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Political Observer - Revista Portuguesa de Ciência Política

versão impressa ISSN 1647-4090versão On-line ISSN 2184-2078

PO-RPCP vol.11  Lisboa jun. 2019  Epub 29-Jul-2021

https://doi.org/10.33167/2184-2078.rpcp2019.11/pp.7-9 

Editorial

Editorial - Cristina Montalvão Sarmento

Cristina Montalvão Sarmento


Tempos e Temas

A Revista Portuguesa de Ciência Política vai entrar no décimo ano de edição e acompanha a fundação do Observatório Político, corpo associativo que lhe deu origem e vida, agora apoiado institucionalmente pela Escola, que o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa representa. Vistoriando a sucessão de temas que nos foram sendo sugeridos e enviados para publicação ao longo do decurso da década, examinámos como as preocupações temáticas se vão ajustando às conjunturas que o decurso do tempo impõe, o que nos dá o mote para este editorial.

Não é animador o tópico da primeira recensão que nos chega do Brasil para este número. O tema escolhido da recensão realizada por Izabela Cavalcanti Pereira, tem o provocador título de: Como morrem as democracias, de Levitsky, S. & Ziblatt, D. (2018), livro já traduzido e publicado em Portugal pela Vogais. A escolha revela e espelha sugestivamente as preocupações que muitos hoje sentem, face ao cenário político conjuntural, que há dez anos era politicamente diverso. Controvérsias ideológicas à parte, prefigura-se real a apreensão disseminada, com a deriva da liberdade e com os constrangimentos sociais, jurídicos e políticos colocados ao que, até agora, foi considerado o acervo garantido da democracia.

Igualmente, a segunda recensão publicada no final, aponta para uma outra preocupação da atualidade: Governing Climate Change: Polycentricity in Action? De Jordan, A., Huitema, D., Van Asselt, H., & Forster, J. (Eds.) (2018), publicada pela Cambridge University Press e cuja recensão foi realizada por Fronika de Wit. Escolha que sugere a centralidade do debate em curso sobre mudança climática e das possibilidades de governação que um rumo neste tema pode supor.

Ora, numa época em o multilateralismo pareceria definitivamente consagrado, muitos analistas vêm sugerindo o eventual regresso da supremacia das relações bilaterais, impulsionadas pela era Trump. Esta hipótese é colocada no artigo de Luca Ranise, que aborda as relações dos EUA e da NATO, e sobre a possibilidade dessas relações conformarem sobretudo a existência de uma agenda politica doméstica norte-americana. Porque se prefiguram como estratégias cruzadas de poder, arrumámos também sob este título o artigo de Luís Sargento Freitas, com o título de: Portugal’s Estado Novo Regime and Apartheid South Africa: two dictatorships and their diplomatic exchanges, que revela como, seja no passado, seja no presente, se procuram legitimações múltiplas de vária ordem para as relações políticas bilaterais entre as comunidades.

Todavia, estes cenários emergem sempre e conjuntamente com reflexões críticas sobre o carácter axiológico que as sociedades englobam. Daí o nome da segunda parte, em que o artigo de Júlio Aurélio Vianna Lopes, Dádiva e Democracia Moderna: A Via da Cidadania Integral, vem sugerir e relembrar a ponderação de valores, assim também a Breve reflexão da ação policial. Um conflito de valores de uma sociedade, de Nelmo Passos.

Finalmente, numa terceira parte, sobre identidade e participação, Diogo Noivo escreve sobre autoritarismo, identidade e terror, referindo-se às causas da violência etarra, transportando-nos para uma época não muito distante e que pode ser mote de reflexão analógica para movimentos do presente. Também o estudo de Bruno Noronha Gomes e Jorge Adelino Pires, sobre Identidade e participação política - o caso dos Enfermeiros nas eleições Autárquicas de 2013, contém informação que aproveita certamente a futuras análises.

Apraz registar que a RPCP - Revista Portuguesa de Ciência Política acompanha a evolução das preocupações que se fazem sentir entre os estudiosos da política e, lamentamos, que não seja possível publicar todos os artigos que recebemos. O rigor crescente para acompanhar as publicações internacionais, a necessidade de receber artigos já portadores das regras de edição que divulgamos, e a tendência de escrutínio mais severo por parte dos revisores têm obrigado a recusar crescentemente mais artigos que nos são enviados, mas estamos em crer que essa rigidez aproveitará a todos no futuro. Apresentaremos brevemente a revisão do site eletrónico da RPCP, já autonomizado e que em língua inglesa se apresentará como Political Observer, para ultrapassar as limitações que o carácter nacional representa para as mais importantes empresas de indexação, sem, contudo, perder o carácter eminentemente português que lhe está na origem.

Como vai sendo nossa tradição, a imagem da nossa capa, Kas, ALL EYES ON ME (Marsaskcala, Malta, 2015), é de um artista urbano de nacionalidade portuguesa, do Porto atualmente a viver em Bruxelas, que consentiu em colaborar connosco e ceder a imagem. A sua abordagem política, social e económica ao fotorrealismo, pode ser encontrada em países tão distintos com a China, Malásia, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Itália, Grécia, Malta, França, Holanda, Finlândia ou Irlanda, países onde a arte urbana de MrKas pode ser descoberta. Agradecendo ao artista e a todos quanto continuam a colaborar na Revista, desejamos a todos, uma boa leitura.

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