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Cadernos do Arquivo Municipal
versão On-line ISSN 2183-3176
Cadernos do Arquivo Municipal vol.ser2 no.5 Lisboa jun. 2016
ARTIGO
O palácio dos marqueses de Alegrete à Mouraria: do palácio ausente à memória do sítio
The palace of the marquises of Alegrete in Mouraria: the absent palace and the place memory
Maria Alexandra Trindade Gago da Câmara*; Teresa Campos Coelho **
* CHAIA - Centro de História da Arte e Investigação Artística / Universidade de Évora. CITAR - Centro de Investigação e Tecnologia das Artes / Universidade Católica Portuguesa. ARTIS - Instituto de História da Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa; Portugal.
RESUMO
Mandado construir por Manuel Telles da Silva (1641-1709), 2.º conde de Vilar Maior e 1.º marquês de Alegrete, e ficando conhecido pelo seu título, este sumptuoso palácio edificado junto à cerca fernandina destacou-se como uma importante casa nobre no contexto da arquitetura civil da capital do início de setecentos. Foi demolido em 1946 registando uma vida longa e conturbada, em virtude das modificações provocadas por sucessivas adaptações sociais e urbanas. Neste artigo propomos apresentar, com base em diversos fundos documentais maioritariamente municipais, algumas reflexões em torno deste edifício em dois momentos específicos: o da sua fundação e construção inicial, e o dos anos que corresponderam à sua degradação e demolição, bem como sobre quem o habitou, para além da sua relação com o conjunto urbano envolvente.
PALAVRAS-CHAVE
Lisboa / Barroco / Palácio / Urbanismo / Marquês de Alegrete
ABSTRACT
Built by Manuel Teles da Silva (1641-1709), 2nd count of Vilar Maior and 1st Marquis of Alegrete, and named after his title, this sumptuous palace built near the Ferdinand Wall, stood out as an important Noble House in the context of the civil architecture of Lisbon, in the early 18th century. After a long and troubled life, due to the modifications caused by successive social and urban adaptations it would become finally demolished in 1946. In this article we propose to study this building, based on several collections, mainly in the municipal archives, in two specific moments: its foundation and initial construction, and the years that corresponded to its degradation and demolition, as well as those who dwelt in addition to its relationship with the surrounding urban area.
KEYWORDS
Lisbon / Baroque / Palace / Urbanism / Marquis of Alegrete
INTRODUÇÃO
Pretendemos com este trabalho revisitar uma área urbana cujas origens quase se desvanecem na memória da cidade em virtude das profundas alterações que foi sofrendo desde finais do século XIX, em especial em meados do século XX.
A análise da principal cartografia histórica do atual Martim Moniz, de que salientamos a planta de João Nunes Tinoco datada de 16501, as plantas da divisão administrativa da cidade na segunda metade do século XVIII, publicadas por Francisco Santana2, e o levantamento topográfico de 1856-58 executado sob a direção de Filipe Folque3, mostra-nos uma imagem urbana em tudo diferente do que se nos oferece hoje, em consequência das demolições efetuadas em meados do século passado. Conhecida como Marim Moniz, em virtude da lenda que a une à conquista cristã, esta área seria sacrificada pela diretiva da expansão da cidade, com o projeto de alargamento da rua da Palma, ligando a Baixa com a atual avenida Almirante Reis.
Desaparecia, assim, uma parte significativa da Mouraria de Lisboa caracterizada por um edificado que refletia o estatuto social dos seus proprietários, constituída por uma apelativa dinâmica social, simultaneamente popular e de elite - palácios da principal nobreza coexistiam, lado a lado, com arquitetura corrente, numa malha pontuada por edifícios religiosos significativos para a história de Lisboa.
Decorridos setenta anos sobre a demolição do palácio, e partindo de uma memória escrita por A. Vieira da Silva sobre o Sítio e palácio do Marquês de Alegrete4, bem como de uma biografia escrita por um dos seus familiares5 e de um estudo recente sobre “(…) a dimensão palaciana de Lisboa na primeira metade do século XVIII (…)”6, esboçaremos aqui uma breve análise deste conjunto urbano e das mutações que sofreu até aos nossos dias, revisitando o texto deste olisipógrafo, um dos raros textos que descreve o palácio, escrito em outubro de 1946, num olhar emocionado pelo rescaldo da sua recentíssima demolição.
1. MANUEL TELLES DA SILVA (1641-1709), 2.º CONDE DE VILAR MAIOR E 1.º MARQUÊS DE ALEGRETE
(…) Outra razão ha que para se poder dizer que o nosso illustre Marquez já morreo velho, & he haver sido toda a sua vida Palaciano, & a vida do Paço ser tão cheya de cuydados obrigações( ...)7.
Assim é descrito no seu Elogio Fúnebre Manuel Telles da Silva.
Filho de Fernão Telles de Meneses e de D. Mariana de Mendonça, nasceu nas Casas da Mouraria em que viviam os seus pais, a 13 de fevereiro de 1641. Batizado na igreja de Santa Justa a 22 do mesmo mês, teria como padrinhos o visconde de Vila Nova da Cerveira, D. Lourenço de Brito Nogueira, e a condessa de Arcos, D. Inês Maria de Meneses8.
Membro de uma das mais importantes casas aristocráticas de Portugal (condes de Vilar Maior e marqueses de Alegrete), Manuel Telles da Silva participou ativamente na campanha militar do período Pós-Restauração, tendo iniciado a sua atividade em 1661 na qualidade de capitão de uma companhia de ordenança da cidade de Lisboa e orientando-se desde sempre pela prestação de serviços à Coroa9.
A Manuel Telles da Silva ficou a dever-se o seu enorme esforço durante as campanhas do Alentejo tendo contribuído para a tomada de Évora, depois da batalha do Ameixial, pois, como sabemos, foi a partir da Restauração que o processo de ascensão à Grandeza dos titulares das casas nobres se cristalizou numa “elite de corte” estreitamente ligada à dinastia brigantina10.
No ano de 1669 tomou posse do lugar de regedor das Justiças da Casa da Suplicação, e em 1672 foi nomeado para o cargo de vedor da Fazenda da repartição de África, sendo depois transferido para vedor da Fazenda da repartição do Reino, em 1681. Poucos anos antes, em 1679, tinha alcançado o lugar de conselheiro de Estado11.
Nos meandros da diplomacia internacional, foi conquistando prestígio e favores régios. Em 1686 foi enviado, como embaixador extraordinário, a negociar o casamento em segundas núpcias entre o monarca D. Pedro II e a princesa Maria Sofia de Neuburgo, filha do eleitor palatino12, tendo sido por tal feito agraciado em 19 de agosto de 1687 com o título de 1.º marquês de Alegrete (Figura 1).
Nesta missão levou como secretário António Rodrigues da Costa (1656-1732)13, o mesmo funcionário que em 1707 partiu para Viena para ajustar os desposórios do rei D. João V de Portugal com a filha do imperador Leopoldo I , da dinastia de Habsburgo, D. Maria Ana de Áustria.
Esteve também ligado às negociações do Tratado de Methuen (1703).
Casou-se com D. Luísa Coutinho, filha de D. Nuno Mascarenhas, senhor de Palma, comendador de Castelo de Vide e de D. Brites Castello Branco (ou Menezes), filha de D. Francisco Castelo Branco, que foi o 2.º conde de Sabugal, nascendo desse matrimónio vários filhos que se destacaram na Casa pela linha masculina, Fernão Telles da Silva (1662-1734), 3.º conde de Vilar Maior, 2.º marquês de Alegrete, Nuno da Silva, (1666-1703), reitor da Universidade de Coimbra, António Telles da Silva, (1667-1699), arcediago na Sé de Lisboa, lente em Cânones na Universidade de Coimbra e João Gomes da Silva, 4.º conde de Tarouca (1671-1738), embaixador com uma carreira diplomática notável.
Após a morte de Manuel Telles da Silva em 1709, sucede-lhe o filho primogénito D. Fernão Telles da Silva, 2.º marquês de Alegrete e 3.º conde de Vilar Maior que viveu toda a sua vida na casa da Mouraria, assim designado o palácio dos marqueses de Alegrete14.
Sobre a formação de Manuel Telles da Silva conhece-se a instrução humanista e o gosto pela História, tendo escrito várias obras das quais se destaca De rebus gestis Joannis II: a vida de elrey D. João II - publicada no ano de 168915. Sobre ela testemunha Caetano de Sousa:
(...) Foy hum dos mais excellentes Ministros de Estado que teve este Reyno, com grande talento para os negocios, e admiravel modo na resoluçaõ delles; prompto nas execuçoens, e com grande erudiçaõ na Historia profana, e muita applicaçaõ, e genio ás bellas letras; compoz com grande pureza, e elegancia na língua Latina, como se vê na vida delRey D. Joaõ II, que temos impressa, a segunda vez na Haya no anno de 1712, e a primeira em Lisboa no de 1689: e tendo servido na Patria com zelo do bem publico todos os lugares, que exerceo com desinteresse, e independencia, conseguindo em todos honra, e boa fama16 (...) Compôs na língua Latina de sorte que foy hum dos imitadores de Cicero na pureza, e eloquencia, como se vê na vida delRey D. Joaõ II (...)17.
O respeito que alcançou entre os seus contemporâneos, e nas suas relações familiares, não lhe desviou a intenção de aumentar, no que pudesse, a grandeza da sua Casa, mantendo assim o propósito dos seus antecessores. Manuel Telles da Silva foi certamente um homem do seu tempo, de bom gosto, conhecedor da cultura erudita, assim se justificando e materializando na conclusão das obras da casa da quinta do Alegrete 18 bem como na quinta das Lapas19, locais de veraneio nos arredores de Lisboa, e na escolha da construção deste importante palácio na Mouraria, espaço que centrava todas as atenções da família.
2. O PALÁCIO AUSENTE
A história das grandes casas senhoriais está indissociavelmente ligada à daqueles que as habitaram marcando-as, no tempo e no espaço, com os seus próprios ritmos de vida. A par das vicissitudes que os percursos biográficos dos seus proprietários ditaram, a sua sobrevivência depende também do significado (entenda-se adaptação) que conseguiram encontrar perante a evolução da própria cidade. É neste contexto que devem ser entendidos os quase 250 anos de existência do palácio do marquês de Alegrete, desde a sua fundação em finais do século XVII, até à sua demolição em 1946.
Construído nas Casas da Mouraria que pertenceram a D. Luís da Cunha, trisavô de D. Mariana de Mendonça, que as recebeu como dote quando do seu casamento com D. Fernão Telles de Meneses20, terão sido administradas até então pelo seu irmão, o padre jesuíta Nuno da Cunha21, e nelas terão vivido os próprios pais de D. Mariana, Simão da Cunha, trinchante do rei, e D. Joana de Mendonça22.
A nobilitação das casas de morada de Manuel Telles da Silva, 2.o marquês de Vilar Maior era justificada, sem dúvida, pelo prestígio que este adquirira ao serviço da Coroa, sobretudo pelo importante papel que, como já referimos, protagonizou no casamento de D. Pedro II com Maria Sofia de Neuburgo na qualidade de embaixador na corte do Eleitor Palatino, o que lhe valeu o título de 1.º marquês de Alegrete em agosto de 168723.
O palácio seria construído sobre o troço da muralha fernandina adjacente às então denominadas rua de S. Vicente e calçada do Jogo da Pela, que aparecem na planta de Lisboa de João Nunes Tinoco, datada de 1650, respetivamente com os números 80 e 7924, no troço entre a porta da Mouraria e a porta da rua da Palma, numa zona extra muros fronteira às hortas pertencentes ao mosteiro de S. Vicente.
A construção implicaria a demolição de um troço da referida muralha, bem como de uma pequena torre a ela adossada25 ocupando os dois lotes de terreno que tinham sido adquiridos pela família de Tristão da Cunha (Figura 2)26.
Embora o ano de 1694 seja apontado como o do início de transformação das casas27, havia já alguns anos que Manuel Telles da Silva tencionava fazê-lo, como indicam as várias petições feitas para cordeamento dos chãos que possuía à Mouraria28, e algumas escrituras recentemente reveladas29. Esta documentação confirma a intenção de Manuel Telles da Silva em alargar a propriedade de casas que fora dos seus pais, para o que sucessivamente comprara diversos chãos anexos às mesmas, obtendo também permissão do Senado da Câmara para meter em esquadria, isto é, regular e uniformizar a fachada do que viria a ser o seu palácio30. No entanto, as campanhas de obras terão durado pouco, pois, como se depreende de um alvará do arcebispo de Évora D. Frei Luís Telles da Silva, tio de Manuel Telles da Silva, datado de 31 de agosto de 1698, o 1.º marquês de Alegrete encontrava-se já com dificuldades financeiras para prosseguir a construção do palácio:
Vendo nós que estava parada a obra das cazas do Marquez do Alegrete, Manuel Telles da Sylva nosso primo, citas na Mouraria de Lisboa, e que elle a não podia adiantar pelas grandes obrigações, com que se achava, e desejando nos muito ver acabada a ditta obra, nos deliberamos a tomalla por nossa conta, e assim mandamos continuar com ella a nossa conta, mandando dar o dinheiro necessário para ella por mão de Manoel Leal ourives do ouro, morador em Lixboa, segundo consta do seu livro, com o qualse foy continuando the o presente a ditta obra, e se vay continuando31.
Próximo de D. Pedro II, frei Luís da Silva Telles (1626-1703)32 (ou Telles da Silva, como também é conhecido) foi uma das figuras mais importantes da época, tendo ficado célebre pela sua generosidade e pelas obras que encomendou aos melhores artistas de então, para as igrejas e conventos dos seus bispados. Este alvará terá sido dado quando se deslocou a Lisboa para as Cortes de 169433, podendo ter testemunhado pessoalmente a construção do palácio do seu sobrinho, de quem era próximo, não sendo de admirar que o tenha querido financiar, tanto mais que Nuno da Silva Telles (1666-1703), filho do marquês e futuro reitor da Universidade de Coimbra, terá sido educado em sua casa34.
Com efeito, da correspondência trocada com Manuel Telles da Silva35, podemos inferir que este o representava junto do monarca na consulta e decisões necessárias à gestão do seu cargo e, segundo o seu anónimo biógrafo, terá sido ele que o informou da decisão de D. Pedro II em nomeá-lo arcebispo de Évora36:
Resolvese o Bispo a aceytar, e seguir a rezuluçaõ do Marquez pella grande veneraçaõ q tinha aos seos dictames, por serem de hum cavalheyro taõ douto, cujo talento foy, e serâ sempre venerado naõ sô neste Reyno, mas em todas as cortes de Europa…[e em 1692 Frei Luís, recebera em Lisboa] (…) o Palio, q em a Capella do Marques de Alegrete lhe lançou o Arcebispo de Lx.ª Luiz de Souza (…)37.
A proximidade entre ambos está ainda expressa no relato que o mesmo biógrafo faz da sua morte ocorrida em Évora, na qual esteve presente o próprio marquês38.
Não muitos anos depois, em carta datada de 16 de janeiro de 1711, queixava-se também o seu filho, o 2.º marquês de Alegrete, ao irmão, o conde de Tarouca, do estado em que se encontrava o palácio (muito possivelmente ainda por acabar) descrevendo o que parece ter sido um dos seus salões e manifestando o desejo de ter ele próprio:
(...) alguma Liberdade p.ª vir algum tempo ver a Caza da Mouraria q. em todas as considerações tem padecido m.to e athe no material padeceu estes dias o dano de se arruinar toda a simalha da caza vermelha q. era de pedra e cal, e ao cahir pudera perigar alguém, porq. as cadeiras sobre q. cahiu as fez em pedaços agora me dizem q. a reedifique de madeira, mas ella esta taõ cara por falta de navios do Norte q. custa huma taboa ordinária de pinho des tostões e temerei q. ao pregar padeça também o estuque do tecto (...)39.
Os problemas financeiros de Manuel Telles da Silva deveriam estar relacionados, sem dúvida, com as muitas despesas que o seu estatuto e cargo implicavam, a que se juntavam os encargos com a construção não apenas do palácio, mas também de outras propriedades já referidas - quinta das Lapas em Torres Vedras no Monte Redondo, cuja construção se iniciava também em finais do século XVII (numa propriedade adquirida ainda pela mãe, D. Mariana de Mendonça, em 1640), e a quinta situada na Charneca do Lumiar (conhecida por Quinta do Marquês do Alegrete ou Quinta Alegre), no início do século XVIII.
O texto de A. Vieira da Silva é fundamental para o estudo do local e da construção do palácio, quer pelos documentos iconográficos que apresenta, quer por ele ter sido uma testemunha do edifício ainda existente. Por isso mesmo irá servir-nos como matriz, a que juntámos outros elementos que consideramos indispensáveis à nossa análise.
O palácio apareceria ao longo dos tempos referenciado também como Cazas do conde de Tarouca, ou do marquês de Penalva, em virtude dos títulos que os seus descendentes iam obtendo. Ocupando um espaço retangular teria, de acordo com a Planta da Freguezia de N Sª do Socoro, datada de 1770, fachada a norte para a rua de S. Vicente (mais tarde rua Martim Moniz), a oriente (fachada principal) para a rua Direita da Mouraria (adjacente ao arco), e a sul, aberta para um largo onde desembocavam a rua dos Canos e a rua dos Vinagres, denominado largo dos Canos (mais tarde largo Silva e Albuquerque). A poente confinava com uma outra propriedade, situação que se manteve até à sua demolição, e estendia-se sobre o arco do Marquês de Alegrete para o outro lado da rua da Mouraria (Figura 3)40.
A iconografia publicada por A. Vieira da Silva, de que consta a única planta que se conhece do palácio, elaborada quando da sua demolição e da publicação do artigo, acompanhada de dois desenhos da autoria de José Jorge Afonso Nogueira41, bem como as fotografias que integram hoje o espólio do Arquivo Fotográfico Municipal, permitem-nos caracterizar, ainda que sumariamente, a sua tipologia, embora estivesse já muito adulterado pelas sucessivas transformações, resultantes da degradação que foi sofrendo, em especial a partir do sismo de 1755, com uma subdivisão e ocupação do espaço por estratos sociais mais populares.
A. Vieira da Silva chama a atenção para uma parede mestra que atesta a existência um outro andar, parcialmente demolido, pelo menos junto da fachada nascente (Figura 4)42.
Esta parede deveria elevar-se até ao sótão referido na Décima da Cidade43. A consulta que efetuámos a este núcleo documental confirmou-nos essa mesma ruína, e foi fundamental para nos elucidar sobre o modo como se reorganizaria o seu espaço, aceitando a pertinente e fundamentada hipótese colocada por Pedro da Silva Miguel, da existência de um segundo andar acima do andar nobre44.
Se nos cordeamentos, datados respetivamente de 1688/9 e de 1692, as propriedades do marquês de Alegrete vêm sempre referidas como casas, na Décima aparecem já referenciadas como palácio (que se estendia então para o lado oposto da rua da Mouraria, sobre o arco). À data já não era habitado pela família, sendo o corpo que se estendia sobre a rua de S. Vicente dado como:
(...) arendado e consta de varias Logeas repartidas com Madeira e varias acomodaçoins em sima que por nâo ser Couza Estavel se nâo declaram aqui ao todo (...) Primr.ª Logea que era o vaó do Saguam e se acha com varios repartimentos para outras Logeas abayxo descritas.45
Esta descrição mostra também que se iniciara já o processo de degradação que conduziria à sua demolição em 1946 – uma grande subdivisão do espaço com materiais precários, destinada à instalação de muitas e variadas explorações comerciais, muitas delas arrendadas por sublocação a um inquilino principal. Salienta-se ainda a referência ao “Primeiro e ultimo andar que so tem o d.º Palacio no conserto que se fés”, o que confirma o que acabámos de dizer sobre a destruição que terá sofrido. Curiosa é a referencia à ocupação do vão do saguão, isto é, do espaço coberto na entrada do palácio46, onde se situaria a escada de aparato47 que seria de mármore48. Embora nos tenhamos centrado no ano de 1762, não menos curiosa é a descrição feita em 1765: “O mais restante do Palacio no quarto de sima e outro ocupa Joaq.m de Mendonça com Caza de Opera49. Trata-se, certamente, do que ainda restara da parte mais nobre, talvez o tal salão vermelho referido pelo 2.º marquês, então aproveitado para uma casa de espetáculo.
De implantação retangular (48m X 24,5m)50 a geometria da planta do palácio está bem patente quer no duplo quadrado que a define, quer na organização interna que apresenta a nível do andar térreo, caracterizada por uma composição praticamente simétrica em relação a um eixo imaginário no sentido norte/sul, correspondente ao corredor que a divide em duas áreas distintas – uma a poente, composta por área de serviços e cocheiras, e outra a nascente, correspondente à área de receção (Figura 5)51.
Articulado em três corpos, separados por grossas pilastras de cantaria assentes em plintos, era percorrido por um alto embasamento no mesmo material. A uma fachada tripartida correspondia, no interior, uma organização espacial também tripartida, com funções bem diferenciadas – embora muito subdividido por ocupações sucessivas, a espessura das paredes permite-nos reconstituir o que teria sido a primitiva organização interna.
Na fachada sul (sobre o largo Silva e Albuquerque), que correspondia a todo o seu comprimento, a eixo do corpo central (que tinha uma dimensão sensivelmente dupla da dos corpos laterais) acedia-se ao que seria a área de serviços, onde subsistia, ainda, uma pequena escada de acesso aos andares superiores. Dois corpos laterais à maneira de torreões que, embora tivessem a mesma altura do corpo central, conferiam simetria e imponência a todo o alçado, marcados por portais em cantaria lavrada52.
O portal poente dava acesso ao espaço que seria ocupado, certamente, pelas cocheiras (sobre as quais se situaria, na sobreloja, a livraria e, pelo nascente, semelhante ao anterior e adjacente ao arco do Marquês de Alegrete, acedia-se a uma área de receção cuja entrada principal se fazia pela rua da Mouraria (fachada nascente - Figura 6).
Composta por um único corpo (correspondente à largura do lote) nela se destacava o portal igual aos da fachada sul, mas com a pedra de armas da família (Figura 7 e 8).
Na sua erudita e expressiva composição afirmava, simbolicamente, o prestígio de Manuel Telles da Silva, então recentemente (1688) agraciado com o título de 1.º marquês de Alegrete.
A nível do andar nobre destaca-se uma fenestração ritmada por vãos de sacada com verga direita, e uma austeridade de tradição chã que encontramos na arquitetura portuguesa dos séculos XVII e XVIII (Figura 9). Aceitando a sugestão de Pedro da Silva Miguel, a prumo das janelas de sacada do andar nobre situar-se-iam, num segundo andar, outras tantas janelas de peitoril53.
Para além da referência que temos da tal “caza vermelha”, não sabemos como seria a decoração no interior do palácio da Mouraria, devendo certamente corresponder ao prestígio do seu proprietário. Conhecido o círculo de relações artísticas estabelecidas pela família, não nos será difícil imaginar um palácio recheado das melhores obras de arte. A. Vieira da Silva fala na existência de painéis de azulejos que terão ido para o palácio Galveias54 mas na documentação consultada, datada de 196055, apenas encontrámos referência a um painel de figura avulsa que, juntamente com a pedra de armas (hoje no Museu de Lisboa) terá ido para o depósito da Câmara Municipal.
A coleção de pintura referida no Inventário feito por Vieira Lusitano ou, pelo menos parte dela, terá estado neste palácio56, no qual ele refere que terá executado também alguns trabalhos57.
No seio de uma família em que é conhecida uma tão vasta obra mecenática no campo das artes, o gosto pela arquitetura foi certamente reforçado com os muitos contactos estabelecidos no âmbito das atividades diplomáticas que protagonizaram. Lembramos apenas que na embaixada a Heidelberg, o futuro 1.º marquês de Alegrete acompanhado pelo filho João Gomes da Silva, de acordo com o cronista António Rodrigues da Costa58, ter-se-á deslocado à Holanda e à feira de Páscoa de Frankfurt, uma das mais importantes da Europa, onde adquiriu o necessário para os preparativos do casamento real em Lisboa. Possivelmente terá adquirido também alguns livros e tratados que integrariam a sua livraria, os quais poderão ter servido de inspiração para o palácio da Mouraria e quintas que mandou contruir, ou ao palácio que João Gomes da Silva encomendou a João Antunes59.
Os muitos cargos que Manuel Telles da Silva desempenhou na Corte, como homem de confiança dos Bragança, e próximo também de personalidades como o 1.º duque de Cadaval, tê-lo-ão posto em contacto com os melhores arquitetos da época, num círculo de relações artísticas que se estendiam, como vimos, a seu tio Frei Luís da Silva, e aos seus filhos. Desconhecemos o nome dos arquitetos que terão sido responsáveis pela raça das muitas propriedades da família. Como nos teria sido útil que, na carta para o seu irmão datada de 1711, o 2.º marquês de Alegrete tivesse referido o nome de quem o aconselhara a refazer, em madeira, a cimalha do seu salão...
Entre os possíveis arquitetos que poderão ter dado o projeto para as Cazas da Mouraria, e admitindo que o plano possa recuar ao período dos cordeamentos que citamos, destacamos nomes como os de João e Luís Nunes Tinoco, Francisco da Silva Tinoco e do seu sobrinho Francisco Tinoco da Silva (vulgo padre Tinoco), Mateus do Couto (sobrinho), João Antunes e até mesmo Manuel Pereira, todos arquitetos régios à data, à exceção dos dois últimos (João Antunes só viria a ser nomeado em 1699). Sendo impossível descrever aqui a obra de todos eles, reportar--nos-emos apenas àquelas obras (e bibliografia essencial) que nos permitam, hipoteticamente, atribuir-lhes a autoria do palácio da Mouraria.
Vem de longe a colaboração dos Nunes Tinoco com a família Telles da Silva remontado a Pedro Nunes Tinoco (c. 1580-1640)60. O trabalho desenvolvido como arquiteto régio por João Nunes Tinoco (1616-1690), desde D. João IV até D. Pedro II, não deveria ser estranho a Manuel Telles da Silva, nomeadamente a obra que o mesmo arquiteto terá desenvolvido na igreja do Socorro, vizinha às suas cazas de morada, por volta de 1667 e na igreja da Piedade de Santarém, erguida em comemoração da vitória do Ameixial61 (decisiva para a recuperação da cidade de Évora, em julho de 1663, na qual Manuel Telles da Silva terá participado62). A morte de João Nunes Tinoco, em 1690, torna pouco provável a sua autoria, e, no que diz respeito ao filho Luís Nunes Tinoco (c.1642/3-1719), apesar de constar da livraria Tarouca a obra Copia dos reaes aparatos e obras que se ficeram em Lixboa…63, sobre as festas do casamento de D. Pedro II nas quais terá tido uma participação ativa, deveria andar demasiadamente ocupado na direção de S. Vicente de Fora, cargo em que sucedera a seu pai.
Quanto a Francisco da Silva Tinoco (c.1610-1698), o facto de ter trabalhado para o provedor das Obras Reais, Lourenço Pires de Carvalho (que tratava por amo, habitando na sua propriedade) torna-o um possível autor do projeto; o mesmo poderia suceder com o seu sobrinho Francisco Tinoco da Silva (1656-1730), na época mestre dos Paços da Ribeira e mestre da Aula do Paço, homem também de confiança régia, não fosse nos dois curricula que elaborou, datados respetivamente de 1696 e de 171164, não figurar qualquer projeto para Manuel Telles da Silva, ou para os seus filhos.
Já Mateus do Couto (sobrinho), apesar de ter assinado algumas das mais importantes obras da época, como o convento das Francesinhas fundado por D. Maria Francisca Isabel de Sabóia, 1ª esposa de D. Pedro II, terá falecido em 169565, havendo muito que se encontrava doente não podendo trabalhar, sendo ajudado e substituído por Manuel do Couto66.
Restam-nos Manuel Pereira e João Antunes cujos nomes andam, por vezes, associados nas mesmas obras, como no claustro de Santa Marta67 e no convento do Louriçal68. O primeiro, para quem se tem proposto uma identificação com o enigmático azulejador PMP, e com o arquiteto a trabalhar na Congregação do Oratório em Lisboa e no palácio dos marqueses de Olhão69 é referido, entre outros, como autor do portal da igreja da Misericórdia de Torres Vedras70 e, muito possivelmente, do convento dos Oratorianos de Estremoz71, hipótese que ganha cada vez mais consistência (e em que o seu nome anda, mais uma vez, associado ao de João Antunes). São precisamente estes dois últimos projetos aqueles que aqui nos interessa referir, por constituírem possíveis pontos de ligação com a família Telles da Silva que, perto de Torres Vedras, possuía a já citada quinta das Lapas72. Quanto ao convento Oratoriano de Estremoz, a sua construção deve-se à iniciativa de frei Luís da Silva, cuja relação com o marquês de Alegrete, seu sobrinho, já foi salientada, nomeadamente no financiamento da obra da Mouraria. Manuel Pereira estaria, assim, bem integrado nos seus círculos de relações artísticas.
Provada a autoria de João Antunes (c.1645-1712) na traça do palácio que o conde de Tarouca mandou à Cotovia em 169873, e merecendo por parte do seu proprietário os maiores elogios74 (João Gomes da Silva seria mesmo padrinho de batismo de Veríssima, uma das suas filhas, em outubro de 169775), parece-nos ser ele igualmente o mais provável autor do projeto do palácio da Mouraria.
No período que nos interessa, encontrava-se a projetar os portais da procissão dos Passos da Graça (1698)76, um dos quais se encontrava fronteiro à entrada principal do palácio (Figura 10)77 na rua Direita da Mouraria (demolido no início do século XX, na área restam apenas o da calçada de Santo André e o da Costa do Castelo Figura 11) e, poucos anos depois, em 1705, encontramo-lo a trabalhar na reconstrução da também fronteira capela de Nossa Senhora da Saúde (Figura 12).
O prestígio que tinha no seio desta família e na Corte, a célebre encomenda que lhe tinha sido feita pelo conde de Tarouca para a Cotovia, e a grande semelhança estilística que encontramos entre os portais do palácio e os que acabamos de citar (expressa, sobretudo, no desenho, volume e expressão das suas volutas, e na forma como envolvem outros elementos decorativos) reforçam a ideia de que tenha sido ele o tracista do palácio da Mouraria, até que a descoberta de nova documentação nos revele o nome do seu verdadeiro autor.
3. UMA MEMÓRIA QUASE DESPARECIDA E O CONJUNTO URBANO ENVOLVENTE
Quem hoje atravesse a praça do Martim Moniz poucos testemunhos encontrará do que foi esta área urbana até ao início do século XX. Profundamente urbanizada a partir do século XVII, ao medieval Colégio dos Meninos Órfãos78 na rua da Mouraria e à capela de Nossa Senhora da Saúde79, erguida ainda no século XVI, juntar-se-ia a igreja do Socorro e o imenso quarteirão habitacional composto no seu interior por espaços ajardinados privados, a que as hortas vicentinas extramuros terão dado origem (Figura 13)80.
O que outrora fora uma zona de arrabalde transformava-se então numa área de referência na Lisboa dos séculos XVII e XVIII, pontuada por importantes palácios e edifícios religiosos que nela se erguiam, e onde conviviam diferentes classes sociais.
À arquitetura erudita que a caracterizava, da autoria dos melhores arquitetos da época, reflexo do estatuto social dos seus proprietários ou encomendadores, correspondiam interiores igualmente ricos com interessantes programas iconográficos, como podemos ainda hoje testemunhar, na já citada capela de Nossa Senhora da Saúde e no Colégio dos Meninos Órfãos (Figura 14 e 15), ou no número 27 da rua da Mouraria onde existia “Hua propriedade de Cazas Nobres que consta de Cavallariças, Coxeiras Logea Palhrº primrº e segº andar em que vive a Senhoria e sua famillia...”81. Os azulejos do século XVIII que revestiam o seu interior, ainda in situ em 1953, foram posteriormente deslocados para o palácio do Machadinho em Lisboa, onde hoje se encontram alguns painéis82. Trata-se de um excecional conjunto de grande qualidade plástica (Figura 16).
As transformações sociais e urbanas operadas nesta área da cidade, sobretudo a partir da 2.ª metade do século XIX, conduziriam a um processo de progressiva degradação do tecido social e urbano (iniciado, como vimos, com o próprio terramoto, resultante da sua ocupação com construções precárias de apoio ao comércio e por uma população de fracos recursos económicos), o que aliado à intenção de unir o núcleo histórico à cidade em expansão seria um fator determinante e decisivo na intenção das demolições empreendidas na década de 40 do século XX.
A discussão iniciada em 1887 em torno do anteprojeto para prolongamento da avenida Almirante Reis entre o Socorro e o largo de S. Domingos e a ligação da rua da Palma, entre a Guia e o poço do Borratem duraria várias décadas, mas acabaria por trazer consigo no século seguinte, a destruição massiva desta zona, a que não escapariam sequer alguns edifícios ligados à memória da cidade histórica, como o palácio em estudo, a igreja de Nossa Senhora do Socorro.
Seria poupada apenas a frente oriental da rua da Mouraria e da rua do Arco do Marquês de Alegrete, onde se destacam ainda o colégio dos Meninos Órfãos, o palácio dos Aboim e a casa de João das Regras, bem como a capela de Nossa Senhora da Saúde, apesar de esta se situar num dos quarteirões então demolidos.
Em agosto de 1907 tentava-se dar seguimento a um plano que fora já aprovado em 1887, de modo “... a melhorar as condições bem criticas de viação entre aquelles pontos, e a de fazer desapparecer, pela desaccumulação resultante, o foco de infecção e de occio que ali impera, e contra o qual reclamam a higgiene e a moral”83. Em 1926 um novo relatório, da autoria do nngº António Emídio (1888-1970) tenta dar seguimento ao mesmo projeto. De acordo com a respetiva memória descritiva, pretendia-se solucionar aquilo que já era conhecido como problema da rua da Palma: o acesso à zona baixa da cidade e “…acabar com infecto bairro entre a Rua Silva e Albuquerque e a Rua do Arco do Marques do Alegrête, cujo saneamento se impõe urgentemente” conservando-se, no entanto, uma parte da rua homónima:
Assim continuará existindo aquela típica rua com o seu Arco, no qual também não se tocará”. Determinava ainda que a ligação com a Av. Almirante Reis “…cortará a actual egreja paroquial do Socorro, que será demolida e reconstruida no local onde existe agora o Palacio do Conde de Tarouca, ligando-se no Arco do Marquez de Alegrete, o qual ficará até com mais caracter. Na reconstrução, poder-se-hão aproveitar os tres lindos portões seiscentistas daquele palacio e que depois se enquadrarão com o resto da egreja. Desta maneira não se ofenderão as crenças religiosas dos crentes, pois a nova egreja ficará muito melhor localisada84 (Figura 17).
Este anteprojeto salientava que não era nova a ideia de se deslocar uma igreja, uma vez que tinha sucedido o mesmo com a igreja dos Anjos, salientando que o mesmo tipo de intervenção urbana se fizera em Paris, com o prolongamento do Boulevard Haussmann até ao Boulevard des Italiens, e em Londres, com as ligações da catedral a Oxford-Street.
Ficando curiosos sobre o modo como seriam integrados os portais do palácio, e pondo de parte qualquer consideração que pudéssemos tecer sobre o paralelo nele estabelecido entre o Martim Moniz de então e os exemplos apontados no anteprojeto, diremos apenas que a igreja do Socorro nunca seria reconstruída, nem melhorada substancialmente esta área (que viria ser ocupada por pavilhões provisórios para realojar os comerciantes por mais de três décadas) e o palácio estaria, desde então, irremediavelmente condenado. Em novembro de 192685 seria feito um outro anteprojeto no qual a ideia de reconstrução da igreja do Socorro no local do palácio estava já abandonada, como se pode inferir da planta então traçada, e segundo o qual este seria completamente cortado para prolongamento da rua da Palma (Figura 18).
Seguir-se-iam outros estudos e, embora nunca se realizasse um significativo alargamento desta via, seria iniciado o processo de expropriação dos edifícios que então integravam o espaço onde hoje se ergue a praça do Martim Moniz, não escapando sequer o arco do Marquês de Alegrete, desaparecido em 1961, apesar de num dos pareceres se defender a sua permanência (Figura 19).
A demolição do palácio seria decretada pelo Supremo Tribunal de Justiça em dezembro de 1932. Adjudicado à Câmara Municipal de Lisboa, em janeiro de 1946, viria a ser demolido entre agosto e outubro do mesmo ano86 (Figura 20).
Sacrificado pelo confronto entre núcleo histórico e a expansão da cidade, o Martim Moniz ocupado por construções provisórias seria uma imagem que duraria perto de 50 anos não perdendo nunca o estigma de área “martirizada”, mesmo após as tentativas de renovação do espaço87, e do novo olhar que a reabilitação urbana traria sobre a cidade histórica88.
CONCLUSÕES
Raras famílias terão desenvolvido uma atividade tão grande em prol das artes como os Telles da Silva. Confirmam--no as encomendas que fizeram aos mais destacados artistas de então. Neste contexto, o palácio do Marquês de Alegrete terá sido uma referência importante na arquitetura de Lisboa na primeira metade do século XVIII, símbolo de uma das mais prestigiadas famílias da nobreza portuguesa.
O sismo de 1755 ditaria o início da degradação a que chegaria este edifício na primeira metade do século XX, como atesta Norberto de Araújo em 1938:
O velho Palácio do Alegrete, que teve certa aura em Lisboa de setecentos, é hoje uma ruína, pouco mais que um pardieiro, condenado à demolição, mas onde estão instalados ainda estabelecimentos de vária natureza e casas de habitação. Tem a forma de um rectângulo contido entre a Rua da Mouraria (junto ao Arco, onde avulta ainda o portal brazonado dos Sylvas, entrada hoje de uma serralharia), a Rua Martim Moniz (onde existia um portal do antigo tipo arquitectónico) a Rua da Palma, agora em muro raso (desde que em 1935 foi demolido o prédio da Ourivesaria Cunha, que se encontrava a este topo do palácio) e o Largo de Silva e Albuquerque, antiga Rua dos Canos (onde na fachada se rasgam dois portais também do tipo dos antecedentes). O Arco sobre o qual assentam dois andares, cada um com sua janela, pertence ao prédio da Rua do Marquez do Alegrete, que se lhe encosta, e que é propriedade também da família dos Condes de Tarouca.89
Tivesse a zona do Martim Moniz resistido ao grande surto de demolições empreendidas em meados do século passado, e o limite poente da área de intervenção do Gabinete Técnico Local da Mouraria, quando foi formado, não teria terminado no lado nascente da rua homónima, mas estender-se-ia, certamente, até à rua da Palma, integrando o velho palácio do marquês de Alegrete, que não seria mais um “palácio ausente, uma memória quase esquecida”, mas um testemunho vivo, classificado como “edificação especial a preservar”, recuperado por novo entendimento da cidade histórica que trouxe consigo as operações de reabilitação urbana.
APÊNDICE DOCUMENTAL
Doc. 1
1689, agosto, 17 – Cordeamento realizado a um chão, atrás das casas do marquês do Alegrete, na rua que vai para São Lourenço e onde quer fabricar de novo umas casas.
AML, Livro de cordeamentos de 1689, f. 43-4490
Cordeamento que se fes hem hum chão que esta por detras das Cazas do Marques de Alegrete na Rua que uay pera são Lourenco no qual quer de nouo fabricar Cazas o ditto Marquez
Aos dezassette dias do Mes de agosto de seisCentos e outentta e noue annos nesta Cidade de Lisboa as portas da Mourarya por detras das Cazas do Marques de Alegrete na Rua que uay pera são Lourenco e chão onde de nouo quer fabricar Cazas o Marquez de Alegrette e estando ahy prezentte o desembargador João Coelho de Almeyda fidalgo da Caza de sua Magestade e Vereador do Senado da Camera e que a seu Cargo Tem o pelouro das obras della Comigo escriuão e outrosim João Luis medidor das obras da Cydade e domingos da gama homem das obras da dita Cidade e ahy por parte do dito Marques de Alegrette lhe foy apresentado huma peticão [f. 43v.] peticão em seu nome em que pedya ao Senado da Camera e lhe dezya que por detras das suas Cazas Tinha huns chaõs onde pera São Lourenco em que querya fabricar Cazas o que não podia fazer sem Licenca digo sem se fazer Cordeamento pello que pedia lhe mandasse aos officiaes do Regimento lhe fosem fazer o dito Cordeamento depozytando a cauzão e Com hum despacho posto ao pee da dita peticão per que mandão aos offycyaes do Regimento escryto por elle a forma da ditta peticão e despacho mandou fazer o dito Cordeamento pella maneira seguinte
A saber medindo sse no Cunhal das Cazas do dito Marquez que fica junto ao chão que he da banda do poente ficara a Rua que uay pera São Lourenco de vinte e seis palmos de largo e medindo sse no princypio deste chão que he juntto deste Cunhal honde de nouo se ha de asentar hum Cunhal no dito chão91ficara a Rua que uay pera [f. 44]92saõ Lourenço de vinte e hum palmo de largo e daquy estrosera direitto este chão athe Topar Com o Muro da serqua do bisConde de ponte de Lima sem Tomar nada do publico honde ficara a Rua de uinte e quatro palmos de largo medindo athe a parede das Cazas em frente o qual Cordeamento foy feitto por João Luis medidor das obras da Cidade e por uara de Medir de sinco palmos da Marca da Cydade e tornando a ditta peticão a Meza com a certidão do Cordeamento se pos nella o seguinte despacho
Dão licenca ao supplicante pera fazer a obra na forma do Cordeamento em meza dezanoue de Agosto de seiscentos e outentta e noue Com sinco Rubricas dos Vereadores nella francisco Rybeiro Antonio Borges e de tudo se fes este autto que eu Belchior Moreira o esCreuy
Doc. 2
1692, março, 29 – Treslado de uma petição do marquês do Alegrete de uma licença para mandar fazer obras nas suas casas.
AML, Livro de cordeamentos de 1692, f. 21v.-2493
[f. 21v.]
Treslado de hũa peticão do Marques de alegrette sobre a licenca pera Mandar fazer as obras nas suas Cazas
Diz o Marques de alegrete que pera effeitto de fazer as obras da sua Caza e hauer de Correr a frontarya dellas de Recta Requereo digo directa Requereo a Vossa Senhorya Mandasse fazer uestorya e Cordedeamento94 e Com effeitto se fes per todo o Senado Como Consta da Certidaõ juntta do Mestrejoão Luiz e Não tem duuida a dar de chão das Casas que Comprou da parte da orta defronte das suas casas mesmas os palmos95 de chão que se hão de tomar da Rua publica declarados na Certidão da Medicaõ Com que a Rua fique Com a mesma Largura e mais direitta e per que se lhe perdeo a Licenca que se lhe hauya dado em uertude da dita uestorya e Medicão pede a uossa Senhoria lhe faca Merce Mandar Reformar a dita Licenca pera fazer a obra declarada na dita Certidão dando o chão offerecido pera a Rua
Despacho
Aos officiaes do regimento Meza
[f. 22]
Meza uinte e noue de marco de seisCentos e nouentta e dous Com sette Rubricas do prezidente e Vereadores Mello pereira Manoel ferreira Luiz gomes
Certidão da uestorya
Belchior Moreira esCriuão do Tombo dos bens e propriedades do Senado da Camera desta Cidade de Lisboa e do Hospital de São Lazaro della e me fuy Com o dezembargador Sebastião Reis de Barros fidalgo da Casa de Sua magestade e Vereador do Senado da Camera e que a seu Cargo Tem o pilouro das obras della Com miguel de mello procurador da Cidade e joão Luiz medidor das obras dita Cidade e Domingos da gama homem das obras della fomos as portas da mourarya a uer Cordear as frontarias das Casas do marques de Alegrete e o que pedia a Cidade da Rua publica dando outros tantos palmos de chão das Casas que Comprou da banda das ortas Como Consta da Certidão juntta do medidor das obras da Cidade joão Luiz o qual Cordeamento se mandou fazer pella maneira seguinte
A saber Comesando da hobra que [f. 22v.] que ja esta feitta defronte da porta da horta de miguel de mello ficara a Rua que uay pera o jogo da pella de trinta e dous palmos de largo e hindo Continuando per diante Cordehando Com ha hobra que esta feitta athe96 athe ha ombreira da porta do pasteleiro ficara a Rua de trinta e dous palmos de largo entrando toda a largura pella Caza dentro e hindo por diente no mesmo Cordeamento ate a Caza da tauerna onde esta huma estaca que se pos quando se fes o outro Cordeamento ficara a Rua desta estaca pera dentro de trinta e dous palmos de largo e nesta estaca se ha de por hum cunhal onde aCaba ha hobra que uolta pera as Cazas que são do mesmo Marques que ficam da banda debayxo e ficara a boca da Rua de trinta e dous palmos de Largo que fas frente ao postigo da Rua Noua da palma e por esta maneira se mandou fazer o dito Cordeamento o qual foy feitto por joão Luiz medidor das obras da Cidade e por uara de medir de Sinco palmos de que passey esta Certidão em Lisboa aos [f. 23] Aos dezoutto de Abril de seisCentos e nouenta e dous annos Belchior Moreira
Despacho
Dão licenca ao supplicante pera fazer a obra na forma do Cordeamentto Com Condisão que antes que principye a obra pera Corrente a Largura da Rua que dá em Lugar da que toma pera beneficio da dita obra Lisboa uinte e hum de Abril de seisCentos e nouentta e dous Com Sette Rubricas do presidente e Vereadores do Senado da Camera Mello pereira Manoel ferreira Luiz gomes e não dezia Mais a dita peticaõ e despachos e Certidão da uestorya que tudo foy aquy treslado bem e fielmente na uerdade por Mim escriuão em Lisboa aos vinte e noue de Abril de seisCentos e nouenta e dous a qual peticão e Certidão se tornou a leuar digo se tornou a entregar ao ditto Marquez de Alegrete
Certidão de joão luiz
Joaõ Luiz Mestre e medidor das obras da Cidade Certifico que eu fuy com o Senado da Camera ve [f. 23v.] Vereadores procuradores da Cidade e os procuradores dos Misteres fomos as portas da Mourarya a uer e Cordear as frontarias das Cazas do marquez de alegrete e Medir o que podia a cydade pera meter as frontaryas das suas Cazas em esCoadrya a qual medisão e Cordeamento foy feitta em noue dias de Marco de seisCentos e Setentta e Seis e pella Maneira seguinte Comesando na boca do Cano do Cabo junto a porta da horta de Miguel de Mello Tem a Rua trintta e tres palmos e neste ponto se toma da Rua quatro palmos e meyo e na boca entre o Cunhal nouo e o Cunhal das Casas de Donna Marya de bulhão que estão da banda de nossa Senhora da Saude e Tem a Rua de emtrada Sesentta e dous palmos e meyo e do Cunhal defronte do poso da parede delle ha palmos Sincoenta e quatro e toma neste Cunhal Sette palmos e fica liures os sinCoenta e quatro e toma neste digo os sincoenta e quatro que tudo hera Necessaryo pera se meterem as frontaryas em escoadria e esta Certidão passey [f. 24] passey por hum aranzel que achey nos masos dos papeis das minhas Certidóis e por me ser pedida por parte do Senhor Marques e Não me lembra que tenha passada passado outra e em Cauzo que a tenha passada a ella me Reporto em todo e por todo Lisboa oje uinte e hum de Marco de seisCentos e Nouenta e dous annos João Luiz e não dezia mais a dita Certidão que foy aquy tresladada bem e fielmente na uerdade por mim esCriuão
Doc. 3
Décima da Cidade, Freguesia do Socorro, Arruamentos, anos de 1762/3
AHTC, Décima da Cidade, Freguesia do Socorro, Arruamentos, anos de 1762/3, DC 1160 AR
Rua Direita da Mouraria, parte direita
[f. 1] N.º1 - Propriedade do Excelentissimo Marques de Alegrete parte do Palacio que a prezente consta de duas Logeas e algumas acomodacoinz em sima por se achar aruynado a saber:
Primeira Logea arrendada a Romão do Valle com armazens de vinho morador em S. quintino em quarenta mil reis
Antonio Alves quarolla ganha por anno sincoenta e sete mil e seiscentos reis
Segunda Logea e algumas cazas por sima q se abitão alem do aruynado Palacio arendado tudo a Antonio Joaõ carpinteiro da Rua das Arcas em setenta e dous mil reis.
[f.1v.] Marcos Francisco official do dito officio de carpinteiro da Rua das Arcas
(Rua Direita da Mouraria, parte esquerda)
[f. 11] – N.º1 Propriedade do Palacio do Excelentissimo Marquez de Alegrete que anda arendado e consta de varias Logeas repartidas com Madeira e varias acomodaçoins em sima que por não ser Couza Estavel se nâo declaram aqui ao todo e se põem abayxo, alem
Primeira Logea que era o vaó do Saguam e se acha com varios repartimentos para outras Logeas abayxo descritas com seu sotaó por sima tudo arendado em cento e quarenta e quatro mil reis por anno a Francisco Dias com logea de merciaria muito groça de muito trafico o qual pagou da sua maó as acomodaçoins seguintes
Manoel Lopes seu cayxeiro ganha por mez dois mil reis
[f. 11v.]
Outra Logea que ocupa Antonio Manoel Zacarias com Logea droguista com muito trafico que paga de renda quarenta e três mil e duzentos reis a Fran.co Dias inquilino retro que vay comprehendido nos 144$000 do seu arendamento
Manuel Nunes Cayxeiro do dito Droguista morador na mesma Logea Declarou não venser ordenado
Outra Logea que serve de cortar carne de q he Cortador Joze vaz morador na Travessa da bica arendada em vinte e outo mil e outocentos reis q paga a Francisco Dias comprehendidos no seu arendamento, declarou ganhar mil e seiscentos reis por semana
Outra Logea que esta ao pe do arco da parte de fora pertensente a Freguesia de Santa Justa que ocupa Francisco Roiz (?) com loja de Retroz e paga de Renda a Francisco dias a quantia de quarenta e outto mil reis compriendidos na renda do principal inquilino
Avaliação da Mayoria
Declarase que por constar pellos arendamentos dos inquilinos supra que o inquilino principal Francisco Dias ficava na Logea grande que ocupa e sotaão que ocupa [f. 12] ocupa na quantia de vinte e quatro mil reis sendo diminutta ao seu valor se mandou avaliar a mayoria que se devia dar de renda pella ditta Logea e Sotão o que tudo foy avaliado pellos Mestres respetivos em trinta e seis mil reis de cuya mayoria deve pagar decima o ditto inquilino principal pello lucro com que fica avista do que lhe pagaó os rendeiros subalternos que sam vinte e sinco moedas de ouro.
Continua a ditta propriedade
Outra Logea que serve de seleiro de trigo com entrada na Rua de Sam Visente e tem hua Logea intrior que tudo ocupa André Pinto Rebello morador na Quinta Velha paga de renda cada anno noventa e seis mil reis
[f. 12v.]
Outra Logea muito grande que compreende todo o vam do Palacio com porta para duas ruas arendada a João goncaluez Barros mercador de vinhos com armazem grande com quatro ordens de pipas em cento e quinze mil reis – e declarou vender the trinta pipas de vinho
João da Silva criado do sobreditto ganha dez tostoinz por dia
Outra Logea e hum sotão por sima arendado em quatorze mil e quatrocentos reis a Joze da Silva com Logea de Louçapouca, sortida e de pouco trafico
Outra Logea que ocupa Domingos Guedes mestre cerieyro o qual alugoua ditta logea com parte do sobrado de sima em setenta e seis mil e outtocentos reis e aluga o seguinte compriendido na ditta quantia
[f. 13]
Hum quarto de cazas do dito Palacio comprehendido no que alugou Domingos Guedes nas dezasseis moedas arendado em vinte mil reis a Matheus Rodriguez (?)
Outro quarto do mesmo Palacio arendado a Francisco Dias rendeiro em dezanove mil e duzentos reis que paga Domingos Guedes por ser compriendido no arendamento das dezasseis moedas em que não há mayoria para avaliar
Outra logea arendada a Manoel Alves Mestre marsineiro velho e de pouco trafico, em vinte e quatro mil reis
Outra logea que ocupa Mariana de Jezus linheira cazada com Antonio gonçalves, paga a renda em cada anno vinte e quatro mil reis
Outra Logea que ocupa Valentim João Mestre corrieyro arendada em vinte e outto mil reis
[f. 13v.]
Primeiro e ultimo andar que so tem o dito Palacio no conserto que se fes
Hum quarto arendado a Manuel Estevam Torres que ensina Estudantes tera de ordenado trezentos mil reis por anno deve mostrar certidão em como no pagamento se lhe tira a decima pera se lhe não passar, paga de renda cada anno 57$600
(?) Joaquina criada ganha outto mil reis diz ser emgeitada
Hum quarto interior com repartimentos de pau arendado a Joze Alves Mestre Carpinteiro da Rua dos Arcos em seis mil reis
Outro quarto do mesmo modo arendado em seis mil reis a Joze Gonsalves Reis official de carpinteiro (?)
Outro quarto arendado em trinta e seis mil reis a Donna Antónia Ignacia valera 36$800
(...)
[f.16v.] N.º7 – Propriedade de D. Thereza Maria de Aguiar veuva de Antonio Alvares dos Reys que he a seguinte
Primeira Logea arendada em quarenta mil reis a Esteuão Barretto Mestre seleiro
Segunda Logea arendada em quarenta mil reis Jeronimo Goncaluez Vianna com Logea de Fancaria groça
Hua propriedade de Cazas Nobres que constam de logea, Cavallarsas, Cocheiras, Paleiro, primeiro, segundo e treseiro andar em que vive a Senhoria e sua familia e no que dice que se procedeo a avaliacaom pellos Mestres respetivos os quais a avaliaram em trezentos e sincoenta mil reis
Antonio Joze criado que ganha vinte e quatro mil reys por anno.
[f. 17]
Manoel da Silua ganha dezanove mil e duzentos reis
Manoel Galego de servir a Caza ganha por anno quatorze mil e quatrocentos reis
Ignacia Michaella criada ganha quatorze mil quatrocentos reis por anno.
FONTES E BIBLIOGRAFIA
Fontes manuscritas
Arquivo Municipal de Lisboa
Anteprojeto de prolongamento da avenida Almirante Reis e da ligação da rua da Palma entre a Guia e o Poço do Borratem, 1926. PT/AMLSB/UROB-PU/10/002/02.
Averiguação acerca da árvore genológica e histórica do palácio do marquês do Alegrete. Processo n.º 302 de 1960. PT/AMLSB/CMLSB/CULT/01/003343.
Livro de cordeamentos de 1689.
Livro de cordeamentos de 1692.
Obra n.º 24553.
Obra n.º 4178.
Parecer 107 de 17/5/1887, expropriação de barracão de marquês de Penalva. PT/AMLSB/CMLSB/UROB-PU/06/0843.
Planta de alinhamento da rua da Mouraria, 30/7/1894. PT/AMLSB/CMLSB/UROB-PU/09/01255.
Processo 312 de passagem para o largo Silva e Albuquerque. PT/AMLSB/CMLSB/UROB-PU/09/00312.
Processo de vistoria no largo da Saúde 51 a 53 de 2/3/1838 (propriedade do marquês de Penalva). PT/AMLSB/CMLSB/UROB-OP/06/0057.
Processo n.º 302 de 1960 - averiguação sobre o palácio marquês do Alegrete.
Projecto de passagem para o largo de Silva e Albuquerque, 1916-04-15-1916-05-24. PT/AMLSB/CMLSB/UROB-PU/09/00312.
Fotografia
Eduardo Macedo Portugal, PT/AMLSB/EDP/000948.
Eduardo Portugal, PT/AMLSB/POR/019589.
Eduardo Portugal, PT/AMLSB/POR/050827.
Eduardo Portugal, PT/AMLSB/POR/058457.
Fundo Antigo, PT/AMLSB/FAN/001687.
José Artur Bárcia, PT/AMLSB/BAR/000261.
José Artur Bárcia, PT/AMLSB/BAR/000268.
José Neves Águas, PT/AMLSB/NEV/001394.
José Neves Águas, PT/AMLSB/NEV/001395.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Chancelaria de D. Pedro II, Título do marquês do Alegrete, Manoel Telles da Silva, L. 18, f. 14; L. 5, f. 22.
Códices e documentos de proveniência desconhecida, n.º 153, Planta das freguesias de Lisboa, Planta n.º 67, “Planta da Freguezia de N Sª do Socoro”.
Processos de habilitação de familiares do Santo Ofício, Manoel Telles da Silva, 1.º marquês de Alegrete, 2.º conde de Vilar Maior, n.º 17, dil. 446.
Arquivo do Tribunal de Contas
Décima da Cidade
Freguesia de Santa Justa, Arruamentos, ano de 1762/3, DC 634 AR.
Freguesia de Santa Justa, Prédios, ano de 1762/3, DC 634 P.
Freguesia do Socorro, Arruamentos, ano de 1762/3, DC 1160 AR.
Freguesia do Socorro, Prédios, ano de 1762/3, DC 1160 P.
Biblioteca Nacional de Portugal
Cartas de frei Luís da Silva para Manoel Teles da Silva. In Miscelânia. Reservados, Cod. 11059.
Arquivo Tarouca (BNP Reservados)
Cartas do marques de Alegrete, para o seu irmão o conde de Tarouca, AT/163, vol. II.
Cartas do conde de Tarouca para o seu filho e família, AT 270.
Cartas do conde de Tarouca para parentes e amigos, (1709-1710), AT 273.
Copia dos reaes aparatos e obras que se ficeram em Lixboa na occasiam da entrada e dos desposorios de Suas Majestades [Manuscrito]: Imago Ulysseae exultantis in adventu Ser[enissi]mae Portugalliae Regina Mariae Sophiae / depicta et repraesentata manu et penicillo P. Joannis a Regibus S.J. Potent[issi]mi Regis Lusitaniae mathematici, 1687. AT/L 317.
Compendio da vida do Ill.mo e R.mo Senhor D. Fr. da Silva, Arcebispo de Évora (Manuscrito/ escrito pello R.mo P.e Fr. Simão de Brito da Ordem da Santíssima Trindade, Pregador Geral e tres vezes redentor de cativos. 1703, BNP, Reservados, Cod. 269.
Fontes Impressas
ALEGRETE, Manoel - De rebus gestis Joannis II Lusitanorum regis, optimi principis muncupati. Ulyssipone: Michael Manescal, 1689.
Cartas do conde de Tarouca, embaixador de Portugal, dirigidas ao Cardeal da Cunha. [S.l.]: Tipografia Elite, 1927.
Catálogo dos manuscritos da antiga livraria dos marqueses de Alegrete, dos condes de Tarouca e dos marqueses de Penalva. [S.l.: s.n.], 1898.
CASTRO, João Baptista de - Mappa de Portugal antigo e moderno. Lisboa: Off. de Francisco Luis Ameno, 1762-1763. vol. III.
COSTA, Antonio Rodrigues da – Embaixada que fes o Excellentissimo Senhor Conde de Villar-Maior (hoje Marques de Alegrete) (...) ao (...) Principe Philippe Guilhelmo Conde Palatino (...) Conduçam da Rainha Nossa Senhora a estes Reinos, festas, applausos, com que foi celebrada sua felix vinda, as augustas vodas de Suas Majestades. Lisboa: Officina de Miguel Menescal, 1694.
COSTA, Padre Carvalho da - Corografia Portuguesa, e descriçam topográfica do famoso Reyno de Portugal […]. 2.ª ed. Braga: Typ. De Domingos Gonçalves Guveia, 1868-1869.
Dicionário histórico, corográfico, heráldico, biográfico, bibliográfico, numismático e artístico. Lisboa: João Romano Torres, 1904-1915. vol. I.
VALENÇA, Marquez de - Elogio funebre do Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Conde de Tarouca João Gomes da Silva composto pelo Marquez de Valença. Lisboa Occidental: Off. de Miguel Rodrigues, 1739.
MENDONÇA, Joachim Joseph Moreira de - Historia universal dos terremotos, que tem havido no mundo, de que ha noticia, desde a sua creaçaõo até o seculo presente. Com huma narraçam individual do terremoto do primeiro de Novembro de 1755, e noticia verdadeira dos seus effeitos em Lisboa, todo Portugal, Algarves, e mais partes da Europa, Africa, e America, e huma dissertaçaõ phisica sobre as causas geraes dos Terremotos, seus effeitos, differenças, e Prognosticos; e as particularidades do ultimo por Joachim Joseph Moreira de Mendonça. Lisboa: Offic. de Antonio Vicente da Silva, 1758.
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Submissão/submission: 17/02/2016
Aceitação/approval: 22/04/2016
NOTAS
* Maria Alexandra Trindade Gago da Câmara é historiadora de Arte. Doutora e Mestre em História da Arte. É docente na Universidade Aberta onde se doutorou em 2002. Tem a cargo diferentes unidades curriculares sobre História da Arte e Património Histórico e Artístico e a Coordenação do Mestrado em Estudos do Património. As suas áreas de investigação são as Artes Decorativas e o Património artístico do barroco (séculos XVII e XVIII). É investigadora do Centro de História da Arte e Investigação Artística (CHAIA) da Universidade de Évora , do Centro de Investigação e Tecnologia das Artes - Universidade Católica . Escola das Artes – Universidade Católica Portuguesa – Delegação Porto (CITAR) (Linha de Artes Decorativas) e do Instituto de História da Arte -ARTIS - FLUL. Interessa-se pela História de Lisboa - Arquitectura e Urbanismo tendo integrado entre 2005 e 2006 um grupo de trabalho sobre as vistorias à Baixa Pombalina. Correio eletrónico: agagodacamara@sapo.pt
** Arquiteta, Doutorada em História da Arte pela Universidade Nova de Lisboa, foi docente de História da Arte no Ensino Secundário e no Ensino Superior (Universidade Aberta). Colaborou, simultaneamente como arquiteta e historiadora de arte, com o Gabinete Técnico Local da Mouraria da Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito dos trabalhos de reabilitação urbana, onde teve a seu cargo a gestão e estudo de edifícios e conjuntos de valor patrimonial. Também simultaneamente como arquiteta e historiadora de arte, integrou o grupo de técnicos que elaborou as vistorias à Baixa Pombalina, entre 2005 e 2006. Correio eletrónico: teresacc@netcabo.pt
1 “Planta da cidade de Lisboa em que se mostram os muros de vermelho com todas as ruas e praças da cidade dos muros a dentro com as declarações postas em seu lugar. Delineada por João Nunes Tinoco. Arquitecto de Sua Magestade. Ano de 1650”, in SILVA, Augusto Vieira da - Plantas topográficas de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal, 1950. planta n.º 1.
2 Arquivo Nacional Torre do Tombo (ANTT), Livro das plantas das freguesias de Lisboa, Casa Forte n.º 153, f.67, publicada in SANTANA, Francisco - Lisboa na 2.ª metade do século XVIII: plantas e descrição das suas freguesias: recolha e índices. Lisboa: Câmara Municipal, 1976. f. 79.
3Arquivo Municipal de Lisboa (AML), Atlas da carta topográfica de Lisboa: Nº 36 (PT/AMLSB/CMLSB/UROB-PU/05/01/38), publ. in VIEGAS, Inês; TOJAL, Alexandre Arménio Maia, coord. - Atlas da carta topográfica de Lisboa: sob a direcção de Filipe Folque, 1856-1858. Lisboa: Câmara Municipal, 2000. planta 11G.
4 SILVA, A. Vieira da - Sítio e palácio do marquês de Alegrete. Revista Municipal. Lisboa: Câmara Municipal. Nos 30/31 (1948), p. 3-15.
5Uma biografia dos Telles de Meneses e Telles da Silva foi elaborada pelo padre Carlos da Silva Tarouca em: O alferes-mor da Restauração. Revista Brotéria. Lisboa. Nº 31 Fasc. 6 (1940), p. 568-587 esboçada, sem dúvida, a partir do conhecimento que tinha do espólio documental do arquivo da família (Arquivo de Tarouca), o qual viria a ser adquirido, na sua maioria, pela Biblioteca Nacional. A este trabalho juntou-se, a tese de doutoramento de Isabel Maria Araújo Lima Cluny Summavielle, tese em História e Teoria das Ideias, apresentada à Universidade Nova de Lisboa em 2002, O conde de Tarouca e a diplomacia na época moderna. Lisboa: Livros Horizonte, 2006, na qual a biografia da família está também bastante desenvolvida. O nosso texto surge no contexto de uma investigação em curso mais alargada sobre o património artístico da família Telles da Silva.
6 MIGUEL, Pedro Lopes Madureira da Silva - Descobrir a dimensão palaciana de Lisboa na primeira metade do seculo XVIII: titulares, a corte, vivências e sociabilidades [Em linha]. Lisboa: [s.n ], 2012. Dissertação de mestrado em História Moderna e dos Descobrimentos, apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. [Consult. 01.2016]. Disponível na Internet: http://hdl.handle.net/10362/7861
7 Sermam nas exequias do excellentissimo senhor Manoel Telles da Sylva, primeyro Marquez de Alegrete, que prégou na Igreja Parochial de N. S. do Socorro, desta Corte de Lisboa, em 13 de Outubro de 1703 [i. é 1709], havendo falecido em 13 de Setembro do mesmo anno... Fr. Pedro Monteyro. Lisboa: Officina de Antonio Pedrozo Galram, 1716. p. 9.
8 TAROUCA, Carlos da Silva - Conselhos dum ministro de D. Pedro II para seu filho, reitor da Universidade de Coimbra. Revista Brotéria. Lisboa. Vol. XXXVI Fasc. 5 (1943), p. 483.
9Em 1655, segundo o assento dos livros da Casa Real, era moço fidalgo e três anos depois escudeiro-fidalgo. Cf. CLUNY, Isabel - O conde de Tarouca e a diplomacia na Época Moderna. Lisboa: Livros Horizonte, 2006. p. 32.
10 Uma das estratégias mais correntes era a de aliança, através de duas Casas/famílias, pelo casamento. Assim se satisfazia a “disciplina familiar” que determinava o destino individual de quem as integrava, particularmente os filhos primogénitos. Pela aliança matrimonial assegurava-se o património e a perpetuação da descendência. Acrescentava-se a Casa como cumpria. Cf. MONTEIRO, Nuno Gonçalo - O crepúsculo dos grandes: a casa e o património da aristocracia em Portugal: 1750-1832. 2ª ed. rev. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2003. p. 144.
11 Cf. CLUNY, Isabel - ob. cit., p. 32.
12 As festas deste casamento ficaram registadas no códice Copia dos reaes aparatos e obras que se ficeram em Lixboa na occasiam da entrada e dos desposorios de Suas Majestades [Manuscrito]: imago Ulysseae exultantis in adventu Ser[enissi]mae Portugalliae Regina Mariae Sophiae depicta et repraesentata manu et penicillo P. Joannis a Regibus S.J. Potent[issi]mi Regis Lusitaniae mathematici. 1687, existente na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), Reservados, A.T./L.317, manuscrito que fazia parte da livraria do marquês. Sobre este assunto cf. BORGES, Nelson Correia - A arte nas festas do casamento de D. Pedro II. Porto: Paisagem, 1982 e PEREIRA, João Castel-Branco, coord. - Arte efémera em Portugal. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.
13 Embaixada que fes o Excellentissimo Senhor Conde de Villar-Maior (hoje Marques de Alegrete) (...) ao (...) Principe Philippe Guilhelmo Conde Palatino (...) Conduçam da Rainha Nossa Senhora a estes Reinos, festas, applausos, com que foi celebrada sua felix vinda, as augustas vodas de Suas Majestades. Lisboa: Officina de Miguel Menescal, 1694.
14 Também o seu filho João Gomes da Silva, 4.º conde de Tarouca, viveu na casa da Mouraria, embora haja referências que a partir da data do seu matrimónio se tenha mudado para outro local da cidade, pois sabemos que o seu sonho fora construir um grande palácio, no sítio da Cotovia num terreno que fazia parte da herança da mulher (Joana Rosa Gomes da Silva, 4.º condessa de Tarouca). Iniciadas as obras em 1699, à data da morte de Manuel Telles da Silva (1709) não estavam ainda concluídas. Cf. CLUNY, Isabel, ob. cit., p. 83-86. Ver também sobre João Gomes da Silva, COUTINHO, Maria João Pereira - O palácio do Monteiro-Mor e a visão da arquitectura civil lisboeta na primeira metade de Setecentos por João Gomes da Silva: 1671-1738, 4.º conde de Tarouca. In CONGRESSO DE HISTÓRIA DA ARTE PORTUGUESA: HOMENAGEM A JOSÉ-AUGUSTO FRANÇA, 4, Lisboa, 2012 - IV Congresso de História da Arte Portuguesa de Homenagem a José-Augusto França: actas. Lisboa: Associação Portuguesa de Historiadores de Arte, 2012. p. 77-84.
15 De rebus gentis Joannis II, que se publicou em Lisboa, no ano de 1689, e teve outra edição em Haia, em 1712. Deixou também em manuscrito muitas epístolas familiares, epigramas e elogios na língua latina. Interessante salientar que nas memórias paroquiais de Santa Justa consultadas, no f. 166, existem referências ao livro sobre D. João II que compôs “na língua latina muito pura e elegante” ANTT,Memórias paroquiais, vol. 20, n.º 93k, p. 795-800.
16 SOUSA, António Caetano de - História genealógica da Casa Real Portuguesa. Coimbra: Atlântica, 1949. tomo IX, p. 338-339.
17 Idem, ibidem, tomo I, APP. XCIII, n.º 191.
18 Agradecemos aos arquitetos Victor Mestre e Sofia Aleixo terem-nos facultado o trabalho Quinta do marquês de Alegrete: conservação e restauro do palácio e jardim romântico: relatório prévio e memória descritiva, fevereiro de 2014, que elaboraram para apresentar à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
19 Agradecemos a Joaquim Moedas Duarte e Maria Manuela Catarino nos terem facultado o texto da sua comunicação “A quinta das Lapas: da casa construída pelo 1.º marquês de Alegrete a jardim romântico/neoclássico do século XIX” apresentada numa conferência integrada nos encontros anuais “Chá de Pedra”, sob o tema A Quinta, Chás de Pedra, 5ª edição, 11 de julho, 2015, Azenha de Sta Cruz, org. Câmara Municipal de Torres Vedras, Arquivo Municipal de Torres Vedras, Museu Municipal Leonel Trindade (ainda no prelo).
20 TAROUCA, Carlos da Silva - Conselhos dum ministro de D. Pedro II..., ob. cit., p. 483.
21 CLUNY, Isabel - O Conde de Tarouca e a diplomacia..., ob. cit., p. 29.
22 SILVA, A. Vieira da - Sítio e palácio..., ob. cit., p. 12.
23 TAROUCA, Carlos da Silva - Conselhos dum ministro de D. Pedro II..., ob. cit., p. 482.
24 “Planta da cidade de Lisboa em que se mostram os muros de vermelho com todas as ruas e praças da cidade dos muros a dentro com as declarações postas em seu lugar. Delineada por João Nunes Tinoco. Arquitecto de Sua Magestade. Ano de 1650”, in SILVA, Augusto Vieira da - Plantas topográficas de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal, 1950. planta n.º 1.
25 SILVA, A. Vieira da - Sítio e palácio..., ob. cit., p. 10.
26 Idem, ibidem, p. 11, que nos dá também as suas medidas, de acordo com o Tombo de 1578, citando OLIVEIRA, Eduardo Freire de – Elementos para a história do município de Lisboa. Lisboa: Typographia Universal, 1882-1943. vol. III, p. 136. Augusto Vieira da Silva apresenta a planta correspondente em A cerca fernandina de Lisboa. 2ª ed. Lisboa: Câmara Municipal, 1987. vol. I, mapa II.
27 SILVA, A. Vieira da - Sítio e palácio..., ob. cit., p. 12
28Sobre a importância dos cordeamentos no acompanhamento de obras cf. COELHO, Teresa Maria da Trindade de Campos - Os Nunes Tinoco, uma dinastia de arquitectos régios dos séculos XVII e XVIII. Lisboa: [s.n.], 2014. Tese de doutoramento em História da Arte, especialidade História da Arte Moderna em Portugal apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. p. 128-132, e ainda SILVA, Maria de Lurdes Ribeiro da - Aspectos da intervenção do Senado da Câmara na reconstrução pombalina: os livros de cordeamentos. In COLÓQUIO TEMÁTICO, 1, Lisboa, 1997 - O município e a dinâmica urbana: séculos XVI a XIX: actas. Lisboa: Câmara Municipal, 1997. p. 101-120; MARQUES, Cátia Teles e - Fontes para o estudo das casas religiosas de Lisboa: os livros de cordeamento de 1700 a 1750. Cadernos do Arquivo Municipal. Lisboa: Câmara Municipal. 2ª Série N.º1 (2014), p. 311-327; MATOS, José Sarmento de; PAULO, Jorge Ferreira - Da relevância dos livros de cordeamento no estudo da arquitetura de Lisboa: o caso do Palácio Sanches de Brito. Cadernos do Arquivo Municipal. Lisboa: Câmara Municipal. 2ª Série N.º1 (2014), p. 155-178. Este tema foi objeto de duas comunicações em COUTINHO, Maria João Pereira – Cordeamentos: subsídios para a história da arquitetura civil e religiosa de Lisboa seiscentista e setecentista. In COLÓQUIO UM ACERVO PARA A HISTÓRIA, 1, Lisboa, 2012 – Atas. Lisboa: Arquivo Municipal, 2012 e CARITA, Hélder - Palácios de Lisboa nos séculos XVII e XVIII e os livros de cordeamentos. In COLÓQUIO UM ACERVO PARA A HISTÓRIA, 1, Lisboa, 2012 – Atas. Lisboa: Arquivo Municipal, 2012.
29 Pedro Lopes Madureira da Silva MigueL refere que, quando os marqueses de Alegrete construíram junto da sua antiga residência um novo palácio, “quarto velho” passou a designar a primitiva residência, enquanto “quarto novo” se aplicou ao novo palácio, termo que o prior da paróquia passaria a utilizar também para definir a morada dos marqueses, a partir dessa renovação - Descobrir a dimensão palaciana de Lisboa na primeira metade do século XVIII: titulares, a corte, vivências e sociabilidades, ob. cit., 2012, p. 43. Discordamos no entanto da afirmação deste autor (vol. II, p. 6-13) de que o “quarto velho” se situaria junto da porta da Mouraria, no outro lado da rua homónima, uma vez que a implantação das primitivas casas de morada da família Telles da Silva foi definida por Eduardo Freire de Oliveira e A. Vieira da Silva (cf. nota 27).
30 A compra destes terrenos destinava-se ainda a recompensar o Senado pelo que se tomava da via pública para regular a fachada do palácio, de acordo com os cordeamentos de 1676, 1689 e 1692 feitos pelo mestre da cidade João Luiz (cf. docs. 1 e 2, em anexo).
31 TAROUCA, Carlos da Silva - Conselhos dum ministro de D. Pedro II..., ob. cit., p. 483, o autor refere que este alvará constava do Arquivo Tarouca (B, VI, 2) mas não o conseguimos localizar no espólio que hoje integra a Biblioteca Nacional de Portugal (BNP).
32 Filho natural de Margarida de Noronha e de Francisco da Silva (clérigo e deputado da Inquisição de Lisboa, irmão de Fernão Telles da Silva, 1.º conde de Vilar Maior), foi nomeado em 1674, deputado da Junta dos Três Estados e deão da Capela Real e, no ano seguinte, escolhido por D. Pedro II para bispo de Lamego, cargo que exerceu até 1684, quando foi nomeado bispo da Guarda. Em 1691 seria nomeado arcebispo de Évora, sucedendo a Domingos de Gusmão, sobrinho de D. Luísa de Gusmão, cargo que exerceu até à sua morte. Para a biografia de Frei Luís da Silva consultámos Memória da vida e morte do 10º arcebispo de Évora D. Fr Luis da Silva Telles(Arquivo Distrital de Évora (ADE), Códice CVI/1-27), manuscrito publicado por SARANTOPOULOS, Panagiotis - A cidade de Évora, XLIII-XLIV (1986-97), n.° 69-70, p. 125-179, e Compendio da vida do Ill.mo e R.mo Senhor D. Fr. da Silva, arcebispo de Évora (Manuscrito escrito pello R.mo P.e Fr. Simão de Brito da Ordem da Santíssima Trindade, Pregador Geral e tres vezes redentor de cativos. 1703 (BNP, Reservados, Cód. 269), e ainda PAIVA, José Pedro - D. Fr. Luís da Silva e a gestão dos bens de uma mitra: o caso da diocese de Lamego. In RAMOS, Luís A. de Oliveira; RIBEIRO, Jorge Martins; POLÓNIA, Amélia, coord. - Estudos em homenagem a João Francisco Marques. Porto: Faculdade de Letras, 2001. vol. I, p. 243-256, que cita o seu principal biógrafo COSTA, M. Gonçalves da - História do bispado e cidade de Lamego. Lamego: Oficinas Gráficas de Barbosa e Xavier, 1977-92. vol. IV, p. 118-124), bem como outros autores igualmente importantes para este assunto.
33 Tendo ficado então alojado no convento da Trindade, onde recebera o hábito em 1641.
34 TAROUCA, Carlos da Silva - Conselhos dum ministro de D. Pedro II para seu filho...”, ob. cit., p. 493.
35 BNP, Reservados, Cod. 11059 40 e 41.
36 Memória da vida e morte do 10.º arcebispo de Évora D. Fr Luis da Silva Telles, ob. cit., f. 4v., p. 129-130.
37 Idem, ibidem, f. 6v. p. 134.
38 Idem, ibidem, f. 45v. e 47v. p. 174-175. O autor refere Fernão da Silva Telles mas, à data da morte, era ainda marquês Manuel da Silva Telles. A confusão deve-se, sem dúvida, ao facto de esta memória ter sido escrita depois de 1721, data já referida no manuscrito, f. 30, p. 158..
39 BNP, AT/163, vol. II, SUMMAVIELLE, Isabel Maria Araújo Lima Cluny - O conde de Tarouca e a diplomacia..., ob. cit., p. 82, nota 10. O espólio existente na BNP referente a esta e outra correspondência relativa ao conde de Tarouca é já amplamente citado na sua tese de doutoramento.
40 ANTT, Códices e documentos de proveniência desconhecida, n.º 153. Planta das freguesias de Lisboa, Planta n.º 67, “Planta da Freguezia de N Sª do Socoro”, publicada in SANTANA, Francisco - Lisboa na 2ª metade do século XVIII: plantas e descrição das suas freguesias: recolha e índices. Lisboa: Câmara Municipal, 1976. f. 79. Na descrição que acompanha esta planta o palácio é referido como Cazas do Marquez de Penalva, por pertencer então a Manuel Telles da Silva (1727-1789), 6.º conde de Vilar Maior, que casara com D. Eugénia de Meneses da Silva (1731-1788), 2.ª marquesa de Penalva.
41 SILVA, A. Vieira da - Sítio e palácio..., ob. cit.
42 Idem, ibidem.
43 Escolhemos para confirmação quer do estado de ruína, quer da composição dos seus habitantes, as Décima referentes ao ano de 1762 (primeiras a seguir ao terramoto) referentes quer à freguesia de Santa Justa, quer à do Socorro, uma vez que esta propriedade vem referida em ambas (Doc. 3 em anexo). AHTC, DC 634 AR; DC 634 P; DC 1160 AR; DC 1160 P.
44 MIGUEL, Pedro Lopes Madureira da Silva - Descobrir a dimensão palaciana..., ob. cit., vol. II, p.16-17.
45 Cf. doc 3.
46 Sobre a definição de “saguão”, bem como sobre a de “quarto”, de acordo com a terminologia usada na época, cf., CALDAS João Vieira; COUTINHO, Maria João Pereira - O nome e a função: terminologia e uso dos compartimentos da casa nobre da 1ª metade do século XVIII, ob. cit., p. 144 nota 34, e p.154, nota 30.
47 Sobre a transformação no modelo das escadas palacianas, cf. CARITA, Hélder - O núcleo de “escadas reais” e a formação de um modelo de palácio barroco: de João Antunes a André Soares. In CONGRESSO DE HISTÓRIA DA ARTE PORTUGUESA: HOMENAGEM A JOSÉ-AUGUSTO FRANÇA, 4, LISBOA, 2012 - Actas. 2ª ed. Lisboa: Associação Portuguesa de Historiadores de Arte, 2014. p. 122-133.
48 A. Vieira da Silva refere que era, havia muito, desaparecida, construída em mármore, tal como os vãos que para ela se abriam. Sítio e palácio..., ob. cit., p. 14
49 AHTC, Décima da cidade, Freguesia do Socorro, Arruamentos, Ano de 1765 (DC 1162 AR).
50 SILVA, A. Vieira da - Sítio e palácio..., ob. cit., p. 13.
51 Idem, Ibidem, p. 13.
52A. Vieira da Silva (ob. cit., p.14) defende que primitivamente todos deveriam ter, também, as armas dos Telles da Silva como no portal principal não existindo, quanto a nós, nada que o confirme.
53 MIGUEL, Pedro Lopes Madureira da Silva - Descobrir a dimensão palaciana..., ob. cit., vol. II, p. 17, fig. 13 e 14.
54 Idem, ibidem, p.15.
55 AML, Processos privativos da Direção dos Serviços Centrais e Culturais. PT/AMLSB/CULT/01/003343. Processo n.º 302 de 23 de novembro de 1960.
56 SILVA, A. Vieira da - Sítio e palácio..., ob. cit., p.14. Este inventário, datado de 1758, deve ter sido feito quando da morte do 1.º marquês de Penalva, D. Estêvão de Meneses (1695-1758), falecido nesse mesmo ano, passando então o título para a sua filha D. Eugénia. Dele faz parte um retrato do 1.º duque do Cadaval que era, por sua vez, bisavô de D. Estêvão de Meneses, uma vez que o seu avô, também chamado Manuel Telles da Silva (1682-1736), casara em 1698, com uma filha do 1.º duque.
57 VIEIRA LUSITANO, Francisco - Inventário das pinturas, que em 1758 possuía a Casa dos marqueses de Penalva. Lisboa: Instituto para a Alta Cultura, 1945. p. 15-16.
58 COSTA, António Rodrigues da - Embaixada que fes o Excellentissimo Senhor Conde de Villar-Maior (hoje Marques de Alegrete) (...) ao (...) Principe Philippe Guilhelmo Conde Palatino (...) Conduçam da Rainha Nossa Senhora a estes Reinos, festas, & applausos, com que foi celebrada sua felix vinda, as augustas vodas de Suas Majestades. Lisboa: Officina de Miguel Menescal, 1694. p. 54-56.
59 COELHO, Teresa Maria da Trindade de Campos - Os Nunes Tinoco, uma dinastia de arquitectos régios dos séculos XVII e XVIII. Lisboa: [s.n.], 2014. Tese de Doutoramento em História da Arte, especialidade História da Arte Moderna em Portugal apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. p. 436.
60 Idem, ibidem, onde se traça uma biografia completa da vida, cargos e obras destes arquitetos. A Pedro Nunes Tinoco (c.1580-1640), patriarca desta dinastia, está atribuída a autoria dos túmulos de Brás Telles de Meneses (convento dos Remédios), de João Gomes da Silva e de Luís da Silva (sacristia do convento do Carmo), respetivamente trisavô, bisavô e avô do 1.º marquês, bem como de Fernão Telles de Meneses (na Cotovia), irmão de João Gomes da Silva (p. 225-231, com bibliografia sobre o assunto). A genealogia da família foi traçada por TAROUCA, C.S. - O alferes-mor da Restauração. Revista Brotéria. Lisboa. Nº 31, Fasc. 6 (1940), p. 568-587.
61 COELHO, Teresa Maria da Trindade de Campos - Os Nunes Tinoco, uma dinastia, ob. cit., p. 329-331 e p. 379-396.
62 SUMMAVIELLE, Isabel Cluny - O Conde de Tarouca e a diplomacia..., ob. cit.,p. 32.
63 Copia dos reaes aparatos e obras que se ficeram em Lixboa na occasiam da entrada e dos desposorios de Suas Majestades [Manuscrito]: Imago Ulysseae exultantis in adventu Ser[enissi]mae Portugalliae Regina Mariae Sophiae depicta et repraesentata manu et penicillo P. Joannis a Regibus S.J. Potent[issi]mi Regis Lusitaniae mathematici. 1687. BNP, Secção de Reservados, AT/L 317.
64 COELHO, Teresa Maria da Trindade de Campos - Os Nunes Tinoco, uma dinastia …, ob. cit., p. 95-103. Idem - Um concurso para provimento do lugar de arquitecto das ordens militares. Monumentos. Lisboa: Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Nº 7 (1997), p. 102-107.
65 Mais precisamente a 4 de novembro, in PORTELA, Miguel - Os Mateus do Couto: mestres-de-obras do Real Mosteiro da Batalha. Jornal da Golpilheira. (dez. 2015), p. 23, onde se revelam novos contratos paroquiais referentes a esta família.
66 COELHO, Teresa de Campos – Um concurso para provimento do lugar de arquitecto…, ob. cit.
67 SERRÃO, Vítor - O arquitecto maneirista Pedro Nunes Tinoco: novos documentos e obras: (1616-1636). Boletim Cultural da Assembleia Distrital de Lisboa. Lisboa: [s.n.]. III Série Nº LXXXIII (1977) p. 25-27.
68 PIMENTEL, António Filipe - Manuel Pereira. In PEREIRA, José Fernandes, dir. PEREIRA, Paulo, coord. - Dicionário da arte barroca em Portugal. Lisboa: Presença, 1989. p. 350.
69 ARRUDA, Luísa D'Orey Capucho - Figuras de convite na azulejaria portuguesa do século XVIII. Lisboa: [s.n.], 1989. Dissertação de mestrado em História de Arte, apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. vol. II, p. 241, ARRUDA, Luísa D'Orey Capucho - O Palácio de Xabregas: do legado do Tristão da Cunha às grandes obras do século XVIII. Claro-Escuro: Revista de Estudos Barrocos. Lisboa: Quimera. Nº 6-7 (1991), p. 151-161, ARRUDA, Luísa; COELHO, Teresa Campos - Convento de S. Paulo da Serra de Ossa. Lisboa: Edições Inapa, 1994. p. 38.
70 SERRÃO, Vítor - História da arte em Portugal: o barroco. Lisboa: Presença, 2003. p. 177.
71 Esta problemática vem bastante desenvolvida em JACQUINET, Maria Luísa de Castro V. G. - Manuel Pereira (C.O.), arquiteto: contributos para a desconstrução de um enigma da historiografia da arte. Invenire. Moscavide: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja. N.º 7 (2013), p. 14-19.
72 Cf. DUARTE, Joaquim Moedas; CATARINO, Maria Manuela - A Quinta das Lapas: da casa construída pelo 1.º Marquês de Alegrete a jardim Romântico /Neoclássico do século XIX, ob. cit.
73 Embora o seu nome já não conste do novo contrato celebrado em 27 de abril de 1700. CARVALHO, Ayres de - Documentário artístico do primeiro quartel de setecentos, exarado nas notas dos vários tabeliães de Lisboa. Bracara Augusta: revista cultural da Câmara Municipal de Braga. Braga: Câmara Municipal. Vol. XXVII, Fasc. 63 (1973), p. 17.
74 COUTINHO, Maria João Pereira - O palácio do Monteiro-Mor e a visão da arquitectura civil lisboeta na primeira metade de setecentos por João Gomes da Silva: 1671-1738, 4.º conde de Tarouca. In CONGRESSO DE HISTÓRIA DA ARTE PORTUGUESA: HOMENAGEM A JOSÉ-AUGUSTO FRANÇA, 4, Lisboa, 2012 - Actas. Lisboa: Associação Portuguesa de Historiadores de Arte, 2012. p. 101.
75 CARVALHO, Ayres de - D. João V e a arte do seu tempo, ob. cit., vol. II, p. 151.
76 PEREIRA, José Fernandes - João Antunes. In PEREIRA, José Fernandes, dir. PEREIRA, Paulo, coord. - Dicionário da arte barroca em Portugal. Lisboa: Presença, 1989. p. 35.
77 Demolido no início do século XX para alinhamento da rua da Mouraria, data de 1908 a escritura de venda à Câmara Municipal de Lisboa e é hoje conhecido por um desenho de B. Lima, publicado no Archivo Pitoresco. Vol.V, p. 337, apud SILVA, A. Vieira da - A cerca fernandina de Lisboa. 2ª ed. Lisboa: Câmara Municipal, 1987. Na gravura pode-se ver, ainda, a parte do palácio que se estendia para o outro lado da rua.
78 Em 1549 a rainha D. Catarina refunda este espaço com a designação de Colégio dos Meninos Órfãos e sob invocação de Nossa Senhora de Monserrate, destinado a albergar 30 meninos pobres que recebiam instrução que os preparava para as missões religiosas de África e do Brasil. Em 1758, o colégio foi confiscado à Companhia de Jesus, passando a ser administrado pelo Tribunal da Mesa da Consciência; LOPES, António; MUCZNIK, Esther - O Colégio dos Meninos Órfãos da Mouraria. Lisboa: Comissariado Geral das Comemorações do V Centenário do Nascimento de São Francisco Xavier (1506-2006), 2005; Colégio dos Meninos Órfãos / Colégio de Jesus/ Recolhimento do Amparo, Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior, IPA.00006477, João; Oliveira, Lina – Colégio dos Meninos Órfãos/ Colégio de Jesus/ Recolhimento do Amparo. SIPA: Sistema de Informação para o Património Arquitectónico [Em linha] (2005) [Consult. 01.2016]. Disponível na Internet: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6477
79 Construída em 1505 por iniciativa dos artilheiros da guarnição de Lisboa, foi dedicada a São Sebastião, seu padroeiro e advogado da peste. Em 1662, acolheu a imagem de Nossa Senhora da Saúde, tendo adquirido essa designação. Sofreu obras após o terramoto de 1755; no entanto o portal atribuído a João Antunes é do início do séc. XVIII, capela de Nossa Senhora da Saúde, IPA.00003033, SILVA, João; AVELLAR, Filipa – Capela de Nossa Senhora da Saúde/Capela de São Sebastião/ Capela de São Sebastião da Mouraria/Igreja de Nossa Senhora da Saúde. SIPA: Sistema de Informação para o Património Arquitectónico [Em linha] (2005) [Consult. 01.2016]. Disponível na Internet: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=3033.
80A primitiva igreja paroquial de Nossa Senhora do Socorro foi fundada no século XVII, tendo sido elevada a paróquia em 1646. Em 1674 nela estaria a trabalhar o arquiteto João Nunes Tinoco. Demolida em 1949 a paróquia deslocar-se-ia para a igreja do Coléginho (primeiro colégio dos Jesuítas situado na rua Marquês de Ponte de Lima).
81 Arquivo Histórico do Tribunal de Contas (AHTC), Décima da Cidade, Freguesia do Socorro, Arrumamentos, Ano de 1765 (DC 1162 AR), transcrição no Anexo documental, inédito.
82 A transferência dos painéis de azulejo foi realizada em 1953 e está documentada nas atas e processo de obras deste edifício adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa em 1948 e aí instalada a Direção de Serviços de Abastecimento (DSA). O seu então diretor, Artur de Almeida Eça, frisava em documentação camarária ser possível aproveitar os azulejos que engalanavam as paredes do mercado provisório da Mouraria na rua da homónima n.º 27 que iria ser demolido. CML -DSA - Gestão Patrimonial/Processo de Obra do Edifício da DSA (Palácio do Machadinho) cx. 01 - Ofício n.º 55/A de 23 de abril de 1953 - Anexo: Adaptação geral do palácio do Machadinho à DSA. Distribuição das Dependências. Agradecemos esta informação ao Nuno C. J. Campos.
83Os prédios da área em estudo seriam expropriados na totalidade, pedindo-se para tal a elaboração de um decreto especial, tendo já sido elaborada uma memória descritiva com indicação dos edifícios a expropriar, preços, obras, etc., de acordo com uma diretriz aprovada em abril de 1904.
84 Sublinhado nosso. O estudo refere ainda que as construções existentes na rua do Vinagre e nos becos circunvizinhos (fronteiras à fachada sul do palácio) estariam irremediavelmente perdidas, quer se executasse ou não o projeto, “por ser na verdade uma vergonha para a cidade, a existência d'aquelas pocilgas n'um sítio tão central”.
85 Este plano viria a ser abandonado, no entanto, em novembro de 1933. AML, PT/AMLSB/UROB-PU/10/003/02.
86 SILVA, A. Vieira da, ob. cit., p. 14.
87 Em 1958 seria construído o edifício do Hotel Mundial, com projeto de Porfírio Pardal Monteiro; na década de oitenta, o Centro Comercial da Mouraria dos arquitetos José Lamas e Carlos Duarte; uma década depois seria feito o arranjo da praça, pelos arquitetos Daniela Ermano e João Paulo Bessa.
88 Com a criação dos Gabinetes Técnicos Locais de Alfama e Mouraria em 1988 seriam elaborados os respetivos Planos Especiais de Salvaguarda. Os seus regulamentos definiam quatro linhas essenciais de “Protecção activa do Património Arquitectónico” e a Salvaguarda das Edificações, segundo diferentes categorias, que iam desde a protecão parcial às obras de substituição. O regulamento previa ainda obras de correção (elementos arquitetónicos exteriores, volumetria, cérceas) em construções dissonantes, bem como a proteção a “Edificações Especiais que, devido à sua tipologia, dimensão ou interesse arquitectónico, requerem um tratamento especial e casuístico quanto à sua utilização” (Planos Especiais de Salvaguarda de Alfama e Mouraria. Propostas para debate público Câmara Municipal de Lisboa: agosto de 1989).
89ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações de Lisboa. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1938. vol. I, livro III, p. 78.
90 Transcrição inédita, cit. in COELHO, Teresa Maria da Trindade de Campos - Os Nunes Tinoco, uma dinastia de arquitectos régios dos séculos XVII e XVIII. Lisboa: [s.n.], 2014. Tese de doutoramento em História de Arte, Especialidade História da Arte Moderna em Portugal, apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa. p. 130, nota 344.
91 Segue-se repetido: chão.
92Reclamo: pera.
93Documento inédito.
94 Sic.
95 Segue-se repetido: os palmos.
96Segue-se repetido: athe.