, já aplicados em artigos antecedentes: (4-5
1. Número de citações de artigos publicados na RPMGF/Número total de citações bibliográficas na RPMGF.
2. Número de citações de artigos publicados na RPMGF/Número total de citações bibliográficas portuguesas na RPMGF.
3. Número total de citações bibliográficas portuguesas na RPMGF/Número total de citações bibliográficas na RPMGF.
4. Número de citações de artigos publicados na RPMGF por ano/Número de artigos publicados na RPMGF por ano.
Foi avaliada a dinâmica de crescimento (Δ) entre a média dos valores de citações do presente estudo e dos precedentes, assim como entre os indicadores de citação aplicados.
Resultados
Entre 2016 e 2021 (ambos inclusive) foi publicado um total de 406 artigos de 12 tipos diferentes de publicação: editorial, investigação original, revisão, formação, prática, relato de caso, opinião e debate, carta ao editor, clube de leitura, artigo breve, documentos e outros.
Pela Tabela 1 verifica-se que a tipologia mais frequente foi o relato de caso (23,4%), seguida dos artigos originais (18,5%). As revisões significaram 17,2% e os editoriais 12,6% dos artigos publicados. Mais detalhadamente, o crescimento ao longo dos anos mostra-se positivo para o artigo original e para os artigos de revisão, prática, opinião e debate e para relato de caso - este com um pico de 41,2% no ano de 2020.
Comparando os valores mais recentes com os de estudos anteriores verifica-se uma diferença significativa (p<0,001), nomeadamente em editoriais, artigos de originais e revisões, sendo mais notória em relatos de caso, segundo a Tabela 2.
Segundo a Tabela 3, 23,6% dos artigos publicados no mais recente período tiveram um único autor, 22,6% dois autores e 21,3% três autores. O número médio de autores dos 406 artigos em análise foi de 3,06. Para foram identificados autores na tipologia de documentos e outros.
Na Tabela 4 constata-se que a participação de autores internos de MGF nos artigos publicados durante o mais recente período representou em média 62,7%, com um Δ de +6,8 no período estudado e com um máximo de 67,7% em 2020. Para os especialistas, o Δ é de +5,9 com um máximo em 2021. Para autores externos à MGF, o Δ é de +71,4 e também com um máximo em 2021.
Verificou-se que o n=185 (45,6%) corresponde a autores a trabalhar na Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, n=69 (17,0%) são autores da ARS do Centro, n=110 (27,1%) da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, n=2 (0,5%) da ARS do Alentejo, n=3 (0,7%) da ARS do Algarve, n=7 (1,7%) das Regiões Autónomas e n=5 (1,2%) de estrangeiros, sendo n=25 (6,1%) de outros, isto é, autores de mais do que uma região na totalidade dos autores do artigo.
Entre 2016 e 2021 apurou-se uma média de 17,25 [5,00 a 47,8, mediana de 13,00] referências totais por artigo, de 4,09 [1,00 a 11,0, mediana de 3,00] de referências portuguesas e de 2,20 [1,00 a 6,95, mediana de 1,00] para as referências da RPMGF. E quanto aos índices criados: 0,23 para referências portuguesas/referências totais, 0,12 para referências da RPMGF/referências nacionais e 0,53 para referências da RPMGF/referências totais.
Na Tabela 5 referem-se os valores médios de citação nos estudos, podendo verificar-se uma dinâmica de crescimento positiva em relação aos números de referências totais e aos valores das médias das referências portuguesas de 2016 para 2021, verificando-se uma dinâmica de crescimento nula para as referências na RPMGF. Comparando os três estudos verifica-se diferença significativa para o número de referências (p<0,001).
Quanto à distribuição média de referências bibliográficas por tipo de artigo ao longo do período em estudo, a Tabela 6 mostra que os editoriais são as publicações que apresentam maior número de referências da RPMGF, seguidos das tipologias artigo breve e formação.
Comparando os indicadores de citação com os anteriormente obtidos em 2017, através da Tabela 7 constata-se um Δ nulo para «Número de citações de artigos publicados na RPMGF/Número total de citações bibliográficas na RPMGF», um Δ=-52 para «Número de citações de artigos publicados na RPMGF/Número total de citações bibliográficas portuguesas na RPMGF» e um Δ=+20 para «Número total de citações bibliográficas portuguesas na RPMGF/Número total de citações bibliográficas na RPMGF».
Na Tabela 8 referem-se os valores do indicador 4 «Número de citações de artigos publicados na RPMGF/Número de artigos publicados na RPMGF por ano», desde o ano 2000. Parece haver, desde 2016, um claro e aparente sustentado planalto neste indicador, comparando visualmente com o estudo realizado em 2017 e com o estudo realizado em 2008, (4-5 assim como a dinâmica de crescimento entre os estudos apresentados. Os resultados permitem ainda afirmar que o ano 2017 assinalou a maior produção neste indicador.
Relativamente ao período de edição dos artigos publicados na RPMGF, tempo em dias, entre a receção do original e a sua aceitação para publicação verificou-se uma média de 357 dias (mediana de 310 dias).
Discussão
Pelo que a RPMGF apresenta na qualidade e atualidade desta especialidade médica é necessário analisar objetivamente o impacto na publicação da RPMGF.
O estudo observacional e descritivo de vários parâmetros dos 406 artigos publicados na RPMGF entre 2016 e 2021 permitiu fazer uma avaliação quantitativa sobre como a RPMGF se anuncia perante os seus leitores.
O presente estudo aponta para um maior volume de publicações de relato de caso, de artigo original e de revisão, tipologias de artigo que privilegiam a comunicação de matéria científica. Verificou-se uma diminuição das publicações de editoriais em comparação com os estudos anteriores, refletindo talvez orientações do corpo editorial, bem como uma diminuição súbita, com desaparecimento em 2019, de artigos do clube de leitura e ainda, desde 2019, a ausência de documentos.
Comparando com os estudos anteriormente publicados, (4-5 constata-se que algumas categorias deixaram de ser publicadas por completo - como dossier, POEM e web saúde.
Ao fazer a análise da distribuição da tipologia de artigos em relação aos dados publicados nos estudos precedentes4,5 percebe-se que nas publicações atuais predominam diferentes tipos de artigos. Atualmente encontra-se com maior volume o relato de caso, sendo em anos anteriores o clube de leitura e o artigo original. (4-5 Assinala-se uma curva de crescimento negativa em editoriais e positiva em artigos breves.
A média de três autores por artigo, sendo a mediana de um, implica colocar a hipótese da publicação de artigos de autor único, talvez unicêntricos. Deverá a RPMGF, editorialmente, solicitar artigos multicêntricos? Haverá em Portugal a possibilidade da realização de artigos multicêntricos?
Os internos de MGF participam em 60,7% dos artigos publicados e os especialistas em 68,4%. Parece, assim, haver produção conjunta para muitos artigos. Refletirão estudos unicêntricos?
Talvez pela sua maior experiência, deverá o especialista mostrar o seu peso em artigos, havendo até mais especialistas que internos, no entanto, estes têm maior necessidade de publicação. (11 E por que razões não publicam mais os especialistas? A pequena diferença entre a frequência de internos e especialistas mostra, assim, a enorme contribuição dos internos na realização dos artigos da RPMGF.
É considerável o número de autores que não são internos nem especialistas na área, representando 24,8% do total numa curva de crescimento positiva desde 2016 até 2021, o que pode dever-se ao interesse de outros profissionais, como biólogos e economistas, nesta área da medicina.
É da ARS do Norte (45,6%), seguindo-se a região de Lisboa e Vale do Tejo e a ARS Centro, que vêm a maioria dos artigos publicados, sendo também as áreas com maior número de Unidades de Saúde Familiar. (11 Será esta a razão para maior tendência a publicar?
Quanto aos valores de referências bibliográficas verifica-se uma dinâmica de crescimento positiva comparando com os resultados de 2017, (5 nomeadamente nas referências totais com uma dinâmica crescente de +32,1 e nas citações de artigos nacionais com uma dinâmica de +13,8, mas de crescimento nulo quando comparadas com o primeiro estudo efetuado até 2008. (4 Relativamente aos valores de citação de artigos previamente publicados na RPMGF, novamente estes mostram-se muito baixos, como comprovado em ambos os estudos realizados anteriormente. De sublinhar essa estagnação pelo valor da dinâmica de crescimento (0,0).
Parece então que, apesar dos esforços realizados ao longo dos últimos anos para promover a qualidade da RPMGF, a maior citação da RPMGF em novos artigos não evoluiu, o que pode de alguma forma contribuir para esta menor capacidade de entrada em outros níveis de qualificação. Os artigos publicados foram-no sobre áreas não interessantes? Os novos autores não leem a RPMGF? Os novos autores apenas leem referências reveladas em revistas indexadas na MEDLINE? Tal sugere que as mudanças no sentido de incentivar os autores ao maior apoio em citações da RPMGF devem ser pensadas, independentemente do crescimento observado em relação a referências totais e nacionais. É, assim, necessária uma maior citação dos artigos publicados na RPMGF. De facto, este continua a ser o maior objetivo para alcançar a indexação na MEDLINE. (8-9
A razão entre o número total de citações bibliográficas portuguesas na RPMGF e o número total de citações bibliográficas na RPMGF apresenta uma dinâmica de crescimento notável, o que leva a pensar que se houve um aumento da utilização de referências nacionais é também possível haver espaço para citações da RPMGF.
No que diz respeito às referências bibliográficas por tipo de artigo constatou-se nos artigos da tipologia de prática maior número de citações portuguesas e nos editoriais valores mais elevados de citação da RPMGF.
Relativamente ao tempo de edição dos artigos, desde a receção pelo corpo editorial e a sua aceitação para publicação, evidenciou-se aparentemente um longo período. Em relação aos anos anteriores ao atual período verifica-se um acréscimo de 154 dias médios, o que equivale a uma média de 357 dias de edição dos manuscritos. Podemos efetivar de uma forma prática que este processo demora cerca de um ano.
Como foi previamente compreendido num estudo de 2017, (5 é de considerar que estes números são provenientes apenas a partir de artigos que efetivamente chegaram a ser publicados e que não houve qualquer tipo de análise que compreendesse quais os artigos recusados, sendo preciso ter em conta a exclusão desta variável quando analisamos os dados desta forma. Os motivos para o moroso tempo de edição serão vários, mas algo deverá ser feito para reduzir este ano de espera, em particular entre profissionais que necessitam de urgente publicação dado o seu período de formação. (1
Como sugestões de otimização apresentam-se o aumento da formação de novos editores, a instigação à participação de internos de formação específica de MGF como parte da equipa editorial e ainda a exposição periódica a toda a família da RPMGF. Propõe-se ainda a inovação por caminhos que contemplem o público-alvo para esta meta, nomeadamente através dos internos de formação específica, que podem adotar estratégias de divulgação deste tema, tanto nas Unidades de Saúde Familiar como nos diversos congressos, assim como inserir no plano dos anos de internato a realização de artigos baseados em temas publicados na RPMGF. Aconselha-se a avaliação anual dos dados de cada edição para que seja discutida na reunião de editores, de modo a não se perder o foco principal durante o grande período de pausa entre estudos e para que as propostas tenham resultados visíveis em breve. (10
Ao analisar o impacto que a RPMGF tem tido nos últimos anos pode pensar-se que, apesar das tentativas realizadas no sentido de incrementar o uso de citações da RPMGF, o caminho tem-se desviado e os resultados que se apresentam positivos, apesar de serem benéficos, não constituem o maior propósito para um impacto ainda maior e eventual validação para indexação na MEDLINE. (7-8
Na medida em que também se pretende alcançar os especialistas de MGF é necessário promover a RPMGF e os seus artigos através de conversas pessoais, apresentações em encontros e congressos e maior divulgação ao nível de redes sociais que constituem atualmente a maior rede de difusão de informação. Em paralelo, pode a APMGF fazer lobbying quanto ao peso da investigação na análise curricular para progressão na carreira e também na análise de desempenho das unidades de saúde?
Ao conseguir abranger um público mais vasto será possível criar uma bola de neve positiva no crescimento da RPMGF, cativando não só médicos de MGF, mas também especialistas e internos de outras áreas médicas.
Conclusão
Num total de 409 artigos publicados na RPMGF entre 2016 e 2021, 45,6% são realizados por autores da ARS Norte e 27,1% da ARS Lisboa e Vale do Tejo. Se se contabilizar simultaneamente os 17,0% da ARS Centro, nota-se que 89,7% dos autores que publicam na RPMGF distribuem-se geograficamente pelas regiões portuguesas com mais meios médicos e escolas de formação médica. É importante que se estimule a produção de artigos em todas as outras zonas do país, através da delineação de objetivos e divulgação.
No total de publicações, 68,4% tiveram o envolvimento de pelo menos um especialista de MGF, 62,7% um interno como autor e 24,8% são autores externos à MGF, o que comprova a necessidade de incentivar os especialistas na elaboração de novos estudos.
O tempo de edição dos artigos mostrou-se longo (média de 357 dias, mediana de 310 dias). A luta neste sentido aponta para uma diminuição drástica do tempo desde a receção até à publicação dos artigos aceites, o que para além de aumentar o interesse por parte dos autores a submeter mais trabalhos à RPMGF melhorará os números e o prestígio a nível internacional.
Os valores de citação mantém-se baixos apesar das estratégias adotadas anteriormente. No período considerado, a razão entre as referências bibliográficas de artigos publicados na RPMGF e o número total de citações da RPMGF foi de 0,05, coincidindo com o valor obtido em 2017, (5 o que mostra que não houve nenhum tipo de evolução. Nesse mesmo sentido, a razão das citações de artigos publicados na RPMGF e o número total de referências teve uma dinâmica de crescimento negativa, correspondente a -52,0. Como resultado positivo registe-se uma dinâmica de crescimento de +20,0 no número total de citações bibliográficas portuguesas num todo de referências bibliográficas da RPMGF.
Prevê-se que, após a implementação de algumas mudanças no planeamento para melhorar os resultados globais da RPMGF, será possível um crescimento positivo considerável de forma a serem atingidos não só os objetivos internos à RPMGF, mas também as metas de indexação.
Contributo dos autores
Conceptualização, AM, AMCF e LMS; metodologia, AM, AMCF e LMS; software, AM e LMS; validação, AM, AMCF e LMS; investigação, AM e LMS; recursos, AM, AMCF e LMS; curadoria de dados, AM e LMS; redação do draft original, AM e LMS; revisão, validação e edição do texto final, AM, AMCF e LMS; supervisão, AMCF e LMS. Todos os autores leram e concordaram com a versão final do manuscrito.