Introdução:

A pericardiocentese é uma técnica valiosa no diagnóstico e tratamento de doentes com derrame pericárdico, já tendo sido testados vários métodos para reduzir complicações e aumentar a taxa de sucesso deste procedimento. O objectivo deste estudo foi avaliar o sucesso do procedimento, utilização de ecocardiograma, taxa de complicações e utilidade para o estudo etiológico de doentes com derrame pericárdico.

Material e Métodos:

Análise retrospectiva de 55 pericardiocenteses realizadas em 48 doentes entre Janeiro de 2013 e Dezembro de 2019 numa Unidade de Cuidados Intensivos de um hospital periférico.

Resultados e Discussão:

O procedimento foi assistido por ecocardiograma em 64% dos casos, tendo sido verificada uma taxa de sucesso de 100%, de complicações de 9,1% e de recorrência de 12,7%. Verificou-se maior número de punções necessárias para o sucesso, maior taxa de complicações e maior gravidade destas quando a pericardiocentese não foi guiada por ecocardiograma, o que explica outcomes piores face a outras séries realizadas sempre com apoio eco-cardiográfico. A análise citoquímica do líquido pericárdico não permitiu extrapolar os critérios de Light do derrame pleural, no entanto verificou-se uma tendência para associação entre casos clássicos de exsudado (neoplasia e infecção) e LDH elevado no líquido pericárdico; ADA>50 U/L foi muito específico para derrame pericárdico de origem tuberculosa. A etiologia mais comum foi neoplásica (33%, n = 16), com uma sobrevida média de 5,7 meses nestes doentes, comparando com 21,6 meses nas outras causas.

Conclusão:

A pericardiocentese guiada por ecocardiograma teve uma elevada taxa de sucesso associada a menor percentagem de complicações, pelo que se defende a sua utilização em todos os procedimentos. Esta técnica tem um principal objectivo terapêutico nos derrames moderados a graves, visto que não foi possível obter critérios suficientemente úteis para estabelecer um diagnóstico etiológico.

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