INTRODUÇÃO E OBJETIVO
Os autores tiveram como objetivo recolher e resumir toda a informação que encontraram sobre o tema, sob o formato de uma Scoping Review, como ponto de partida para outros projetos que se afirmem como pertinentes, no contexto da saúde ocupacional destes profissionais.
As bactérias são microrganismos razoavelmente prevalentes e os espaços interiores não são exceção. Os objetos restaurados frequentemente apresentam bactérias cujo impacto médico nos Conservadores-Restauradores está escassamente avaliado.
METODOLOGIA
A pergunta de investigação considerada foi: O que está descrito na literatura relativamente aos riscos ocupacionais dos Conservadores- Restauradores, associados à exposição a Bactérias?
Realizaram-se pesquisas informais prévias sobre o tema e percebeu-se que a literatura é muito escassa para este setor profissional; por isso, os autores optaram por não fazer restrições significativas associadas a ano de publicação, tipo de estudo, robustez metodológica, idioma ou acesso imediato a texto completo.
Como critérios de inclusão consideraram-se:
➢ publicação entre 1980 e 2019
➢ setor da Conservação e Restauro
➢ idade igual ou superior a 18 anos
➢ exposição a bactérias
➢ humano.
Como critérios de exclusão foram assumidos:
➢ estudos não pertinentes para o objetivo da revisão, ou seja, que não respondam à questão de investigação.
Foram considerados os seguintes motores de busca/ bases de dados: Scopus; PubMed/ MedLine; Web of Science; Science Direct; Academic Search Complete; CINALH; Database of Abstracts and Reviews; Central Register of Controlled Trials; Cochrane Database of Systematic Reviews; Nursing and Allied Health Collection; MedicLatina e RCAAP.
Nos primeiros dois quadros os autores sintetizaram as estratégias utilizadas para encontrar artigos pertinentes, nas diversas bases de dados/ motores de busca.
Motor de busca | Password 1 | Password 2 e seguintes | Critérios | Nº de documentos | Nº da pesquisa | Pesquisa efetuada |
---|---|---|---|---|---|---|
EBSCO (CINALH, Medline, Database of Abstracts and Reviews, Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Nursing & Allied Health Collection e MedicLatina) | Bacteria | Restoration | humano | 4.325 | 1 | não |
and Conservation | 74 | 2 | sim | |||
Restorer | 3 | 3 | sim | |||
Conservator | 7 | 4 | sim | |||
Cultural heritage | 52 | 5 | sim | |||
Art | 1.913 | 6 | não | |||
RECAAP | Bactérias | pesquisa avançada; título | 1.626 | 7 | não | |
Restauração | 0 | 8 | não | |||
Conservação | 2 | 9 | sim | |||
Restaurador | 0 | 10 | não | |||
Conservador | 0 | 11 | não | |||
Arte | 0 | 12 | não | |||
SCOPUS | Bacteria | Restoration | 4.274 | 13 | não | |
and Conservation | 607 | 14 | não | |||
and Art | 78 | 15 | sim | |||
Restorer | 53 | 16 | sim | |||
Conservator | 16 | 17 | sim | |||
Cultural heritage | 170 | 18 | não | |||
and Art | 97 | 19 | sim | |||
Academic Search Ultimate | Bacteria | Restoration | humano | 1.597 | 20 | não |
and Conservation | 143 | 21 | não | |||
and Art | 17 | 22 | sim | |||
Restorer | 11 | 23 | sim | |||
Conservator | 8 | 24 | sim | |||
Cultural heritage | 128 | 25 | não | |||
“Cultural Heritage” | 122 | 26 | sim | |||
Science Direct | Bacteria | Restoration | 33.401 | 27 | não | |
and Conservation | 5.280 | 28 | não | |||
and Restorer | 1.119 | 29 | não | |||
and Conservator | 46 | 30 | sim | |||
Cultural Heritage | 1.935 | 31 | não | |||
“Cultural Heritage” | 1.165 | 32 | não | |||
and Art | 426 | 33 | não | |||
Web of Science | Bacteria | Restoration | 2.049 | 34 | não | |
and Conservation | 71 | 35 | sim | |||
Restorer | 9 | 37 | sim | |||
Conservator | 10 | 38 | sim | |||
Cultural heritage | 154 | 39 | não | |||
“Cultural Heritage” | 145 | 40 | não | |||
and Art | 21 | 41 | sim |
Foram também considerados documentos fornecidos por peritos da área e com pertinência para os objetivos estipulados, ou seja, com capacidade para responder à questão de investigação. Após análise da bibliografia dos documentos selecionados, houve a possibilidade de considerar os artigos aí mencionados, caso respondessem à pergunta de investigação. De igual forma, também se procuraram documentos publicados posteriormente, que tenham citado os inicialmente selecionados, de forma a avaliar se estes também poderiam dar algum contributo para elucidar os objetivos considerados.
Nº das pesquisas efetivadas em que se selecionou pelo menos um artigo | Nº de artigos selecionados após a leitura do título (nº de artigos e nº na pesquisa inicial do artigo selecionado) | Justificação de exclusão | Inclusão e codificação inicial | Títulos |
---|---|---|---|---|
2 | 1(33) | 2.1 | Exposure to culturable and total microbiota in Cultural Heritage Conservation Laboratories | |
5 | 1(17) | Igual ao 2.1 | ||
19 | 1(34) | |||
22 | 1(1) | |||
26 | 1(16) | |||
Proveniente da pesquisa elaborada para os fungos | Fungal Allergy among Art Conservators prevalence, risks factors and clinical symptoms |
Contextualização
A formação de biofilmes com organismos fotoautotróficos facilita a colonização posterior por bactérias e fungos das peças de pedra; os produtos que as bactérias excretam potenciam a estabilidade do biofilme e a resistência aos biocidas, além de tal também constituir uma reserva de nutrientes; por vezes alguns organismos conseguem colonizar o interior da pedra o que, por sua vez, potencia o acesso a nutrientes e à água [1]- ou seja, alguns fungos podem conseguir “penetrar” a pedra e iniciar uma colonização. A biodeterioração depende da composição dos constituintes do objeto e clima, bem como frequência e tipo de limpeza proporcionada [2].
Parâmetros que influenciam o crescimento bacteriano
O crescimento bacteriano fica favorecido com a humidade e a existência prévia de biofilme [2]. Atenua-se o crescimento se se proceder a limpeza periódica das poeiras, dos excrementos de pássaro (em exterior) e escolha cuidadosa dos materiais de revestimento, para atenuar eventuais fontes de nutrientes [1].
Diagnóstico (da presença de bactérias nas peças)
Os testes utilizados para detetar a presença de bactérias nas peças a restaurar inserem-se entre os seguintes:
A análise de DNA/RNA (ou seja, os métodos moleculares) [1] [5] pode ser efetuada através de:
➢ REP (Repetitive Extragenic Palindromic)[7]
➢ TGGE (Temperature Gradient Gel Electrophoresis)[9]
➢ RISA (Ribosomal Intergenic Spacer Analysis)[6]
➢ RNA fingerprinting [3]
➢ SSCP (Single Strand Conformation Polymorphism)
➢ ARDRA (Amplified rDNA Restriction Analysis)
➢ T-RELP (Terminal Restriction Fragment Length Polymorphism)
➢ ARISA (Automated Ribossomal Intergenic Spacer Analysis)[6][9].
Acredita-se que, pelo método cultural, apenas se conseguirá identificar menos de 10% das bactérias existentes- para além de ser a técnica que exige mais tempo [1]; outros investigadores baixam esse valor para 0,1 a 1%, devido sobretudo à falta de nutrientes adequados [9]. Quando se usa esta técnica, geralmente a incubação necessita de vários dias, em agar/ dextrose; procede-se posteriormente à quantificação em CFU (unidades formadoras de colónias) por grama; contudo, existem casos em que são necessários cerca de trinta dias para se obterem resultados[5]. Para além disso, mais recentemente, surgiram métodos genotípicos e moleculares, como os atrás descritos, que exigem uma amostra menor[1]. A metagenómica é a ciência que estuda a nível molecular uma família de microrganismos ou todos os exemplares existentes numa amostra, incluindo os que não seriam cultiváveis com as técnicas clássicas [9].
A deteção do consumo de ATP consegue distinguir se se tratam de microrganismos vivos ou mortos [4] [12]. Por vezes, pode se incrementar a fluorescência de alguns componentes das bactérias, para avaliar a mesma questão[12].
Subespécies
No quadro 3 estão resumidas as designações de algumas estirpes bacterianas relevantes em contexto de Conservação e Restauro, mencionadas na bibliografia selecionada.
Terapêutica
Em seres-vivos (com infeções bacterianas) podem ser usados antibióticos aos quais os microrganismos não sejam resistentes, se for adequado dar esse passo terapêutico.
Por sua vez, para erradicar bactérias em objetos de pedra podem ser considerados os seguintes tipos de métodos:
a)físicos [1]
a.1)radiação
a.1.1) UV (simples mas com pouca penetração[1]); não deixa resíduos na peça
a.1.2)gama[1][13] ( simples [1] [14] e com alta penetração[1]); é eficaz para microrganismos e insetos; se usada corretamente não envolve riscos para o profissional, visitante e ambiente; é possível isolar claramente a área de atuação e não ficam quaisquer resíduos tóxicos na peça; é muito eficaz quando comparada com os métodos clássicos, ainda que tal dependa da dose absorvida (parâmetro esse facilmente controlado); podem ser tratadas grandes quantidades de peças em simultâneo e o método é económico. Contudo, esta pode alterar as propriedades físicas e químicas dos constituintes das peças, pelo que a sua repetição deve ser bem ponderada [14].
a.1.3)Rx (simples[1]); não deixa qualquer vestígio no objeto tratado
a.2)remoção manual ou com ferramentas manuais (apenas superficial e temporária)
a.3)água com baixa pressão (no entanto, a água retida pode favorecer depois o crescimento microbiano); mais eficaz para algas, musgos e líquens[1]
b)químicos
b.1)biocidas não gasosos (líquidos[2])
-vantagens: espetro de atuação variável
-desvantagens: efeitos secundários nas peças e na saúde dos profissionais[1]
-vantagens: elevadas eficácia e rapidez
-desvantagens: muito tóxica (por vezes até cancerígena)[1]. O óxido de etileno foi proibido em alguns países devido à toxicidade e também altera o resultado das análises por DNA/ RNA para sempre. De igual forma, também o pentaclorofenol está interdito por algumas legislações/ normas. A maioria destes agentes é estável o suficiente para permanecer na peça restaurada e prejudicar a saúde do Conservador- Restaurador[2].
b.3)atmosfera anóxica
-desvantagens: equipamento dispendioso e processo demorado; mais eficaz com fungos versus bactérias[1].
Quanto aos métodos químicos, os principais bactericidas inserem-se nos compostos quaternários de amónia, fenol, derivados da ureia ou compostos com nitrogénio; contudo, a sua utilização pode potenciar o crescimento de outros microrganismos e podem ser perigosos para a saúde humana (como já se mencionou) e, por isso, é necessário que a sua aplicação ocorra em local isolado[1]. Outro artigo destaca que os biocidas mais usados na Conservação e Restauro são os libertadores de formaldeído, compostos de amónia quaternária, isotiazolinona e o etanol[2]. Pode também ser utilizado o produto metilisotiazolona PBK [13]. Mais recentemente começaram a usar-se iões metálicos alcalinoterrosos, dado serem eficazes, baratos e com um espetro de atuação e nível de comprimento de onda mais amplo que a radiação ultravioleta, por exemplo[15].
O dióxido de titânio é um biocida estável inserido em nanopartículas, não tóxico a outros níveis, de amplo espectro (bactérias, fungos, vírus) e económico. Contudo, é reativo apenas para comprimentos de onda inseridos na radiação ultravioleta e, por isso, pode ficar limitado para uso em interiores[15].
Nanopartículas com prata têm propriedade antimicrobinanas (bactérias, fungos, vírus); são eficazes nos objetos de pedra, estáveis química e termicamente, seguras para o ambiente e saúde humana; para além disso, podem ter efeito preventivo[16].
Podem ainda ser considerados em contexto de tratamento químico:
-MBT (metilenobistiocianato)
-TCMTB (tiocianometiltiobenzotiazol)
-CMIT/ MIT (clorometilisociazolinona/ metiltiazolinona)
-BIT (benzotiazolina)
-DBNPA (dibromonitrilopropionamida)
-bronoprol
-gluteraldeido[17].
Uso de bactérias para tratamentos de Conservação e Restauro
No passado eram usados como métodos de limpeza os solventes e a abrasão (a nível de técnicas físicas), mas as técnicas de biolimpeza são mais seletivas que a generalidade dos agentes químicos[5], mais eficazes e colocam menos riscos para a peça, ambiente e saúde humana [18] [19]; para além são mais eficazes e têm efeito mais prolongado[19].
Esta pode decorrer em sessões de 12 a 36 horas; após a aplicação a peça pode ser recoberta por um filme constituído por polivinilcloreto; no final remove-se essa cobertura e passam-se lenços de papel, seguidos de água destilada[5]. Trata-se de uma técnica económica (quando comparada com lasers ou enzimas)[20].
Por vezes usam-se bactérias sulfato[1][12][21] e/ ou nitrato redutoras[1][21], bem como degradadoras de hidrogénio ou biocalcificantes, para atenuar a degradação da peça[1]. Exemplos de bactérias sulfato redutoras são a desulfovibrio desulfuricans[1][5][22] e vulgaris[1]. Por sua vez, a nível de bactérias nitrato redutoras, pode ser citada a pseudomonas spp[1][21]. Já para microrganismos precipitadores de carbonato de cálcio/ biocalcificantes realçam-se os bacillus cereus[2] [23] [12], spp, pasteurii[1], sphaerieus[23] e subtilis[1][23], bem como micrococcus spp[1], myxococcus xanthus[1] [2] [7]- considerada esta última por alguns como a estirpe mais eficaz [23] e pseudomonas spp[1] ou putida[23]. De realçar que a biocalcificação não implica quaisquer alterações estéticas para o objeto.
Exemplos de bactérias uteis excretoras de ácido nítrico e nitroso serão a Nitrosomona spp e a Nitrobacter spp. Por sua vez, a excretar ácido sulfúrico pode ser citada a Thiobacillus spp[24].
Objetos a restaurar, constituídos por ferro podem ser alvo de corrosão, processo esse que pode destruir a peça. Existem bactérias com capacidade de atenuar tal [21] [19], através da formação de compostos com ferro estáveis, sobretudo na presença de cloro, por exemplo, para as estirpes Desulfitobacterium hafniense[21].
A pseudomonas stutzeri tem capacidade de remover detritos de pinturas, de forma segura, não invasiva, eficaz e económica[25].
No passado utilizavam-se colas de origem animal na elaboração ou restauro de algumas peças; o processo de envelhecimento destes produtos pode causar alterações na cor e na tensão, alterando, por exemplo, o papel; logo, a sua remoção pode tornar-se necessária. Os métodos mecânicos e químicos usados até aqui têm a desvantagem de serem invasivos e tóxicos, quer para o objeto, quer para o Conservador- Restaurador; existem bactérias com essa capacidade e não causam danos, fazendo tal de forma simples, económica e ambientalmente correta. Um exemplo será a estirpe Ochrobactrum spp. Antigamente, para este efeito eram usados métodos com o apoio de lixívia. Hoje em dia também podem ser usadas enzimas para atingir este objetivo[26]. Outros investigadores também defendem que para este efeito pode ser utilizada a Pseudomonas stutzeri, seguida das enzimas protease e colagenase. As bactérias podem ser aplicadas por spray, escova ou compressa (dependendo das especificidades do tratamento). A atividade dos microrganismos varia com a temperatura, pH e a presença de carbono e nutrientes. Por vezes as bactérias têm de ser removidas posteriormente, caso a continuação da sua atividade/ metabolitos sejam indesejáveis (por vezes são usados biocidas para esse efeito). Ainda assim, estes métodos são considerados mais eficazes e seguros para a obra, profissional e ambiente, como já se mencionou. De realçar ainda que as enzimas são ainda mais específicas em relação ao alvo, versus bactérias [4].
Alguns investigadores defendem que algumas reações associadas à biomineralização podem ser atingidas até pelos constituintes de células mortas microbianas[27]; contudo, simultaneamente, algumas destas técnicas podem potenciar o crescimento fúngico [3].
Está descrito que as estirpes Pseudomonas stutzeri 5190 ou a desulbovibrio spp, conseguem atuar em mármore, calcário, cerâmica, cimento/ betão, papel e telas de pintura[20].
CONTEÚDO OU RESULTADOS
Os Conservadores- Restauradores geralmente apresentam contato diário com fungos, ácaros, bactérias, líquenes, algas e insetos [28]. Os locais contaminados deverão ser isolados e usufruir de controlo de humidade relativa. Contudo, o foco na generalidade da literatura em contexto de risco microbiológico na Conservação e Restauro, incide na peça de arte e não no profissional em si [29], como já se mencionou.
Os microrganismos estão por vezes inseridos em bioaerossóis ou agregados a poeiras, fibras ou gotas de líquidos, entrando para o organismo do profissional via inalatória [29].
Recomenda-se que nestes ambientes não se ultrapassem os valores limite de 2000 CFU/ m3 no global (Ministero dei Beini della Culturalite del Turismo). A concentração máxima doseada publicada nestes ambientes laborais foi de 1845 CFU/ m3 de bactérias; ou seja, não ultrapassando os valores máximos recomendados [29].
Parte das bactérias tem origem no exterior. O quociente indoor/ outdoor é, segundo alguns investigadores, cerca de 1,4 [29].
DISCUSSÃO
Ainda que a bibliografia seja bastante restrita em relação aos Conservadores- Restauradores, não é difícil encontrarem-se danos relativos ao contato com bactérias em diversos setores profissionais, como é o caso dos profissionais de saúde humana e veterinária (médicos, enfermeiros e auxiliares), técnicos de laboratório, cantoneiros, funcionários de jardins zoológicos/ gatis/ canis, trabalhadores em lares de idosos/ centros de dia, entre outros, com inúmeros documentos publicados neste sentido.
Tal como se mencionou atrás, a bibliografia selecionada para o setor da Conservação e Restauro não forneceu dados sobre Medidas de Proteção Coletiva. Em função da experiência dos autores, poder-se-iam considerar:
➢ elaboração de protocolos onde se descreveria o procedimento e técnicas a utilizar para perceber se as peças apresentavam ou não bactérias
➢ potenciação da ventilação das salas com objetos contaminados e especificação das características mínimas da mesma, bem como temperatura e humidade
➢ rotação das tarefas com exposição a bactérias entre os diversos Conservadores-Restauradores da mesma empresa
➢ organização do trabalho de forma a alternar projetos com exposição a bactérias com outras tarefas sem essa questão
➢ formação sobre os riscos médicos das bactérias e procedimentos laborais associados
➢ vigilância adequada pelo Médico do Trabalho com exames periódicos (e ocasionais, se necessário)
➢ acesso a doseamentos biológicos associados às bactérias, orientados pelo Médico do Trabalho (indicando quais os tipos de amostras possíveis e quais as preferencialmente utilizadas)
➢ acesso a doseamentos nas superfícies e/ ou atmosfera do ambiente de trabalho, orientados pelo Técnico de Segurança/ Microbiologista (especificando quais técnicas poderiam ser utilizadas e quais as mais pertinentes)
➢ acesso a EPIs adequados (em modelo e material), selecionados pelo Técnico de Segurança/ Microbiologista
➢ organização de serviço de lavandaria, para que as fardas/ batas/ aventais e/ ou manguitos dos funcionários sejam adequadamente lavados, sem contaminar outras peças de roupa ou locais, no domicílio de cada Conservador- Restaurador.
Quanto a EPIs, a bibliografia não destacou qualquer detalhe; em função da experiência dos autores, poder-se-iam considerar luvas; macacão, farda, bata ou avental; manguitos; viseira/ óculos e protetores de calçado ou calçado exclusivo para o local de trabalho.
LIMITAÇÕES
Os autores desenvolveram esforços no sentido de tentar que a sua pesquisa fosse exaustiva mas, uma vez concluída, perceberam que não encontraram dados relevantes sobre:
➢ avaliação do risco associado para os Conservadores- Restauradores, em função dos doseamentos obtidos e restante análise ao posto de trabalho
➢ descrição de medidas de proteção coletiva
➢ descrição exaustiva de EPI adequados (sequer de forma genérica, quanto mais especificando modelos e/ ou materiais).
CONCLUSÕES
Desde longa data que são conhecidos malefícios concretos e sérios associados à exposição a alguns microrganismos. Contudo, o setor da Conservação e Restauro é ainda muito pouco estudado em contexto de Saúde Ocupacional e os riscos do eventual contato com Bactérias não são exceção.
Seria muito pertinente que surgissem equipas motivadas para estudar este setor e colmatar parte das limitações encontradas, não desenvolvidas na literatura internacional.