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Revista Portuguesa de Pneumologia

versão impressa ISSN 0873-2159

Resumo

BACH, P et al. Rastreio com tomografia computorizada e resultados no cancro do pulmão . Rev Port Pneumol [online]. 2007, vol.13, n.6, pp.888-890. ISSN 0873-2159.

Estima-se que o cancro do pulmão contribui em cerca de 6% para todas as causas de mortalidade anual, segundo dados estatísticos americanos1. A procura de um método de rastreio eficaz nos indivíduos de alto risco faz assim todo o sentido. Estudos prévios randomizados utilizando a radiografia de tórax no rastreio do cancro do pulmão não apoiam a utilização deste exame, dado que, apesar da detecção adicional de tumores ressecáveis e potencialmente curados, não reduziu o número de casos em estádio avançado nem a mortalidade por cancro do pulmão2. A tomografia computorizada (TC) de baixa dose permite uma imagem de baixa resolução de todo o tórax obtida numa única inspiração com baixa exposição a radiação. O entusiasmo crescente desta técnica como método de rastreio justifica vários estudos observacionais já efectuados e a existência de estudos randomizados e controlados em curso; contudo, o rastreio por TC assenta nas mesmas premissas de imagem da radiografia de tórax. A controvérsia entre a eficácia na detecção precoce e cura de estádios iniciais mas a não eficácia na redução do número de casos em estádio avançado e da mortalidadeconduz a opiniões opostas quanto à proposta clínica da TC no despiste de cancro do pulmão nos indivíduos em risco. O presente estudo longitudinal foi efectuado em três centros, dois nos EUA e um em Itália, e propôs-se comparar o número esperado com o número observado de novos casos de cancro do pulmão; de casos com indicação para terapêutica cirúrgica; de casos diagnosticados em estádio avançado e de mortalidade. O estudo avaliou 3246 indivíduos assintomáticos com idades compreendidas entre os 50 e 80 anos, fumadores ou ex-fumadores, submetendo-os a TC anual e abordagem diagnóstica e terapêutica nos casos de detecção de nódulos. A duração média dos três estudos foi de 3,9 anos. Os resultados encontrados foram comparados com modelo previamente validado para indivíduos de risco com idade entre os 50 e 80 anos, fumadores durante 25-60 anos com média de 10 a 60 cigarros por dia e com hábitos tabágicos actuais ou nos últimos 20 anos. Os dados combinados dos três grupos estudados revelaram: • O diagnóstico de novos casos de cancro do pulmão foi superior ao que seria de esperar na ausência de rastreio - 144 casos contra 44,5 esperados. • O número de cirurgias efectuadas foi também muito superior ao esperado - 109 casos contra 10,9 esperados. • A detecção precoce de cancro do pulmão não reduziu o número de casos diagnosticados em estádio avançado - 42 casos contra 33,4 esperados. • A mortalidade por cancro do pulmão também não foi inferior nos casos submetidos a rastreio - 38 casos contra 38,8 esperados. O rastreio com TC de baixa dose aumentou o número de casos diagnosticados de cancro do pulmão, e consequente terapêutica cirúrgica. Contudo, o mesmo rastreio não diminuiu o risco de diagnóstico em estádio avançado ou de morte por cancro do pulmão. É esta a conclusão dos autores, que aconselham que, até dados mais conclusivos de estudos randomizados em curso, os indivíduos de risco mas assintomáticos não têm indicação para ser submetidos a rastreio.

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