Introdução
O carcinoma colorretal (CCR) é a terceira neoplasia mais comum a nível mundial, apresentando cerca de 1,8 milhões de novos casos e 881 000 mortes por ano.1 Em Portugal, o carcinoma do cólon e do reto têm uma taxa de incidência de 47,6% e 22,7%, respetivamente, sendo uma das principais causas de morbimortalidade por cancro no país.2
Na maioria dos casos, o CCR evolui a partir de lesões benignas, os pólipos adenomatosos. Esta evolução é geralmente lenta e não condiciona qualquer sintoma. Sabe-se que as células tumorais do cólon e do reto têm uma expressão elevada da ciclo-oxigenase-dois (COX-2), responsável por produzir a prostaglandina E2 (PGE2).
A PGE2 desempenha um papel importante na proliferação destas células e na resistência à apoptose durante o processo inflamatório.3 O ácido acetilsalicílico (AAS) inibe a enzima COX-2, o que permite ter um efeito anti-inflamatório e anti-tumoral.4
O rastreio do CCR permite reduzir a sua incidência e mortalidade. De acordo com o Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da Direção Geral da Saúde,5 este rastreio deve ser efetuado a partir dos 50 anos de idade através da pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF) numa periodicidade anual ou bianual. O CCR apresenta como um dos fatores de risco a dieta. Assim a prevenção primária consiste na mudança de estilos de vida. Contudo, ao longo dos anos, vários estudos têm investigado as propriedades anticancerígenas e quimiopreventivas do AAS na prevenção primária do CCR.
Atualmente, existem estudos que corroboram a hipótese de o AAS ter uma ação preventiva no CCR. Contudo, apesar de o AAS ser bem tolerado, apresenta um importante risco hemorrágico. Assim, é necessário esclarecer se o benefício de prevenção oncológica se sobrepõe ao risco hemorrágico.
A presente revisão pretende rever a evidência do efeito do AAS na incidência e mortalidade do CCR em indivíduos adultos de médio risco.
Métodos
Em junho de 2020 foi realizada uma pesquisa de revisões sistemáticas (RS), meta-análises (MA), ensaios clínicos aleatorizados (ECA), estudos de coorte (EC) e normas de orientação clínica (NOC) recorrendo às bases de dados National Guideline Clearinghouse, The Cochrane Library, DARE, Bandolier e MEDLINE. A pesquisa incluiu todas as publicações em Português, Inglês e Espanhol de estudos em humanos num período máximo de 10 anos de publicação em relação à data de pesquisa (1 de junho de 2020). Foram utilizados os seguintes termos MeSH: “Aspirin”, “Primary prevention” e “Colorectal neoplasms”.
Foram incluídos estudos cuja população era constituída por indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos com risco médio para CCR, ou seja, sem fatores de risco identificáveis para adenomas colorretais ou CCR (população). Os estudos incluíam um grupo a tomar AAS (intervenção) e um outro grupo placebo ou com ausência de tratamento. O resultado (outcome primário) foi o efeito do AAS na incidência e mortalidade do CCR. Em alguns estudos, foi possível determinar efeitos colaterais comuns do AAS, nomeadamente a hemorragia gastrointestinal (HGI) e hemorragia intracraniana (HIC) (outcome secundário).
Foram excluídos os estudos que incluíam indivíduos com idade inferior a 18 anos, com antecedentes pessoais de CCR, com risco aumentado de hemorragia ou com doença cardiovascular estabelecida. Para estratificar o nível de evidência dos estudos e a atribuição da força de recomendação, foi utilizada a escala Strength of Recommendation Taxonomy (SORT) da American Family Physician.6
Resultados
Após a pesquisa nas bases de dados anteriormente mencionadas, obtiveram-se 57 artigos. Destes foram excluídos 19 por duplicação, 21 pela leitura do título, resumo e texto completo e 12 por incumprimento dos critérios de inclusão. Assim, resultaram cinco publicações: uma meta-análise, duas revisões sistemáticas, um estudo de coorte e uma norma de orientação clínica.
Meta-análise
Cristina Bosetti et al (2019)
A MA de Bosetti et al7 (Tabela 1) incluiu 45 estudos (15 coortes e 30 casos controlo) totalizando uma população de 156 019 indivíduos. A dose usada de AAS variou entre 75-500 mg/dia e a duração do uso foi de 5 a 10 anos.
População/Intervenção | Resultados e Limitações | Conclusões | NE |
30 casos controlo n = 156 019 indivíduos AAS 75-500 mg/dia vs placebo durante 5-10 anos | Incidência de CCR: - O uso regular de AAS está associado a redução do risco CCR: • RR = 0,73; IC 95% (0,69-0,78; p < 0,0001); 45 estudos Dose de AAS: Relação dose de AAS e risco de CCR em 11 estudos: • RR de 0,90 [IC 95% (0,85-0,96; p < 0,0001)] para 75 mg/dia • RR de 0,89 [IC 95% (0,84-0,95; p < 0,0001)] para 81 mg/dia • RR de 0,87 [IC 95% (0,80-0,94; p < 0,0001)] para 100 mg/dia • RR de 0,64 [IC 95% (0,49-0,82; p < 0,0001)] para 325 mg/dia • RR de 0,50 [IC 95% (0,34-0,74; p < 0,0001)] para 500 mg/dia. Duração do uso de AAS: Redução do risco • 20% para 5 anos de uso • 30% para 10 anos de uso | O uso de AAS (≥ 75 mg) reduz a incidência e a mortalidade de CCR após 5 anos do início do uso. A proteção para o CCR tende a aumentar com o aumento da dose e a duração do uso de AAS. | 1 |
AAS = ácido acetilsalicílico; CCR = cancro colorretal; RR = risco relativo; IC = intervalo de confiança; NE = nível de evidência.
Os estudos mostraram que o uso regular de AAS estava associado a um risco reduzido de CCR [RR = 0,73; IC 95% (0,69-0,78, p < 0,0001)]. Cerca de 11 estudos permitiram estimar a redução do risco de CCR em relação com a dose de AAS usada. Estes evidenciaram que a relação dose-risco era linear com um RR de 0,90 [IC 95% (0,85-0,96, p < 0,0001)] para 75 mg/dia, um RR de 0,89 [IC 95% (0,84-0,95, p < 0,0001)] para 81 mg/dia, um RR de 0,87 [IC 95% (0,80-0,94, p < 0,0001)] para 100 mg/ dia, um RR de 0,64 [IC 95% (0,49-0,82, p<0,0001)] para 325 mg/dia e um RR de 0,50 [IC 95% (0,34-0,74, p <0,0001)] para 500 mg/dia. Para além disso, nestes estudos a redução do risco de CCR era evidente a partir de cinco ou mais anos de uso de AAS. Assim, estimaram que a redução do risco era de 20% para cinco anos de uso e cerca de 30% para 10 anos de uso.
Em conclusão, a MA de Bosetti et al evidenciou que a proteção para o CCR tende a aumentar com o aumento da dose e a duração do uso de AAS. A MA incluiu estudos de elevada qualidade metodológica com um seguimento adequado (mais de 80% dos participantes mantiveram a toma de AAS durante o período de estudo), clareza quanto à dose de AAS e a sua duração de uso, bem como, resultados consistentes. Neste sentido atribui-se um NE de 1.
Revisões sistemáticas
Peter Rothwell et al (2010)
A RS de Rothwell et al8 (Tabela 2) integrou quatro ECAs totalizando uma população de 14 033 indivíduos. A dose usada de AAS variou entre 75-1200 mg/dia, a duração média do uso foi de 6 anos e o período de seguimento foi de 20 anos.
População/Intervenção | Resultados e Limitações | Conclusões | NE |
4 ECAs n = 14 033 indivíduos AAS ≥ 75 mg/dia vs placebo durante ≥ 5 anos após 20 anos de seguimento | Incidência • Carcinoma do cólon RR = 0,35; IC 95% (0,20-0,63; p < 0,001) • Carcinoma do cólon proximal RR = 0,45; IC 95% (0,28-0,74; p = 0,001) • Carcinoma do cólon distal RR = 1,10; IC 95% (0,73-1,64; p = 0,66) • Carcinoma retal RR = 0,58; IC 95% (0,36-0,92; p = 0,02) Mortalidade • Carcinoma do cólon RR = 0,24; IC 95% (0,11-0,52; p < 0,001) • Carcinoma do cólon proximal RR = 0,34; IC 95% (0,18-0,66; p < 0,001) • Carcinoma do cólon distal RR = 1,21; IC 95% (0,66-2,24; p = 0,54) • Carcinoma retal RR = 0,47; IC 95% (0,26-0,87; p < 0,01) | O uso de AAS (≥ 75 mg) reduz a incidência e a mortalidade de CCR após 5 anos do início do uso. A redução foi mais significativa para o carcinoma do cólon proximal. | 1 |
AAS = ácido acetilsalicílico; CCR = cancro colorretal; ECA = ensaio clínico aleatorizado; RR = risco relativo; IC = intervalo de confiança; NE = nível de evidência.
A RS mostrou que após 20 anos de seguimento, o uso de AAS numa dose igual ou superior a 75 mg/dia durante um período de cinco ou mais anos reduzia a incidência [RR = 0,35; IC 95% (0,20-0,63, p < 0,0001] e a mortalidade (RR = 0,24; [IC 95% (0,11-0,52, p < 0,0001)] do CCR. Relativamente à localização do carcinoma, a redução da incidência [RR = 0,45; IC 95% (0,28-0,74, p = 0,001)] e redução da mortalidade (RR = 0,34; IC 95% (0,18-0,66, p = 0,001]) foi mais significativa para o cancro do cólon proximal. Para o carcinoma retal verificou-se também uma redução da incidência (RR = 0,58; [IC95% (0,36-0,92, p = 0,02)] e mortalidade (RR = 0,47;[IC 95% (0,26-0,87, p = 0,01)]. Contrariamente, em relação ao carcinoma do cólon distal não houve redução significativa quer na incidência quer na mortalidade.
A RS de Rothwell et al incluiu ECAs de elevada qualidade metodológica. Os resultados são consistentes, apresentando um tamanho de população e período de seguimento adequados bem como clareza na distribuição dos
grupos. Assim atribui-se um NE de 1.
Jéssica Chubak et al (2015)
A revisão sistemática de Chubak et al9 (Tabela 3) incluiu 11 ECAs e 7 estudos de coorte, totalizando uma população de 136 139 indivíduos. A dose mínima de AAS usada foi 75 mg/dia, durante um período mínimo de 10 anos.
Intervenção | Resultados e Limitações | Conclusões | NE |
Incidência CCR: 6 ECAs 7 coortes AAS ≥ 75 mg/dia vs placebo durante ≥ 10 anos | - O AAS (≥ 75 mg) reduz a incidência de CCR em 20% 24% após 10 anos do início do uso de AAS: • RR = 0,60; IC 95% (0,47-0,76; p < 0,001) | O uso de AAS (≥ 75 mg) reduz a incidência e a mortalidade de CCR após 10 anos do início do uso. | 1 |
Mortalidade CCR: 8 ECAs 1 coorte AAS ≥ 75 mg/dia vs placebo durante ≥ 10 anos | - O AAS (≥ 75 mg) reduz o risco de mortalidade do CCR em 33% após 10 anos do início do uso de AAS. - Dados sugerem ausência de benefício entre 5 a 10 anos do começo do AAS. | ||
HGI: 12 ECAs 1 EC AAS ≥ 75 mg/dia vs placebo durante ≥ 10 anos | - Aumento de risco de hemorragia gastrointestinal com o uso de AAS: • RR = 1,94; IC 95% (1,44-2,62; p < 0,001) - As HGI não eram fatais nem severas. | O uso de AAS está associado a um aumento do risco de HGIs, HIC e enfarte hemorrágico. | |
HIC: 12 ECAs AAS ≥ 75 mg/dia vs placebo durante ≥ 10 anos | - Aumento de risco de hemorragia intracraniana com o uso de AAS: • RR = 1,53; IC 95% (1,21-1,93; p < 0,001) | ||
Enfarte hemorrágico: 11 ECAs AAS ≥ 75 mg/dia vs placebo durante ≥ 10 anos | - Aumento do risco de enfarte hemorrágico com o uso de AAS: • RR = 1,47; IC 95% (1,16 -1,88; p < 0,001) |
AAS = ácido acetilsalicílico; CCR = cancro colorretal; EC = estudo de coorte; ECA = ensaio clínico aleatorizado; NE = nível de evidência; HGI =hemorragia gastrointestinal; HIC = hemorragia intracraniana.
Em 17 dos estudos verificaram que a toma diária ou alternada de 75 mg/dia de AAS reduzia a incidência [RR = 0,60; IC 95% (0,47-0,76, p < 0,001)] e a mortalidade após 10 anos do início do seu uso, não havendo benefício antes desse período. Também num período de mais de 20 anos o uso de AAS reduziu em cerca de 20% a 24% a incidência e em 33% o risco de mortalidade de CCR.
Relativamente aos riscos do uso de AAS, mostraram que o AAS aumentava o risco de hemorragia gastrointestinal não fatal [RR = 1,94; IC 95% (1,44-2,62, p < 0,001)], hemorragia intracraniana [RR = 1,53; IC 95% (1,21-1,93, p < 0,001)] e enfarte hemorrágico (RR = 1,47; IC 95% (1,16-1,88, p < 0,001)].
A RS de Chubak et al incluiu estudos de elevada qualidade metodológica com um tamanho de população e período de seguimento adequados bem como resultados consistentes quanto à dose, frequência, duração e riscos do uso de AAS. Neste sentido atribui-se um NE de 1.
Estudo de coorte
Elisabeth Ruder et al (2011)
A coorte de Ruder et al10 (Tabela 4) envolveu 301 240 indivíduos com idade média de 62,8 anos. Tratou-se de um estudo prospetivo que avaliou o efeito da frequência (diário, semanal ou mensal) do uso de AAS e outros anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) na incidência do CCR. Para efeitos desta meta-análise serão abordados os resultados relativos ao uso de AAS em 220 259 indivíduos.
População/Intervenção | Resultados e Limitações | Conclusões | NE |
n = 220 259 indivíduos (73% da coorte total) | - A AAS reduz a incidência de CCR: • Diariamente: RR = 0,86; IC 95% (0,79-0,94; p < 0,001) • Semanalmente: RR = 0,88; IC 95% (0,80-0,97; p < 0,001) | - O uso semanal ou diário de AAS está associado a uma proteção do CCR, verificando-se um menor risco de CCR com a maior frequência de uso. | 2 |
idade média = 62,8 anos | O uso diário de AAS reduziu o risco de cancro no cólon distal [RR = 0,84; IC 95% (0,71-0,99; p < 0,001)]) e do reto [RR = 0,76; IC 95% (0,64-0,90; p < 0,001)]. | ||
AAS 81-325 mg/dia vs placebo durante 12 meses | Variável: sexo - A redução no risco de CCR era semelhante para sexo masculinoe feminino, não havendo diferenças estatisticamente significativas. | ||
Limitações: - Ausência de evidência em relação à dose mínima de AAS a tomar e a sua duração - Período de seguimento curto |
AAS = ácido acetilsalicílico; CCR = cancro colorretal; RR = risco relativo; NE = nível de evidência.
Neste sentido, verificaram uma diminuição do risco de CCR nos indivíduos que usavam AAS diariamente [RR = 0,86; IC 95% (0,79-0,94, p < 0,001)] e semanalmente [RR = 0,88; IC 95% (0,80-0,97, p < 0,001)] durante 12 meses.
As diminuições eram semelhantes para o sexo masculino e feminino, não havendo diferenças estatisticamente significativas. Contudo, não conseguiram distinguir entre o uso de uma dose de 81 mg de AAS (baixa) ou uma dose de 325 mg de AAS (alta). Em relação à localização do cancro, o uso diário de AAS reduziu o risco de cancro no colon distal [RR = 0,84; IC 95% (0,71-0,99, p < 0,001)] e no reto [RR = 0,76; IC 95% (0,64-0,90, p < 0,001)].
Assim, a coorte evidenciou que o uso de AAS estava associado a uma proteção para o CCR, observando-se um menor risco de CCR com a maior frequência de uso. Contudo, não especificaram a dose mínima de AAS a tomar nem a duração necessária.
O EC de Ruder et al apresenta um tamanho de população adequado e resultados consistentes quanto à frequência de uso do AAS. Contudo, devido à falta de evidência quanto à dose e duração do tratamento e ao período de seguimento da coorte ter sido curto (12 meses) atribui-se um NE de 2.
Norma de orientação clínica
Cancer Council Australia (2017)
A NOC do Cancer Council Australia11 (Tabela 5) recomenda o uso de 100 a 300 mg por dia de AAS durante um mínimo de 2,5 anos para redução da mortalidade por CCR (força de recomendação B).
Referência | Conclusão | FR |
Clinical practice guidelines for the prevention, early detection, and management of colorectal cancer Cancer Council Australia, 2017 | - O AAS (100-300 mg/dia) durante pelo menos 2,5 anos tem benefício na redução da mortalidade de CCR. (RR = 0,34; IC 95%; p = 0,001) - O AAS deve ser evitado em indivíduos com dispepsia, úlcera péptica e diátese hemorrágica | B |
AAS = ácido acetilsalicílico; CCR = cancro colorretal; RR = risco relativo; FR = força de recomendação.
A NOC tem em conta o potencial risco hemorrágico do AAS, reforçando que o seu uso deve ser evitado em utentes com risco aumentado de hemorragia.
Discussão
Os estudos incluídos nesta revisão apresentam resultados satisfatórios, mostrando que o uso de AAS pode reduzir a incidência e mortalidade de CCR.
A MA de Bosetti et al e a RS de Rothwell et al evidenciaram que a proteção para o CCR ocorria com uma dose mínima de 75 mg/dia de AAS e a partir de cinco anos de uso. Contudo, na RS de Chubak et al a redução da incidência e mortalidade de CCR só era evidente após 10 anos do início do tratamento com AAS (75 mg/dia). O EC de Ruder et al mostrou redução quer no uso diário quer semanal de AAS. Assim, apesar de haver consistência quanto à dose de AAS a usar denota-se alguma heterogeneidade quanto à duração necessária de tratamento. Neste sentido, futuros estudos são necessários de forma a definir o período mínima necessário e a frequência do uso de AAS para a prevenção do CCR.
A MA de Bosetti et al mostrou que a proteção para o CCR era maior quanto maior a dose e duração de uso de AAS. Contudo, sabe-se que o AAS confere um importante risco hemorrágico como ficou evidenciado na RS de Chubak et al e na NOC da Cancer Council Australia. Assim, são necessários mais estudos para determinar a dose e duração mínima de AAS que confira um benefício oncológico acompanhada de um risco hemorrágico mínimo.
Na RS de Rothwell et al com o uso de AAS verificou-se uma redução significativa na incidência e mortalidade do cancro do cólon proximal. No EC de Ruder et al verificou-se, por outro lado, uma redução do risco de cancro do cólon distal e do reto. Para além disso, neste EC verificou-se ainda que a redução era semelhante entre o sexo masculino e feminino. Neste sentido, variáveis como sexo e a localização do cancro poderão ser incluídas em estudos futuros de forma a aumentar a robustez destes achados.
Conclusão
A hipótese de que o uso de AAS poderá diminuir a incidência e a mortalidade de CCR tem vindo a ser estudada na comunidade científica. Nesta revisão conclui-se que o uso regular de AAS poderá ser efetivo na redução da incidência de CCR em adultos com risco médio para CCR, com eventual impacto na mortalidade. Atribui-se uma força de recomendação B (SORT B).