Introdução:

A estratégia de prevenção secundária em doentes com acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCh) e fibrilhação auricular (FA) é um dilema clínico. O objetivo dos autores foi avaliar a introdução ou manutenção de terapêutica hipocoagulante em doentes com FA e internados por AVCh.

Métodos:

Análise descritiva dos doentes internados por AVCh de 2009 a 2021. Foi feita a colheita de dados pela consulta dos processos e analisados dados demográficos, clínicos, imagiológicos e a terapêutica prévia e após alta. Realizou-se uma análise comparativa da terapêutica hipo-coagulante entre anticoagulantes orais diretos (DOAC) e antagonistas da vitamina K (AVK).

Resultados:

Um total de 28 doentes (22 do género masculino; mediana de idade de 75 anos) foram incluídos no estudo, dos quais 19 eram hipocoagulados previamente. Destes, oito (re)iniciaram a hipocoagulação após a alta. Verificou-se o óbito em 19 doentes, dos quais 17 pertenciam ao grupo sem hipocoagulação após alta e destes, cinco óbitos foram verificados no primeiro mês após o AVCh.

Conclusão:

A maioria dos doentes não (re)iniciou hipo-coagulação após AVCh, apesar de serem um grupo de alto risco para novos eventos cerebrovasculares, o que torna a discussão sobre este tema ainda mais relevante. Assistiu-se a uma mudança no padrão de prescrição de AVK para DOAC, comparando os dois períodos em análise.

Introduction:

The stroke prevention strategy in patients with intracerebral hemorrhage (ICH) and atrial fibrillation (AF) is a clinical dilemma. The aim of this study was to evaluate the management of anticoagulation therapy in patients with AF and admitted with ICH.

Methods:

We performed a descriptive analysis of patients admitted for ICH from 2009 to 2021. Data collection was carried out by consulting the processes and analyzing demographic, clinical and imaging data, and prior and post--discharge therapy. A comparative analysis of outcomes of anticoagulant therapy was performed between direct oral anticoagulants (DOACs) and vitamin K antagonists (VKAs).

Results:

A total of 28 patients (22 male patients; median age 75 years) were included in the study, of which 19 were previously on anticoagulation therapy. Only eight (re)started anticoagulation after discharge. There were 19 deaths, of which 17 were in the group without post-discharge anticoagulation; of those, five occurred in the first month after ICH.

Conclusion:

Most patients did not (re)initiate anticoagulation after ICH, despite being a high-risk group for new cerebrovascular events, which makes the discussion on this topic even more relevant. There was a change in the prescription pattern from VKAs to DOACs, comparing the two periods analyzed.

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