1. Introdução
Nos últimos anos, as ferramentas tecnológicas para o uso no ensino, tanto tradicional quanto online têm recebido a atenção dos educadores e pesquisadores do mundo todo (del Socorro Torres-Caceres et al., 2022; Kirzner et al., 2021; Stoian et al., 2022; Tan et al., 2022). A pandemia da Covid-19 mudou a educação nos últimos anos, fazendo com que as Universidades e os Centros de Ensino desenvolvessem recursos tecnológicos para auxiliar os docentes na preparação das aulas online. Por exemplo, o Centro de Ensino a Distância da Universidade de Brasília [CEAD/UnB], criou o projeto “Rotas de Inovação Universitária [RIU]; onde as ações vinculadas ao RIU visam apoiar tanto os docentes quanto a comunidade universitária no que diz respeito ao planejamento, a oferta e a avaliação em aulas online (CEAD, 2022). Em alinhamento aos trabalhos do CEAD, a Coordenadoria de Capacitação [Procap], vinculada à Diretoria de Capacitação, Desenvolvimento e Educação [Dcade] do Decanato de Gestão de Pessoas [DGP] da UnB tem oferecido cursos de capacitação, tanto os técnicos administrativos quanto os docentes para o uso das plataformas tecnológicas do Office 365 [O365] e do Aprender 2 e 3. Assim, em outubro de 2020, tivemos a oportunidade de realizar o curso, online, de 4 horas de duração, intitulado “Office 365 para Docência - Oficinas Remotas” e até hoje, a Procap já ofereceu mais de duas dezenas de cursos de capacitação sobre o uso do O365 (Feitosa, 2022). Com a condição da saúde pública, mais controlada devido, principalmente, à vacinação contra o vírus da Covid-19, em 06 de junho de 2022, a UnB retomou as aulas, no modo presencial, imediatamente, nos fez pensar que os recursos da lousa e pincel e o powerpoint, utilizados nas aulas presenciais, antes da pandemia da Covid-19, já não estariam mais sozinhos, mas sim associados com as plataformas tecnológicas, tais como o Microsoft Office 365 [O365] e Moodle Aprender 3.
Recursos tecnológicos como o Kahoot (Hernández-Ramos & Belmonte, 2020; Kirzner et al., 2021); o Socrative (Cerqueiro & Harrison, 2019; Conceição et al., 2022), o TRELLO (Conceição et al., 2022; Garcia-Diaz et al., 2021), têm sido usados, principamente, para aumentar a motivação, o engajamento, o desempenho para tarefas colaborativas ou até mesmo para fins de avaliação. Por exemplo, Kirzner, Alter e Hughes (2021), em 2019, aplicaram questionários sobre o uso do Kahoot, com perguntas de respostas curtas e perguntas objetivas, para estudantes do curso de Serviço Social de uma universidade pública do nordeste dos Estados Unidos. Um dos estudantes escreveu “Mesmo os alunos que não falam em sala de aula tiveram a chance de participar e testar seus conhecimentos a partir do conforto das telas de seus telefones.” (Kirzner et al., 2021, p. 164). Em sintonia com os achados de Kirzner e colaboradores, Torrado e Lage (2022) realizaram uma pesquisa, quantitativa e qualitativa, experimental, com 216 estudantes de cursos online, divididos em três grupos segundo os anos letivos, de 2018 a 2021 que utilizaram, como recurso pedagógico, múltiplas plataformas tecnológicas, tais como, Google forms, Kahoot , Learning Paths etc. Praticamente, metade dos participantes concluiu a pesquisa e os autores destacaram, como principais motivos, a falta de contato visual ou físico, impedindo maiores níveis de participação. Além disso, perceberam, pelas respostas dos estudantes, que há uma contradição na crença, “generalizada, de que se gamificarmos a sala de aula os alunos ficarão mais motivados”, deixando a entender que o assunto é complexo pela quantidade de novas informações que um recurso tecnológico pode conter.
Em conclusão, a partir dos resultados positivos, daqueles estudantes que chegaram até o final dos trabalhos, os pesquisadores pretendem adotar os recursos tecnológicos, também, como critério de avaliação (Torrado Cespón & Díaz Lage, 2022, p. 13).
Nesse mesmo contexto, de aulas online, o Socrative é exemplo de software bastante utilizado como apoio didático por professores de diversas áreas do conhecimento, podendo ser baixado tanto para o computador quanto para o smartphone, a partir do registro no site https://www.socrative.com/plans/#login. A versão gratuíta nos permite trabalhar com uma sala de até 50 participantes. Para que os estudantes possam participar da atividade devem receber o código da sala, enviado pelo professor. O Socrative oferece uma ampla gama de possibilidades para criar tarefas e gerenciar as atividades. As tarefas podem ser questionário com questões do tipo verdadeiro ou falso; múltipla escolha ou ainda resposta curta; as quais podem ser gerenciadas no “ritmo do professor” ou no “ritmo do estudante”. Na primeira escolha, o professor lança as questões e as controla da sua tela de tal forma que os estudantes as visualizem no aplicativo (App) do celular. Um exemplo dessa aplicação está no trabalho de Juan-Llamas e Serrano que reforçam as necesidades do ensino atual em utilizar os Apps para celular no sentido de melhorar o processo de ensino-aprendizagem em aulas online ou presenciais. O estudo foi realizado com 66 estudantes, com idades entre 18 e 23 anos, do primeiro ano do Curso de Biologia de uma Universidade Pública da Comunidade de Madri/Espanha. Os estudantes realizaram duas provas, com o uso do Socrative, com conteúdos trabalhados até o momento da prova. Em seguida, os estudantes foram convidados a responder um questionário, chamado Wash, composto por 7 itens, numa escala de valoração do tipo Likert de 1 a 5, destacando, por exemplo, a participação em classe, o feedback imediato, o aumento da motivação, o aumento da aprendizagem, entre outros. Os resultados, com médias de valoração de 3,32 a 4,39, indicaram que os estudantes perceberam a utilidade do Socrative como uma ferramenta adequada para o ensino-aprendizagem (Juan-Lamas & Viuda-Serrano, 2022).
Devido à pandemia da Covid-19, em maio de 2020, professores de uma universidade particular da Malásia utilizaram os recursos da plataforma do Microsoft Teams [MS Teams], principalmente o Chat (bate papo) de mensagens e a guia Arquivos para aulas síncronas e assincronas de uma turma de 154 alunos do curso de computação. As aulas síncronas eram gravadas e disponibilizadas, também, na guia Arquivos. As respostas do questionário de percepção dos alunos, quanto ao uso desses recursos do MS Teams, indicaram que 78% ficaram muito satisfeitos com o desenho do curso no Teams; 62% se sentiram confortáveis com o MS Teams; quanto ao gerenciamento do tempo, 58% manifestaram grande satisfação e 20% se expressaram menos satisfeitos com a motivação (Ismail & Ismail, 2021). O recurso dos canais personalizados da plataforma do MS Teams foi usado como sala de aula quebra-cabeça (do inglês jigsaw classroom) por grupos de estudantes, num projeto que visava avaliar a usabilidade do MS Teams em atividades síncronas, assincronas e feedback de trabalhos em grupo. As informações dos canais, como chat, postagens e reuniões indicaram o maior engajamento nos estudos (Mahmud & Wong, 2021).
Em sintonia com os canais personalizados do MS Teams, a plataforma TRELLO (ALTLASSIAN, 2023), é uma ferramenta de gestão de trabalho visual, bastante intuitiva, baseada em um quadro digital que permite a equipe/time idealizar, planejar, administrar e celebrar o trabalho, em conjunto, de uma forma colaborativa, produtiva e organizada.
O TRELLO foi usado com estudantes das três séries do segundo grau, do Colégio Simón Rodriguez /Equador, para a promoção da autoaprendizagem como uma metodologia didática pedagógica. Os estudantes foram convidados a ingressarem na plataforma e a criarem uma conta que os permitiu gerenciar o projeto da sua série. No final, o professor, que teve o papel, apenas, de guia, avaliou os cards pela sequência de atividades inseridas no TRELLO (Lema & Enciso, 2022).
Com essa contextualização, a motivação da equipe baseou-se em dois pontos: dar continuidade na exploração do uso das plataformas MS Teams e TRELLO, como apoio ao ensino-aprendizagem dos estudantes da disciplina de Seminário Integrativo do campus da Faculdade de Ceilândia da Universidade de Brasília [FCE/UnB], nas aulas presenciais do primeiro semestre de 2022, planejadas na sala virtual do MS Teams do Office 365 [O365] e avaliar a disciplina, sob a perceção dos estudantes, quanto ao uso dessas ferramentas tecnológicas.
1.1 Justificativa
A pandemia da Covid-19 permitiu a oferta de cursos com aulas no modo online/remoto. Assim, a Universidade de Brasilia (UnB), capacitou os seus professores com a oferta de treinamentos nas plataformas do Moodle Aprender 3 e do Office 365 da Microsoft. Além da capacitação, o Centro de Educação à Distância [Cead)] da UnB criou as Rotas de Inovação Universitária [RIU] que contém os recursos e as estratégias de aulas para o ensino não presencial (Leite, 2021). Portanto, com todo esse aparato de condições de trabalho com o uso de plataformas tecnológicas, esse projeto intitulado “O uso do Teams e do TRELLO em aulas presenciais na pós-covid-19“, procurou conhecer a opinião dos estudantes da disciplina de Seminário Integrativo ministrada, no modo presencial, imediatamente ao retorno das aulas presenciais nos pós pandemia da Covid-19.
2. Metodologia
2.1 Alinhamento entre a Sala Virtual e a Sala Presencial
No último biênio, devido à pandemia da Covid-19, realizamos diversos cursos de capacitação, oferecidos pelas equipes do Centro de Educação a distância [CEAD] (CEAD, 2022). Além dos cursos, o CEAD disponibiliza, na sua página web, tutoriais de projetos, como por exemplo, o TRELLO, que trata de uma ferramenta de gerenciamento de projetos educacionais com a participação de grupos de trabalho.
O planejamento de uma sala de aula virtual, alinhada à sala presencial, exige dos professores conhecimento, dedicação e atualização das ferramentas tecnológicas para garantir o trabalho em equipe.
A pesquisa ocorreu, durante o 1º. semestre de 2022, em duas etapas: a 1ª etapa, contou com a construção do TRELLO, na plataforma do MS Teams do [O365], que ocorreu entre os meses de junho a setembro, para 80 estudantes, de segundo e terceiro semestres, dos Cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e Saúde Coletiva, matriculados na disciplina de Seminário Integrativo.
O TRELLO, foi construído, no formato “A fazer”; “Em andamento” e Concluído”; com as postagens, em grupo, de até dez estudantes, considerando o roteiro do trabalho, o relatório das atividades e a entrega do produto, na aula presencial, no formato de um podcast; a 2ª. etapa, ocorreu no mês de setembro e teve a finalidade de avaliar a disciplina quanto ao uso das ferramentas tecnológicas do [O365] e do TRELLO, sob a perceção/opinião dos estuantes. Para isso, foi preparado um formulário no Microsoft Forms, contendo cinco perguntas, todas preparadas no modo de “Resposta curta”, quais sejam:
1) A sala de aula, de apoio à disciplina presencial, foi configurada na plataforma Teams, com o objetivo, principal, de utilizar os recursos tecnológicos do Office 365 [O365]. Na sua opinião esse objetivo está sendo alcançado?
2) Por favor, descreva a sua perceção sobre o uso dos recursos do Teams na aula presencial;
3) Na plataforma Teams, estamos usando as Guias Caderno e Arquivos. Descreva, por favor, os pontos fortes e fracos desses dois recursos tecnológicos;
4) A plataforma TRELLO está sendo usada, como um "acessório" do Teams. O principal objetivo do TRELLO é realizar um trabalho colaborativo entre os estudantes, os monitores e a professora. Na sua opinião esse objetivo está sendo alcançado? E
5) Descreva como você está construindo o TRELLO para os trabalhos do grupo.
O questionário foi configurado para ser respondido com o nome e matrícula ocultos e ficou disponível, como um link, nas postagens da sala virtual do Teams, por um período de até 20 dias. A Fig. 1 ilustra as etapas do desenho da sala de aula virtual.
2.2 Características da Pesquisa
A pesquisa contou com a abordagem qualitativa com o foco no “reconhecimento da subjetividade, do simbólico e da intersubjetividade nas relações como partes integrantes da realidade social” (Minayo, 2016, p. 18). Em complemento, a pesquisa pode ser classificada como exploratória, por ter utilizado, como recurso didático, o questionário com perguntas abertas e distribuídas em categorias motivacionais.
2.3 Método e Estatísticas Textuais
Os dados analisados à partir das respostas dos questionários, compreenderam as perceções de 38 estudantes advindos de diferentes cursos de graduação da área da saúde, matriculados na disciplina Seminário Integrativo no 1º. Semestre de 2022, na Universidade de Brasília [UnB]. O interesse principal com o estudo foi captar as perceções acerca de recursos tecnológicos utilizados ao longo da disciplina. Os dados foram analisados via análise temática realizada com auxílio do software IRAMUTEQ (versão 0.7 alpha 2). O uso desse software é indicado para a sofisticação de análises textuais (Camargo & Justo, 2013), considerando que se trata de um software livre, baseado na linguagem estatística R, possibilita cálculos estatísticos de material textual (Ratinaud, 2014). Atualmente, o IRAMUTEQ possui dicionários de distintas línguas como inglês, francês e português.
O corpus textual analisado foi composto de 38 diferentes textos de língua portuguesa e contou com o total de 4.454 ocorrências de 474 diferentes formas lexicais. A codificação do material textual seguiu orientações de manuais oficiais do IRAMUTEQ disponíveis no site oficial do software (Camargo & Justo, 2018; Salviati, 2017). Foram adicionadas como ativas, na análise realizada, as formas adjetivas, nominais e verbais para processamento via software. As demais formas, como artigos e conjunções, permaneceram como suplementares, haja vista a baixa relevância de tais formas para o entendimento do conteúdo do texto.
Diferentes recursos tecnológicos e plataformas foram utilizadas na disciplina de Seminários Integrativos, como o pacote do MS Teams e seus recursos [guias caderno e arquivos], além da plataforma TRELLO para a organização das atividades realizadas pelos grupos de estudantes. Para analisar as perceções dos estudantes sobre tais recursos, utilizou-se a análise de similitude que foi operacionalizada no software IRAMUTEQ. Essa análise possui suas bases na teoria dos grafos e demonstra a forma como as palavras de determinado corpus textual se agrupam (Salviati, 2017). Além disso, apresenta as comunidades de palavras presentes em diferentes temáticas centrais. Para a análise de similitude, foram consideradas as 53 palavras mais frequentes no corpus textual. A contabilização de frequência foi realizada automaticamente pelo IRAMUTEQ, variando da forma “TRELLO” com frequência 46 e “utilização” com frequência 3.
Foram, ainda, selecionados diferentes segmentos de texto como evidências empíricas das interpretações postas. Tais trechos consideram a aderência à temática da comunidade de palavras em discussão. A partir da interpretação da análise de similitude foi possível compreender os temas centrais que nortearam as perceções dos estudantes sobre os recursos didáticos utilizados no contexto da disciplina.
3. Apresentação dos Resultados
3.1 Análise de Similitude
A análise de similitude representada na Fig. 2 revela três diferentes comunidades temáticas que emergiram do corpus textual. Inicialmente, a comunidade de palavras destacada em rosa descreve as perceções dos estudantes sobre a utilização de recursos da plataforma MS Teams, como o caderno virtual e a guia arquivos. Há uma questão diferenciadora principal entre esses dois recursos. Primeiramente, o recurso Arquivos apresentou apenas perceções positivas e que reforçam os pontos fortes de sua utilização. Os estudantes relataram que o recurso Arquivos é de fácil utilização, sendo uma boa proposta para a organização de matéria e atividades da disciplina. Palavras como “ótimo” e “interessante” reforçam o teor positivo da percepção dos estudantes sobre esse recurso em específico.
Por outro lado, o recurso Caderno possuiu relatos de perceções tanto positivas quanto negativas. Alguns estudantes relataram o gosto por esse recurso, pois o Caderno, segundo eles, possibilitou a organização do conteúdo da disciplina. No entanto, outro grupo de estudantes ressaltou a perceção de dificuldade na sua utilização, uma vez que o Caderno foi considerado mais complicado que outros recursos utilizados na disciplina. Alguns relatos destacaram que a sua utilização seria dispensável no contexto de aulas presenciais que, em muito, se diferencia do contexto de ensino remoto emergencial adotado em semestres anteriores, devido à pandemia da Covid-19.
De qualquer forma, a comunidade destacada em verde ressalta pontos positivos e pontos negativos percebidos pelos estudantes acerca da utilização da plataforma MS Teams, considerada globalmente no contexto de seus diferentes recursos, como as guias Caderno e Arquivos, por exemplo. Como pontos positivos, foram destacadas as características como “praticidade” e “utilidade” da plataforma Microsoft Teams para o contexto de ensino presencial e uma comunicação mais fluída entre professor e estudantes. Já como pontos negativos foram destacadas, a falta de informação sobre um passo a passo de como utilizar a plataforma, adequadamente, e a dificuldade advinda do uso da plataforma em dispositivos diferentes de computador. Alguns estudantes relataram as dificuldades ao acessar o Teams por meio do celular, especificamente.
Finalmente, a comunidade de palavras destacada em lilás confere perceções acerca da plataforma TRELLO, também utilizada durante a disciplina. É notável a existência palavras que relevam uma conotação negativa sobre o uso desse recurso, como “difícil”, “problema” e “confuso”. Existiram relatos que questionaram a necessidade da utilização do TRELLO assim como alguns relatos apontaram a falta de instruções mais aprofundadas sobre a utilização do recurso. Como alternativa, alguns estudantes relataram a utilização da plataforma WhatsApp para organização de atividades e trabalhos com seus grupos. Apesar dessas perceções principais, existiram algumas boas perceções sobre a utilização do TRELLO, ressaltando que ele facilita a organização e o andamento dos trabalhos.
Os segmentos de textos utilizados como evidências empíricas para basear as interpretações deste estudo estão listados no Quadro 1.
4. Discussão
4.1 Implicações Teóricas e Práticas
Esta pesquisa teve como objetivo principal avaliar a disciplina de Seminário Integrativo, sob a perceção dos estudantes de seis cursos da saúde, quanto ao uso das ferramentas tecnológicas do MS Teams e do TRELLO nas aulas presenciais, no retorno pós-pandemia, planejadas na sala virtual do Teams do O365. Foi possível perceber, nas respostas dos estudantes, que o retorno às aulas, no modo presencial, nos revelou a necessidade de adequações acerca da utilização dos recursos tecnológicos. Por exemplo, o destaque da fala do estudante, “Sinceramente, acho o trello desnecessário, poderíamos utilizar o WhatsApp para fazermos tudo o que fazemos no trello”, nos levou a pensar sobre a importância de um maior diálogo com os estudantes, em sala de aula presencial, para ilustrar o que realmente o TRELLO tem de notório para os trabalhos colaborativos em as aulas presencias conforme ficou demonstrado nos trabalhos de Lema de Enciso (2022), que realizaram reuniões com os estudantes antes do inicio dos trabalhos com o TRELLO. Numa segunda opinião, nos foi respondido “O trello é bom, pois você pode enviar todo o material do grupo lá no também acessar os materiais gerais, confesso que não tenho muita experiência e não vi tanta necessidade de adicionar mais essa ferramenta à lista, já que estamos utilizando o Teams”, essa perceção do estudante nos incentiva a detalhar, com mais finco, o desenho da sala de aula do Teams, esclarecendo aos estudantes a necessidade do uso sincronizado de mais de uma plataforma tecnológica.
Por outro lado, os estudantes, também, conseguiram perceber pontos positivos na utilização dos recursos do MSTeams, ao descrever a sua prática e utilidade na junção desses recursos do Teams para uso presencial ... no acesso e produção de conteúdo e, acrescentou, como pontos negativos estão o primeiro uso e contato com o Teams, porém devido ao grande uso do no ensino remoto, acredito que não seja mais um problema. Logo, cabe a nossa reflexão sobre qual recurso seria mais adequado para a utilização em turmas de ensino superior que vivenciam aulas presenciais e que utilizam o celular como principal dispositivo para o acesso a plataformas digitais.
Ainda em relação aos recursos do MSTeams, a análise de similitude [Fig.2], ilustra, no balão verde, associações dos pontos positivos e negativos do Teams. O negativo está mais alinhado com a informação e os pontos positivos se associam ao celular, a conteúdo, a comunicação, a praticidade etc.; corroborando com os achados de Juan-Lamas e Serrano (2022).
4.2 Limitações e Pesquisas Futuras
Existem algumas limitações nesse estudo. Por exemplo, o TRELLO foi inserido como uma nova guia no MSTeams mas não foi apresentado, com antecedência, aos alunos, e pode ter causado atrasos e transtornos na organização dos trabalhos colaborativos. Ademais, a modalidade online em si depende de muitas variáveis que perpassam desde o perfil do aluno até sua condição socioeconômica e habilidade para o manuseio das plataformas.
Além disso, é possível explorar o uso do Socrative e do Kahoot, como recursos com feedback imediato, com o uso do celular na sala de aula presencial. Finalmente, estudos futuros podem explorar a sala de aula virtual do MSTeams com o uso da guia Caderno para acompanhar os trabalhos individuais dos alunos, permitindo novas abordagens para medir o desempenho e o envolvimento dos alunos na aprendizagem colaborativa com o uso da ferramenta TRELLO.
5. Conclusões
A sala de aula virtual do MSTeams foi utilizada como uma ferramenta tecnológica de ensino-aprendizagem, principalmente, para compartilhar o material didático de forma sincronizada, receber as tarefas e agilizar a comunicação com os estudantes, a partir de um software com uma alta capacidade de armazenar inúmeros arquivos com um simples acesso a sua conta, o que anteriormente exigiria uma alta demanda de recursos físicos e econômicos. O Caderno permitiu receber a Tarefa do grupo e dar o feedback individual.
O TRELLO, possibilitou aos estudantes a realização de um trabalho colaborativo e, ao mesmo tempo, permitiu que cada grupo organizasse o seu próprio estudo.
Assim, foi possível perceber que o retorno às aulas, no modo presencial, revelou a necessidade de adequações acerca da utilização de tais recursos. É defendido por alguns estudantes que o contexto de aulas presenciais se diferencia do ensino online, utilizado no período da pandemia da Covid-19, uma vez que a comunicação com o professor é mais próxima e exige menos dos recursos virtuais disponíveis.
Apesar disso, os estudantes também conseguiram perceber pontos positivos na utilização dos recursos do MSTeams e do TRELLO. Logo, cabe a reflexão sobre qual recurso será mais adequado para a utilização em turmas de ensino superior que vivenciam aulas presenciais e que utilizam o celular como principal dispositivo para acesso a plataformas digitais.