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Revista da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia

versão impressa ISSN 2182-2395versão On-line ISSN 2182-2409

Resumo

RODA, Â  e  OLIVEIRA-SOARES, R. Deflúvio Telógeno Agudo em Doentes Recentemente Infetados com SARS-CoV-2. Rev Soc Port Dermatol Venereol [online]. 2021, vol.79, n.1, pp.11-15.  Epub 15-Jun-2021. ISSN 2182-2395.  https://doi.org/10.29021/spdv.79.1.1299.

Introdução:

O ciclo do cabelo é particularmente suscetível a estímulos endógenos e exógenos, como estados febris e stress emocional, que são uma constante nesta era pandémica. Nesta série de casos, descrevemos as características clínicas de doentes recentemente diagnosticados com infeção por SARS-CoV-2, que desenvolveram deflúvio telógeno agudo.

Material e Métodos:

Realizámos o registo de doentes com infeção por SARS-CoV-2 confirmada laboratorialmente, que desenvolveram deflúvio telógeno agudo e foram observados na Unidade de Cabelo do Centro de Dermatologia do Hospital CUF Descobertas, entre março e outubro de 2020. Variáveis como características demográficas, o mês de diagnóstico de COVID-19, sintomas associados à COVID-19, período de latência do deflúvio telógeno, duração da queda de cabelo e sintomas do couro cabeludo foram analisadas.

Resultados:

Vinte e sete doentes recentemente diagnosticados com infeção por SARS-CoV-2 desenvolveram deflúvio telógeno agudo. Destes, 5 (18,5%) doentes referiram tricodínia associada. A mediana do tempo de latência foi de 10 semanas. Num terço dos casos (n=9, 33,3%), a queda de cabelo ocorreu precocemente (com um período de latência de 3 semanas ou menos). Houve resolução do deflúvio telógeno em 16 (59%) casos com uma duração mediana de 24,5 dias. Os sintomas de COVID-19 mais comuns foram febre (n=17, 63%), ageusia (n=8, 30%), tosse (n=6, 22%), mialgias (n=5, 18,5%), anosmia (n=4, 15%) e toracalgia (n=3, 11%). Quatro doentes (15%) foram assintomáticos para a COVID-19.

Discussão:

O deflúvio telógeno agudo corresponde a uma consequência tardia de uma mudança anormal no ciclo do cabelo da anagénese para a telogénese. Esta alteração é responsável pela queda prematura de cabelo, que ocorre aproximadamente 2 a 3 meses após o evento desencadeante. As infeções virais e as doenças febris são causas conhecidas de deflúvio telógeno agudo. Relativamente à infeção por SARS-CoV-2, consideramos hipoteticamente que efeitos citopáticos virais e respostas inflamatórias ou imunes possam afetar os folículos pilosos e explicar a queda de cabelo e a tricodínia.

Conclusão:

Esta série de casos representa a primeira descrição de eflúvio telógeno agudo após o diagnóstico de infeção por SARS-CoV-2. Curiosamente, num terço dos casos, o deflúvio telógeno manifestou-se nas primeiras 3 semanas da infecção. Com base nestes dados, propomos que este achado seja considerado na COVID-19, nomeadamente na fase de convalescença.

Palavras-chave : Alopecia; COVID-19; Infecções por Coronavírus; SARS-CoV-2.

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