1.Introdução
A finalidade de apresentar a Sequência Didática Interativa (SDI) aos alunos da disciplina de Prática como Componente Curricular III (PECC III)1, como parte integrante da Metodologia Interativa usada como ferramenta didática, é diversificar as metodologias no trabalho docente para possibilitar ao licenciando em formação inicial mais uma maneira de exercer a mediação do ensino entre seus alunos, buscando entender a complexidade que permeia o aprendizado significativo de uma maneira sócio interacionista. A Metodologia Interativa como ferramenta didática foi desenvolvida pela professora e pesquisadora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Maria Marly de Oliveira, cearense de Juazeiro do Norte, Licenciada em Pedagogia, com mestrado em educação pela Universidade Federal de Pernambuco e doutorado em educação Ph.D. pela Universidade de Sherbooke, Quebec, Canadá (Oliveira, 2016a). Inicialmente, a Metodologia Interativa veio a se constituir no procedimento metodológico usado pela pesquisadora durante a sua pesquisa de doutorado, que, por sinal, também foi usado na tese de doutorado do primeiro autor (Porto, 2020). Tal procedimento evoluiu para o seu uso como ferramenta didática, denominada Sequência Didática Interativa, mediante as disciplinas que autora lecionou - Metodologia da Pesquisa Científica, Metodologia do Ensino Superior e Metodologia da Pesquisa em curso de pós-graduação - nas aulas e orientações consumadas com seus alunos de graduação, mestrado e doutorado, resultando na publicação do livro editado em 2013, intitulado “Sequência Didática Interativa no Processo de Formação de Professores”, (Oliveira, 2013; 2016a). A justificativa de se recorrer à SDI, como ferramenta didática, é a sua capacidade de influir na mediação do ensino, no sentido da “intervenção do professor para desencadear o processo de construção do conhecimento (aprendizagem)” (Brasil, 2002, p. 54), revelando potencialidades para desenvolver o planejamento e a execução do ensino, com a participação ativa do aluno, interagindo entre si e com o professor, o que permite caracterizá-la como metodologia ativa (Alcântara, 2020). Este artigo é um recorte de um projeto cuja questão norteadora é: Como realizar a apresentação inicial da SDI aos alunos de PECC III de modo a incentivá-los a usar esta ferramenta, não só nas disciplinas do curso que frequentam como na sua futura prática de docente? Especificamente para este artigo procurou-se dar resposta à seguinte questão de pesquisa: Quais as dimensões de motivação, na mediação do ensino na prática docente, que emergem do uso desta ferramenta? Ex-positis, o objetivo deste texto é o de expor, sob a óptica da pesquisa qualitativa, como se procedeu à recolha e análise de dados de forma participativa do uso de uma ferramenta didática. Pretende-se que esta ferramenta venha a ser implementada como parte da estratégia de planejamento e execução do ensino em escolas de educação básica brasileiras.
2.Metodologia
Tendo definido a questão de pesquisa e o objetivo relacionado procuramos manter uma coerência interna de toda a investigação (Souza, Souza & Costa, 2016, p. 134). A recolha de dados foi feita em contexto de sala de aula, onde foi feita a apresentação inicial da SDI, de uma maneira ativa, dinâmica e atraente, empregando a imagem do mural da sala de aula virtual, criada no Google Classroom. Procurou-se incentivar o uso desta ferramenta pelos alunos de PECC III. De modo a facilitar a organização e análise de conteúdo dos dados recolhidos utilizou-se o software webQDA. A análise de coteúdo (Bardin, 2016) foi combinada com a análise hermenêutico dialética (Minayo, 2013), consoante o desenho metodológico da investigação, para se chegar aos resultados e discussões deste processo investigativo. O enquadramento da Sequência Didática Interativa (SDI) como ferramenta didática na Metodologia Interativa (MI) parte, inicialmente, do conceito de metodologia tido como o discernimento dos métodos e técnicas a serem usados em determinada atividade - como é o caso da mediação docente -, é dizer, “é um processo que engloba um conjunto de métodos e técnicas para ensinar, analisar, conhecer a realidade e produzir novos conhecimentos” (Oliveira, 2016a, p. 43). Quanto aos métodos, estes são as maneiras disponibilizadas pela ciência para executar, de modo planejado, a metodologia, incluindo “a utilização de instrumentos adequados (técnicas), para a consecução dos objetivos predeterminados” (Oliveira, 2016a, p. 48). Segundo Oliveira (2016a, p. 123) a MI “é um processo hermenêutico dialético que facilita entender e interpretar a fala e depoimentos dos atores sociais em seu contexto e analisar conceitos em textos, livros e documentos, em direção a uma visão sistêmica da temática em estudo”, considerando a complexidade e a dialogicidade. Consequentemente, como metodologia, a MI é “fundamentada teoricamente no método pluralista construtivista ou método da quarta geração de Guba e Lincoln (1989), no método de análise de conteúdo de Bardin (1997) e no método de análise hermenêutico-dialética de Minayo (2004)” (Oliveira, 2016a, p. 123) e tem como carro chefe a técnica do Círculo Hermenêutico Dialético (CHD), tipo de técnica compilada e adaptada do “método pluralista construtivista ou método da quarta geração de Guba e Lincoln (1989)” (Oliveira, 2016a, p. 127), que é definido como:
“Um processo de construção e reconstrução da realidade por meio de um vai e vem constante (dialética) entre as interpretações e reinterpretações sucessivas dos indivíduos (dialogicidade e complexidade) para estudar e analisar em sua totalidade um determinado fato, objeto e ou fenômeno da realidade (visão sistêmica)” (Oliveira, 2016a, p. 133).
Posto isso, a SDI, como ferramenta didática, é considerada “um desdobramento da Metodologia Interativa, visando facilitar a produção de novos conhecimentos, a compreensão e elaboração de conceitos, bem como de temáticas que visem a construção de novos conhecimentos” (Oliveira, 2016a, p. 116). Isso significa que a SDI se integra à MI, acrescentando-lhe essa qualificação de ferramenta didática, visando a mediação do ensino, que se trata de uma ação do formador na aprendizagem do aluno, entretanto, “de forma intencional, sistemática e planejada, potencializando ao máximo as capacidades do aluno” (Brasil, 2002, p. 54), entendendo-se que o professor deve ser formado para considerar a SDI:
“uma proposta didático-metodológica que desenvolve uma série de atividades, tendo como ponto de partida a aplicação do Círculo Hermenêutico Dialético para identificação de conceitos/definições, que subsidiam os componentes curriculares (temas), e que são associados de forma interativa com teoria(s) de aprendizagem e/ou propostas pedagógicas e metodológicas, visando a construção de novos conhecimentos e saberes” (Oliveira 2013, cap 2, p. 2).
As suas bases conceituais, consideradas como aportes teóricos, estão alicerçadas em teorias tais como, entre outras, a da complexidade de Morin, a da transposição didática de Chevallard, a do aprendizado significativo de Ausubel e a sócio histórica de Vygotsky (Oliveira, 2013). A SDI, portanto, se caracteriza uma metodologia ativa, por permitir que o professor crie “uma atividade em sequência e/ou etapas para aprofundar ou construir o conhecimento de uma determinada disciplina (ou tema) no contexto de sala aula” (Oliveira, 2016a, p.169), contando com a participação de seus alunos. No desenvolvimento da primeira etapa se pratica o diálogo, no âmbito dos estudantes divididos em pequenos grupos (3 a 6 alunos), para a coleta de dados, por intermédio do CHD, tido como carro chefe da etapa e da própria SDI, o qual se mostra um caminhar dialético, “em que são realizados constantes diálogos, críticas, análises, construções e reconstruções (para se) chegar o mais próximo possível da compreensão da realidade” (Oliveira, 2011, p. 237). Esse vai e vem dialógico, crítico, analítico, construtivo e interpretativo não reflete a obrigatoriedade do ajuste das ideias para se cristalizar o consenso, mas, antes de tudo, visa “se chegar o mais próximo possível do real contexto da realidade pesquisada” (Oliveira, 2011, p. 237). Ao incursionarmos em Oliveira (2016b; 2011) nos deparamos com as figuras ilustrativas do CHD, a primeira baseada em Guba e Lincoln (1989) e a segunda uma adaptação da autora para o uso na SDI como ferramenta didática, a qual a adaptamos no exercício adiante proposto, de apresentação inicial da SDI aos alunos de PECC III. A aplicação do CHD depende, portanto, das nuances do contexto em foco, não apresentando esquema fixo, variando de acordo com a ferramenta utilizada, sendo o mais importante a construção coletiva e gradual de uma síntese geral, refletindo um pensamento coletivo, ocasião em que há a ampliação e se sedimentam os saberes do aluno “na interação com os colegas e o professor, sendo ativo no seu processo de aprender” (Alcântara, 2020), um verdadeiro aplicar da metodologia ativa. Ao já referido vai e vem dialético de análise da realidade pelo CHD, se segue a segunda etapa da SDI, a qual se consubstancia com o método de análise de conteúdo de Bardin (2016) e com a análise hermenêutica-dialética de Minayo (2013), procedimento metodológico realizado pelo professor da disciplina, para o fechamento do ciclo de aplicação da ferramenta didática. A operacionalização da SDI no âmbito de PECC III começou com a apresentação inicial deste procedimento metodológico, que se fez após a primeira aula, aula esta que consistiu de uma sondagem diagnóstica, na qual se procurou averiguar qual o nível de satisfação e de conhecimentos dos alunos, considerando o início da nova disciplina. Ainda nesta primeira aula, aproveitou-se a oportunidade para anunciar aos estudantes que a disciplina se desenvolveria, valorizando a participação dos discentes, pelo uso da SDI, como ferramenta didática, solicitando a todos os alunos que interpretassem a imagem do mural da sala de aula virtual da disciplina, criada no Google Classroom, o que seria objeto de um exercício sobre a ferramenta. Sabe-se que as imagens, cujo conteúdo é objeto de estudo da imagética, trazem “um conjunto de significados sob o enfoque de possibilitar a combinação de ideias e valores em torno do que se pretende captar, tornando seu estudo complexo e rico em contribuições para o objeto analisado” (Matos, 2017, p. 99) e por isso “assumem nos dias de hoje, um papel cada vez mais relevante, enriquecedor e desafiante em investigação qualitativa, transformando-se em dados visuais passíveis de serem analisados” (Rodrigues & Costa, 2020, p. 2). Diante da expectativa dos alunos, averiguada na sondagem e mediante a atividade solicitada de interpretação da imagem do mural, na segunda aula foi-lhes apresentado o programa da disciplina e uma nota de aula, na forma de artigo, cujo teor descrevia “de forma clara, detalhada e fundamentada, a Sequência Didática Interativa enquanto ferramenta didática e procedimento metodológico”, na acepção do segundo revisor do presente artigo, o que permitiu aos alunos de PECC III, uma primeira leitura dos conceitos atinentes à SDI. O documento em tela, além de fornecer as bases teóricas, propunha um exercício de aplicação, de interpretação da imagem do mural, a qual já fora objeto de trabalho individual, procurando-se, de uma maneira dinâmica e atraente, realizar a apresentação inicial da SDI, como modo de incentivar os alunos de PECC III quanto a usabilidade da ferramenta para aguçar sua motivação na mediação do ensino na prática docente, objeto de análise neste comunicado, desenhando-se metodologicamente a investigação. O caminho trilhado no processo investigativo percorreu os semestres 2020.2 (05/04 a 29/07/2021, 5 alunos matriculados), 2021.1 (21/09/2021 a 27/01/2022, 10 alunos matriculados) e 2022.1 (iniciado em 08/03/2022, 11 alunos matriculados, em curso), averiguando-se se a maneira de realizar a apresentação inicial respondia de maneira coerente à questão de investigação. Este artigo foca na apresentação inicial da SDI aos alunos de PECC III. Procurou-se que a aprsentação fosse feita de maneira dinâmica e atraente, recorrendo a imagens, cujo intuito de os incentivar a usar esta ferramenta e indagar da sua usabilidade. Prtendeu-se aguçar as suas respectivas motivações para a prática do ensino, por meio da SDI através de uma metodologia ativa, dinâmica e atraente. Diante do cenário apresentado foram criadas imagens nos murais, expressando os temas, a serem objetos de interpretação, para este mister:
No primeiro semestre 2020.2-Os dizeres Docência e Prática de Ensino e braços em ato de atirar para cima seus cabelos, representado pela imagem da figura 1 A figura foi criada no Google Classroom.
no segundo semestre 2021.1 - A denominação da disciplina seguida do lema, “Professores, Ides Ensinar! Aprendei a Aprender!, e carpelos flutuando no espaço, figura 2. A figura foi criada no Google Classroom, com imagem da própria ferramenta, acrescida da denominação da disciplina e do lema, usado pelo autor em outras publicações.
Neste terceiro semestre 2022.13 - Biologia, suas áreas de atuação e figuras temáticas enquadradas pelo título da disciplina e dizeres relacionados a aspectos pedagógicos da docência, tais como o lema, o ideal e a inspiração, figura 3. A figura foi criada no Google Classroom4.
Ressalta-se, ainda, que o exercício de apresentação inicial se compôs de dois momentos:
No momento 1, se estabeleceu a primeira etapa da SDI, com a seguinte sequência de atividades:
Em cada semestre houve um tema próprio a interpretar, representado pelas imagens das figuras 1, 2 e 3. É importante frizar que os semestres 2020.2 e 2021.1 aconteceram de maneira remota em decorrência da pandemia da COVID 19 e a interpretação se ateve à própria imagem do mural. Já no presente semestre, a disciplina voltou a ser oferecida de modo presencial, entretanto, atrasou- se em duas semanas para se iniciar, demandando um ajuste na atividade, tendo a interpretação da imagem acrescida das impressões sobre sondagem diagnóstica, iniciativa considerada exitosa.
Dando sequência ao exercício a sala de aula foi dividida em grupinhos de trabalho, mediante o número de alunos matriculados. Tomando como exemplo o semestre atual foram formados 3 grupinhos, 1 de 3 alunos e 2 de 4 alunos, de modo que cada grupinho fez a síntese das impressões sobre as duas atividades, mediante a leitura por todos das impressões de cada um, em uma sequência predeterminada no CHD.
Em seguida cada grupinho escolheu um representante, para discutirem entre si, no sentido de produzir a síntese das impressões da turma sobre as atividades, a ser apresentada por um dos representantes à toda a turma. Esta sequência está esquematizada na figura 4.
Fonte: adaptado de Oliveira (2011, p. 242).
No momento 2, aconteceu a seguinte sequência de atividades:
1) Embasamento teórico exposto pelo professor, o qual se inicia com a análise da síntese proposta pela turma;
2) Finalização com os aportes teóricos sobre a atividade, podendo continuar, caso necessário,com uma nova atividade complementar, numa aplicação do princípio recursivo da teoria da complexidade5.
Complementando-se o desenho metodológico da pesquisa, em relação à sua coerência interna, as análises foram feitas mediante o material empírico da pesquisa armazenado no corpus de dados, nas fontes internas do projeto “Prática de Ensino”, do webQDA, de modo a completar o esquematizado, subsidiado pelo “Quadro 1 Coerência Interna Geral da Investigação” (Souza, Souza & Costa, 2016, p. 134), que partiu da questão definidora da análise desta investigação (Costa & Amado, s/d). Nestas análises, foram aplicadas as técnicas de análise de conteúdo de Bardin (2016) combinada com a análise hermenêutica-dialética de Minayo (2013), para que se pudesse entender como se deu a apresentação inicial da SDI, considerando-se o questionamento feito. A combinação da análise hermenêutica-dialética de Minayo (2013) com a análise de conteúdo de Bardin (2016) se deu no sentido de considerar a intersubjetividade entre os participantes, tendo “como matéria-prima opiniões, crenças, valores, representações, relações e ações humanas e sociais sob a perspectiva dos atores em intersubjetividade”conforme propõe Minayo & Costa (2018, p.151), obtida no vai e vem dialético das interpretações realizadas no CHD, procurando-se um caminho mais aprofundado de análise do que o propugnado na análise de conteúdo de Bardin, entretanto, seguindo a orientação de codificação desta análise. Neste prisma, foram consideradas a presença das seguintes categorias de análise expressas pelos alunos e professor, nos exercícios realizados nas turmas dos respectivos semestres:
Formação; Atividade Profissional e; Celebração; no semestre 2020.2.
Ensino; e Aprender a Aprender; no semestre 2021.1.
Conhecimento Prévio; Visão Prospectiva; Relações ProfessorxAluno e AlunoxAluno; Formação e Desempenho Docente; Campo de Atuação da Biologia; Aspectos Pedagógicos e; A Biologia como Conhecimento Científico; no semestre 2022.1.
A fim de caracterizar a validade da aplicação da SDI, nos semestres findos foi, ainda, realizada uma análise das sondagens pós-disciplina para verificar o nível de satisfação com a aplicação da SDI, enquanto no semestre em curso foi analisada a autoavaliação sobre a participação do aluno no CHD, solicitada pelo professor.
3.Resultados e Discussão
A disciplina de PECC III, tendo como regente o primeiro autor deste artigo, já está na sua quarta versão, correspondendo a quatro semestres consecutivos. Esta regência foi assumida imediatamente após a conclusão do seu doutorado em outubro de 2020. Na primeira versão, referente ao semestre 2020.1 - aconteceu de 27/10/2020 a 11/02/2021, com 18 alunos matriculados, organizados em 6 grupinhos de 3 alunos - foi ministrada de modo remoto, em consequência da pandemia de COVID19 que houvera se instalado. O trabalho em equipe, embora tenha sido a estratégia que prevaleceu e a temática da transposição didática nos moldes da SDI, tenha norteado esse trabalho, não se falou sobre a SDI como ferramenta didática, entretanto, se percebeu que, de maneira informal, ela esteve presente, o tempo todo, como metodologia de trabalho, abrindo o caminho para o uso da ferramenta nos semestres subsequentes. Nestes, aplicou-se a SDI, como ferramenta didática, apresentando-a, inicialmente, por meio de um exercício, o qual, propôs a interpretação das imagens dos murais, da sala virtual, criada no Google Classroom, de modo que essa apresentação se desse de maneira ativa, dinâmica e atraente, usando-se a imagética, como recurso qualitativo para a obtenção do êxito esperado (Matos 2017; Rodrigues & Costa 2020). Os semestres 2020.2 e 2021.1, foram ministrados ainda em modo remoto, com atividades divididas em síncronas e assíncronas. Quando as atividades eram síncronas, toda a turma era reunida na plataforma virtual, pelo Google Meet. Neste modo, se davam as apresentações dos resultados dos trabalhos dos grupinhos, já postados no Google Classroom, ou de maneira individual, ou em equipe, dando a oportunidade de serem reunidas as impressões dos pequenos grupos e em seguida da turma, sobre, no caso em estudo, a imagem do mural. Nas assíncronas, que poderiam e foram muitas vezes síncronas para os grupinhos, rodava o CHD, momento 1 da SDI (Oliveira, 2013; 2016a; 2016b), de sorte que a flexibilidade da atividade permitia que as equipes se reunissem por livre iniciativa, garantindo-se, com a postagem dos trabalhos, suas efetivas participações. Os aportes teóricos do professor, momento 2 da SDI (Oliveira, 2013; 2016a; 2016b) eram realizados no modo síncrono, contando com a participação de toda a turma para o fechamento da atividade proposta, no caso questionado neste artigo, de interpretação da imagem do mural, aplicando a SDI. Já, no semestre em curso, 2022.1, as atividades voltaram a ser presenciais, entretanto, por problemas administrativos, não iniciaram em 07/03/2022, sendo a primeira aula presencial ministrada em 28/03, dando a oportunidade, nesse ínterim, de se criar uma sala de aula virtual pelo Google Classroom, de ser realizada a sondagem diagnóstica e de reunir as impressões individuais sobre a imagem aposta no mural. Nesta primeira aula foi apresentado o programa da disciplina, discutido sobre as impressões individuais da sondagem diagnóstica, organizados os grupinhos de trabalho e disparada a atividade de interpretação da imagem do mural, com imediata postagem da nota de aula em forma de artigo na plataforma virtual, para a famialirização dos alunos com a SDI. Já, na aula seguinte, foi rodado o primeiro momento da SDI, com a reunião dos grupinhos em sala previamente preparada para a execução do CHD, quando as impressões individuais sobre a imagem do mural, acrescidas da realização da consolidação das impressões individuais pertinentes à sondagem diagnóstica, passaram a ser discutidas, na busca da síntese no pequeno grupo. Na terceira aula presencial, ocorrida em 05/04, após a apresentação sobre a didática da biologia feita pelo professor, findou a rodada do CHD nos grupinhos, permitindo que seus representantes se reunissem para a realização da síntese da turma, como propunha o exercício, sendo apresentada em 07/04, ao mesmo tempo em que foi solicitada as impressões individuais sobre a participação no CHD, todo este material, sendo postado, para o conhecimento do professor, em atividades previamente criadas na sala de aula virtual. O fechamento da atividade aconteceu no dia 12/04 com os aportes teóricos do professor, oportunidade na qual foi exposta uma apresentação em power point, sintetizando as impressões da turma sobre a sondagem diagnóstica e interpretação do mural, acrescida de quadro síntese sobre a participação dos alunos no CHD. Diante dos resultados ora apresentados verifica-se que a SDI é uma ferramenta que amplia e sedimenta os saberes do aluno “na interação com os colegas e o professor, sendo ativo no seu processo de aprender” (Alcântara, 2020), um verdadeiro aplicar da metodologia ativa.
4.Considerações Finais
A SDI, como ferramenta didática, desdobrada da MI há pouco mais de dez anos, caracteriza-se como uma metodologia enquadrada no âmbito da pesquisa qualitativa, estando atrelada à área da educação e foi eleborada pela Dra. Maria Marly de Oliveira, trazendo relevantes inovações para o campo da pesquisa em educação pela sua aplicação como uma metodologia ativa, na qual alunos e professores interagem o tempo todo, no curso da sua operacionalização. Sustentada que está em sólidas bases teóricas e pela simplicidade e criatividade no seu emprego, julgou- se oportuno apresentá-la, aos alunos de PECC III, no início da disciplina, pelo terceiro semestre consecutivo, de uma maneira ativa, dinâmica e atraente, usando-se da imagética para atrair a atenção dos alunos, recurso que está muito valorizado, constituindo-se um avanço no âmbito da investigação qualitativa, o que justifica a apresentação deste artigo no CIAIQ/2022. Assim sendo, este artigo apresenta um desenho metodológico, que, mediante seus resultados e discussão, deu conta de responder ao questionamento inicial e seu objetivo, por meio do método de análise de conteúdo de Bardin combinado com o método de análise hermenêutico-dialética de Minayo, suportada pelo corpus de dados registrado no software webQDA, presente no “Projeto Prática de Ensino”. Finalmente, espera-se que, não só os estudantes de PECC III, assim como os alunos do Estágio Supervisionado nas escolas de Ensino Médio (disciplina ofertada em sequência à prática de ensino), os professores em desenvolvimento profissional e os leitores deste artigo, além de se interessarem pela pesquisa qualitativa em educação, fiquem em condições de buscar aprofundar seus conhecimentos sobre a SDI, respectivamente, tanto no decorrer da supracitada disciplina, assim como nos seus desenvolvimentos profissionais docentes e conforme seus interesses pessoais, almejando-se despertar em todos o entusiasmo, a dialogicidade, a colaboração e a motivação para o exercício da docência, ao mesmo tempo em que se procurou criar facilidades para a mediação do processo ensino-aprendizagem.