INTRODUÇÃO
As Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERTs) são prevalentes e relevantes. Existem diversos métodos para a deteção do risco para estas surgirem, em função das tarefas executadas. Contudo, nem todos os profissionais a exercer nas equipas de Saúde Ocupacional apresentam conhecimentos bem estruturados sobre a generalidade destes métodos ou têm experiência prática. Pelas limitações que a autora sentiu perante algumas dessas técnicas, esta pesquisou o tema para melhorar um pouco os seus conhecimentos; espera-se que a síntese aqui publicada ajude colegas que estejam em situação equivalente.
METODOLOGIA
Em função da metodologia PICo, foram considerados:
-P (population): Trabalhadores sujeitos a condições laborais passíveis de originar lesões músculo-esqueléticas
-I (interest): métodos ergonómicos para avaliar o risco de surgirem LMERTS
-C (context): saúde ocupacional nas empresas com postos de trabalho com condições que possam levar a LMERTS.
Assim, a pergunta protocolar será: Quais os principais métodos ergonómicos que podem contribuir para a avaliação do risco de surgirem LMERTS?
Foi realizada uma pesquisa em abril de 2020 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina, Academic Search Ultimate, Science Direct, Web of Science, SCOPUS e RCAAP”.
No quadro 1 podem ser consultadas as expressões/ palavras-chave utilizadas nas bases de dados.
CONTEÚDO
Existem diversas categorias de métodos para avaliar o risco de surgirem LMERTs. De forma muito sintética poder-se-ão referir os questionários de autoavaliação (preenchidos pelos Trabalhadores), os métodos observacionais (mais ou menos complexos) e os métodos diretos [1]. Coloca-se uma síntese das diferentes técnicas existentes para avaliar o risco de surgirem LMERTs no quadro 2.
OWAS
A metodologia OWAS (Ovaco Working Postura Analysis System) [1-11] foi criada por um grupo siderúrgico [2] (a trabalhar aço [1]), em conjunto com o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional [1] [2] [5], durante a década de 70 [2] [9] (mais precisamente 1977 [1] [4] [7] [12]), por Karu [1] [2] [4] [12], Kansi e Kuorinda [2] [4].
Após análise de 36 mil observações em 52 setores profissionais diferentes, foram encontradas as posições básicas: quatro para a coluna, três para os membros superiores e sete para os membros inferiores [1].
Foi desenvolvido para identificar e estudar as posturas eventualmente nocivas durante o trabalho [2] [3] [13], que poderão dar origem a lesões musculosquelética- LMEs, criando incapacidade, absentismo e outros custos adicionais [2]. As tarefas devem ser todas analisadas, de forma a se selecionarem as posturas que irão ser estudadas, levando em conta, por exemplo, o tempo utilizado em cada postura [1] [7] e/ ou a frequência. Alguns autores recomendam pelo menos cem observações por cada tarefa. A técnica destaca não só a postura, como também a carga e força [1]. O método de OWAS foi usado para determinar a carga postural e caraterizar a respetiva capacidade para causar danos nos membros superiores e inferiores, através da estimativa da frequência e tempo gasto em cada postura [14]. Quanto mais elevado o número atribuído, maior o risco [15].
Trata-se de uma metodologia simples [2] [3], fácil e fiável, capaz de melhorar as condições de trabalho [2] [3]; identificando as tarefas mais críticas, propõem alterações concretas e um prazo para a sua implementação e/ ou reavaliação [3].
Podem ser utilizada através da visualização de vídeos [10] [13] [15] [16] e/ ou de fotografias [9].
Na tabela 1 podem ser visualizadas as Categorias de Ação, caraterísticas das posturas e eventualmente as Ações requisitadas.
Categoria de Ação | Posturas adotadas | Ações | ||
---|---|---|---|---|
1 | Postura normal e natural, sem LMEs | Não requerida | Mudanças a longo prazo | Postura normal, dispensa medidas corretivas |
2 | Postura com possibilidade de causar dano músculo-esquelético | São necessárias ações num futuro próximo | Mudanças e médio prazo | Postura a verificar na próxima revisão do método de trabalho |
3 | Postura com dano músculo-esquelético | São necessárias ações o mais rápido possível | Mais estudos são necessários; mudanças a curto prazo | Postura que necessita de medidas corretivas a curto prazo |
4 | Efeitos exclusivamente músculo-esqueléticos | São necessárias ações imediatamente [2] [3] | Mais estudos são necessários; mudanças a muito curto prazo [7] | Postura que necessita de medidas corretivas imediatamente [1] |
No entanto, em nenhuma das referências bibliográficas se encontraram quadros/ tabelas que demonstrassem com clareza gráfica a aplicação do método. Para colmatar tal pesquisou-se o tema em motores de busca geral (Google) e encontrou-se um artigo científico (Lima B, Adalberto S, Silva D, Duque T, descrito na bibliografia) que parece retratar melhor estes aspetos e do qual se retiraram a figura 1 e tabela 3.
Parte do corpo | Posição | Pontuação |
---|---|---|
Coluna | Ereta | 1 |
Inclinada para a frente ou trás | 2 | |
Ereta e torcida | 3 | |
Inclinada e torcida | 4 | |
Membros superiores | Os dois braços a nível dos ombros | 1 |
Um braço ao nível ou acima do ombro | 2 | |
Os dois ao nível ao acima do ombro | 3 | |
Membros inferiores | Sentado | 1 |
De pé, apoio bilateral, joelhos estendidos | 2 | |
De pé, apoio unilateral, joelhos estendidos | 3 | |
De pé ou agachado, apoio bilateral, joelhos fletidos | 4 | |
De pé ou agachado, apoio unilateral, joelho fletido | 5 | |
Ajoelhado (um ou dois joelhos) | 6 | |
Caminhando ou em movimentos | 7 | |
Carga/ uso de força | ≤10 kgs | 1 |
10-20 kgs | 2 | |
≥ 20 kgs | 3 [1] |
% tempo | 10 | 20 | 30 | 40 | 50 | 60 | 70 | 80 | 90 | 100 | |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Costas | Reto | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 |
Inclinado | 1 | 1 | 1 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 3 | 3 | |
Reto e torcido | 1 | 1 | 2 | 2 | 2 | 3 | 3 | 3 | 3 | 3 | |
Inclinado e torcido | 1/2 | 2 | 2 | 3 | 3 | 3 | 3 | 4 | 4 | 4 | |
Braços | Dois braços para baixo | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 |
Um braço para cima | 1 | 1 | 1 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 3 | 3 | |
Dois braços para cima | 1 | 1 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 3 | 3 | 3 | |
Pernas | Duas pernas retas | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 2 |
Uma perna reta | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 2 | 2 | |
Duas pernas flexionadas | 1 | 1 | 1 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 3 | 3 | |
Uma perna flexionada ou uma perna ajoelhada | 1/2 | 2 | 2 | 3 | 3 | 3 | 3 | 4 | 4 | 4 | |
Deslocamento com as pernas ou duas pernas suspensas | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 2 |
Coluna lombar ↓ | Membros superiores ↓ | 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | ← Membros inferiores | ||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1 | 2 | 3 | 1 | 2 | 3 | 1 | 2 | 3 | 1 | 2 | 3 | 1 | 2 | 3 | 1 | 2 | 3 | 1 | 2 | 3 | ← Carga | ||
1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | |
2 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | ||
3 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 2 | 2 | 3 | 2 | 2 | 3 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 2 | ||
2 | 1 | 2 | 2 | 3 | 2 | 3 | 3 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 2 | 3 | 3 | |
2 | 2 | 2 | 3 | 2 | 3 | 3 | 2 | 2 | 2 | 2 | 4 | 4 | 3 | 4 | 4 | 3 | 3 | 4 | 2 | 3 | 4 | ||
3 | 3 | 3 | 4 | 2 | 3 | 3 | 3 | 3 | 3 | 3 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 2 | 3 | 4 | ||
3 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 2 | 3 | 3 | 3 | 4 | 4 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | |
2 | 2 | 2 | 3 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 2 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 3 | 3 | 3 | 1 | 1 | 1 | ||
3 | 2 | 2 | 3 | 1 | 1 | 1 | 2 | 3 | 2 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 1 | 1 | 1 | ||
4 | 1 | 2 | 3 | 3 | 2 | 2 | 3 | 2 | 2 | 3 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 2 | 3 | 4 | |
2 | 3 | 3 | 4 | 2 | 3 | 4 | 3 | 3 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 2 | 3 | 4 | ||
3 | 4 | 4 | 4 | 2 | 3 | 4 | 3 | 3 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 2 | 3 | 4 |
Este método não valoriza o pescoço, pulsos e antebraços; para além disso, a sua aplicação fica dificultada com tarefas de trabalho mais dinâmicas. Não é muito preciso ou sensível. Contudo, é rápido e consegue melhorar as condições de trabalho [1].
Existe software adaptado, nomeadamente WinOwas- http//turva1.me.tut.fi/OWAS [1].
RULA
A metodologia RULA (Rapid Upper-Limb Assessment) [1] [3] [4] [11-13] [18-48] permite fazer a avaliação ergonómica em contexto de esforço dos membros superiores [1] [3] [4] [11] [13] [14] [20] [23] [25] [27] [28] [49] [50]; também pode ser utilizado para o pescoço e tronco [1] [11] [20] [23] [25] [27] [28] [47] [49] e membros inferiores [1]; é particularmente útil em locais de trabalho onde surgiram LMEs [21] [34] [37] [49] [51].
Foi desenvolvido por McAtamney e Corlett [1] [4] [18] [19] [25-27] [29] [37] [45] [52-54] em 1993 [4] [12] [18] [19] [25] [26] [29] [37], na Universidade de Nottingham [1] [19] [29], inspirado inicialmente na indústria têxtil (corte, costura, inspeção e embalamento) [4].
É de aplicação razoavelmente rápida [4] [7] [40]. Não necessita de equipamentos específicos [4] [12] [23] [25] [27] [34] [49] (apenas papel e caneta) e nem exige que o trabalhador tenha de parar as suas tarefas [4] [31]; é também bastante económico [25]. Inspirou-se no sistema OWAS [4] [19]. Consegue analisar a sobrecarga no sistema músculo-esquelético; ainda que possa depender um pouco da experiência do avaliador [31], da recolha dos dados, com influência de alguma subjetividade e do ângulo em que se faz a observação [3] [30]. É prático e fácil, sobretudo quando aplicado por “técnicos especializados” [19]. Trata-se de um método confiável, sobretudo em atividades industriais, contínuas, padronizadas e/ ou repetitivas [3]. Permite a identificação das tarefas mais críticas, propõem alterações concretas e um prazo para a sua implementação e/ ou reavaliação [3] [19].
Trata-se de um método quantitativo, adequado para análise do risco postural (dinâmico e estático), incluindo a força e repetibilidade; originando prioridades de intervenção [19] [20] [27] [30] [33] [34]. Incide na avaliação a três níveis: postura dos segmentos corporais, atividade muscular e força/ carga [19].
Deve ser realizado em três fases: avaliação dos postos de trabalho, sistema de scores para perceber qual a angulação das articulações e correlação com um nível de risco [12].
É utilizado para investigar a postura, força e movimentos associados a tarefas sedentárias (ou seja, sentado e/ ou na posição de pé estática), criando intervalos de postura para cada zona corporal e atribuindo um número em função do nível de sobrecarga. Considera o trabalho estático como aquele que tem posturas mantidas por mais que um minuto e repetitivo o que apresentar quatro ou mais ciclos, pelo intervalo de tempo atrás mencionado [1] [4].
A observação pode ser direta ou através do registo vídeo [12] [19] [23] [51] e/ ou fotográfico [12] [19] [30] [51]. Se se adotar o registo por fotografia e/ ou vídeo, o trabalhador deve ser abordado de lado e trás e lado/ trás e frente, respetivamente [1].
A amplitude do movimento de cada área corporal é dividida em diversas possibilidades numéricas, de forma lógica e de fácil memorização. A apresentação das posições faz-se no plano sagital [4]. No fundo, quantifica o desvio por comparação com a postura neutral [44] [55]; quanto maior o desvio, mais elevado o número atribuído [37]. A pontuação é colocada ao lado da figura representativa. Utiliza diagramas de posturas corporais e três tabelas de pontuação [4].
O processo inicia-se com a observação do funcionário durante alguns ciclos de trabalho, de forma a se escolherem as tarefas/ posturas que se deseja avaliar (geralmente a mais prevalente e/ ou com maior carga) [1] [4] [19]. Contudo, como o processo é rápido, todos os postos podem na realidade ser avaliados [4].
Cada hemicorpo é analisado separadamente e, por isso, podem ser vistos ambos [4] [31] [47]; se não se sabe qual o lado mais relevante, dever-se-á avaliar os dois [19].
O método divide o corpo em duas partes: grupo A (braço, antebraço e pulso) e B (pescoço, tronco e membros inferiores) [1] [4] [11] [19] [25] [29] [33] [37]. Cada área é avaliada através de diagramas posturais, aos que se associam critérios de quantificação e pontuações. Existem tabelas que atribuem um valor global final ao grupo A e outro ao B. O valor final oscila entre 1 e 7 e tal reflete os níveis de intervenção, aos quais se associam ações a desenvolver [19].
Após a obtenção do Nível de Ação, os segmentos corporais devem ser reanalisados para avaliar a eficácia das medidas propostas e efetuadas [12] [19] [23] e a melhoria das condições de trabalho [12].
As principais limitações do RULA são não considerar questões associadas ao ambiente, dimensão do posto, relação com as chefias e stress [1] [12]. Para além disso, não foi exaustivamente estudado em relação à sua extensão de aplicação, qualidade, validade, fiabilidade e sensibilidade [4]. Alguns investigadores defendem que tem baixa sensibilidade para o cotovelo e punho, por exemplo [19]; para além de que não se registam dados relativos à posição do polegar e restantes dedos [1] [19]. Pode-se citar também o facto de não considerar a continuidade das tarefas, parâmetros individuais (como idade, experiência, altura, aptidão cardiovascular e antecedentes relevantes) e a repetição não é tão valorizada como noutras técnicas. Ainda que possa ser aplicado por um avaliador com pouco experiência, será conveniente o oposto [1].
As principais vantagens são ser especialmente adequado para tarefas repetitivas [12], barato [1] [12], acessível, muito desenvolvido na literatura [12], simples, fácil e rápido [1], válido [26] [28] e fiável [28]. Tem boa correlação entre diferentes avaliadores [28] [44], de forma estatisticamente significativa (p< 0,001) [26]. Há quem tenha publicado que este método é mais válido para tarefas executadas na posição de sentada [30] [46]. Em alguns estudos esta técnica demonstrou correlações com a semiologia [56], noutros não [34].
O registo em si pode ser com papel e lápis ou em suporte informático, eventualmente on line (www.rula.co.uk) [1].
Na tabela 5 podem ser analisados os Níveis de Intervenção e Ações a desenvolver.
Categoria de ação ou Nível de intervenção | Pontuação RULA | Definição e intervenção/ ações a desenvolver |
---|---|---|
1 | 1-2 | Postura aceitável caso não seja mantida ou repetida por um período prolongado |
2 | 3-4 | Necessita de investigação mais aprofundada, podendo ser necessário fazer alterações |
3 | 5-6 | Necessita de investigação e pode ser necessário proceder a alterações rapidamente |
4 [26] [29] [33] [51] | 7 | Necessita de investigação e devem ocorrer alterações rapidamente [1] [3] [4] [11] [12] [19] [21] [23] [25] [34] [46] [56] |
Por sua vez nas tabelas 6 e 7, faz-se a síntese do cálculo para os Grupos A e B, respetivamente; as figuras 2 e 3, intercaladas, transmitem a mesma informação, mas de uma forma mais gráfica, ainda que não totalmente concordante para o antebraço.
Parte do corpo | Pontuação e amplitude do movimento | Considerações |
---|---|---|
Braço | 1-Para 20º de extensão a 20º de flexão 2-Extensão superior a 20º ou flexão entre 20 a 45º 3-Flexão de 45 a 90º 4-Flexão superior a 90º |
-Se o ombro estiver elevado soma-se 1 -Se o braço estiver abduzido soma-se 1 -Se o trabalhador estiver apoiado ou o peso do braço estiver suportado, subtrai-se 1 |
Antebraço | 1-Posição neutra 2-Flexão ou extensão de 0 a 15º 3-Flexão ou extensão superiores a 15º |
-Se o punho estiver em desvio ulnar ou radial acrescenta-se 1 |
Punho | 1-Para metade da amplitude correta 2-Se o punho estiver no final da amplitude ou próxima dela |
[4] |
Parte do corpo | Pontuação e amplitude do movimento | Considerações |
---|---|---|
Pescoço | 1-Flexão de 0 a 10º 2-Flexão de 10 a 20º 3-Flexão superior a 20º 4-Extensão |
-Se o pescoço estiver rodado adiciona-se 1 -Se o pescoço estiver com uma inclinação lateral adiciona-se 1 |
Tronco | 1-Para posição sentada e bem apoiada, com angulo quadril/ tronco superior a 90º 2-Flexão de 0 a 20º 3-Flexão de 20 a 60º 4-Flexão superior ou igual a 60º |
-Se o tronco estiver rodado adiciona-se 1 -Se o tronco estiver inclinado lateralmente adiciona-se 1 |
Pernas | 1-Se as pernas e pés estiverem bem apoiados, se sentado e com o corpo em equilíbrio 2-Se na postura de pé, com peso do corpo igualmente distribuído pelos dois pés e com espaço para mudar a postura 3-Se as pernas e os pés não estiverem bem apoiados ou o peso não estiver homogeneamente distribuído pelos pés |
[4] |
O método dispõe de outro score adicional (carga causada por trabalho estático excessivo, movimentos repetitivos, manutenção da força e carga externa) e registado no quadro seguinte.
O score A adicionado à cotação de uso muscular e força para o grupo A origina o score C; o do B origina a cotação D [4], como descrito na figura seguinte.
REBA
A metodologia REBA (Rapid Entire Body Assessment) [1] [4] [11] [12] [20] [24] [36] [37] [43] [46] [52] [53] [57-66], foi criada por Hignett e McAtamney [1] [4] [12] [49] [57] [61], em 2000 [1] [4] [12] [49], no Reino Unido [4]. Identifica tarefas e postos com risco ME [54] [66], abarca todo o corpo [46] [59] e trata-se de um dos métodos mais usados e recomendados [54]; surgiu com o intuito de permitir avaliar posturas imprevisíveis, sobretudo no setor da saúde e atividades industriais [1].
Consegue analisar a sobrecarga nos sistema músculo-esquelético, sem interferir com o trabalho e sem necessitar de equipamentos específicos [12]; serve para avaliar as posturas [60-62] [64] [65] forçadas onde se manipulam cargas e movimentos repetitivos [49]. A avaliação de risco é realizada através da observação sistematizada dos ciclos de trabalho, pontuando as posturas do tronco, pescoço, membros inferiores, membros superiores (braços, antebraços e punhos) e carga, usando tabelas específicas [49].
A seleção das posturas para avaliar pode ter os seguintes critérios: a mais frequente, a mantida por mais tempo [65] [66], a que causa mais desconforto, a mais afastada da posição neutra (sobretudo se exigir força) [65] e/ ou com mais carga [66].
Ainda que abarque todo o corpo, subdivide-se em dois grupos: o primeiro (A) inclui pescoço, dorso/ tronco e membros inferiores e o segundo (B) membros superiores (braço, antebraço e pulso), com [1] ou sem distinção direita e esquerda [11] [60], divergente entre autores; atribui-se um score a cada segmento corporal, em função da postura. Cada parte oscila entre zero e nove [60]. O grupo A tem 60 combinações possíveis e o B 36 [60] [61].
Incluiu várias etapas: observação da tarefa, seleção das posturas a investigar (pela frequência, duração, exigência de força e/ ou atividade muscular, maior desconforto, ou ainda posturas extremas, instáveis e/ ou complexas), associação de uma cotação às posturas, obtenção de uma pontuação final e surgimento de nível de ação (bem como urgência das medidas associadas, caso sejam necessárias) [1].
Apenas necessita de papel e lápis [1].
Usando as tabelas A e B, obtém-se o score C que, por sua vez, originará o score final [11], que varia entre 0 e 15 [11] [46] [59], ao quais correspondem cinco níveis de ação e de risco [11] [46] [59] [66] (ou seja, desde 0- sem necessidade de alterações, até 4- com exigência para mudanças imediatas) [59] [66]. Estes valores finais podem ser calculados automaticamente com um software específico [57].
A observação pode basear-se em vídeos [58] [63] e/ ou fotografias [61], tal como com outros métodos.
Apresenta boa correlação com a existência de LMEs. É um método com fiabilidade, sensibilidade e validade razoáveis. A correlação entre diferentes avaliadores varia de 62 a 85% [60].
Nas figuras e quadros seguintes estão resumidos os diversos passos para executar e registar em função da aplicação do método REBA.
Pernas | Pescoço | |||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1 | 2 | 3 | ||||||||||
1 | 2 | 3 | 4 | 1 | 2 | 3 | 4 | 1 | 2 | 3 | 4 | |
Tronco | ||||||||||||
1 | 1 | 2 | 3 | 4 | 1 | 2 | 3 | 4 | 3 | 3 | 5 | 6 |
2 | 2 | 3 | 4 | 5 | 3 | 4 | 5 | 6 | 4 | 5 | 6 | 7 |
3 | 2 | 4 | 5 | 6 | 4 | 5 | 6 | 7 | 5 | 6 | 7 | 8 |
4 | 3 | 5 | 6 | 7 | 5 | 6 | 7 | 8 | 6 | 7 | 8 | 9 |
5 | 4 | 6 | 7 | 8 | 6 | 7 | 8 | 9 | 7 | 8 | 9 | 9 |
Antebraço | ||||||
---|---|---|---|---|---|---|
1 | 2 | |||||
Pulso | 1 | 2 | 3 | 1 | 2 | 3 |
Braço | ||||||
1 | 1 | 2 | 2 | 1 | 2 | 3 |
2 | 1 | 2 | 3 | 2 | 3 | 4 |
3 | 3 | 4 | 5 | 4 | 5 | 5 |
4 | 4 | 5 | 5 | 5 | 6 | 7 |
5 | 6 | 7 | 8 | 7 | 8 | 8 |
6 | 7 | 8 | 8 | 8 | 9 | 9 |
0 (boa) | 1 (aceitável) | 2 (má) | 3 (inaceitável) |
---|---|---|---|
Pega bem ajustada e pega de potência | Pega aceitável mas não ideal ou aceitável mas feita por outra parte do corpo | Pega não aceitável apesar de possível | Difícil e inseguro, sem pegas ou pega inaceitável usando outras partes do corpo |
Pontuação B | |||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | ||
Pontuação A | 1 | 1 | 1 | 1 | 2 | 3 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 7 | 7 |
2 | 1 | 2 | 2 | 3 | 4 | 4 | 5 | 6 | 6 | 7 | 7 | 8 | |
3 | 2 | 3 | 3 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 7 | 8 | 8 | 8 | |
4 | 3 | 4 | 4 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 8 | 9 | 9 | 9 | |
5 | 4 | 4 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 8 | 9 | 9 | 9 | 9 | |
6 | 6 | 6 | 6 | 7 | 8 | 8 | 9 | 9 | 10 | 10 | 10 | 10 | |
7 | 7 | 7 | 7 | 8 | 9 | 9 | 9 | 10 | 10 | 11 | 11 | 11 | |
8 | 8 | 8 | 8 | 9 | 10 | 10 | 10 | 10 | 10 | 11 | 11 | 11 | |
9 | 9 | 9 | 9 | 10 | 10 | 10 | 11 | 11 | 11 | 12 | 12 | 12 | |
10 | 10 | 10 | 10 | 11 | 11 | 11 | 11 | 12 | 12 | 12 | 12 | 12 | |
11 | 11 | 11 | 11 | 11 | 12 | 12 | 12 | 12 | 12 | 12 | 12 | 12 | |
12 | 12 | 12 | 12 | 12 | 12 | 12 | 12 | 12 | 12 | 12 | 12 | 12 |
Descrição | Pontuação |
---|---|
Uma ou mais partes do corpo estão estáticas, mantidas durante mais de um minuto | +1 |
Pequeno número de ações repetidas mais de quatro vezes por minutos (sem incluir caminhar) | |
A ação causa rápidas alterações às posturas numa base instável |
Equação NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) para levantamento manual de cargas
Esta metodologia apresenta a designação em inglês de “NIOSH lifting Equation” e foi criada por Waters [4], em 1981 [4] [67-69], nos Estados Unidos da América [4] [70] e também foi este o país que mais a utilizou [4].
A NIOSH em 1981 criou o guia “Work Practices Guide for Manual Lifting- WPG”, que continha uma equação relativa ao cálculo do peso máximo recomendado para levantamento de cargas simétrico e com uso das duas mãos. O assunto foi revisto em 1991 [4] [70], 1992 [67] e/ ou 1993 [4] e elaborado um manual em 1994; ou seja, foram introduzidas variáveis como a manipulação assimétrica da carga, frequência e qualidade da pega [68]. Contudo, depende do avaliador [4]. Para além disso, a técnica não foi exaustivamente estudada em relação à sua extensão de aplicação, qualidade, validade, fiabilidade e sensibilidade [4].
A equação não tem então aplicabilidade para:
➢ levantamento/ abaixamento [4]
➢ mais de oito horas por turno [4]
➢ para objetos instáveis [4] (como recipientes com líquidos ou sacos semi-vazios) [70]
➢ uso de carrinho de mão ou pá [4]
➢ com movimentos muito rápidos/ repetidos [4] [68] [69] (mais de 15 por minuto) [69]
➢ pisos escorregadios [4]
➢ temperaturas baixas/ altas [4] [69] nomeadamente inferir a 19 ou superior a 26º [69]
➢ humidade desadequada [4], ou seja, menor que 35 ou superior a 50% [69]
➢ repetibilidade [68]
➢ situações imprevistas como deslizamentos, quedas, sobrecargas não previstas [70]
➢ espaço confinado [69].
A equação NIOSH representa o esforço físico associado ao levantamento da carga. Há correlação entre o IL (índice de levantamento) e a lombalgia [71], segundo alguns investigadores. O índice mencionado é obtido através da seguinte fórmula: IL= PC/ LPR [69], em que PC é o peso/ carga real levantada e o LPR é o limite de peso recomendando [69]. Se menor que 1 é seguro [69-71], com possibilidade mínima de lesão [69] [70]; entre 1 e 2 há risco médio de lesão e se superior a 2 há alto risco de lesão [69]. O risco aumenta com o aumento do índice de levantamento (IL), ainda que não de forma diretamente proporcional [71].
A equação é baseada num modelo multiplicativo que proporciona uma valoração para cada variável. Obtém-se o LPR como produto final, ou seja, o conceito que reflete a carga que aproximadamente todos os trabalhadores saudáveis poderiam suportar [70] pelo período máximo de oito horas por turno, sem aumento de risco de surgirem sintomas/ danos [68] [71]; outros autores esmiuçaram que ela se poderá adequar a 90% dos trabalhadores em geral [69] ou a 95% dos indivíduos do sexo masculino e 75% do sexo feminino [68] [70]; ainda assim não com a sensibilidade e precisão que seria desejável, uma vez que o movimento humano é muito complexo e com grande variabilidade individual. Contudo, alguns investigadores consideram que, para o sexo feminino, o valor de carga não deve ser superior a 50% do estimado para o sexo masculino (ainda que existam menos estudos neste sentido) [68].
Este método propõe um valor para limite de peso recomendado (LPR) a nível laboral, calculado a partir da interação de várias variáveis, de forma a atenuar dados músculo-esqueléticos [68].
O valor máximo da carga em condições em que todas as variáveis envolvidas estão ponderadas é de 23 kgs [68] [70]. São consideradas as distâncias horizontal do indivíduo ao objeto e vertical, frequência de levantamento, rotação do tronco e qualidade da pega. Cada um tem um coeficiente atribuído, associado à tarefa específica [68].
O limite da carga máximo recomendado varia entre países; por exemplo, desde 15 ou 20 (na Holanda e Alemanha) até 100 kgs na Grécia e Tunísia, no final da década de 80. Por volta de 1998 a OIT (Organização Internacional do Trabalho) recomendava o máximo de 50 e 20 kgs, para os sexos masculino e feminino, respetivamente. Nessa altura, em alguns países, também se levava em conta a idade do trabalhador [68]. Na União Europeia geralmente usa-se o valor de 25 kgs, ainda que haja países (como a Itália) que façam distinção entre sexos (30 e 20 kgs, respetivamente) [70].
A equação mencionada pode ser representada por:
Em que
RWL- Recommended Weigh Limit [4] [14]
LC- Load constant (carga constante)
HM- Horizontal Multiplier (multiplicador horizontal)
VM- Vertical Multiplier (multiplicador vertical)
DM- Distance Multiplier (multiplicador de distância)
AM- Asymmetric Multiplier (multiplicador assimétrico)
FM- Frequency Multiplier (multiplicador de frequência)- tabela pré-definida
CM- Coupling Multiplier (multiplicador de pega)- tabela pré-definida [4]
(para mais detalhes sobre a equação, por favor consultar esta referência bibliográfica [4]).
As próximas figuras pretendem elucidar alguns dos conceitos relativos a diversos parâmetros envolvidos na equação [71].
STRAIN INDEX (SI)
O SI [1] [22] [36] [40] [43] [48] [72] [73] foi desenvolvido por Moore e Garg [1] [4] [18] [72] [74], em 1995 [4] [18], nos EUA [4] ; dá destaque à extremidade distal do membro superior [1] [18] e é usado para detetar stress biomecânico [51] [72] [74] e avaliar o risco de desenvolver uma LME na mão, pulso, antebraço e cotovelo [73]. Trata-se de uma técnica semiquantitativa, avaliando o posto de trabalho e não o funcionário [1].
Este método inclui diversas variáveis [1] [48] [51] [73-75]; a cada é atribuído um fator multiplicador do qual se obtém o score [73]. A realçar que metade destas são estimadas (intensidade do esforço, postura do pulso/ mão, velocidade dos movimentos) e as restantes são medidas (duração/ frequência do esforço e duração diária da tarefa). Ou seja, engloba parâmetros fisiológicos, biomecânicos e epidemiológicos. Para cada variável atribuiu-se uma classificação de cinco níveis (sendo 1 o melhor e 5 o pior). A pontuação final resulta da multiplicação das seis variáveis [1].
A equação em causa é:
A classificação de risco é orientada em função de:
É supostamente seguro até 5; para 7 ou mais considera-se que o risco será bem concreto e até 3 pensa-se que o posto de trabalho será muito seguro. Tal está representado graficamente na figura 7 [1].
Este método apresentou uma boa correlação com os sintomas ME [73].
Devem-se avaliar vários ciclos por cada trabalhador [73], eventualmente com auxílio a vídeo [1] [73].
Como principais limitações destaca-se a menor capacidade de prever LMERTS associadas a exposição a vibrações mão-braço e a presença de três variáveis subjetivas. Para além disso, não é tão rápido e necessita de alguma experiência; não é validado. Ainda que não seja muito exigente nas habilitações dos técnicos, o software pode ficar dispendioso [1].
Nas tabelas 15,16 e 17 podem ser encontradas informações úteis para a aplicação deste método. Como a variável esforço é a que tem mais peso, a intensidade do mesmo utiliza o auxílio da escala de Borg, na qual o avaliador regista a sua perceção (ou pode ser o próprio trabalhador a sugerir o valor); na tabela 17 faz-se a eventual equivalência [1].
Nível da variável | Intensidade do esforço | % de duração do esforço por ciclo | Esforços por minuto | Postura mão/ pulso | Velocidade dos movimentos | Duração diária (horas) |
---|---|---|---|---|---|---|
1 | Ligeira | <10 | <4 | Muito boa | Muito lenta | ≤1 |
2 | Média | 10-29 | 4-8 | Boa | Lenta | 1-2 |
3 | Elevada | 30-49 | 9-14 | Aceitável | Mediana | 2-4 |
4 | Muito elevada | 50-79 | 15-19 | Má | Rápida | 4-8 |
5 | Quase máxima | ≥80 | ≥20 | Muito má | Muito rápida | ≥8 |
Nível da variável | Intensidade do esforço | % de duração do esforço por ciclo | Esforços por minuto | Postura mão/ pulso | Velocidade dos movimentos | Duração diária (horas) |
---|---|---|---|---|---|---|
1 | 1 | 0,5 | 0,5 | 1,0 | 1,0 | 0,25 |
2 | 3 | 1,0 | 1,0 | 1,0 | 1,0 | 0,50 |
3 | 6 | 1,5 | 1,5 | 1,5 | 1,0 | 0,75 |
4 | 9 | 2,0 | 2,0 | 2,0 | 1,5 | 1,00 |
5 | 13 | 3,0 | 3,0 | 3,0 | 2,0 | 1,50 |
Critério de classificação | % Força máxima | Escala de Borg | Esforço aparente |
---|---|---|---|
Ligeira (nível 1) | <10 | ≤2 | Esforço quase impercetível ou descontraído |
Média (nível 2) | 10 a 29 | 3 | Esforço já visível, mas moderado |
Elevada (nível 3) | 30 a 49 | 4 a 5 | Esforço evidente, expressão facial não alterada |
Muito elevada (nível 4) | 50 a 79 | 6 a 7 | Esforço substancial, expressão facial alterada |
Quase máxima | ≥80 | >7 | Utiliza os ombros ou o tronco para exercer o esforço |
Outras Metodologias…
O objetivo inicial foi adquirir mais conhecimentos relativamente aos métodos OWAS, RULA, REBA, Equação NIOSH e Strain Index. Contudo, ao longo desse processo, surgiu também informação sobre outras técnicas semelhantes, pelo que, ainda que não pesquisadas diretamente, aqui serão inseridas, para enriquecer o artigo, resumidas no quadro 3.
DISCUSSÃO/ CONCLUSÃO
Alguns dos métodos são razoavelmente conhecidos, outros nem por isso. Facilmente se encontram artigos em bases de dados indexadas que mencionam que os utilizaram mas, devido aos limites impostos pela generalidade das revistas perante o tamanho do documento, quase todos os autores apenas mencionam o nome do método que utilizaram e, quando muito, fazem uma descrição muito sintética do mesmo. Por sua vez, em algumas Teses de Mestrado ou Doutoramento (onde esse problema não existe) já se poderá encontrar uma descrição metodológica mais detalhada mas, ainda assim, nem sempre se consegue perceber na prática como utilizar todos os métodos ou se encontram versões discretamente diferentes, fruto de adaptações ou mistura de métodos, efetuadas ao longo das décadas.
Qualquer profissional inserido numa Equipa de Saúde Ocupacional que seja conhecedor do local de Trabalho terá uma noção razoável de quais serão as tarefas mais danosas; contudo, apresentar essa evidência, atenuando a subjetividade e fazendo uso da hierarquização que as escalas matemáticas podem oferecer, torna as avaliações mais científicas, rigorosas e mais fáceis de serem aceites como válidas pelo Empregador/ Representantes/ Trabalhadores e, consequentemente, aumentar a recetividade às medidas propostas para atenuar/ corrigir o problema e reavaliar o mesmo após essa fase.
Seria desejável que todos os profissionais da área tivessem pelo menos uma ideia genérica dos métodos existentes e que saibam onde se podem socorrer para obter mais informação, de forma a executar essas técnicas.