INTRODUÇÃO E OBJETIVO
Os autores tiveram como objetivo recolher e resumir toda a informação que encontraram sobre o tema, sob o formato de uma Scoping Review, como ponto de partida para outros projetos que se afirmem como pertinentes, no contexto da saúde ocupacional destes profissionais.
Foi elaborada uma outra revisão, relativa aos riscos genéricos que o Crómio pode acarretar na saúde humana (e por isso relevantes para qualquer outro setor profissional onde este agente exista), para se abordar o tema de uma forma mais completa e se realizar uma introdução melhor fundamentada.
Segundo a bibliografia selecionada, os principais riscos associados ao Crómio distribuem-se por vários órgãos e sistemas, ainda que com consensos diferentes, a nível de: sistema cardiovascular; nefrotoxicidade; oncologia (seios perinasais, pulmão e estômago); dermatologia (eczema, úlcera); pneumologia (Bronquite Crónica e Enfizema); otorrinolaringologia (perfuração do septo nasal, laringite, epistaxes, ulceração da mucosa), endocrinologia (diabetes), oftalmologia e hematologia.
Foram consideradas consequências médicas pertinentes no contexto da obstetrícia e pediatria, uma vez que não é raro os ateliers estarem inseridos no domicílio dos Conservadores- Restauradores e, por vezes, sobretudo no passado, irem para lá crianças brincar (os autores encontraram relatos antigos nesse sentido). Para além disso, a perceção de risco concreto para os filhos pode ser muito mais motivadora para seguir as recomendações para um trabalho seguro e saudável, do que o seu próprio risco, para a generalidade dos trabalhadores.
METODOLOGIA
A pergunta de investigação considerada foi: O que está descrito na literatura relativamente aos riscos ocupacionais dos Conservadores/ Restauradores, associados à exposição ao Crómio?
Realizaram-se pesquisas informais prévias sobre o tema e percebeu-se que a literatura é muito escassa para este setor profissional; por isso, os autores optaram por não fazer restrições significativas associadas a ano de publicação, tipo de estudo, robustez metodológica, língua ou acesso imediato a texto completo.
Como critérios de inclusão consideraram-se:
Como critérios de exclusão foram assumidos:
-estudos não pertinentes para o objetivo da revisão, ou seja, que não respondam à questão de investigação.
Foram considerados os seguintes motores de busca/ bases de dados: Scopus; PubMed/ MedLine; Web of Science; Science Direct; Academic Search Complete; CINALH; Database of Abstracts and Reviews; Central Register of Controlled Trials; Cochrane Database of Systematic Reviews; Nursing and Allied Health Collection; MedicLatina e RCAAP.
Foram também considerados documentos fornecidos por peritos da área e com pertinência para os objetivos estipulados, ou seja, com capacidade para responder à questão de investigação. Após análise da bibliografia dos documentos selecionados, houve a possibilidade de considerar os artigos aí mencionados, caso respondessem à pergunta de investigação. De igual forma, também se procuraram documentos publicados posteriormente, que tenham citado os inicialmente selecionados, de forma a avaliar se estes também poderiam dar algum contributo para elucidar os objetivos considerados.
Nos primeiros oito quadros os autores sintetizaram as estratégias utilizadas para encontrar artigos pertinentes, nas diversas bases de dados/ motores de busca.
Data | Keyword 1 | Keyword 2 e seguintes, caso existam | Critérios | Nº de documentos obtidos | Nº da pesquisa | Pesquisa efetuada ou não |
---|---|---|---|---|---|---|
2019/01/11 | Chromium | 629 | 1 | não | ||
Systematic Review | desde 2014 | 12 | 2 | sim | ||
Conservation | humano+ resumo disponível | 41 | 3 | sim | ||
Restoration | 525 | 4 | não | |||
Conservator | 0 | 5 | não | |||
Restorer | 0 | 6 | não | |||
Cultural heritage | 0 | 7 | não | |||
Art | 33 | 8 | sim |
Data | Keyword 1 | Critérios | Nº de documentos obtidos | Nº da pesquisa | Pesquisa efetuada ou não |
---|---|---|---|---|---|
2019/01/11 | Crómio | Pesquisa avançada e título | 53 | 9 | sim |
Data | Keyword 1 | Keyword 2 e seguintes, caso existam | Critérios | Nº de documentos obtidos | Nº da pesquisa | Pesquisa efetuada ou não |
---|---|---|---|---|---|---|
2019/01/20 | Chromium | 36.936 | 10 | não | ||
Systematic Review | desde 2014 | 43 | 11 | sim | ||
Conservation | humano+ resumo disponível | 194 | 12 | não | ||
And Restoration | 8 | 13 | sim | |||
Conservator | 0 | 14 | não | |||
Restorer | 240 | 15 | não | |||
Cultural heritage | 1 | 16 | sim | |||
Art | 79 | 17 | sim |
Data | Keyword 1 | Keyword 2 e seguintes, caso existam | Critérios | Nº de documentos obtidos | Nº da pesquisa | Pesquisa efetuada ou não |
---|---|---|---|---|---|---|
2019/01/20 | Chromium | 193.812 | 18 | não | ||
Systematic Review | desde 2014 | 3.380 | 19 | não | ||
Review articles | 935 | 20 | não | |||
Conservation | humano+ resumo disponível | 664 | 21 | não | ||
And Restoration | 85 | 22 | sim | |||
Conservator | 6 | 23 | sim | |||
Restorer | 4 | 24 | sim | |||
Cultural heritage | 42 | 25 | sim | |||
Art | 1066 | 26 | não |
Data | Keyword 1 | Keyword 2 e seguintes, caso existam | Critérios | Nº de documentos obtidos | Nº da pesquisa | Pesquisa efetuada ou não |
---|---|---|---|---|---|---|
2019/01/20 | Chromium | 200.097 | 27 | não | ||
Systematic Review | desde 2014 | 36 | 28 | sim | ||
Conservation | humano+ resumo disponível | 888 | 29 | não | ||
And Restoration | 47 | 30 | sim | |||
Conservator | 7 | 31 | sim | |||
Restorer | 1 | 32 | sim | |||
Cultural heritage | 15 | 33 | sim | |||
Art | 531 | 34 | não | |||
Art (medicine) | 65 | 35 | sim |
Data | Keyword 1 | Keyword 2 e seguintes, caso existam | Critérios | Nº de documentos obtidos | Nº da pesquisa | Pesquisa efetuada ou não |
---|---|---|---|---|---|---|
2019/01/26 | Chromium | 39.520 | 36 | não | ||
Systematic Review | desde 2014 | 35 | 37 | sim | ||
Conservation | humano+ resumo disponível | 222 | 38 | não | ||
And Restoration | 14 | 38 | sim | |||
Conservator | 1 | 40 | sim | |||
Restorer | 0 | 41 | não | |||
Cultural heritage | 9 | 42 | sim | |||
Art | 475 | 43 | não |
Data | Keyword 1 | Keyword 2 e seguintes, caso existam | Critérios | Nº de documentos obtidos | Nº da pesquisa | Pesquisa efetuada ou não |
---|---|---|---|---|---|---|
2019/01/27 | Chromium | 105.217 | 44 | não | ||
Systematic Review | desde 2014 | 52 | 45 | sim | ||
Conservation | humano+ resumo disponível | 159 | 46 | não | ||
And Restoration | 6 | 47 | sim | |||
Conservator | 3 | 48 | sim | |||
Restorer | 0 | 49 | não | |||
Cultural heritage | 12 | 50 | sim | |||
Art | 298 | 51 | não | |||
Art (medicine) | 11 | 52 | sim |
Nº das pesquisas efetivadas em que se selecionou pelo menos um artigo | Nº de artigos selecionados após a leitura do título | Nº de artigos selecionados após a leitura do resumo | Justificação de exclusão | Inclusão e codificação inicial | Títulos |
---|---|---|---|---|---|
2 | 8 | 8 | 2.1 | “Occupational exposure and sinonasal cancer: a systematic review and meta-analysis” | |
8 | 30, 33 | 30, 33 | 8.1,8.2 | “Epidemiologic notes and reports- Chromium sensitization in a Artist workshop” “Epidemiologic studies of occupational cancer as related to complex mistures of trace elements in the art glass industry” |
|
9 | 1 | 1 | 9.1 | “Crómio, Fisiologia e Fisiopatologia. Tese de Mestrado em Ciências Farmacêuticas” | |
11 | 35 | 35 | Repetido 2.1 | ||
17 | 69, 73 | 69, 73 | Repetido 8.1 | 17.1 | “Rheumatic Disease, Heavy-metal pigments and the Great Masters” |
30 | 7, 30 | 7, 30 | Não pertinente | “Correlation of blood Cr (III) and adverse health effects: application of PBPK modeling to determine non-toxic blood concentrations” | |
35 | 57 | 57 | Repetido 17.1 | ||
38 | 13, 21 | 13, 21 | Repetidos 2.1 e 38.1 | “Biomonitoring of toxic metals in incineration workers: a systematic review” |
CONTEÚDO
O que descreve a Ciência relativamente ao Crómio
Caraterísticas do Crómio
Trata-se de um oligoelemento, ou seja, um agente que participa em funções importantes no organismo, ainda que numa quantidade pequena; nomeadamente a nível do metabolismo dos hidratos de carbono, lípidos e proteínas1.
Este agente apresenta vários estados de oxidação; a forma mais prevalente nos alimentos e no organismo é a trivalente (CrIII); este é razoavelmente estável e forma complexos com a água, ureia, amónia e ácidos orgânicos; geralmente só é tóxico com concentrações elevadas. Em circunstâncias alcalinas pode transformar-se em Crómio hexavalente (CrVI), que é muito perigoso, nomeadamente a nível de carcinogenicidade (por exemplo pulmonar)1. As versões mais comuns do crómio são a que ele está no estado oxidativo +3 (CRIII) e +6 (CRVI) 2.
Contudo, curiosamente, estão descritas consequências negativas associadas à carência de Crómio, nomeadamente a nível do metabolismo com os carbohidratos e lípidos1.
Principais Fontes de Crómio
A água pode conter níveis elevados de Crómio (Cr) VI, devido ao uso como desinfetante e associado ao cloro1; já o Cr III que possa existir neste contexto será proveniente da corrosão das condutas1;3.
A nível alimentar, englobando todas as formas de Crómio, considera-se que este pode ser encontrado em carnes processadas, cereais integrais, gema do ovo, café, nozes, vagem, brócolo, cerveja e vinho. As ostras podem atingir valores na ordem dos 12.6 µg/ g, os cogumelos 16.4, o vinho 7.6 e a maçã 7,5, por exemplo. Ainda assim, a ingestão de um adulto não costuma ser superior a 50- 200 µg por dia1.
A generalidade da população está então exposta ao crómio através dos alimentos e suplementos nutricionais, bem como água, ar e tabaco (neste último caso, sob o formato de CrVI)2.
O Crómio (CrIII) é um metal essencial em quantidades vestigiais; a entrada do mesmo (esta versão do crómio em específico) para o organismo geralmente ocorre pela alimentação (sobretudo batata doce, milho, brócolo, maçã, uva, cereais integrais, aves domésticas/ peru, vaca e ostra) e ingestão de água contaminada3.
Contudo, há indivíduos que consomem Crómio em suplementos e/ ou têm dispositivos médicos que libertam este agente (como próteses ortopédicas), podendo nestes casos atingir-se uma concentração sérica mais elevada3.
A nível profissional, é utilizado também na produção de inox, pigmentos e na soldadura de aço inoxidável1.
Pontos de corte
A NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) elaborou normas para este agente, nomeadamente referindo que a concentração atmosférica de Cr VI não deverá ser superior a 1 µg/ m3, para tempos de exposição não superiores a 10 horas diárias e 40 horas semanais; contudo, atualmente, em alguns contextos, considera-se 0,2 µg/ m3, 8 horas por dia e 40 horas por semana1.
Vias de entrada
O crómio tem como principal forma para entrar no organismo as vias inalatória, digestiva, cutânea e ocular4.
Comportamento dentro do organismo
A absorção digestiva ocorre principalmente a nível do duodeno e íleo e na ordem dos 0.5 a 3%; ainda assim, mais intensa no caso do Cr VI, versus Cr III. A absorção também parece ser inversa à quantidade ingerida1.
Acredita-se que a reserva habitual de crómio no organismo humano não seja superior a 4.6 mg e localiza-se sobretudo no coração, fígado, pâncreas, pulmão, cérebro e baço1.
O crómio pode competir com o ferro1.
Vias de excreção
A maioria da excreção é realizada via urinária1;2; ainda que também possa ocorrer através do suor e bílis1. Apresenta semivida no sangue de 13,9 dias. O crómio urinário e sérico pode refletir a exposição aguda2.
Tipos de Doseamentos disponíveis/ Diagnóstico de Intoxicação
Nos artigos selecionados não se encontraram dados relativos a este item.
Consequências Médicas atribuídas à exposição ao Crómio
Um dos documentos selecionados mencionou que este agente apresentava evidência de danos a nível de doenças cardiovasculares1; contudo, outros autores discordam2.
Pensa-se que o Crómio possa ser nefro e hepatotóxico1;4.
Acredita-se que também possa ser cancerígeno4, nomeadamente a nível dos seios perinasais5, pulmão1;6 e estômago2.
Um dos artigos selecionados considerou que este agente pode-se associar a ulceração cutânea e dermatite de contato1;4;7.
A nível otorrinolaringológico são mencionadas a perfuração do septo nasal1;4;7 e Laringite1; Rinite, epistaxes e ulceração da mucosa7.
Um dos documentos consultados realçou a relação existente com a Bronquite Crónica e o Enfizema pulmonar1.
Há quem defenda também a associação com a diabetes1.
A nível oftalmológico é possível que ocorra irritação ocular4.
Por sua vez, em contexto hematológico, poderão suceder leucocitose/ leucopenia, monocitose e/ ou eosinofilia4.
CONTEÚDO OU RESULTADOS
Exposição ao Crómio em Conservadores/ Restauradores
Este elemento foi descoberto por Vanquelin em 1797; o amarelo de crómio (cromato de chumbo) foi produzido a partir de 1803 e o óxido de crómio (verde) a partir de 1809; ainda que tóxicos, mas usados ainda hoje; os mais relevantes são (a nível de frequência de uso e toxicidade) o amarelo e o verde de crómio4.
Medidas de Proteção Coletiva e Individual
Entre os documentos selecionados não se encontrou qualquer referência direta a eventuais medidas de proteção coletiva ou a EPIs (equipamentos de proteção individual), à exceção de luvas, num artigo (mas não especificando qualquer caraterística das mesmas)7.
Doenças Profissionais
No quadro 9 estão transcritas as principais doenças profissionais associadas ao Crómio, em função do Decreto Regulamentar 76/2007, de 17 de julho.
DISCUSSÃO
Existindo tão pouca bibliografia relativa aos riscos médicos do Crómio em Conservadores- Restauradores, os autores optaram por inserir na secção de Discussão alguns dados relativos a outros profissionais que também possam contatar com este agente. Entre estes, os artistas que elaboram (ou sobretudo elaboraram no passado) obras de arte com pigmentos com Crómio, talvez sejam os mais adequados, ainda que também sobre estes a bibliografia seja muito reduzida.
Acredita-se que pintores famosos, em função dos pigmentos utilizados, estavam expostos a Crómio; nomeadamente Rubens, Renoir, Duffy (todos com o diagnóstico pioneiro na época de artrite reumatoide) e Klee (com semiologia que se poderá encaixar no que hoje se designa por esclerodermia). Supõe-se que a exposição a metais pesados possa ter contribuído para algumas patologias reumatológicas apresentadas8.
Os artistas atuais estão muito menos expostos, até pelas diferentes condições de trabalho no atelier e cuidados na ingestão de alimentos e bebidas, que na altura não existiam8.
Entre os hábitos nocivos dos artistas no passado destacam-se o não lavar adequadamente as mãos antes de comer ou de fumar e lamber os pinceis usados; para além disso, os pintores mais pobres por vezes comiam e dormiam no mesmo sítio que servia como atelier. Por vezes as roupas eram aquecidas para secarem melhor, evaporando-se quantidades razoáveis de agentes químicos ou até fazendo fogueiras no interior desse espaço multifunções, por vezes queimando objetos contaminados8.
Os artistas de hoje usam pigmentos menos tóxicos, os produtos estão rotulados com avisos de perigo e já sabem que não é boa ideia lamber pinceis ou fazer fogueiras, sobretudo em espaço fechados. Os cigarros mais frequentemente são comprados que feitos e a comida e bebida estão isoladas dos produtos de trabalho, por vezes, dentro de frigoríficos e até noutra divisão separada8.
A nível de dados laborais mais atuais, encontrou-se um artigo que mencionava que, no setor da inceneração poderá haver alguma exposição ao crómio6. Outro documento mencionou que, após realizar um workshop fotográfico com produtos que continham Crómio VI, surgiu num indivíduo prurido, eritema nos membros superiores e face, bem como edema digital e facial. A nível de equipamentos de proteção individual foram sugeridas luvas de borracha7, no contexto atrás mencionado.
Os trabalhadores na indústria do vidro estão expostos a crómio. Genericamente este é utilizado na metalurgia e indústria química. Os soldadores de aço inoxidável estão expostos a CrVI via inalatória e este facilmente se reduz a CRIII no cólon e pulmão2.
Tal como se mencionou atrás, a bibliografia selecionada não forneceu dados sobre Medidas de Proteção Coletiva. Em função da experiência clínica dos autores, poder-se-iam considerar:
-elaboração de protocolos onde se descreveria o procedimento e técnicas a utilizar para perceber se as peças apresentavam ou não Crómio
-potenciação da ventilação das salas com objetos contaminados com Crómio e especificação das características mínimas da mesma
-rotação das tarefas mais perigosas entre os diversos Conservadores/ Restauradores da mesma empresa, se possível
-organização do trabalho de forma a alternar projetos com exposição ao Crómio com outras tarefas sem exposição ao Crómio, se concretizável
-formação sobre os riscos médicos do Crómio e procedimentos laborais associados
-vigilância adequada pelo Médico do Trabalho com exames periódicos (e ocasionais, se necessário)
-acesso a doseamentos biológicos associados ao Crómio, orientados pelo Médico do Trabalho (indicando quais os tipos de amostras possíveis e quais as preferencialmente utilizadas)
-acesso a doseamentos nas superfícies e/ ou atmosfera do ambiente de trabalho, orientados pelo Técnico de Segurança (especificando quais técnicas poderiam ser utilizadas e quais as mais pertinentes)
-listagem e acesso a EPIs adequados (em modelo e material), selecionados pelo Técnico de Segurança
-organização de serviço de lavandaria, para que as fardas/ batas/ aventais e/ ou manguitos dos funcionários sejam adequadamente lavados, sem contaminar outras peças de roupa ou locais, no domicílio de cada Conservador- Restaurador.
Quanto a EPIs, a bibliografia selecionada apenas mencionou o uso de luvas; em função da experiência clínica dos autores, poder-se-iam também considerar macacão, farda, bata ou avental; manguitos; máscara e/ ou viseira; óculos e protetores de calçado (em contexto químico) ou calçado exclusivo para o local de trabalho.
LIMITAÇÕES
Os autores desenvolveram esforços no sentido de tentar que a sua pesquisa fosse exaustiva mas, uma vez concluída, perceberam que não encontraram dados relevantes sobre:
-doseamento do Crómio nos ambientes de trabalho da Conservação e Restauro em geral e muito menos nos diversos subsetores e incluindo tarefas teoricamente mais problemáticas e menos problemáticas (para balizar); nem indicação de quais técnicas são possíveis utilizar e quais as preferenciais
-doseamento biológico do Crómio numa amostra geral de profissionais do setor, expostos a este agente, muito menos nos subsetores atrás mencionados ou por tipo de amostra biológica; nem referências ao tipo de amostra mais adequado a cada situação
-avaliação do risco associado para os Conservadores- Restauradores, em função dos doseamentos obtidos e restante análise ao posto de trabalho
-descrição de medidas de proteção coletiva
-descrição de EPI adequados (sequer de forma genérica, quanto mais especificando modelos e/ ou materiais).
CONCLUSÕES
Desde longa data que são conhecidos malefícios concretos e sérios associados ao Crómio. Contudo, o setor da Conservação e Restauro é ainda muito pouco estudado em contexto de Saúde Ocupacional e os riscos do eventual contato com este elemento não são exceção.
Seria muito pertinente que surgissem equipas motivadas para estudar este setor e colmatar parte das limitações encontradas, não desenvolvidas na literatura internacional.