A comunicação poderá ser definida como uma interação entre dois ou mais indivíduos que trocam mensagens entre si, e que se vão interpretando durante este processo de troca. Existe, pois, troca de informações entre um emissor e um recetor, que irão provocar modificações neste último, mas que também irão influenciar e condicionar o emissor. Um processo de comunicação eficaz permite ao indivíduo ganhar conhecimento e esclarecimento, obter satisfação das suas necessidades, transmitir sentimentos e emoções. Desta interação surge o conhecimento do que os outros pensam e sentem.1
As relações interpessoais fazem parte da atividade de qualquer profissional de saúde. A relevância e atualidade da temática da comunicação é óbvia por ser transversal a todas as profissões de saúde, e ser fundamental na relação terapêutica. De um lado, temos indivíduos com alguma alteração do seu estado de saúde, com necessidades específicas de informação e com características individuais que terão de ser tidas em conta, e de outro, o profissional de saúde com o seu sistema de valores e crenças, e conhecimento científico para transmitir. As capacidades de comunicação desta interação têm impacto ao nível da qualidade da relação. É inegável que capacidades de comunicação inadequadas irão conduzir a piores resultados para os intervenientes e à insatisfação, colocando em causa a adesão por parte dos pacientes aos tratamentos propostos.
As más notícias poderão ser definidas como qualquer informação que altera a visão do futuro do indivíduo de forma negativa.2
A comunicação de más notícias é uma atividade difícil para o profissional de saúde, quer pela gravidade da situação, quer pelas questões éticas associadas e emoções que provocam no indivíduo, mas também no profissional. A capacidade em estabelecer uma boa comunicação é um aspeto essencial em cuidados de saúde. A má utilização das competências comunicacionais ou o seu desconhecimento gera receio e insatisfação nos indivíduos acompanhados e suas famílias.
A necessidade de informação do indivíduo e sua família encontra-se reconhecida como um direito e um dever dos profissionais de saúde em prestá-la. No entanto, fará toda a diferença que, caso seja negativa, a forma como deverá ser transmitida. As capacidades de comunicação podem e devem ser aprendidas e treinadas. Existem diversos protocolos de comunicação de más notícias, sendo o SPIKES um exemplo de extensa aplicação. Todos se baseiam na importância da empatia como a base da relação comunicacional e seu elemento facilitador.3
Faz parte da intervenção do fisioterapeuta a comunicação que envolve perdas funcionais e consequentemente de qualidade de vida, agravamento do curso da doença, limitação do tratamento não farmacológico, assim como da sua eficácia, e a permanente gestão de expectativas que pode ser necessário adequar. O trabalho em equipa multidisciplinar será sempre preferencial.
O fisioterapeuta acompanha indivíduos com patologias que acarretam perdas consideráveis. Muitos destes indivíduos questionam quando irão recuperar, com que sequelas ou limitações ficarão, ou se voltarão a ficar bem. Importa, pois, comunicar de forma empática, informar e evitar criar sentimentos de desesperança. Só assim, se conseguirá promover a recuperação física, mental e social.