Doente de 57 anos, professor, ex grande fumador de 40 UMA, adenocarcinoma pulmonar, dezembro de 2018, estadio IIIB (TTF1 +; expressão de PD-L1 negativa; NGS - tissue lung custum - sem qualquer mutação ou translocação ECOG1; terapêutica combinada, de quimioterapia/radioterapia, janeiro/19, progressão para estadio IV, 2 linhas sucessivas de quimioterapia (carboplatinum/pemetrexed) e imunoterapia (atezolizumab) com progressão em fevereiro/20 (Fig. 1).
Por manter excelente estado geral, inicia terceira linha de tratamento, 19 março 2020, docetaxel + nintedanib (Fig. 1).
Em 06/04/2020 (antes do segundo tratamento) quadro de hipertermia, (39,4º) tosse seca intensa e dispneia com polipneia, (frequência respiratório 35 ciclos/minuto) e gasimetria de p=7,45; PO2=69,3; PcO2=37,5; SatO2 93%). Analiticamente HG=12,4 g/dL; leucócitos 17 900 com 92% neutrófilos, função hepática e renal normais; o SARS-CoV-2 (exsudato nasofaríngeo) positivo com serologia também positiva.
Tomografia computorizada toracoabdominal, sobreponível relativamente ao último exame efetuado (Fig. 2).
Após Internamento de 10 dias Hospital CUF Porto, tem alta. Gasimetria normal (SatO2 99%) e 2 testes ao SARS-CoV-2 negativos.1 Apesar do quadro de insuficiência respiratória aguda, com critérios de internamento, teve boa evolução clínica, tratamento com antibióticos, O2 suplementar e outras medidas de suporte, sem necessidade de ventilação invasiva, e sem aspetos radiológicos compatíveis com processo pneumónico.
A classificação do tipo clínico, coloca este caso em tipo severo2 (dispneia, frequência respiratória > 30 /m e SatO2 ≥ 93% e/ou infiltrados pulmonares). Dos doentes com cancro do pulmão, estadio IV e COVID-19 no estudo de Zhang,3 70% desenvolveram sintomas severos e 28,8% morreram.
O nosso doente reiniciou o tratamento de quimioterapia, mantendo-se com testes negativos à COVID-19, que efetua, segundo as normas da Direção Geral da Saúde, a cada 3 semanas (periodicidade tratamento).