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Revista Portuguesa de Saúde Pública

versión impresa ISSN 0870-9025

Resumen

ANNAS, George J.. Medicina personalizada ou saúde pública? Bioética, direitos humanos e escolha. Rev. Port. Sau. Pub. [online]. 2014, vol.32, n.2, pp.158-163. ISSN 0870-9025.  https://doi.org/10.1016/j.rpsp.2014.04.003.

O Projecto do Genoma Humano (PGH) (Human Genome Project), bem como as suas possíveis aplicações clínicas, constituem o maior projecto de investigação biomédica das últimas duas décadas. Este Projecto pode ser descrito como uma jornada em busca da cura para a doença (em termos gerais), para o cancro (em particular) e, em última análise, uma tentativa de desafiar a nossa própria mortalidade. O herói desta jornada é o líder do Projecto, que, actualmente tenta, quase desesperadamente, “traduzir” a ciência do genoma para a prática em saúde pública e em medicina, um esforço que é denominado global e genericamente como medicina personalizada. No contexto de um sistema de saúde disfuncional e incompleto como o Americano, é difícil persuadir os cidadãos que é útil adoptarem-se tratamentos e rastreios para o cancro baseados na genética, uma vez que estes sço extremamente dispendiosos e apenas (pelo menos à data), marginalmente eficazes. Todavia, enquadrar o PGH como uma jornada em busca de mais tempo de vida pode conferir ao mesmo um cariz de normalidade (quase de naturalidade) que poderá ajudar a mobilizar o público em seu redor. Uma segunda e paralela jornada, esta simultaneamente política e de saúde pública, caracteriza-se pela procura de um sistema de saúde que garanta a todos os Americanos o acesso universal a cuidados de saúde. Ora, o sucesso último desta procura dependerá não de uma descoberta científica ou biomédica, mesmo que esta provenha da área da genética, mas da existência de vontade política. Mais, criar e manter apoio político para o acesso universal à saúde requererá, sugiro, o recurso às histórias de vida dos Americanos reais, que se tornaram tão mais miseráveis pela falta de acesso a cuidados de saúde decentes. Estas duas jornadas têm convergido de tal forma que, devido aos custos enormes da medicina personalizada e, pelo menos até hoje, da sua incapacidade de conferir mais do que benefícios marginais à vida da maioria dos Americanos, elas se tornam hoje quase incompatíveis. No entanto, até que a América se torne mais confortável perante a aceitação da morte, continuaremos a combater a nossa mortalidade com actividades que melhor se caracterizam como jornadas, ajudando a que o nosso sistema de saúde, já de si disfuncional, se torne cada vez menos capaz de responder às necessidades de saúde dos Americanos.

Palabras clave : Medicina personalizada; Saúde pública; Bioética; Direitos humanos.

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