1. Introdução
A comunicação se constitui como uma das bases da assistência de enfermagem, pois envolve os relacionamentos interpessoais, a fala, as expressões faciais e os meios de senso percepção que, por sua vez, expressam o cuidado. Portanto, é uma habilidade a ser desenvolvida por graduandos da área para que a sistematização de enfermagem seja realizada de forma eficaz e humana (Oliveira et al., 2018).
Para além da base teórico-metodológica que o enfermeiro deve se apropriar, outros fatores como autoconhecimento do enfermeiro, sua educação familiar e processos de socialização prévios também interferem no desenvolvimento de habilidades comunicativas. A própria mudança para as abordagens educacionais do ensino superior se transforma em interferência quando o estudante possui uma defasagem exacerbada entre sua experiência educacional escolar e as metodologias da instituição de ensino superior (Oliveira et al., 2018; Oliveira & Braga, 2016).
A construção social reforçada pela graduação perpetua diferenças na expressão de empatia nos enfermeiros, que, apesar de possuírem o mesmo nível de empatia que enfermeiras, procuram menos oportunidades de expressarem sua linguagem empática. Sendo assim, um currículo com treinamento de habilidades comunicativas para os enfermeiros com foco na qualidade de respostas empáticas e seus respectivos contextos, seria benéfico para a mudança dessa problemática. Com isso, os programas de graduação em enfermagem podem atuar numa mudança de paradigma para desempenhos equivalentes entre profissionais do gênero masculino e feminino em suas habilidades comunicativas (Christensen et al., 2018; Strekalova et al., 2019).
Ao longo do processo formativo do estudante de enfermagem, deve-se considerar diferentes contextos e fatores que podem repercutir na prática profissional, mais especificamente no que concerne o processo comunicativo. A comunicação, por sua vez, assume outras conformações de acordo com as instituições que permeiam o ambiente de trabalho do enfermeiro, como a família do cliente e os profissionais que participam da equipe. Estudo realizado por Chan (2017) revelou que a comunicação entre o profissional de enfermagem e os familiares do cliente deve ser pautada na promoção de informações concretas e acuradas sobre a situação clínica o qual o indivíduo se encontra.
Os graduandos devem considerar os anseios do cliente sobre a própria condição de saúde, se suas alterações deviam ser compartilhadas com familiares e se os familiares possuíam competência emocional para receber a informação. Além disso, alguns se atentam à linguagem corporal, atitudes e para antecipar o momento apropriado para a comunicação ser estabelecida. Dessa forma, estratégias como aulas com enfoque teórico e prático, voltadas para o desenvolvimento da competência comunicativa dos estudantes de enfermagem possibilitam o aprendizado de conceitos e habilidades para a melhora da comunicação de profissionais de enfermagem com familiares de clientes (Chan, 2017).
Os mecanismos facilitadores do ensino dessa habilidade, a comunicação, bem como sua avaliação e acompanhamento são competências do docente. Este, por sua vez, através de sua postura e relação ensino-aprendizagem, pode corroborar para o desenvolvimento dessa habilidade ou não nos discentes, desde suas configurações mais simples às mais complexas. Para tal, o docente precisa assumir o papel de orientador e apresentar clareza das habilidades comunicativas a serem estimuladas e dominadas pelos discentes (Oliveira et al., 2018; Oliveira & Braga, 2016).
Nessa perspectiva, a pesquisa teve como objetivo analisar as concepções dos professores e estudantes do curso de graduação de enfermagem acerca da comunicação em saúde. Assim, para responder essa questão foi levantada a seguinte pergunta norteadora: Quais as concepções dos professores e estudantes do curso de graduação de enfermagem acerca das habilidades de comunicação na formação e desenvolvimento de atividades no contexto prático.
2. Metodologia
Trata-se de uma pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa realizada em uma Instituição de Ensino Superior pública da cidade do Recife. Os participantes do estudo foram em estudantes do curso de enfermagem, regularmente matriculados, do 1º ao 9º período, e docentes do curso de enfermagem da referida instituição.
Como critérios de inclusão para os estudantes, estes deveriam estar regulamente matriculados, do 1º ao 9º período do curso. Foram excluídos discentes que estavam trancados, por problemas pessois.
Como critérios de inclusão para os docentes, estes deveriam ser Professores efetivos do Curso.
A coleta de dados envolveu duas técnicas de coleta de dados, com estudantes de enfermagem e docentes de uma Universidade pública brasileira. As narrativas e entrevistas foram conduzidas por estudantes de enfermagem, que receberam capacitação teórico-prática sobre técnicas de coleta de dados com pesquisas qualitativas, tutoradas pela orientadora, que possui experiência na abordagem escolhida.
O convite aos discentes foi realizado durante as aulas, com a anuência dos professores, além de convites em momentos informais, nos horários de almoço.
Foram coletadas narrativas dos estudantes de enfermagem, a partir de questões abertas.
Utilizou-se, para a coleta de dados dos discentes, a pesquisa narrativa. Descrita como uma metodologia em que o participante consegue contribuir a partir de suas experiências vividas acerca do tópico, as narrativas se caracterizam por relatos de eventos mais contextualizados. A aplicação do instrumento ocorreu por meio da aplicação auto-dirigida. A abordagem dos estudantes deu-se em sala de aula, em horários que antecederam a preleção ou nos intervalos do almoço, devido à proximidade das pesquisadoras com o público-alvo (Monrouxe, 2018).
Para os docentes, foi utilizado a entrevista com roteiro semi-estruturado com perguntas abertas. A técnica consistiu na elaboração de um roteiro prévio, cuja aplicação foi realizada com agendamentos. A quantidade de entrevistados ocorreu a partir do critério de saturação dos dados. As entrevistas tiveram duração média de 15 minutos cada uma, durante o horário livre dos docentes.
As entrevistas foram gravadas e imediatamente transcritas e posteriormente, os dados das narrativas dos estudantes e as entrevistas semiestruturadas foram compilados para a codificação no Software Atlas T.I, versão 8.0. Nas entrevistas com os discentes e docentes, foram utilizadas as perguntas abertas que caracterizavam as narrativas dos estudantes e as entrevistas dos docentes conforme o Quadro 1.
Para realizar a análise dos dados foi usado o referencial teórico de Yin (2016).
A análise dos dados foi realizada em cinco etapas: A primeira etapa, os dados foram compilados de forma a possuírem uma ordem, caracterizando-os como uma base de dados. A segunda etapa consistiu na decomposição dos dados em fragmentos e elementos menores, os quais foram denominados com códigos. A terceira etapa foi a recomposição, fase na qual os fragmentos menores foram reagrupados em categorias temáticas a partir dos seus códigos, geralmente configurando uma ordenação distinta dos dados iniciais. A quarta etapa consistiu na interpretação dos dados, momento em que os dados recompostos foram utilizados para se criar novas narrativas que se tornaram parte da análise. A quinta e última etapa foi a conclusão, cujo conteúdo adveio da interpretação dos dados e demais etapas do ciclo (Yin, 2016).
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (CEP) do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), parecer de nº: 815.383, atendendo aos requisitos da Resolução 466/12 e suas complementares. Foi solicitada a anuência formal dos participantes através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para manter o anonimato dos participantes foram utilizados códigos formados por uma sequência de letras e números. As letras iniciais correspondem à categoria profissional de cada participante. As letras são seguidas por numerais cardinais que identificam a ordem de participação do entrevistado na pesquisa. Seguindo a sequência da codificação, uma segunda ordem de letras foi utilizada, sendo E para estudante e D para docente.
3. Resultados e Discussão
Foram coletados dados narrativos de 131 estudantes e 10 entrevistas de docentes. Nos grupos de estudantes participantes, 121 foram do sexo feminino e 10 do sexo masculino. A faixa etária desse grupo variou de 17 à 37 anos. Nos docentes, 9 foram do sexo feminino e 1 do sexo masculino. Nesse grupo, a idade variou entre 27 e 67 anos. A partir da análise qualitativa das respostas dos discentes e docentes, foram elaboradas as seguintes categorias temáticas, exploradas a partir dos principais códigos analíticos.
A primeira, a categoria 1, comporta os códigos analíticos relacionados à conceituação da comunicação, suas formas de expressão e transmissão entre interações e como o processo comunicativo constrói relações. A categoria 2, por sua vez, compõe os códigos relacionados à comunicação no cuidado de enfermagem, sua relação e aplicação no trabalho do enfermeiro e seus vínculos com os indivíduos que participam do processo de cuidado: o usuário dos serviços de saúde e a equipe multidisciplinar de saúde.
A última, a categoria 3, diz respeito às aplicações da comunicação no contexto da educação dos graduandos de enfermagem, sua importância no processo de ensino-aprendizagem, a relação entre docente e discente e a participação de ambos no ensino-aprendizagem.
3.1 Categoria 1: Conceito de Comunicação
O conceito de comunicação este atrelado principalmente à transmissão de informações, mas também reconheceram a importância da troca e diálogo. Ambos os atores reconhecem os diferentes tipos de comunicação, com ênfase para a comunicação verbal e não verbal.
3.2 Categoria 2: Comunicação no Cuidado de Enfermagem
Quando questionados sobre a dimensão da comunicação no contexto do trabalho de enfermagem, docentes ressaltaram a sua aplicabilidade como instrumento no processo de trabalho, enquanto estudantes mencionaram, principalmente, sua importância nas relações entre os diferentes atores do processo do cuidado.
3.3 Categoria 3: Comunicação e o Processo de Ensino-Aprendizagem
Na categoria 3, discentes e docentes enfatizam a importância da comunicação centrada em boas relações entre discentes e docentes, além de enfatizarem aspectos como a clareza durante as aulas.
Outro ponto destacado por um docente, foi a empatia nesta relação.
Os resultados destacam os conceitos de comunicação, centrados na transmissão de informações, no caráter relacional e na valorização dos aspectos não verbais, como o olhar e o toque.
A comunicação no cuidado do enfermeiro nos serviços de saúde, esteve relacionada tanto para docentes como para discentes, a um instrumento de trabalho do enfermeiro que permite a relação com a equipe de saúde e com usuários. Na comunicação relacionada ao processo de ensino-aprendizagem, os discentes apresentaram mais dificuldades para refletirem e abordarem esta vertente. Mencionaram a importância da relação entre discentes-docente, mas não conseguiram exemplificar caminhos concretos. Enquanto os docentes mencionaram as trocas e empatia envolvidas nessa relação.
4. Discussão
O conceito de comunicação como transmissão de conhecimentos ou informações, aspecto presente nos discursos tanto de discentes como docentes, pode ser um aspecto negativo a ter reflexos na prática profissional, quando esses profissionais estão inseridos no mundo do trabalho. A utilização da comunicação numa perspectiva mais vertical a qual se constitui parte de um modelo comunicativo onde a informação é transmitida do profissional de saúde para o usuário. Esse modelo, por sua vez, é baseado na emissão da informação científica acurada para que a mudança de comportamento do usuário aconteça (Coriolano-Marinus et al., 2014).
Para isso, a informação emitida é baseada no aspecto biológico do adoecimento e na comprovação científica e desconsidera, em diversas formas, a construção individual do usuário e seus conhecimentos advindos de sua própria cultura. Com relação aos tipos de comunicação, alguns docentes e estudantes, ao responder a pergunta, evocaram em suas respostas os diferentes tipos de comunicação, em especial a verbal e a não-verbal.
De acordo com Fermino e Carvalho (2007), a comunicação é uma prática oriunda da interação humana, e por sua vez pode ser expressa por aspectos verbais e não-verbais. A comunicação verbal, por sua vez, compreende a fala, ao passo que a comunicação não-verbal engloba comportamentos gestuais, toque, movimento e aspectos do ambiente (Coriolano-Marinus et al., 2014; Ramos & Bortagarai, 2011). Os sinais não-verbais, contudo, representam a maior parte das possibilidades de expressão que existem em contextos de interação social, e podem complementar, substituir ou contradizer comunicações verbais, além de expressarem emoções durante o ato comunicativo (Ramos & Bortagarai, 2011).
Os comportamentos utilizados pelos interlocutores tomam diversas significações sociais a partir da cultura de cada um. Assim, a linguagem corporal desempenha um forte papel para elucidar se ambas as partes da conversa se fazem entendidas, ainda que possuam referências sociais distintas. A tacécisa (relacionada ao toque), demonstra a importância desta dimensão nas relações de cuidado e como ele pode ser fonte de carinho e demonstração de empatia, além de carrear consigo múltiplas demonstrações de sentimentos (Ramos & Bortagarai, 2011; Silva et al., 2000). Uma outra dimensão envolvida no ato comunicativo, presente nos depoimentos tanto de estudantes, como docentes, foi a possibilidade de estabelecer relações de troca e diálogo.
Para Tan e Cho (2019), a comunicação em saúde requer, para sua efetividade, o conhecimento de valores e crenças específicos da cultura do usuário. Isso se dá através da adequação cultural do profissional de saúde às especificidades culturais do usuário dos serviços de saúde. A partir dessa aproximação com a realidade do usuário, o profissional de saúde terá ciência de quais valores podem condicionar o comportamento em saúde, e mais especificamente quais valores facilitam esse comportamento e quais o dificultam.
A relação entre o profissional de saúde e o usuário é estabelecida através do ato comunicativo e, para que consigam atingir juntos o objetivo do cuidado, ambos atores necessitam construir esse vínculo à medida que conhecem e adentram na realidade um do outro (Coriolano-Marinus et al., 2014; Tan & Cho, 2019). Com a construção do laço entre o profissional de saúde e o usuário, é possível personalizar o cuidado e as estratégias de intervenção de acordo com o contexto deste, sem ultrapassar suas crenças e valores, considerando sua historicidade e ancestralidade (Coriolano-Marinus et al., 2014).
Assim, a comunicação é o elo primordial no processo de adequação cultural entre o usuário que utiliza o serviço e o profissional de saúde que o assiste. A adequação cultural, por sua vez, facilita a formulação de estratégias que respeitam a individualidade do usuário e, portanto, torna o processo mais horizontalizado (Tan & Cho, 2019).
A enfermagem, em seu cerne, carreia consigo o cuidado como objeto principal de trabalho. Em sua rotina, o profissional de enfermagem precisa estabelecer múltiplas relações interpessoais com a equipe multidisciplinar de saúde e os usuários dos serviços de saúde.
Para isso, o enfermeiro utiliza a comunicação como ferramenta para o estabelecimento dessas relações. A comunicação entre o profissional de enfermagem e o usuário é considerada um dos métodos clínicos mais importantes e constitui a base do cuidado de enfermagem (Gutiérrez-Puertas et al., 2020; Oliveira et al., 2018). Esta dimensão da comunicação enquanto aspecto que relaciona o trabalho do enfermeiro dentro da equipe de saúde, foi vislumbrada tanto por estudantes, como por docentes.
A comunicação toma, dessa maneira, caráter interprofissional em face das mudanças sistemáticas dos serviços de saúde, em que a hierarquização de categorias foi substituída por abordagens mais horizontais.
Assim, as Instituições de Ensino Superior devem preparar seus graduandos para interagir com os diversos componentes de equipes multidisciplinares (Cant et al., 2014). Contudo, a comunicação interprofissional entre enfermeiros e demais profissionais continua sendo um desafio devido às diferenças curriculares de treinamento e as culturas distintas nos espaços de trabalho. Ademais, existe outro desafio inerente à realidade das equipes de saúde: o conflito (Liaw et al., 2020; Liu et al., 2020).
A importância da comunicação no trabalho em equipe, é uma habilidade essencial para o cuidado centrado no usuário a partir de melhor clareza, compreensão e ações de cuidado eficazes. Porém, os enfermeiros recém-formados podem encontrar dificuldades na sua inserção inicial no mercado de trabalho. Em estudo realizado com enfermeiros recém-formados, estes alegam que só conseguem desenvolver habilidades comunicativas com outros membros da equipe, quando se inserem no mundo do trabalho. Porém, é relevante refletir sobre treinamento de habilidades comunicativas durante a formação e preferencialmente de forma interprofissional (Thomas et al., 2009).
Em estudo de intervenção com estudantes de enfermagem, a partir da estratégia de Simulação clínica, os estudantes desenvolveram melhor comunicação e melhor capacidade na tomada de decisão em relação a um ambiente controlado de aprendizagem (Raurell-Torreda et al., 2021).
A comunicação é uma competência crucial para o estabelecimento da relação entre enfermeiro e usuário dos serviços de saúde. Essa relação, pode ser definida como “Relação de Carinho”, cuja base são os sentimentos de confiança e reciprocidade para se atingir objetivos comuns, e é percebida pelos os usuários como “receber um cuidado completamente centrado no usuário, estar juntos com compaixão e receber suporte e comunicação efetiva da equipe de saúde (Guarinoni et al., 2019).
A qualidade do cuidado deve ser avaliada, principalmente, a partir da percepção do usuário. Este, por sua vez, tem sua percepção acerca dos serviços prestados altamente influenciada pela qualidade das interações entre ele e a equipe de saúde que o assiste (Marca-Frances et al., 2020). Para que essa relação se desenvolva, a comunicação entre o profissional de enfermagem e os familiares do cliente deve ser pautada na promoção de informações concretas e acuradas sobre a situação clínica o qual o indivíduo se encontra (Chan, Tong, & Henderson, 2017).
A comunicação, no contexto das relações entre professor e estudante foi ressaltada tanto por discentes como docentes. Os discentes apresentaram mais dificuldades par exemplificar situações concretas da comunicação em sala de aula e como esta contribui para a sua formação futura enquanto enfermeiro. Destacaram apenas a importância na qualidade dessa relação posterior com usuários. Essa relação, por sua vez, é crucial para definir a experiência de aprendizagem do discente. Para a criação de um ambiente clínico propício para que o graduando em enfermagem possua uma aprendizagem positiva, é necessário que essa relação também seja positiva. As atitudes do docente em relação aos estudantes influenciam no desenvolvimento de competências profissionais, socialização e confiança. Portanto, o professor impacta no desenvolvimento das habilidades comunicativas do discente assim como em suas habilidades psicomotoras ((Chan, Tong, & Henderson, 2017; Oliveira et al., 2018; Oliveira & Braga, 2016).
Assim como outras nuances, o relacionamento docente-discente está sujeito às interculturalidades frequentemente experienciadas durante a graduação. A demonstração de empatia por parte do professor, pode aumentar a experiência de aprendizagem dos estudantes. Contudo, em casos em que a empatia não é acompanhada da crítica, isso pode sabotar a aprendizagem do estudante em suas competências como futuro enfermeiro (Chan, Tong, & Henderson, 2017).
5. Conclusão
A partir das perspectivas de estudantes e docentes, constatou-se que ambos reconhecem a comunicação e sua importância no processo saúde-doença, através das interações realizadas com os usuários dos serviços de saúde, a família e a equipe de saúde, e ensino-aprendizagem, na relação professor-aluno. Contudo, ainda que saibam da relevância da competência nesses contextos, a comunicação ainda é um tema centralizado no profissional de saúde.
Apesar de possuírem ciência da existência da comunicação não-verbal no processo comunicativo, tanto docentes como estudantes não demonstraram conhecimento dos níveis mais profundos que essa comunicação apresenta, nem seus desdobramentos. Assim, faz-se necessário um empoderamento do estudante para práticas que promovam maior dialogicidade com usuários, com maior enfoque em aspectos como voz, toque e demais sinais não-verbais que contribuem decisivamente para a comunicação enquanto habilidade fundamental para o enfermeiro no contexto da educação e cenários do cuidado.
A partir da abordagem qualitativa, com utilização de diferentes técnicas de coleta de dados (entrevistas semiestruturadas e narrativas), o estudo alcança o objetivo de analisar as concepções dos professores e estudantes do curso de graduação de enfermagem acerca da comunicação em saúde, oferecendo subsídios relevantes para o direcionamento/redirecionamento da comunicação em sala de aula, além da comunicação do enfermeiro em serviços de saúde.
Uma das limitações a serem destacadas, foi a impossibilidade de agregar a técnica de observação não participante, a qual poderia agregar elementos adicionais para a melhor compreensão do fenômeno.