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Psicologia, Saúde & Doenças

 ISSN 1645-0086

SOUSA, Lucília    PEREIRA, M. Graça. O impacto da interrupção da gravidez por mal formação congénita: a perspectiva do pai. []. , 10, 1, pp.31-47. ISSN 1645-0086.

^lpt^aOs avanços das técnicas de diagnóstico pré-natal, tornaram possível a identificação de alguns problemas de saúde do feto in-útero, e a determinação do risco da sua ocorrência, deixando aos pais a liberdade e responsabilidade de decidir acerca da saúde do feto, muito antes do seu nascimento. A complexidade de tais decisões coloca os casais numa encruzilhada, em que qualquer dos caminhos escolhidos marcará as suas vidas. As vivências do progenitor masculino têm sido quase ignoradas pelos investigadores, pelo que a experiência do pai continua a ser muito pouco conhecida. O presente estudo pretende conhecer e compreender os significados atribuídos pelo Pai à experiência de interrupção da gravidez, por anomalia fetal. Para isso recorremos a uma metodologia qualitativa (Grounded Theory). A amostra é constituída por 12 homens cujas esposas interromperam a gravidez no serviço de obstetrícia do Hospital S. Marcos em Braga. Os resultados apontam a interrupção de gravidez por malformação congénita, como uma experiência emocionalmente intensa, com um intenso envolvimento dos pais ao longo do processo. A tomada de decisão representou a confrontação de dúvidas e incertezas, de sentimentos ambivalentes e de dilemas morais, como consequência do investimento na gravidez e da relação afectiva que já existia com o feto. Os pais tendem a desvalorizar os seus sentimentos e as suas necessidades de apoio, centrando as suas preocupações na companheira. Os profissionais de saúde, na opinião dos pais, não só demonstram pouca sensibilidade face aos seus sentimentos e necessidades como constituem um obstáculo ao envolvimento do pai ao longo do processo. A partilha desta experiência com a esposa e o apoio mútuo entre o casal fortaleceu a relação. Os projectos de nova gravidez evidenciam a busca de um novo sentido de vida para estes pais. Estes resultados enfatizam a necessidade de um olhar mais atento sobre o impacto que este acontecimento tem na vida do pai e da importância dos profissionais de saúde neste processo.^len^aThe development of prenatal diagnosis techniques have made possible the identification of some health problems in the inborn baby and the determination of the risk of such occurrence, leaving parents with the choice and responsibility of deciding about the fetus’ health long before the birth. The complexity of such decisions places the couple in a crossroad and any of the chosen roads will impact their lives forever. The father´ s experience has been neglected by researchers and, as a result, their experience is not well known. This study aims to understand the meanings fathers give to the pregnancy interruption, due to congenital malformation, of their baby. A qualitative analysis was used (grounded theory). The sample includes 12 men whose wives terminated their pregnancy in the obstetric service of S. Marcos Hospital in Braga. Results show that pregnancy interruption due to congenital malformation is a very intense emotional experience, with a great involvement of fathers during the entire process. The decision making process required a confrontation of doubts and uncertainties, ambivalent feelings and moral dilemmas, as a consequence of the investment on the pregnancy and the emotional relationship that was already established with the baby. Fathers tend not to value their need for support, and centred all their worries on their mates. Health professionals, in their opinion, show low sensibility towards their feelings and needs and are seen as barriers to their involvement through the process. Sharing their experience with their mates and mutual support between the couple strengthen the marital relationship. The project of a new pregnancy revealed the search for a new meaning in these fathers’ lives. These results show the need to look in depth into the impact of this life event on the father´ s life and the role of health professionals in the process.

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