Agora sabemos para que serve a internet. Para se comunicar, como já era óbvio. Não isola, mas relaciona. Não aliena, mas encoraja. Não elimina a emoção, mas a alimenta. Não é comida, mas sem os pedidos de suprimentos e receitas on-line, seria mais difícil comer agora. Castells, 2020, s/p.
Introdução
Já se percebeu, de forma inequívoca, que estamos a viver um momento difícil de saúde global, devido à pandemia da COVID-19, impondo restrições nas atividades dos indivíduos, e dada a complexidade de como lidarmos com este surto, é muito difícil prever o que vem a seguir; bem pelo contrário, tendo em conta as mutações deste vírus, o ajuntamento de pessoas ainda é feita com muita ponderação. A história humana tem mostrado que não é raro que uma coisa má traga uma coisa boa (Saramago, 2016). Neste atual cenário a que se vive, é premente pensarmos numa alternativa em rede, no coletivo, que se possa adotar na educação, que passará, essencialmente, pela educação híbrida, pelo menos em algumas atividades pedagógicas, independentemente da modalidade de ensino que se venha a implementar em cada contexto.
Neste sentido, tem-se constatado uma educação emergencial, caraterizada como ensino misto, isto é, ensino presencial - quando possível ou permitido - e ensino online. Neste cenário de educação emergencial, as instituições de ensino superior - nível de ensino abordado neste estudo -, estão a ajustar os seus currículos e as suas práticas pedagógicas, tendo em conta a possibilidade de utilização maciça das Tecnologias da Informação e Comunicação no processo de ensino e de aprendizagem.
Para uma efetiva comunicação e/ ou interação na educação, é preciso que os principais intervenientes, professores e estudantes, estejam ligados numa rede, a que Castells (2004) denominou de sociedade em rede, onde todo o mundo é afetado pelos processos que têm lugar nas redes globais desta estrutura social dominante, diminuindo as distâncias e aproximando as pessoas com interesses comuns. Quer dizer, um espaço de comunicação aberto pela interligação mundial dos computadores e das memórias informáticas (Castells, 2004). É o espaço onde as informações digitais circulam, permitindo às pessoas a construção e partilha de inteligência coletiva (Lévy, 1997).
As redes sociais têm sido o grande palco para comunicar em rede, construindo-se, desde modo, um conhecimento participativo, de acesso aberto, de fácil partilha e interativo entre os indivíduos. Ou seja,
Estamos a viver o auge das redes sociais, impulsionado pelo carácter social e pela ideia de partilha, aliado a um ambiente informal, atractivo e catalisador, contribuindo para que cada vez mais jovens adiram a este tipo de software social e, particularmente, à rede social Facebook. (Patrício & Gonçalves, 2010, p. 593)
As redes sociais são, também, espaços de sociabilidade emergentes, como refere Amaral:
A sociabilização em contexto digital reporta-se ao princípio de que um mundo de informação (conteúdos, valores, objectivos) se apresenta num mesmo espaço, envolvendo os seus utilizadores para o explorarem, desenvolvendo-o através da partilha e mantendo relações com outros elementos das diversas redes em que participam. (2016, p. 14)
Assim, tratou-se de um estudo não experimental, com foco empírico-descritivo, onde se objetivou despertar a possibilidade de utilização da rede social Facebook para fins educativos no ensino superior, em Angola. Por outro lado, este estudo incidiu sobre os estudantes deste subsistema de ensino.
Utilização Educativa do Facebook
Nesta secção, procurou-se correlacionar estudos, ensaios e/ ou abordagens já realizadas sobre a possibilidade da potencialização das redes sociais na Educação em geral e a rede social Facebook em particular. As redes sociais, com maior destaque para o Facebook, vêm, progressivamente, ganhando destaque como um vasto campo de pesquisas nas Ciências Sociais e Humanas, com interesse crescente em seus usos na Educação (Tess, 2013). Ainda sobre as potencialidades educativas das redes sociais, os autores Miranda, Morais, Alves e Dias (2011) aludem que:
Das potencialidades atribuídas às redes sociais, pelos vários autores, sobressai como aspecto relevante a ampliação das possibilidades de contatos e de aprofundamento dos laços sociais e de relação entre as pessoas. O sucesso das redes sociais deve-se, em geral, às imensas possibilidades de partilha da informação e de colaboração, representando novas oportunidades a nível pessoal, profissional e educativo. (p. 8)
Estudos recentes mostram que o Facebook, por ser uma ferramenta popular e familiar, quer para os estudantes quer para os professores, pode ser apropriado para fins educativos (Garcia, Elbeltagi, Dungay, & Hardaker, 2015; Rosa & Vital; 2017; Santos Neto & Almeida Júnior, 2017; Xavier, 2016). Ainda assentimos com o autor Capobianco (2010), quando refere que tais ferramentas oferecem recursos para potencializar os processos na área da educação, abrindo novas possibilidades para complementar o ensino formal.
Com que estão, para o usufruto desta ferramenta em contexto educativo, é preciso que as redes sociais sejam devidamente exploradas por meio do planeamento de uso com critérios, ética e responsabilidade (Lorenzo, 2011). O Facebook pode ser explorado como ferramenta educativa importante, principalmente na promoção da colaboração, no processo de ensino e de educação, e ainda, permite a construção crítica e reflexiva de informação e conhecimento (Fernandes, 2011). Ainda de acordo com Mattar (2013), a utilização do Facebook “aproxima docente e discentes, teoricamente porque as trocas de informações pessoais estimulam a comunicação entre os dois grupos de atores e aumentam a ’credibilidade‘ dos professores junto aos estudantes” (p. 115).
A utilização do Facebook como ambiente de aprendizagem colaborativa/cooperativa aumenta o interesse e a produtividade dos estudantes, na medida em que integram um espaço virtual com características conectivistas, incrementando assim o processo de aprendizagem, a motivação e a participação espontânea dos estudantes (Garcia et al., 2015).
O Facebook, além de se tornar um canal de comunicação e um destino para pessoas interessadas em procurar, partilhar ou aprender sobre determinado assunto, tem sido, também, um meio de oportunidades para a comunidade académica, em particular, no ensino superior, nomeadamente é um recurso popular de fácil utilização; não necessita de desenvolvimento interno ou de aquisição de software; sendo, no entanto, útil para o processo de ensino e de aprendizagem; e, acima de tudo, como um importante recurso que não podemos ignorar (Kelly, 2007).
Dentro do contexto angolano, alguns estudos têm sido feitos sobre a utilização da rede social Facebook na educação, seja para as atividades académicas dos professores seja para as atividades de aprendizagem dos estudantes, seja para as atividades pedagógicas dos professores (Agostinho & Saveta, 2020; Teixeira & Ramos, 2019); com a particularidade de obrigatoriedade no acesso à internet por porte dos intervenientes - professores e estudantes.
Por outro lado, os dispositivos móveis - smartphone e tablet -, pela sua praticidade, têm servido de principal meio no acesso à internet. Acresce a isto, o número de utilizadores subscritores de dispositivos móveis pelo mundo que continua a crescer a um ritmo acelerado. No relatório “A Economia Móvel 2019”, da Global System for Mobile CommunicationsAssociation (GSMA), empresa de análise que edita anualmente uma publicação, reunindo informações sobre essa tecnologia e o ecossistema móvel no planeta, refere que 5,1 bilhões de pessoas usam algum tipo de aparelho móvel -, este número equivale a 67% da população mundial (GSMA, 2019).
Em paralelismo com o crescimento do número de utilizadores de dispositivos móveis, está o dos utilizadores subscritores de redes sociais, com destaque para o Facebook. De seguida, apresenta-se o mapa mundial com os países coloridos de acordo com os sites de redes sociais mais populares, onde se pode constatar que para a maioria dos países é oFacebook, com as exceções da China e da Coreia do Sul que utilizam, preferencialmente, a rede social QZone, e o Irão onde se utiliza, com maior regularidade, a rede social Instagram (figura 1).
No relatório financeiro do primeiro trimestre de 2020 divulgado pela empresa Facebook, o número de utilizadores ativos diários no Facebook atingiu, em média, 1,73 bilhões em março de 2020, conforme descrito na tabela 1 em baixo (Facebook, 2020).
First Quarter 2020 Operational |
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Facebook daily active users (DAUs) - DAUs were 1.73 billion on average for March 2020, an increase of 11% year-over-year. |
Facebook monthly active users (MAUs) - MAUs were 2.60 billion as of March 31, 2020, an increase of 10% year-over-year. |
Family daily active people (DAP) - DAP was 2.36 billion on average for March 2020, an increase of 12% year-over-year. |
Family monthly active people (MAP) - MAP was 2.99 billion as of March 31, 2020, an increase of 11% year-over-year. |
Portanto, dada a crescente tendência dos indivíduos na utilização de redes sociais, Patrício e Gonçalves (2010, p. 594), referem que o Facebook “transformou-se não só num canal de comunicação e um destino para pessoas interessadas em procurar, partilhar ou aprender sobre determinado assunto, mas igualmente um meio de oportunidades para o ensino superior”.
Facebook Zero: A Rede da Inclusão
Para o sociólogo Manuel Castells (2020), tem-se verificado desigualdade social na sociedade digital. Segundo o estudo por mim realizado em 2018, há limitações relacionadas à cobertura do sinal de internet pelo País inteiro. Mas, além disso, o acesso à internet é de baixa velocidade, salvo raras exceções. O estudo ainda referiu que, na generalidade das Instituições de Ensino Superior (IES), em Angola, verificou-se a inexistência de uma rede WiFi aberta à comunidade estudantil; por outro lado, em determinadas IES a utilização do computador ligado à internet ainda é restrito à sala de informática, limitando a utilização dos recursos da Web pelos estudantes (Barbante, 2018). De acordo com a figura 2 é feita uma correlação com os dados disponíveis no website do Internet World Stats (IWS) sobre os dados de internet em Angola. Numa população estimada de 32 866 272 pessoas, apenas 21,5% (correspondendo a 7 078 067) eram utilizadores de internet e 6,8% (correspondendo a 2 244 000) eram subscritores do Facebook (IWS, 2020).
As limitações no acesso à internet não é uma questão isolada de Angola, aliás, é genérico e indisfarçável na maior parte dos países em desenvolvimento em geral e no Continente Africano em particular. Neste sentido, em 2010, a empresa Facebook anunciou, no Mobile World Congress, o lançamento do Facebook Zero. Em colaboração com 50 (cinquenta) operadoras de telefonia móvel provedores de internet em todo o mundo, foi oficialmente lançado em 18 de maio de 2010, de entre as quais, constavam as de Angola.
O Facebook Zero é uma versão do Facebook que permite o acesso ao utilizador sem custo de internet - taxa zero de dados. Trata-se de uma extensão do Facebook somente para texto, onde o utilizador está habilitado para realizar as seguintes atividades: atualizar o seu estado, ler notícias, comentar posts e publicar textos, sem custo de internet. Na prática, o utilizador não tem acesso aos elementos multimédia, tais como imagem, vídeo e áudio. Atendendo ao facto de que o Facebook Zero é a internet para muitos angolanos, esta rede social tem desempenhado um papel muito importante para a inclusão digital dos indivíduos em Angola.
O Facebook Zero é funcional em dispositivos móveis ativos. Em Angola, o Facebook Zero foi lançado em 2012, pela operadora de telecomunicações UNITEL e, em 2015, pela operadora de telefonia móvel MOVICEL, que o designou de Facebook Flex. Em baixo apresentam-se dois excertos retirados do website oficial destas duas operadoras, MOVICEL (https://movicel.co.ao/servicos/movi-mais.html#facebook-gratis) e UNITEL (https://unitel.co.ao) respetivamente sobre o assunto:
OFacebook Flexé um serviço que permite aos clientes da Movicel acederem ao Facebook gratuitamente a qualquer momento e sem custo de dados (...). O cliente pode ler publicações, comentar, gostar, partilhar e conversar com os amigos a qualquer momento sem gastar dados. A visualização de vídeos e fotografias não se aplicam nesta versão. A adesão ao Facebook Flex é grátis. (MOVICEL, 2020)
O serviço FACEBOOK ZERO disponibiliza o acesso rápido, no terminal do Cliente e a custo ZERO. No acesso ao site, o Cliente Unitel poderá atualizar o seu estado, ler notícias, comentar posts entre outras informações do seu interesse, sem ser taxado. Por ser um site de texto, o Cliente Unitel não terá acesso aos elementos Multimédia (imagens, vídeos e áudio), sendo sempre disponibilizado um link para visualização do mesmo. (UNITEL, 2020)
Para poder aceder ao serviço Facebook Zero, o utilizador deverá inserir no navegador do seu dispositivo móvel um dos seguintes endereços: “https//0.facebook.com”; “https//o.facebook.com”; “http//O.facebook.com” ou “https//zero.facebook.com”. Com isso, o Facebook Zero surge como um meio alternativo e de oportunidades para dinamizar a comunicação online dos indivíduos economicamente vulneráveis, visto ser uma tecnologia móvel, popular, fácil de utilizar, não necessita de desenvolvimento e/ ou aquisição de software e é de acesso grátis. Esta versão do Facebook tem a vantagem de funcionar na maioria dos telemóveis, convencionais (aparelhos sem sistema operativo) e smartphones (aparelhos com sistema operativo).
Metodologia
A metodologia desta investigação inscreve-se num plano não experimental ou descritivo de tipo survey exploratório, onde o objetivo principal era de fornecer pistas para estudos futuros (Coutinho, 2014). Com o objetivo de despertar a possibilidade de utilização da rede social Facebook para fins educativos no ensino superior, em Angola, foi formulada a seguinte pergunta de investigação: Quais indicadores da potencialidade educativa da rede social Facebook Zero para o contexto angolano?
Com base num inquérito por questionário, o estudo centrou-se, essencialmente, na busca de ideias para estudos futuros mais aprofundados e definitivos sobre a utilização do Facebook Zero na educação, em particular, nas atividades de aprendizagens dos estudantes do ensino superior, no contexto angolano (Babbie, 1997). Com este estudo, perspetivou-se uma estratégia para promover a aprendizagem ativa dos estudantes, onde os elementos centrais da aprendizagem ativa são a atividade do estudante e o seu desenvolvimento no processo de aprendizagem (Prince, 2004). Na aprendizagem ativa, o professor dedica menos tempo de aula a transmitir informações e mais tempo a ajudar os estudantes a desenvolver a sua compreensão e as suas competências (Eison, 2010). Ou seja, o ensino em rede, além de ter a característica interativa, dá a possibilidade de proporcionar mais autonomia para a aprendizagem do estudante.
Participaram deste estudo 74 estudantes - respondentes ao questionário -, sendo 52 (correspondendo a 70%) do sexo masculino e 22 (correspondendo a 30%) do sexo feminino. Os participantes com idade correspondente entre os 18 e 39 anos de idade eram estudantes duma instituição de ensino superior, no sul de Angola. Por outro lado, os investigadores valeram-se de suas experiências na atividade pedagógica, onde, com muita frequência, comunicavam com os estudantes, recorrendo a tecnologias online, em particular, a utilização do Facebook - Facebook, Facebook zero e Messenger.
Técnicas de Recolha e Análise de Dados
O inquérito instrumentado por questionário, com perguntas de tipo fechado, foi considerado a técnica adequada de recolha de dados (Bogdan & Biklen, 1994; Marconi & Lakatos, 2004); e recorreu-se, com realce na construção do marco teórico, à técnica da análise documental, ou seja, analisou-se artigos científicos relevantes que abordavam assuntos relacionados com a temática em estudo (Sousa & Baptista, 2012).
Os dados do questionário foram recolhidos de forma online, através de um formulário Google, tomando cerca de 2 minutos o tempo gasto no seu preenchimento. Os inquiridos participaram de forma voluntária, tendo-lhes sido garantido a confidencialidade dos resultados. O questionário foi anónimo, não sendo possível identificar a pessoa por algum modo. A aplicação do questionário decorreu entre os dias 09 e 20 de março de 2021.
Sendo os dados, maioritariamente de tipo quantitativo, procedeu-se à análise dedutiva e estatística (Bogdan & Biklen, 1994). Fez-se também a triangulação dos dados com outros estudos publicados relacionados com a temática desta investigação (Olson, 2004). Por fim, os dados foram processados no Microsoft Office Excel 365.
Resultados
Conforme o gráfico 1, constatou-se que todos os participantes tinham pelo menos uma conta em uma rede social; no que se refere à rede social que utiliza com mais frequência para comunicar com os seus pares nas suas atividades de aprendizagem, permitiu-nos verificar que, a rede social Facebook era a mais utilizada pelos estudantes com 63% (46 estudantes), isto é, 37% (27 estudantes) utilizavam o Facebook Zero e 19% (26 estudantes) utilizavam o Facebook convencional. Ainda se registou que 22% (16 estudantes) utilizavam o WhatsApp - rede social adquirida pela Facebook em 2014 - 12% (9 estudantes) utilizavam o Instagram - rede social adquirida pela Facebook em 2012 - e apenas 3% (2 estudantes) utilizavam outras redes sociais. Estes dados confirmam a tese de que o Facebook tem sido um espaço privilegiado de comunicação no seio académico. Como sublinham os autores Patrício e Gonçalves (2010, p. 598) o “ambiente informal do Facebook foi aos poucos organizando-se como um espaço de integração, comunicação, partilha e colaboração entre estudantes e professora, tornando-se num ambiente de aprendizagem efetivos, eficaz e envolvente”.
Estes dados atestam a popularidade da rede social Facebook por entre os estudantes universitários em Angola e, por outro lado, o número elevado de utilizadores que acedem ao Facebook Zero é reflexo das limitações no acesso à internet que ainda se verifica no País. Para os autores Mazman e Usluel (2009), deve-se avaliar as potencialidades de contextos espontâneos e informais que ocorrem na Internet, pois a e-aprendizagem informal, em virtude da utilização generalizada de redes sociais, está a despertar grande atenção pelas pessoas, podendo proporcionar vantagens várias para o contexto educativo, como a personalização, a colaboração, a partilha de informação, a participação ativa e o trabalho colaborativo.
Da análise do gráfico 2, a limitação no acesso à internet referida anteriormente é confirmada pelos dados publicados no site do Internet World Stats (2020) sobre dados de internet em Angola, onde num universo de 32 866 272 pessoas, somente 8 980 670 (27,3%) eram utilizadores de internet. Ainda assim, o número de utilizador de internet em Angola tem vindo a crescer, apesar de uma forma lenta, de ano em ano, isto é, entre 2000 a 2020, registou-se um crescimento na ordem dos 29,8% (IWS, 2020).
A adesão ao Facebook Zero que, no entanto, é mais usual e/ ou funcional nos dispositivos móveis, como descrito anteriormente, e tendo em conta a proliferação destes aparelhos, devido às vantagens de mobilidade, acessibilidade e flexibilidade, tem contribuído também para este crescimento que ainda sabe a pouco, mais que se teve ter em conta. Os dados da Agência Brasil (2018) referem que 5,1 bilhões de pessoas utilizavam telemóvel, de entre os quais, cita ainda a pesquisa, 3,6 bilhões de pessoas acediam à internet por meio destes dispositivos.
Indicadores da Potencialidade Educativa da Rede Social Facebook Zero para o Contexto Angolano
Em Angola, devido às dificuldades no acesso à internet (em relação à qual somos otimistas numa eventual melhoria, frutos dos investimentos que têm sido feitos nas áreas das TIC pelas entidades governamentais, que se deseja ser breve), a implementação da modalidade de ensino a distância é ainda uma miragem (mas não impossível). Não obstante a ausência de uma solução efetiva, é necessário que se encontrem soluções alternativas para este problema. Neste sentido, apresenta-se alguns indicadores que poderão ser úteis em futuros estudos mais aprofundados sobre esse assunto, sem que seja considerada como uma solução fechada, tão pouco a mais acertada; pelo contrário, constitui um contributo que se vem juntar a outras opiniões em prol de uma educação acessível e inclusiva para todos e a não paralisação da educação, num País com uma taxa de 29% de analfabetismo (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2020).
Partindo do apresentado neste estudo e tendo em conta a nossa experiência como docentes e investigadores na área da Tecnologia Educativa, neste subsistema de ensino superior, a utilização das redes sociais na educação, em particular, o Facebook Zero, no Ensino Superior, em Angola, poderá ser útil nas seguintes possibilidades:
Na figura que se segue (figura 3), ilustra-se as ligações entre as diversas possibilidades de utilização da rede social Facebook Zero no processo de ensino e de aprendizagem.
Conclusão
Nesta nova lógica de educação emergencial em tempos pandémicos, deve-se procurar olhar para todas as alternativas possíveis de se fazer educação com as devidas ponderações necessárias - dada a sensibilidade do processo de ensino e de aprendizagem -, com o envolvimento de todos os intervenientes deste processo e outros atores partícipes desta sociedade em rede. De igual modo, tendo em conta as mutações do SARS-COV-2 detetadas durante a pandemia - Alfa, Beta, Gama Delta e outras -, consideradas mais transmissíveis pelas autoridades de saúde, com transmissão comunitária; e atendendo à desigualdade no acesso à vacina entre os países ricos e os países pobres, onde o continente africano tem sido, obviamente, o mais penalizado, destacando Angola, foco desde estudo; a retoma efetiva do ensino presencial passará por inúmeras incertezas.
Neste sentido, este estudo permitiu identificar indicadores sobre as possibilidades de utilização do Facebook Zero, pois sendo de acesso grátis, de fácil utilização e por meio de dispositivos móveis, pode ser apropriado como um recurso incremental na promoção de uma maior inclusão, integração, interação e colaboração entre os estudantes e os seus pares nas suas atividades de aprendizagem.
Não foi nossa intenção, neste estudo, demonstrar que o Facebook Zero é um recurso elegível para resolver as limitações impostas à educação devido a doença da COVID-19; pelo contrário, foram apresentados argumentos vários que não podem ser ignorados nesta procura de alternativas que se ajustem à realidade educativa angolana. Num país com ainda sérios problemas no acesso à internet, a utilização do Facebook Zero tem servido de alternativa para a integração dos estudantes na sociedade do conhecimento - o Facebook Zero é a internet para muitos estudantes angolanos.
Por último, convictos da pertinência dos dados, das pistas e/ ou ideias analisadas neste estudo, estamos certos de que com um estudo mais aprofundado, ter-se-ia resultados mais precisos sobre a efetiva potencialidade educativa do Facebook Zero, essencialmente, no que diz respeito a comunicação, interação e colaboração entre os principais atores deste processo.