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Comunicação e Sociedade
versão impressa ISSN 1645-2089versão On-line ISSN 2183-3575
Comunicação e Sociedade vol.spe2019 Braga jun. 2019
https://doi.org/10.17231/comsoc.0(2019).3068
ARTIGOS TEMÁTICOS
O rio como mediador — a recuperação de rios urbanos para criar novos espaços de mediação e de diálogo intercultural
The river becomes the mediator — urban river restoration creating new spaces for intercultural dialogue and mediation
//
Paul Chapman 1
https://orcid.org/0000-0003-1708-1946
RESUMO
Num nível básico, a água é uma parte essencial da experiência humana. Na maioria das vezes, as cidades são fundadas onde existem rios. A água e os rios são uma importante metáfora na descrição, no registo e na celebração das narrativas históricas e pessoais. O título deste artigo inspira-se num conto de fadas persa, no qual uma princesa apaixonada, que precisava de saber que o homem pelo qual se tinha apaixonado era verdadeiro, falava com o rio e ouvia-o. A água, simbolizada pelo rio, é portadora da vida e uma ligação entre as pessoas. E, contudo, em muitas cidades os pequenos rios urbanos são vistos como um problema, algo vedado e ignorado. As cidades redescobriram a importância dos rios principais, mas os pequenos afluentes, os riachos e as ribeiras são cobertos, desviados ou escondidos. Contudo, não é preciso muito para alterar o foco. Os espaços públicos ribeirinhos oferecem um ponto de encontro natural e neutro para todos os membros da comunidade, nos quais o rio atua como um mediador físico e metafórico. Espaços desconhecidos e pouco queridos podem tornar-se parte das infraestruturas da cidade. E mais importante, os habitantes da cidade ganham um espaço de encontro que assim se torna conhecido e querido.
Palavras-chave: Urbanismo; rio; intercultural; construção de lugar.
ABSTRACT
At a basic level, water is a fundamental part of the human experience. Cities are, for the most part, founded on rivers. Water and rivers form a significant metaphor in describing, recording and celebrating historic and personal narratives. The title of this paper is inspired by a Persian fairy tale where a lovelorn princess, needing reassurance that the man she had fallen in love with was true, spoke to and heard back from the river. Symbolised by the river, water is the bringer of life and the connector of people. And yet… in many cities the small urban river is a problem, something to be fenced off and ignored. While cities have rediscovered the importance of major rivers in driving regeneration, smaller tributaries, streams and creeks are covered, diverted or hidden away. But it doesn't take much for the focus to change. Revitalised riparian public spaces provide a natural and neutral meeting point for all members of the community with the river acting as a physical and metaphorical mediator. Previously unloved and unknown spaces can become a key part of a city's infrastructure. More importantly, the city residents have a space to meet becoming, in turn, known and loved.
Keywords: Urban; river; intercultural; placemaking.
Introdução
O que é que um rio tem a ver com a mediação e o diálogo intercultural? Como pode um rio ser visto como um meio encorajador do compromisso intercultural? Nos últimos anos temos assistido a uma mudança significativa. Algumas autoridades urbanas, como as de Seul, na Coreia do Sul, as de São Francisco, nos EUA, e as de Lewisham, no sudeste de Londres, têm vindo a alterar esta situação através do reencaminhamento e da revitalização de pequenos e grandes rios, com a regeneração e a canalização dos rios para criar espaços dinâmicos, naturais e convidativos que trazem o meio ambiente para o coração da cidade. Em alguns casos, os benefícios para as pessoas têm sido vistos como secundários, derivados dos benefícios para a natureza, e, noutros, tem acontecido o contrário. Em Lewisham, esta interação entre as pessoas e a natureza tem sido benéfica para ambas: têm sido vistos martins-pescadores e garças no coração do ambiente urbano e os habitantes da cidade têm reclamado para si estes espaços, que antes estavam subaproveitados e não eram seguros, dando-lhes um novo fôlego com as pessoas na sua essência.
A experiência de Lewisham (Londres, Reino Unido), assim como muitas outras por todo o mundo, oferece um contexto para responder a estas questões. Com uma população de cerca de 300.000 habitantes e um crescimento estimado de 10% nos próximos 20 anos, abrange uma área de cerca de 36 km² e encontra-se na margem sul, a apenas cinco quilómetros dos pontos turísticos do centro de Londres. Está considerado como um bairro do centro de Londres e inclui áreas que estão entre as 10% mais desfavorecidas do Reino Unido. Os dados demográficos mostram que as minorias étnicas e raciais (BAME — sigla de "black, asian and minority ethnic" — uma combinação que inclui pessoas das Caraíbas, da África Ocidental e do Sudeste Asiático) constituem cerca de 50% da população. É por isso que qualquer ação realizada nesta zona precisa de ser concebida para ter impacto nos habitantes como um todo, fazendo os esforços específicos necessários para incluir aqueles que não têm uma representação evidente.
Catorze por cento do território de Lewisham[1] está formado por espaços verdes e parques, acompanhados de três rios que formam o curso inferior da bacia de Ravensbourne: o próprio Ravensbourne, o rio Pool e o rio com o fantástico nome de Quaggy. O acesso a espaços abertos de qualidade tem sido uma das principais ambições do Plano local de Lewisham[2], o qual segue as ambições mais amplas da autoridade de Londres, a "Greater London Authority", e do "Mayor" de Londres[3].
O parque Ladywell Fields de Lewisham é atualmente um ativo da comunidade, galardoado e muito querido. Nos fins de semana de verão, o parque está cheio de famílias onde os mais jovens e os mais velhos desfrutam juntos deste pedaço de campo escondido no meio deste bairro londrino. Mesmo nos frios e húmidos dias de inverno, passam por aqui corredores e ciclistas enquanto algumas almas corajosas observam a cena desde o calor do café comunitário. Depois das aulas, o parque é o destino dos jovens que frequentam a pista de skate, das famílias com crianças que ocupam os dois parques infantis em perfeitas condições e, quando está calor, fazem paddle no rio. Na altura do torneio de ténis de Wimbledon é frequente ver filas de pessoas à espera para usar os courts recentemente renovados. Voluntários da biodiversidade e da história local organizam caminhadas informativas pelo parque. Existe a possibilidade de participar em ações de limpeza do rio e ajudar a gerir as reservas naturais. Às vezes, nas noites mais quentes de verão, alguns grupos locais organizam teatros comunitários na zona ribeirinha e atividades para contar histórias. Este é um magnífico exemplo do que pode acontecer quando várias agências e departamentos trabalham em conjunto para alcançar vários benefícios. Contudo, nem todas as atividades foram planeadas ou antecipadas, e as ligações entre o meio ambiente e as oportunidades interculturais não tinham sido consideradas, pelo que existem aqui muitas lições aprendidas e, ainda mais importante, por um grupo de pessoas dedicadas a melhorar o seu bairro.
Em 2005, este não era, de todo, o caso. O parque Ladywell Fields era um parque metropolitano sem interesse e desconexo que foi estabelecido por lei no final da década de 1880[4]. Localizado entre a estação de Ladywell, o Hospital Distrital e o limite do centro da cidade de Lewisham, a parte norte do parque era vista como um atalho inevitável entre as ligações dos transportes e os locais de trabalho, um local para percorrer o mais rápido possível e um local para não ficar mais do que o tempo necessário. Foram feitas algumas tentativas pontuais e isoladas de resolver este problema, o que levou à inclusão de um caminho iluminado ao longo do parque, mas globalmente foi reconhecida a necessidade de uma abordagem mais abrangente.
Eliminar o crime através da conceção urbanística
Com o aumento da pressão para ter acesso a espaços abertos, foi implementado um programa para melhorar os parques de Lewisham e para cumprir os requisitos de obtenção da Bandeira Verde[5]. Num relatório de 2003 sobre a prevenção da criminalidade elaborado pela Polícia Metropolitana (já não se encontra disponível), a equipa de projeto observou uma lacuna significativa na secção sobre parques e espaços abertos, onde não tinha sido incluída informação na secção sobre corredores ribeirinhos. Em resumo, a polícia privilegiava a abordagem conhecida como Designing out crime que, embora fosse bem sucedida em ambientes urbanizados, não tinha sido testada como metodologia para espaços naturais. O princípio fundamental do Designing out crime é assinalar de forma clara as saídas de emergência, os acessos e as linhas de visão, e é normalmente aplicado ao desenvolvimento de áreas públicas edificadas ou residenciais. Além disso, usa a ideia de ter pessoas a "vigiar" os espaços, que funcionam como os olhos e os ouvidos da área. Um maior número de pessoas, em vez de criar problemas, torna o espaço mais seguro, uma vez que reduz as hipóteses de crimes oportunistas.
O rio Ravensbourne
O rio Ravensbourne tornou-se o foco das propostas de melhorias sociais e ambientais para o parque Ladywell Fields. A bacia de Ravensbourne abrange vários bairros de Londres: emerge em Keston Ponds, em Bromley, com outros afluentes em Croydon e Greenwich; a secção a jusante da bacia flui através do sul de Lewisham e junta-se ao Tamisa em Deptford. A história do rio pode ser vista através dos nomes atuais de alguns lugares que refletem o seu passado industrial (moinhos): Cornmill, Glassmill e Watermill. Deptford foi a base da Marinha Britânica durante o reinado de Henrique VIII, uma vez que o seu "vau fundo" oferecia o espaço necessário para construir e equipar os navios da altura. No final do século XVII, Pedro o Grande da Rússia e a sua famosa comitiva secaram Deptford durante uma visita para aprender técnicas de construção naval.
Com a expansão do bairro, os rios foram perdendo importância e alguns transformaram-se em pouco mais do que esgotos. Ao mesmo tempo, isto levou a desenvolvimentos que foram construídos por cima do leito do rio e, noutros casos, o rio foi reconduzido por canais específicos ou simplesmente coberto. As grandes inundações de 1968, com impacto na maior parte do bairro, parecem ter surgido como uma surpresa e levaram à construção de mais canais e vedações de encontro ao pensamento da altura.
Parque Ladywell Fields
No parque Ladywell Fields o principal canal do rio Ravensbourne corre à volta dos limites do parque e foi dividido por um gradeamento de ferro e escondido por trás das árvores e arbustos. A mensagem involuntária transmitida foi "é para manter afastado, este rio é um problema e deve ser evitado". De facto, ao fazer perguntas sobre os planos iniciais para o parque, a maioria dos habitantes respondia: "que rio?". Apesar deste canal isolado ser um paraíso para a vida selvagem, não contribuía para os principais objetivos dos parques públicos.
Como em qualquer projeto importante para um espaço público, o primeiro passo foi ouvir a opinião pública. Os primeiros questionários detetaram alguma profunda apreensão com o estado do parque. As pessoas não o usavam principalmente porque não se sentiam seguras, quase 80% responderam que se sentiam assim[6]. Ao perceber que o parque Ladywell Fields era considerado perigoso, a equipa de projeto viu uma oportunidade para testar a utilização do conceito Designing out crime no parque. Poderia o parque tornar-se mais seguro com a implementação e a adaptação de algumas das recomendações? Como iriam reagir as pessoas a estas mudanças? Qual seria o impacto na biodiversidade?
Os planos iniciais para o parque Ladywell Fields, apresentados como parte de uma proposta de financiamento para o fundo comunitário LIFE para o ambiente em 2005, consistiam em implementar linhas de visão claras e eliminar as barreiras físicas do rio. Mas, a utilização deste conceito de Designing out crime implicava que este teria de ser aplicado sem cortar as árvores que impediam ter linhas de visão mais claras, uma vez que as árvores fazem parte de qualquer parque e já se sabia que esta ação iria levantar objeções. Isto significava que o principal objetivo do projeto proposto era a remoção da vedação ao longo do corredor ribeirinho, para trazer o rio de volta ao dia a dia do parque. Houve discussões sobre assuntos como o acesso à água, vandalismo e as inevitáveis preocupações das autoridades locais sobre saúde e segurança — um dos motivos iniciais para a vedação do rio foi o risco identificado de possíveis afogamentos acidentais.
Contudo, os exercícios de consulta pública também trouxeram respostas muito mais ousadas, que marcaram o tom para o compromisso das pessoas com o processo. As pessoas responderam às preocupações com a saúde e a segurança afirmando que permitir o contacto das pessoas com o rio poderia oferecer um contexto de aprendizagem sobre como lidar com a água. Houve muitos relatos sobre infâncias passadas a navegar, pescar e apanhar girinos, assim como um desejo de que as gerações mais jovens também tivessem essa oportunidade.
Os planos apresentados, desenvolvidos e concebidos com a ajuda dos arquitetos paisagistas da BDP, pretendiam transformar o parque adicionando um canal secundário do rio através do centro da parte norte. Esta abordagem alterou um processo que era uma solução simplesmente natural para uma outra liderada por pessoas. Os trabalhos em curso incluíram uma avaliação do impacto em termos de igualdade e um entendimento de que os resultados do trabalho teriam de ser partilhados e usados por toda a comunidade: o "que rio?" transformou-se em "o nosso rio".
A equipa de execução uniu esforços com agências externas que participaram no processo, nomeadamente a Agência do Ambiente que, em Inglaterra, é a autoridade que gere a água, os leitos e as margens dos rios. Ao combinar os recursos e os questionários, esta abordagem conjunta pretendia evitar o "cansaço das consultas", pelo que agradecia os comentários e as questões, mas também oferecia chá, café e gelados em troca. O processo de consulta seguiu o procedimento habitual na Câmara para identificar e utilizar o maior número possível de intervenientes. Devido à política de acesso aberto dos parques e dos espaços verdes, foi preciso pensar de forma abrangente sobre os grupos e indivíduos que era preciso incluir, para que o responsável da equipa procurasse medidas e oportunidades alternativas. Isto ajudou a modificar o foco das intervenções e foi uma forma de aproveitar a boa vontade e o interesse gerados pelo projeto.
Uma das situações que fica na memória foi a utilização de uma visita agendada do Arcebispo Desmond Tutu para a inauguração de uma nova ala do hospital ao lado do parque. A equipa viu aqui uma oportunidade de promover os planos e avaliar a reação dos utilizadores do hospital, que costumavam usar o parque como atalho para a estação ferroviária e com os quais não teriam conseguido falar. O evento, que teve lugar no parque Ladywell Fields, ofereceu uma oportunidade para mostrar às pessoas o espaço, explicar os planos e obter respostas em primeira mão. Outras oportunidades de consulta surgiram por acaso ou pelo facto de o pessoal passar muito tempo no local, devido à natureza física do projeto. Uma destas envolveu um membro do Fórum das pessoas com deficiência de Lewisham que ouviu dizer que, devido às corridas ilegais de motas através do parque, as entradas iam ser vedadas, o que levaria ao bloqueio involuntário do acesso para as pessoas em cadeiras de rodas. A equipa conseguiu introduzir esta questão no modelo Designing out crime e decidiu que a entrada principal não teria porta, funcionando assim como uma entrada de boas-vindas ao parque. Na verdade, o problema com as motas foi uma moda desse verão e, após a reabertura do parque, raramente foi mencionado como um problema.
Muito importante para os novos objetivos do parque era um pequeno café que, embora estivesse aberto grande parte do ano, tinha dificuldades. O modelo Designing out crime centrou-se no valor acrescido de ter pessoas que fossem os "olhos e os ouvidos" do parque e um café era mais um motivo para a presença das pessoas. Infelizmente, na altura, e na linha da perceção geral sobre a área, o edifício existente era propenso a assaltos e atos de vandalismo. Originalmente fazia parte da estação ferroviária e tinha acesso por ambos os lados. Contudo, o proprietário estava determinado a ficar e a fazer a diferença no local, tendo visto os trabalhos propostos para o parque como uma oportunidade. A situação foi parcialmente resolvida através de uma fonte inesperada.
Como parte de um plano mais abrangente para melhorar o parque e promover a sua utilização por pessoas de todas as idades, os Serviços para os Jovens de Lewisham, em parceria com a equipa do parque, construíram uma pista de skate. Ao lado dos courts de ténis e dos parques infantis já existentes, este movimento visava melhorar as instalações para todos os grupos etários e, nomeadamente, como resposta aos seus pedidos, para a população jovem e adolescente. A decisão levantou algumas dúvidas ao financiador do projeto, que inicialmente não conseguia ver a ligação entre a pista de skate e o meio ambiente. Também, tendo em conta o modelo Design out crime, existia uma preocupação geral, embora infundada, que atrair grupos de jovens só servia para atrair os problemas que o projeto tentava resolver.
Contudo, os skaters e o dono do café acabaram por formar uma marcante, embora improvável, parceria. As lesões e hematomas dos skaters precisavam de gelo para ajudar na recuperação. O café tinha muito gelo e o dono não se importava de o fornecer de graça. Assim, os jovens começaram a frequentar o café, a comprar bebidas e snacks e, mais importante ainda, a construir uma relação com o dono do café. Este hábito ajudou à viabilidade do café e, ao mesmo tempo, criou um motivo para a convivência dos jovens com os outros utilizadores do parque. A partir desta altura, há pelo menos 10 anos, houve um outro impacto notável. Não houve mais assaltos, roubos nem atos de vandalismo reportados no café do parque. A combinação de um dono de café comprometido e focado na comunidade, que preferiu fornecer recursos aos jovens em vez de agravar os problemas e as diferenças, teve o resultado do Designing out crime e ajudou a começar a criar um espaço seguro.
O grupo de utilizadores do parque Ladywell Fields também foi muito importante nas discussões, debates e respostas positivas aos planos para reencaminhar o rio. Não só viram e apoiaram a lógica por trás das decisões de melhorar o café e construir a pista de skate, como também deram o seu apoio às ideias para o rio. A sua influência, e o envolvimento contínuo do grupo de utilizadores em todos os aspetos da remodelação, significou que os seus membros, uma combinação dos habitantes locais e dos grupos da comunidade, acompanharam sempre todos os assuntos, parceiros e possibilidades oferecidos pelos trabalhos. O seu objetivo era fazer do parque Ladywell Fields um destino para os habitantes locais, um lugar que estes quisessem visitar e utilizar.
Vale também a pena mencionar o impacto das alterações na entrada principal do parque. Situada no fim de uma ponte rodoviária, por cima de uma linha ferroviária e o rio, a primeira coisa que os visitantes viam era uma mancha de árvores desordenada e descuidada, que impedia qualquer visão do parque. Tendo em conta o principal objetivo do modelo Designing out crime, a solução óbvia seria cortar as árvores. Contudo, a equipa de execução descobriu rapidamente as reações que este tipo de ações podem despoletar. Apesar de que as pessoas queriam um parque melhor, isto não poderia ser feito à custa das árvores. O que fosse usado para as substituir teria de ser melhor e ter em conta as preocupações.
Atualmente, os visitantes do parque Ladywell Fields têm uma entrada bem indicada, com uma zona de descanso e um bonito marco de madeira com o nome, assim como, e mais importante, uma vista fantástica do parque e do novo canal central do rio. Um dos principais pontos do modelo Designing out crime é oferecer linhas de visão claras e que as pessoas disponham de várias opções disponíveis. A partir da nova entrada é possível ver até ao extremo da parte norte. De acordo com o parecer do responsável pelas árvores da Câmara, as bétulas prateadas que formavam a mancha desordenada foram replantadas em cada um dos lados da entrada para formar as linhas de árvores ao longo do caminho.
Os caminhos originais e as vias de acesso eram um dos principais motivos referidos pelas pessoas relativamente à sensação de insegurança. Apesar de existir uma ligação direta entre a plataforma da estação e o parque, o caminho estava pouco iluminado e tinha uma vedação alta, onde seria fácil para alguém esconder-se. O novo traçado forneceu uma segunda via para sair da plataforma, removeu a barreira de um lado e assim criou linhas de visão claras sem tirar as árvores adultas dessa área. Foram definidos novos caminhos e foi introduzida mais iluminação, o que contribuiu para gerar um ambiente mais seguro. Foram marcadas de forma clara as saídas e entradas em direção ao centro da cidade e ao hospital, e o acesso à estação ferroviária foi completamente transformado.
Uma das áreas onde a equipa de execução investiu muito tempo foi nas ligações entre as crianças e as suas escolas. Já existia um programa de "aulas ao ar livre" implementado no agora recentemente renovado parque Ladywell Fields. As aulas sobre o ciclo da água ou a vida dos rios podiam ser agora dadas in situ. As escolas locais, que antes contratavam autocarros para levar os alunos a "centros de natureza" nos arredores de Londres, podiam agora fazer o mesmo atravessando a rua. A Câmara investiu em redes, equipamento de pesca e de monitorização da água para permitir que os alunos pudessem entrar no rio e viver a experiência em vez de ler apenas um livro. Numa nova abordagem, o pessoal garantiu que este equipamento também estava disponível aos fins de semana, para encorajar os visitantes a entrar no rio. Isto teve um impacto adicional no envolvimento e na informação dos habitantes. Um dos relatos foi feito por um pai que não acreditava que existia um rio em Ladywell e pensava que o seu filho estava enganado. No fim de semana seguinte foram visitar o parque para confirmar. O rio passou a fazer parte da vida das pessoas e as pessoas que visitavam o rio e o parque tornaram-se parte umas das outras. A visão de um parque cheio e a ser utilizado começou a tornar-se realidade nos dias seguintes à inauguração do novo canal do rio. O impacto visual da água através do parque era difícil de ignorar. As pessoas que costumavam passar pelo parque o mais rápido possível, começaram a parar para observar e conhecer este novo ambiente.
Uma das principais questões levantadas pelos intervenientes e o público foi o potencial impacto na biodiversidade. Ao promover o uso do parque pelas pessoas, a flora e a fauna, que até agora tinham sido pouco perturbadas, poderiam ser destruídas com o aumento das visitas. Surpreendentemente aconteceu o contrário. Onde antes havia um campo aberto de relva, havia agora um rio com margens progressivas, um lago e um jardim de flores silvestres especialmente plantadas. Uma maior diversidade de habitats naturais trouxe uma maior diversidade de espécies ao parque. Durante a visita da equipa de controlo da LIFE UE no início da vida do projeto, os seus especialistas treinados ficaram impressionados ao identificar algumas destas plantas, pássaros, insetos e animais num ambiente urbano. O responsável pela biodiversidade da Câmara decidiu que o novo canal do rio deveria ser natural, que só deveriam existir nas margens as plantas existentes a jusante deste. Só seriam semeadas plantas se isso fosse necessário para proteger as margens. Isto implicava que, embora o processo pudesse demorar mais tempo, o novo canal teria um aspeto natural desde o início. Tudo isto acrescido ao seu atrativo e à crescente consciencialização de que, numa escala ambiental, algo especial estava a acontecer.
Os estudos realizados após o fim dos trabalhos[7] mostraram que agora existia o dobro da quantidade de biodiversidade no parque. Garças, martins-pescadores e até pequenas garças brancas tornaram-se visitantes regulares, todos eles atraídos pelo aumento do número de peixes no rio. A Agência do Ambiente fez a repovoação e a monitorização de peixes, como bordalos e escalos, que foram aumentando neste rio melhorado, apoiados por uma significativa melhoria da qualidade da água do rio Ravensbourne. Isto não é algo que a equipa de execução tenha discutido no início do projeto, mas, à medida que foram percebendo as prioridades do seu principal parceiro, a Agência do Ambiente, o valor desta informação veio ao de cima. Desde uma perspetiva ambiental, existe ainda uma discussão sobre o valor da recuperação dos rios nas áreas urbanas, nomeadamente pela falta de impacto percebida na qualidade da água. Contudo, as análises em curso[8] mostraram uma melhoria significativa — de medíocre para boa — na qualidade da água do rio. Isto foi importante porque ajudou na criação de um argumento dentro da comunidade da água que tinha sido ignorado até então: que melhorar os rios urbanos é uma forma eficiente de alcançar as metas ambiciosas da qualidade da água estabelecidas pela UE através da Diretiva Quadro da Água.
E ainda, abordou uma das questões centrais das melhorias ambientais: o que acontece quando se envolvem as pessoas? A resposta do parque Ladywell Fields foi categoricamente positiva. Os habitantes unidos organizaram os "dias de limpeza". Quaisquer incidentes de poluição, inundações ou fluxos no rio eram imediatamente reportados, uma vez que o número de "olhos e ouvidos" interessados, o número de pessoas "proprietárias" do rio, tinha aumentado. Houve um aumento do interesse na biodiversidade do parque, com crianças a ter aulas in situ para conhecer o ciclo da água, além do facto do parque fornecer um abrigo seguro para os morcegos. Num outro exemplo, que mostrou que a propriedade pode ter um grande interesse, alguns alunos em risco de exclusão da escola secundária local perto do parque foram convidados a passar algum tempo no parque para construir casas para pássaros, e assim adquirir competências práticas. Em conversas posteriores, foi evidente que estes jovens assumiam depois uma responsabilidade pessoal pelas "suas" casas e que o comportamento antissocial e os atos de vandalismo diminuíam com este compromisso.
Ao escrever este artigo, as discussões de assuntos aparentemente sem qualquer ligação abriram a porta para o aspeto Intercultural referido no título. Quando o projeto começou não havia muito mais do que uma vontade de aumentar o número de utilizadores. Contudo, a partir do dia em que foi aberto o novo canal do rio, foi evidente que algo muito mais interessante estava a acontecer. O parque Ladywell Fields tornou-se num destino para toda a comunidade e, mais ainda, todos se sentiam seguros e confortáveis nele. As pessoas começavam animadas conversas com outras pessoas sentadas na mesa ao lado no café. Os filhos começaram a brincar juntos de forma natural na água e isto levava a conversas entre os pais. O grupo de utilizadores promoveu várias atividades diferentes, todas elas bem aceites, oferecendo um ambiente estruturado para que pessoas desconhecidas pudesses trabalhar juntas em ações de limpeza do parque, ou tirando as espécies invasivas das margens do rio. O rio, e por associação o parque, tornou-se de todos, e o meio ambiente tornou-se o pano de fundo para a interação e o diálogo para além do dia a dia. Mas, o projeto cumpriu os seus objetivos? Como foi mantido o delicado equilíbrio entre as pessoas e a natureza? Pode um rio urbano promover realmente o diálogo intercultural?
Os resultados
Em resumo, a resposta para estas perguntas é esmagadoramente positiva. O projeto conseguiu muito mais do que tinha sido previsto e ao fazê-lo continua a chamar a atenção dos especialistas locais, regionais, nacionais e internacionais. A mistura de pessoas e natureza num meio urbano influenciou o pensamento sobre como abordar a recuperação dos rios e os problemas sociais. Os vários benefícios desta abordagem estão a começar agora a ser completamente entendidos.
A começar pela premissa inicial do projeto Designing out crime, qual foi o impacto do projeto nas pessoas que usam o parque? Por um lado, pode dizer-se que muito pouco mudou: o número de incidentes de crime registados continuou igual. Contudo, houve um aumento de 250% no número de pessoas a usar o parque, pelo que num cálculo percentual pode afirmar-se que diminuiu o número de crimes registados no parque Ladywell Fields. Para apoiar esta informação, o sentimento de segurança ou muita segurança duplicou, com quase 80% dos utilizadores do parque a mostrar que estão muito mais relaxados neste novo ambiente, um aumento dos menos de 40% antes dos trabalhos[9].
Como já foi referido, houve um aumento significativo da biodiversidade em Ladywell Fields. Esta biodiversidade atrai uma maior variedade de pessoas. É muito gratificante ver o toque de cores de um martim-pescador a voar ao longo do corredor ribeirinho. Enquanto decorrem passeios no parque para especialistas do Departamento do Ambiente ou de outros projetos europeus, os visitantes podem ser surpreendidos com uma garça a pescar no rio a poucos metros de uma concorrida linha ferroviária ou estrada. Uma pessoa do World Wildlife Fund que tinha vivido em Lewisham 10 anos antes ficou impressionado com a apresentação sobre a vida naquele que ele conhecia como um rio "morto". A combinação da resiliência da natureza, uma ajuda dos habitantes e parceiros, e uma quantia relativamente pequena de apoio financeiro da União Europeia e da Câmara, podem ter um impacto abrangente e duradouro.
De facto, os trabalhos na parte norte e o novo canal foram apenas o início da história do parque Ladywell Fields. Com base na ideia de que as pessoas gostam de se associar a projetos de sucesso, os anos seguintes trouxeram um investimento de dois milhões de libras do Mayor de Londres e da "Greater London Authority" para continuar a revitalização e abrir o rio pelo meio das partes central e sul. Mais recentemente, foram feitos trabalhos para criar um espaço que funcione também como proteção contra as inundações, visto como um investimento em maior escala, a montante, e as lições aprendidas e observadas em Ladywell serão transferidas para o Beckenham Place Park. Isto será feito através de um subsídio da Lotaria Nacional do Reino Unido e construído sob a ideia de que as pessoas fazem os lugares. O sucesso de Ladywell Fields também foi reconhecido através de um número significativo de prémios para ambientes construídos: melhor novo espaço público em Londres em 2013 nos prémios London Planning Awards; Primeiro prémio na categoria de espaços verdes urbanos em 2012 e Louvor na categoria de espaços públicos, nos prémios New London Awards 2012.
As lições aprendidas
Os espaços abertos de qualidade criam oportunidades para a qualidade das relações interpessoais e a interação intercultural. A definição do dicionário do prefixo "inter" oferece várias descrições: "entre", "dentro de", "no meio de", "mutuamente", "reciprocamente" e "juntos". Em Ladywell Fields isto foi encorajado ativamente através dos dois guardas-florestais Waterlink Way. O nome vem de uma ciclovia e rota a pé existente ao longo do Ravensbourne e o objetivo destas duas pessoas é facilitar as interações. Os alunos da escola que visitam o parque para estudar o ciclo da água e a vida dos rios, os grupos de limpeza e as associações históricas e da natureza são encorajados a recrutar mais membros e a usar as mudanças no parque. Uma inovação notável foi a abertura aos fins de semana da loja da Câmara de equipamento de pesca, redes e instrumentos de registo para encorajar as crianças e os pais a entrar no rio.
Também é importante ter em conta o impacto de trabalhar em parceria com outras agências, grupos e indivíduos para o sucesso do projeto. E isto é assim tanto se estes são os decisores como os agitadores locais, cada um tem um papel chave a desempenhar. A nível local, o grupo Quaggy Waterways Action Group (QWAG) fez campanha durante muito tempo para a recuperação dos rios e dos canais de Lewisham. Em alguns setores da Câmara foram vistos como sonhadores ou idealistas, mas as suas pressões de longa data para melhorar a saúde dos rios locais contribuíram em grande medida para os planos do parque Ladywell Fields. Uma das intervenções mais importantes veio após a entrega do projeto. Apesar do grupo ter sido inicialmente estabelecido para a monitorização do estado do rio Quaggy no este de Lewisham, estiveram entre os primeiros grupos a elogiar a visão e o sucesso da recuperação de Ladywell Fields, vendo-as completamente ligadas à sua própria visão e definindo os padrões das oportunidades a seguir.
A Agência do Ambiente foi outro parceiro chave. Todos os trabalhos que envolvam a água e os canais dos rios de Inglaterra são supervisionados por esta entidade que tem a responsabilidade de prevenir as inundações, assim como de melhorar as condições naturais dos cursos de água. A relação com esta agência nem sempre foi fácil. Enquanto especialistas reconhecidos na área, às vezes suspeitavam quando a Câmara assumia o comando: a situação era demasiado complexa e as especializações não existiam fora da sua organização. Foi preciso ir construindo a relação para perceber os benefícios mútuos do trabalho em conjunto e, apesar de que os parceiros tinham diferentes pontos de partida e objetivos, o conjunto de resultados partilhados permitiu a todos reclamar algum crédito e alguns louros pelo projeto. Com o avanço do projeto tornou-se evidente que o trabalho interagências conseguia resultados muito melhores do que quando trabalhavam sozinhas, que as diferentes perspetivas e lógicas ao trabalhar juntos, sem concorrer entre si, estavam a criar algo único. De facto, um membro sénior da equipa de direção da Agência do Ambiente quis saber como poderia "colocar num frasco o que estava a acontecer" para poder levá-lo por todo o país.
Uma das principais vantagens do trabalho em conjunto das organizações foi a capacidade de chegar a diferentes públicos. A combinação de recursos ajudou a prevenir o cansaço das consultas e, mais importante, forneceu uma população mais ampla para cada uma das organizações participantes. Em vez de simplesmente "pregar aos convertidos", a Agência do Ambiente conseguiu respostas de toda a comunidade. Adicionalmente, os parceiros trabalharam juntos e conseguiram oferecer métodos alternativos para criar interesse. Assim, para além das consultas públicas mais óbvias relativamente aos planos, as pessoas tiveram a oportunidade de participar em "brainstormings de projetos", "dias de limpeza do rio", "conservação da natureza" e "teatro e histórias" usando o rio como palco e assunto.
Coesão social e diálogo intercultural
Quando o novo canal do rio ficou pronto e o parque Ladywell Fields reabriu ao público, o registo de utilização aumentou 250%[10]. Atualmente, quase 10 anos depois, este valor tem-se mantido constante. Durante este tempo, os membros da comunidade têm tido muitas oportunidades para se misturar, para se conhecer e para se comprometer. A própria experiência do autor é que no ambiente neutro do parque as pessoas se mostram muito mais dispostas a iniciar uma conversa e mais capazes de conviver com as evidentes diferenças na comunidade. Quase todas as vezes que visitei o parque, e nomeadamente a área do café, as pessoas iniciavam conversas. Sempre que organizei visitas, ou mostrei o parque a alguém interessado, os utilizadores do parque participavam nas conversas e ficavam contentes por apresentar a sua perspetiva. Na maior parte dos casos isto reforça a mensagem que tem sido passada: "este parque foi transformado", "gosto de vir aqui", "este é o melhor dinheiro gasto pela Câmara".
Considerações finais
Não é coincidência que um ambiente melhorado, focado na recuperação de um rio escondido, tenha alterado a perceção do parque Ladywell Fields, que passou de ser um problema a ser um destino para os habitantes. Contudo, é preciso fazer mais trabalho para medir o impacto a longo prazo, assim como os benefícios ambientais e de saúde que ocorreram. Existe informação disponível sobre a melhoria da qualidade da água — que passou de medíocre para boa de acordo com as indicações da Diretiva Quadro da Água da UE[11] — mas existem poucos dados para explicar os benefícios da qualidade de vida. Isto evidencia a diferença entre o setor ambiental e aqueles que tentam melhorar a sociedade.
Os incidentes de crimes reportados, apesar de ser quase iguais num nível preliminar, quando comparados com o aumento dos utilizadores, mostram uma importante redução por habitante. Uma observação interessante é que a melhoria do sentimento de segurança das pessoas não foi conseguido às custas da biodiversidade nem do meio ambiente. De facto, os dados iniciais recolhidos ao finalizar o projeto indicaram um aumento dos tipos de habitats, que levaram também a uma melhoria na diversidade da vida selvagem, com o dobro das espécies na área. Isto, de alguma forma, contribui para o argumento ou/ou quando se trata do ambiente urbano. Mais pessoas não significa obrigatoriamente menos vida selvagem. De facto, a experiência de Ladywell Fields mostra que uma maior exposição a uma paisagem de qualidade e as melhorias ribeirinhas aumentam o entendimento e a valorização do seu meio ambiente pelos indivíduos. Estes tornam-se olhos e ouvidos adicionais, têm orgulho na observação dos martins-pescadores e reportam os (poucos) incidentes de poluição.
A Agência do Ambiente, a Comissão Europeia e a OCDE têm usado o parque Ladywell Fields como um exemplo de que uma boa qualidade das melhorias ambientais pode transformar as áreas urbanas. Contudo, nas apresentações destas organizações, a ideia de que as pessoas também podem obter benefícios, embora sem surpresa, ainda não foi medida. Esta diferença na pesquisa deve ser abordada, mas será necessário um projeto que ajude a estreitar o fosso que ainda existe entre as diferentes disciplinas. A recuperação dos rios urbanos enquanto ideia reflete a complexidade e os problemas que existem entre os diferentes lados — neste caso, social e ambiental — apesar de mostrar que a interação, o diálogo e a descoberta de uma compreensão partilhada oferece resultados inesperados.
O mesmo se aplica aos projetos focados no diálogo intercultural. O desafio é prever vários benefícios de intervenções simples, para ver o potencial de um canal urbano em vez de tapá-lo. Do mesmo modo, deveria ser possível ver o valor das pessoas com uma origem ou uma cultura diferente, em vez de ignorá-las ou escondê-las.
Assim, o rio urbano torna-se não só uma metáfora para a mediação social, mas também um local prático para que esta interação aconteça. O impacto de um ambiente urbano de qualidade na qualidade de vida de todos pode ser resumido nesta citação do Mayor de Londres: "o rejuvenescimento de Ladywell Fields permitiu que esta zona seja agora um oásis de tranquilidade onde as pessoas podem socializar e relaxar"[12].
Nota biográfica
Paul Chapman é um Urban PlaceMaker que liga o desenvolvimento físico de uma cidade às suas constantes mudanças sociais. É um perito do Programa das Cidades Interculturais do Conselho da Europa e do programa europeu URBACT. Tem mais de 18 anos de experiência na gestão de programas transnacionais interdisciplinares. Tem um particular interesse no desenvolvimento de uma abordagem multi-agência para redescobrir a importância dos pequenos rios urbanos e foi fundamental no sucesso contínuo do galardoado parque Ladywell Fields e dos jardins Cornmill em Lewisham, Londres.
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1708-1946
Email: paul@pceuconsultant.eu
Morada: PCEU Consulting Ltd (UK), 25 Stillness Road, London, SE23 1NG, UK
* Submetido: 20/05/2018
* Aceite: 20/09/2018
Tradução: Núria Santos
Notas
[1] Informação obtida da publicação Natural capital accounts for public green space in London. Relatório elaborado pela "Greater London Authority", e pelo "National Trust and Heritage Lottery Fund" (outubro de 2017). Disponível em https://www.london.gov.uk/sites/default/files/11015viv_natural_capital_account_for_london_v7_full_vis.pdf
[2] QUERCUS de Lewisham. Evaluation Report (agosto de 2018). Disponível em http://www.pceuconsultant.eu/uploads/files/QUERCUS%20in%20Lewisham%20Evaluation%20Report(1).pdf
[3] Plano de Londres, disponível em https://www.london.gov.uk/what-we-do/planning/london-plan/current-london-plan
[4] História de Ladywell, disponível em https://www.lewisham.gov.uk/inmyarea/history/local-history/Documents/Ladywe-llLocalHistory.pdf
[5] Disponível em http://www.greenflagaward.org.uk/park-summary/?park=859
[6] QUERCUS de Lewisham. Evaluation Report (agosto de 2018). Disponível em http://www.pceuconsultant.eu/uploads/files/QUERCUS%20in%20Lewisham%20Evaluation%20Report(1).pdf
[7] QUERCUS de Lewisham. Evaluation Report (agosto de 2018). Disponível em http://www.pceuconsultant.eu/uploads/files/QUERCUS%20in%20Lewisham%20Evaluation%20Report(1).pdf
[8] Disponível em http://environment.data.gov.uk/catchment-planning/OperationalCatchment/3369/Summary
[9] Ver QUERCUS de Lewisham. Evaluation Report (agosto de 2018). Disponível em http://www.pceuconsultant.eu/uploads/files/QUERCUS%20in%20Lewisham%20Evaluation%20Report(1).pdf
[10] Ver QUERCUS de Lewisham. Evaluation Report (agosto de 2018). Disponível em http://www.pceuconsultant.eu/uploads/files/QUERCUS%20in%20Lewisham%20Evaluation%20Report(1).pdf
[11] Ver http://environment.data.gov.uk/catchment-planning/OperationalCatchment/3369/Summary
[12] No seguinte artigo dos arquitetos paisagistas do plano: http://www.bdp.com/en/projects/f-l/Ladywell-Fields/ e publicidade associada, e.g.: http://www.landezine.com/index.php/2014/12/ladywell-fields-by-bdp/