Lipedema é uma condição crónica caracterizada pela distribuição anormal de tecido adiposo, que geralmente apresenta uma distribuição bilateral, simétrica e atinge membros superiores e inferiores,1-3 sem atingir pés e mãos.4
Adicionalmente, esta patologia caracteriza e pela presença de dor, sensibilidade tátil,3 propensão a hematomas e sensação de membros pesados.1,2,4
Frequentemente, o aparecimento do lipedema coincide com períodos de alterações hormonais, como puberdade, pós-parto e menopausa.2,4 A sua prevalência atual não está estabelecida, mas sabe-se que afeta quase exclusivamente o sexo feminino1 e geralmente associa-se à presença de obesidade.2
Além dos sintomas físicos, torna-se importante entender o impacto desta patologia na saúde mental.
Sabe-se que é uma condição pouco compreendida e conhecida. Como tal, a baixa conscientização para a sua existência leva à desvalorização de queixas e ao estabelecimento de diagnósticos tardios, promovendo cursos mais graves da doença, que se traduzem em maior incapacidade funcional, baixa qualidade de vida e autoestima.2,3
A sua etiologia é desconhecida e, em termos diagnósticos, não existem ainda critérios aceites internacionalmente.
2 Atualmente, o diagnóstico passa pela história clínica com os achados ao exame físico, e pela exclusão de outras doenças com sintomas semelhantes, como linfedema, doença de Dercum e obesidade.3,4 Esta última muitas vezes coexiste motivando o atraso diagnóstico.
Como meios de diagnóstico complementar a linfocintilografia é a abordagem diagnóstica mais usada.4
No entanto, opções menos invasivas como ressonância magnética ou tomografia computadorizada também são úteis para diferenciar linfedema de lipedema.4 Atualmente, não dispomos de cura para esta patologia e as abordagens terapêuticas mais comumente utilizadas visam sobretudo o alívio dos sintomas e redução temporária do edema. Estas incluem drenagem linfática manual e medidas de estilo de vida, contudo a evidência disponível quanto à sua eficácia seja fraca.3
Têm sido exploradas opções terapêuticas mais invasivas, como técnicas de lipoaspiração e cirurgia bariátrica, embora mais investigação seja necessária para que se estabeleça uma recomendação mais robusta para a prática.1,3
Consideramos assim importante a divulgação de informação acerca desta patologia, cuja prevalência subestimada e o impacto na saúde física e mental impõe uma maior conscientização da comunidade médica, em particular dos médicos de Medicina Geral e Familiar, que pelas características da sua atividade assistencial se encontram numa posição privilegiada para o diagnóstico atempado e gestão desta doença.